#CADÊ MEU CHINELO?

sexta-feira, 31 de julho de 2009

ALESSANDRA LEÃO




# pinga chuva #
Leão na feira

pgchv: Tiago Jucá Oliveira

Que momento na carreira vive você, Alessandra?

Estou num momento de consolidação da minha carreira solo, com a produção do meu segundo disco como compositora é sem dúvida um momento de repensar em tudo e decidir o que quero melhorar, levar adiante, ou deixar pra trás.

O que voce vai apresentar na Feira da Música (19 a 22 de agosto, Fortaleza)?

Farei uma palestra sobre planejamento de carreira que é inspirada no curso de Autogestão de Carreiras Musicais que ministro com a produtora Jô Maria desde 2008. nesse período, já ministramos esse conteúdo para cerca de 200 profissionais da área (entre músicos, produtores e técnicos)

Um dos temas da feira é tecnologia, e a tecnologia aos poucos elimina o intermediário e faz com que o artista também vire gestor de um empreendimento cultural. Que perspectivas mais você ve na tecnologia pra música?

Sempre que se fala em tecnologia na área da música, a maioria das pessoas remetem à música eletrônica e a equipamentos eletrônicos utilizados no palco e estúdio. Claro que a tecnologia também está presente nisso e que tem contribuído, e muito, para a criação de novas sonoridades e linguagens. Mas nos últimos anos, a tecnologia tem sido uma ferramenta fundamental principalmente para a divulgação e distribuição. O que tem dado aos artistas a autonomia de se autogerirem, ou de fazer essa gestão em parceria com produtores.
Penso que essa autonomia tem sido muito saudável para as relações de trabalho dentro do mercado da música, não só para o músico, mas para toda a cadeia produtiva. Essa mesma tecnologia, também tem contribuído e muito para a aproximação do artista com o público, o que também vem modificando positivamente essa relação entre o músico e seus fãs.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

JAM DA SILVA



# conection #
Estréia nacional do surpreendente “Dia Santo”

txt n' vd: Leandro De Nardi

Jam da Silva, o aglutinador das boas sonoridades.

Seriam muitas as interpretações para a música de Jam. Definições, entretanto, parecem soar confusas, um pouco desconexas, diante da boa música do disco “Dia Santo”, primeiro trabalho do músico. Definir sonoridades pra que? Bom é misturá-las, confundi-las. E o criador dessas estranhezas sonoras é, portanto, além de músico, um maestro dos sons diversos.

O palco para o lançamento de “Dia Santo” foi o SESC-Pompéia em SP.
Estranho ver um show de tamanha qualidade, pouco freqüentado. Talvez o início do inverno e a fraca divulgação tenham inibido a presença do público que veio para certificar o promissor lançamento de Jam da Silva.

O show teve a participação especial de Junio Barreto que, a exemplo do disco, canta na música ‘O pedido’. Não poderia deixar de mencionar o cenário de fundo do show que teve um telão exibindo imagens atucanadas, contemporâneas como a musicalidade de Jam.
O certo é que Jam da Silva é uma grata surpresa e “Dia Santo”, um disco surpreendente.

Confiram a gravação de ‘Samba Devagar’ no show do SESC-Pompéia, uma das tantas somzeras com que Jam nos brinda.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

CALVIN HARRIS



# agência pirata #
Músico furioso por ver um dos seus vídeos removido do YouTube

txt: Miguel Caetano

É verdade que nos moldes dos contratos discográficos tradicionais, os artistas não controlam verdadeiramente o seu trabalho mas sim a editora ou a entidade que representa os interesses das discográficas do seu país. Mas mesmo assim, é sempre desconfortável quando um músico vê um videoclip de um tema ser magicamente removido do YouTube.

Foi o que aconteceu com o britânico Calvin Harris, que mantém um contrato discográfico com a Sony Music Entertainment. Ontem, Harris descobriu que o vídeo do seu tema “Ready For The Weekend – Original Mix” foi eliminado pelo site de partilha de vídeos da Google após uma intimação enviada pela British Phonographic Industry (BPI).

Segundo a associação que representa os interesses das grandes editoras no Reino Unido, o vídeo encontrava-se em violação dos direitos de autor. Contudo, a verdade é que o clip foi filmado e gravado pelo próprio Harris. Assim que descobriu que tinha sido a BPI a responsável pelo sucedido, o músico decidiu lançar uma série de impropérios contra a organização através da sua conta no Twitter.

Chegando a apelar à utilização em massa dos sites de torrents, Harris afirmou que “a BPI é a pior organização alguma vez criada à face da terra” e chamou de “atrasados mentais” todos os seus funcionários. O artista londrino ameaçou mesmo entrar pela janela adentro dos escritórios da BPI com um jipe de tracção às quatro rodas. Mais tarde, Harris admitiu que se deixou levar pelo calor do momento e pediu desculpa a todos os funcionários da BPI que não são atrasados mentais.

E parece que todo este escarcéu acabou por dar resultado: para além do incidente ter sido noticiado pelo TechCrunch e pelo ArsTechnica, não demorou muito para que o vídeo voltasse outra vez a estar disponível online. Segundo a BPI, a remoção ficou a dever-se a um “lamentável acidente” em que o vídeo de Harris foi incorrectamente parar a um lote de outros vídeos a remover. A organização pediu desculpas ao músico mas não me parece que ele tenha aceitado lá muito bem a situação.

Se fosse no meu caso, não aceitaria. Estas entidades apenas actuam da forma como actuam porque se parte do pressuposto que elas agem em nome do criador. Mas não raras vezes o passado recente tem vindo a demonstrar que elas acabam muitas vezes por agir contra a vontade deste. Quando é que isto acabará?

terça-feira, 28 de julho de 2009

MARCELO NOVA




# conection #
O sermão do Padre Marceleza

txt, phts n' vd: Fábio Balaio

Dia 12 deste mês fui ver Marcelo Nova na comemoração do Dia Mundial do Rock que acontece anualmente em Barra do Una, São Sebastião-SP, já tinha escutado falar que acontecia este evento lá mas sempre tive a impressão de ser uma coisa pequena, um encontro entre amigos, e sim, é, mas o que ví desta vez me deixou impressionado, um palco bem montado, sonorização boa, toda uma estrutura para as bandas que tocaram, segurança para o público, policiamento, apoio da comunidade e engajamento de todos.

Outra coisa que me impressionou foi a quantidade de bandas de rock em apenas uma praia (chamamos praia, podem ler bairro), se não me engano o Silvião me falou mais de meia dúzia. E pelo que eu ví Barra do Una pode ser chamada de a praia mais roqueira do litoral paulista, e provavelmente do Brasil.



A quadra comunitária este ano está coberta (eu ví fotos do ano passado e ainda estava sem cobertura) então mesmo que chovesse não atrapalharia, mas não choveu, estava uma noite linda e um frio enorme, mas que eu, a Lú e o Décio esquentamos com conhaque, pinga, mel e limão. Quem conhece o lado sul do município de São Sebastião sabe como é difícil viver alí, tudo é longe, apesar do glamour e do hype em cima das praias a população local sofre com a distância da sede administrativa do município sendo que a distância do limite entre meu município e o centro de São Sebastião é de aproximadamente 100 km, Barra do Una deve ser uns 80km distante do centro, organizar um evento deste não é tarefa fácil, Silvião e seus amigos estão de parabéns.

O evento,além de ser um agregador para a comunidade(tinha barracas de comida,bebidas,todos de moradores locais,não faltou nada)tem um caráter filantrópico pois a entrada era somente um quilo de alimento ou um livro para ajudar a montar uma biblioteca no local e a cada ano que passa pelo que percebí vai ficando maior e melhor,ano passado a atração principal foi Golpe de Estado,e este ano Marcelo Nova,o último "rocker" de verdade ainda em atividade no Brasil.

Quem começou tocando foi a banda Face Okulta do Guarujá, já tinha encontrado ela no Festival 7.1.9 no Delta Bar lá no Tombo, a molecada está ficando cada vez melhor, diz eles que estão gravando CD, e pelo que lí por aí estão gravando aqui na minha humilde e pequena aldeia, mas isto é assunto pra outra hora.

Depois quem tocou foi Código de Barra, banda de Barra do Una mesmo, que eu me lembre só tocaram covers, mas tocaram muito,perfeito mesmo, e se atreveram a fazer um cover de Hendrix e outro dos Mutantes, não é pra qualquer um. Acho que a ordem está certa e que a próxima banda foi Five Lost, também não deixaram a desejar, mas tudo que me lembro foi do cover do System, muito bem executado, conforme ia me "esquentando" o estado mental ia se alterando,he.

A próxima banda foi Sabugo Seco, a atração principal da noite pro povo local, a banda é a mais antiga de Barra do Una e pelo visto a mais querida, achei bem louco o fato de todos, mas todos, pelo menos os que estavam lá gostarem de rock, cantarem junto, chamaram uma professora da escola local pra cantar junto no palco, e ela subiu e cantou. O clima família ficou completo com o filho de um dos integrantes da banda subindo ao palco com sua guitarrinha e "bangueando" com uma blusa na cabeça. Depois subiu um cover do Raul, cantou umas 2 ou 3 músicas e veio a atração principal, Mr.Marcelo Drummond Nova, mais conhecido como Marceleza.



Confesso que fui pro show sem muitas expectativas, só queria ver o show do cara, afinal Camisa de Vênus fez parte da minha trilha sonora da adolescência, lembro de copiar uma fita K7 (original) de um amigo do disco "Correndo o risco". Marcelo subiu ao palco já era tarde, quase 1h da matina, a banda já tocando, o cara sabe do riscado, mas aí sua guitarra não estava com um som legal, ele sem dar pití apenas balançou a cabeça pro técnico, deixou a guitarra e foi lá pra trás de novo, voltou e começou logo com "Poeira no chão" do seu último cd, "Galope do tempo".

Depois disto começou a desfilar os hits do Camisa, na hora que comecei a escutar aquelas músicas, aquela tremida de voz que o cara dá, não teve como não me emocionar, a nostalgia bateu forte pois as lembranças voltaram com tudo na mente. Tocou "Sinca Chambord", "Só o fim", e quando tocou "My way" mandou todo mundo tomar naquele lugar e todo mundo adorou, na maioria das músicas nem tocava muito sua guitarra, fazia mais pose, mas o cara sabe fazer e não precisa provar mais nada pra ninguém nos seus quase 60 de idade, como já o ví falando numa entrevista, ele já fez sua parte.

A melhor hora do show foi quando todo mundo gritando o famoso "Bota pra fudê" e "Rock'n'roll" que são marcas registradas dos shows do Camisa e do Marceleza, ele simplesmente disse que não ia dar rock'n'roll, que não sabia nada de rock, quer o negócio dele era bolero, e começaram a tocar mesmo uma versão quase bolero de "Beth morreu" com todo mundo acompanhando (me arrependí de não ter gravado isto).

Quando terminou disse: "Tá vendo como esse negócio de rock'n'roll é só pose, neguinho aí com camiseta de metaleiro cantando bolerão, vocês são é brega!!!", dei muita risada, principalmente das suas improvisações durante a música, como "Beth me disse: Marceleza, não é que não te quero, mas é que gosto mais do NXZERO".

Cantou ainda "Pastor João" e "Carpinteiro do universo", parcerias suas com Raul e terminou com "Eu não matei Joana D'arc". No final evaporou-se pela parte dos fundos do palco, sua missão estava cumprida, mais uma vez. Ainda teve a banda Sick Mind, mas não pude ficar pra ver, afinal já era segunda-feira e quase 3h da matina quando acabou o show do Marcelo Nova. Valeu Silvião pelo convite e tenha certeza que estarei aí de novo ano que vem. Longa vida à iniciativa de vocês!!! ROCK'N'ROLL!!!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

ALAN SKILLY COLE parte I




# águas passadas #
Amigo de Bob Marley e melhor jogador de futebol da Jamaica, Skilly deu o passe para o gol da vitória contra o Cosmos de Pelé

txt: Tiago Jucá Oliveira

A imagem que temos a respeito do futebol jamaicano pode ser um tanto folclórica, como no sucesso musical do Casseta & Planeta, de alguns anos atrás, que compara o esporte bretão jogado no Brasil com o praticado na ilha caribenha: "se o Botafogo daqui é assim, imagine na Jamaica". A história reforça a ironia, pois a seleção jamaicana disputou uma única Copa do Mundo, na França em 1998. A campanha foi modesta, com duas derrotas e somente uma vitória, não passando da primeira fase da competição. O técnico brasileiro Renê Simões foi quem classificou a Jamaica pra Copa e, depois, na França, tentou chegar a segunda fase do mundial, sem sucesso. Mesmo assim, uma façanha histórica para um país acostumado com a falta de profissionalismo de seus jogadores, segundo palavras do próprio treinador: "o mais difícil foi convencer os atletas que não era possível fumar diamba antes dos treinos e dos jogos".

Além da inédita classificação à Copa, o cômico futebol da Jamaica apresentou ao mundo, nos anos 70, um craque dos gramados. Alan Cole, nascido em Kingston, era ídolo e, ao mesmo tempo, um dos melhores amigos de Bob Marley. No começo da década de 70, Chris Blackwell, produtor musical dos Wailers, comprou uma mansão no Hope Road, zona nobre de Kingston. Quando os Wailers lançaram o álbum Catch a Fire, Chris deu posse da casa a Marley. E para lá foi Bob morar, levando consigo alguns amigos, entre eles Skilly Cole. Uma das atividades mais frequentes dos dreads era jogar bola, ou no quintal da mansão ou no campo da Boy's Town, primeiro time de Skilly. Em 1973, Cole esteve no Brasil para estagiar no futebol então tri campeão mundial. Meses depois, Cole Skilly voltava pra casa, desta vez para ser o craque e líder do Santos Jamaicano, time pelo qual disputaria uma partida inesquecível.

As arquibancadas do Estádio Nacional estavam lotadas. Numa noite de stembro de 1975 (Timothy White, autor da biografia de Bob, diz que foi no dia 30; já a revista Placar, de março de 1999, afirma que foi no dia 21), quarenta e cinco mil torcedores, entre eles Bob Marley e seus irmãos dreads, se espremiam para assistir o Santos Jamaicano enfrentar o Cosmos, milionária equipe de Nova York que contava o Rei Pelé no comando do ataque. Para Skilly, a partida era uma chance de mostrar suas qualidades e, talvez, ser contratado para jogar no Cosmos.

O time nova-iorquino não demonstrava garra dentro de campo, para irritação da torcida. Aos vinte e cinco minutos do primeiro tempo, Skilly deu o passe para o ponta direita Errol Reid balançar as redes. O único gol da partida, uma heróica vitória dos jamaicanos. Pelé teve uma noite apagada e sofreu algumas entradas violentas, como a do zagueiro Billy Perkins, que o tirou do jogo. Mesmo assim não escapou das críticas da imprensa e dos populares, decepcionados com a atuação do Rei: uma "piada", de acordo com o Daily Gleaner do dia seguinte. Na opinião do jornal, Skilly sozinho valeu o ingresso.

No entanto, o bom futebol apresentado por Alan Cole não foi o suficiente para a sua contratação pelo time de Nova York. Clive Toye, presidente do Cosmos naquela época, em entrevista ao Daily Gleaner, disse ter "dúvidas acerca da dedicação do jogador, embora eu tenha ficado bastante impressionado com seu domínio de bola e ache que ele teve ótima atuação, apesar de impetuosa".

Para Timothy White, o descaso de Toye pelo futebol de Skilly acabara ofuscando a vitória sobre o Cosmos: "Vendo que Bob se tornava um astro do rock na América, todos na Hope Road (e na ilha inteira, nesse sentido) esperavam que Skilly seguisse seus passos e se tornasse o primeiro rasta do futebol na América. Quando o Cosmos deixou Alan de lado, isso gerou um efeito deflator no quadro da Island House, que fez com que muitos dos frequentadores achassem que deviam mostrar seu valor para os de fora de formas novas e ousadas para, ora, compensar pelo infortúnio. Havia um ego coletivo sendo forjado naquele ambiente da área nobre da cidade, uma crença de que tudo tinha que ser mais correto do que correto, mais dread do que dread, e 'mau' acima de tudo".

Quimera Jamaicana: A Cabra Escoiceante

"Sempre houve uma relação muito próxima, até simbiótica, entre os jogadores de futebol, músicos e pistoleiros jamaicanos, ... Mas nunca houve uma combinação de tanto prestígio e poder quanto Skilly Cole e Bob Marley. Os dois e mais os pistoleiros envolvidos no violento caba-de-guerra político entre o JLP e o PNP..., completavam uma trindade impressionante profana.

Existe uma esfinge na mitologia egípcia da qual os gregos compuseram o monstro fabuloso ao qual chamaram Quimera. A assombrosa criatura tem cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de dragão. Bob era o leão da Quimera; Skilly, a cabra escoiceante; os pistoleiros, o covil das cobras.

(...).

A Casa do número 56 na Hope Road estava destinada a ser o local onde todas as juras e maldições, todas as loucuras e sonhos, todas as esperanças e ambições, todos os ódios e horrores, chegaram à sua apoteose para Robert Nesta Marley. Era a hora da Esfinge das Trevas - a Quimera. A profecia seria cumprida
".

Trecho do livro Queimando Tudo, de Timothy White.

2º parte: EMBOSCADA NA NOITE

abaixo: Cole em seus tempos no Clube Náutico Capibaribe

sexta-feira, 24 de julho de 2009

ALEXANDRE PATO




# a arca de noé #
O incrivel animal que foi lá ver o que que há

txt::Jucazito


Um sério problema atinge o Brasil. Nossas aves estão vazando pro exterior cada vez mais novas. O caso mais famoso abalou a alegria dos brasileiros. O jovem talento Alexandre Pato migrou para os campos da Lombardia sem conquistar nenhum título nacional, sem disputar nenhum grenal e sem completar os 18 anos de idade.

Graças a diregentes de futebol como o Tio Patinhas, que só pensam em dinheiro, o torcedor vai ficar só com os cabeça de bagre. Dario Maravilha, o Beija-Flor, atacante de centenas de gols e que voou sempre nas áreas daqui durante os anos 70, comenta o fato. Para ele, são épocas diferentes, pois "naquele tempo eu punhetava o ganso no intervalo do jogo, hoje não tem mais disso”.

Falcão, um dos raros jogadores brasileiros que jogavam na Itália no começos dos anos 80 e hoje comentarista de futebol, acredita que Pato jamais será rei de Roma: “o rato rói a roupa do rei, mas o pato não pói a poupa do pei”. Fizemos uma pequena entrevista com Pato para traçar um perfil dessa ave que é maior promessa do futebol mundial.

Qual sua cidade natal?
Pato Branco, interior do Paraná.

Que lugar você gostaria de conhecer?
Porca miséria, eu ainda vou para a Patagônia.

O que você mais gosta de comer?
Pata à milanesa, hum! Mama mia, tem cada coxinha.

Qual sua banda favorita?
Pata de Elefante, a bateria do Prego fica martelando na minha cabeça. Porrada, uomo! Pato Fu é afu também.

Não pode ver numa loja e quer comprar?
Che, adoro pé de pato. Tenho que andar bem calçado para não parecer um patinho feio. Tenho de todas as cores, até um tricolor, que eu usava quando era piccolo.

Que goleiro você gostaria que engolisse um frango de um chute seu?
El Pato Abbondanzieri, do Getafe.

Quem foi seu melhor técnico?
Alexandre, o Gallo, além de xará, não me deixava no puleiro de reservas.

Que herói que influenciou sua personalidade?
Duck de Caxias, ele dizimou o original paraguay style, sobreviveu só o falsificado. Bem que ele podia ter acabado com o Peru também.

Que música i tiffosi rossi-negri cantam pra você?
Olelê, olalá, o Pato vem aê, para ver o que que há.

O que você cantou pra macadada na sua despedida?
Aquela do Adoniran Barbosa: “quá quá quá quá quá, não posso ficar mais nem um minuto ...”

quinta-feira, 23 de julho de 2009

QUAL O MEDO DA FENAJ ?

# agência pirata #
O retorno sombrio do tacão da ditadura militar

txt: Jair Viana

As entidades que dizem defender os interesses de jornalistas (?) lutam agora por uma alteração na Constituição federal. Querem mudar o texto do artigo 220, que prega a liberdade das atividades intelectuais e artísticas. Ora, num passado não muito distante, lutamos pelas liberdades, saímos às ruas, levamos borrachadas, fomos presos e até torturados. Agora, em nome de uma vergonhosa reserva de mercado, assistimos, atônitos, a ações políticas mal explicadas em busca do retorno sombrio do tacão da ditadura militar. Querem estrangular a Constituição por nada.

Não se propõe uma PEC (proposta de emenda constitucional) por qualquer razão. Aliás, a tal PEC proposta no Senado e na Câmara, em dose dupla, foge dos verdadeiros propósitos da medida. As entidades que se dizem "preocupadas" com o fim da obrigatoriedade do diploma para jornalista na verdade fazem um jogo de manipulação para garantir uma relação suspeita com universidades particulares. Usam profissionais diplomados, com discurso de fundo falso, em busca de adesões.

O trabalho que estão fazendo agora devia ter sido feito lá atrás. A Fenaj e seus sindicatos se preocuparam em xingar, ameaçar e processar jornalistas com registro provisório, antes de lutar de verdade por aquilo que dizem querer. Fizeram discursos em mobilizações que nunca contaram com uma expressiva participação da categoria. Hoje, dirigentes dessas entidades percorrem os corredores mais que suspeitos do Congresso Nacional, em reuniões com senadores e deputados, pedindo esmolas em defesa da categoria. Vergonhoso!

Um debate franco

As PECs apresentadas, visivelmente redigidas nas salas da Fenaj, contemplam apenas os diplomados. As duas propostas excluem do texto os jornalistas que militam há décadas, porém não possuem diploma, mas estão regulamentados junto ao Ministério do Trabalho. Vale lembrar que os registros profissionais concedidos na vigência da tutela antecipada da 16ª Vara Federal, em 2001, estão valendo, sim. No acórdão do TRF3, os efeitos da tutela não foram cassados. A decisão foi no efeito ex-nunc. Tais profissionais precisam ser protegidos por qualquer medida que possa ser adotada.

O deputado federal Paulo Pimenta (PT) e o senador Antônio Carlos Valadares (PSB) não podem fugir da discussão com todos os profissionais. Não é democrático, nem ético e moral uma discussão apenas com os sindicalistas, muitos apenas travestidos de jornalistas. O debate, até por envolver profissionais que defendem a liberdade de expressão, precisa contar com os diplomados e os não diplomados. Basta saber se há coragem para um debate franco, aberto, em que a qualidade das duas categorias de jornalistas (diplomados e não diplomados) seja confrontada. Qual a razão do medo da Fenaj?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

PÚBLICA



# conection #
Recreio dos Gaudérios

txt n' phts: Vicente Zanatta

Na última sexta-feira, dia 17, a pedido do editor Manda-Chuva, estive no CB Bar em São Paulo para conferir o show de lançamento do novo disco da Pública: "Como num filme sem um fim", com abertura da banda Apolonio. Para começar dá pra falar do lugar, muito bem escolhido, é uma casa que já tem tradição por ter shows de bandas gaúchas na cidade-cinza e rola um clima muito bacana, quase local até. O lugar estava bem frequentado, com diversos fãs da banda, figuras carimbadas do cenário rock gaúcho, além de uma galera do rock, sem onda hype nem modismos. Tudo com bom astral e sem aquela sensação de sardinha enlatada.

Formada aqui em São Paulo, a Apolonio é uma banda nova, com 7 composições de sonoridade bastante própria, algo raro hoje em dia. O que mais se destaca neles é o fato de ser difícil de categorizar a banda em um estilo devido a mistura de elementos orgânicos como guitarras leves que contrabalanceiam com momentos de maior presença, linhas de baixo bem cadenciadas, a percussão clássica do Malásia (Ultramen) e o mais inusitado: uma sanfona psicodélica que dá o toque particular a banda. Pouco se ouvia das letras em inglês, denunciando a falta de presença ao vocalista, mas nada comprometedor. Sem baterista, acho que a banda perdeu um pouco nisso também, já que os beats bem compostos só melhoram com a presença de um bom batera, mas valeu bastante pela inovação dessa mistura toda.



Já com a casa cheia chegou a vez da Pública. Lembrei das primeiras vezes que os vi tocar, há varios anos, e me chamava a atenção a pegada autoral do som com um estilo mais adulto do que aquela gurizada aparentava. Nesse show, depois de vários anos sem vê-los, ficou claro ser uma banda que faz um rock limpo, honesto e maduro e que ter apostado na critatividade das composições foi um caminho bem trilhado. Chama a atenção a riqueza dos riffs das duas guitarras, a cozinha bem marcada com uma batera excelente, mas certamente o toque especial vem dos teclados, que com melodias e arranjos bem compostos dão a linha condutora no som preechendo as músicas com lembranças que vão dos Stones ao Radiohead, horas passando por Supergrass.



A galera respondeu bem, sempre ligada no palco, aplaudia e ajudava a deixar a banda em casa. O ponto alto foi uma "ode ao Pink Floy", anunciada pelo vocalista Pedro: "Luzes" é uma sonzera de mais de 10 minutos que já começa na adrenalina, com uma batera pegada e oscila momentos de psicodelia com solos de teclado e guitarra mais arrastados. Ouvi muita gente dizer que gostou, outros esperavam mais, mas talvez, assistir ao show sem esperar nada é o melhor pra ser supreendido e ver que a Pública é uma das grandes representante do rock gaúcho, cujo CD "Como num filme sem fim" foi escolhido pela crítica animal do Prêmio Uirapuru de Música Brasileira o nono melhor disco de 2008, e que seguindo essa linha, em breve, certamente vai estar figurando entre nomes do cenário nacional.

terça-feira, 21 de julho de 2009

BUGUINHA DUB




# conection #
aDubando dá

txt n' phts: Fábio Balaio

Sábado passado (11/07) o que estava marcado pra ser um dos melhores shows do ano aqui na baixada santista acabou se transformando numa grande frustração, por parte de todos, músicos, público e até do dono do estabelecimento, no caso o Zé Renato, dono do DELTA BAR na praia do Tombo-Guarujá.

Primeiro foi o clima que não colaborou, estava chovendo o dia todo e me perguntava se na hora marcada pra começar estaria chovendo tanto como esteve o dia todo em todo o litoral paulista. Quem iria tocar é o Buguinha Dub, considerado um dos,senão o maior nome do gênero no Brasil, produtor de alguns dos nomes mais importantes da música nacional como Mundo Livre S/A, Nação Zumbí, Racionais MC, Cordel do Fogo Encantado, além de ter trabalhado com muitas outras bandas como Ultraje a Rigor, Capital Inicial, etc, e ter tocado nos quatro cantos do Brasil e exterior...

E mais, ainda iria tocar depois o Caio Bosco, que já foi tão falado por mim e por outros blogueiros, ia apresentar as outras músicas do seu tão esperado CD que sai no final do ano. Quem convidou o Buguinha foi o Caio, numa espécie de "Caio convida" (rs).



Pois bem, Buguinha veio, desceu de táxi de Sampa até o Guarujá e trouxe todo o equipamento no braço pois estava com a habilitação vencida. Na hora que chegaram, eu já estava no bar,tinha acabado de chegar e já era quase 1h da manhã,o Caio me apresentou o Buga que tava acompanhado de NeguEdmundo, repentista e MC nas horas vagas como diz Buguinha, voz poderosa, e ficamos alí sentados no sofá trocando uma idéia, eu vendo os caras aquecerem o corpo e a mente pro show e mostrando suas habilidades manuais enrolando alguns papéis recheados, he.

Algumas bicadas numa cerva, num uísque e cosítas mais, umas esticadas nos músculos e Buguinha se animou, "Vambora tocar". Confesso que o que eu conhecia das suas músicas foi tudo o que tinha visto aqui na internet, mas como eu tava "aquecido" também, já comecei a chapar logo quando o primeiro "echo" saiu dos falantes, e reconhecí "Liberate", antes teve um probleminha técnico, mas logo solucionado, nada abalava a vontade de Buguinha, mesmo tocando pra poucas pessoas (a chuva de horas antes e o vento que estava lá fora afastaram o público).

Convidou NeguEdmundo pros vocais e mandaram mais duas músicas uma atrás da outra com todo mundo se animando. De repente simplesmente acabou a luz, e a luz apenas do quarteirão do bar, quase que simultaneamente apareceram as luzes vermelhas de uma viatura do lado de fora do bar (correria pra acender mais incensos lá dentro). O Zé Renato lá fora tendo que ficar de blablablá com Uzomi, afinal ele tem alvará e etc, lá fora não se escuta nada nem havia baderna na rua, mas diz ele que é um vizinho nóia do prédio da frente quem chama a polícia, exagera nas carreiras e deve ficar com raiva do povo da fumaça se divertindo. Buguinha repetindo: "estão acabando com a diversão do povo gente, é daqui pra pior!!!". Um coito interrompido como definiu o próprio Buga.

Enfim, a luz não voltou, o vento aumentou lá fora, puliça foi embora mas ficaram por perto rondando, todo mundo broxado... o que me restou foi fazer uma pequena entrevista com o Buguinha no escuro sob as luzes dos celulares pra depois matarmos a larica no fast-food dos árabes falando sobre as paranóias da cidade grande e observando as patyzinhas chapadinhas saídas sabe-se lá de onde enquanto não dava o horário do buzão pra sampa que ele e Edmundo pegariam. Foi uma noite legal, pelo menos pra mim...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

100 ANOS




Se você, brasileiro ou brasileira, é torcedor do vicenacional, desculpa a brincadeira, e esperamos que você nos deixe de ler por causa de uma flauta após o Grenau do século.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

SABOTAGE





# cabra da peste #

Cabeça de nego

txt: Miguel RMS

Como se a benção da inspiração tivesse confundido o Brooklyn de Nova Iorque com o seu xará mais pobre, o Brooklyn de São Paulo, nasceu Mauro Mateus dos Santos. Preto, pobre e inspirado, porque pobre se não tiver inspiração não se cria. É sério, vai pensando que é fácil sorrir morando no Canão, na beira da água espraiada, onde “só falta água e quando chove alaga”. Aliás só quem ri da espraiada em São Paulo é o Maluf, lembrando da obra superfaturada em R$ 432 milhões.

Mas voltando pro Mauro, foi daqueles que cresceu como todos ali, convivendo com “a música, o crime e o futebol”. E ele fez suas opções aqui e ali, juntou todas dando mais espaço hora pro samba, hora pro Santos Futebol Clube, hora pro crime. Foi no crime que passou parte da infância, levando o respeito na cintura. Foi pro crime que perdeu o irmão que sempre citava nas letras. Foi ali que conheceu o rap, ainda no tempo da São Bento, participou do festival onde influenciou Pedro Paulo Soares da Silva a cantar rap, o mesmo Pedro que ia virar Mano Brown.

No crime foi rebatizado, falsificando a assinatura da mãe na Febem ganhou do irmão o apelido que levou pra vida: Sabotage! E foi sabotando o que estava previsto que o mano driblou a vida, largou o crime, gravou o disco “O Rap é Compromisso” pela gravadora do Pedro Paulo, a Cosa Nostra, com ele foi eleito artista revelação do ano no prêmio Hutuz de 2002 (dez anos depois de começar a cantar rap), fez participações em tantos discos que nem lembrava mais, fez parte da trilha sonora e o papel dele mesmo no filme “O Invasor”, ensinou gíria pro elenco e beijou a bunda da Rita Cadilac no filme Carandiru e ainda mudou a cara do rap nacional indo pela contramão.

Quando o rap se tornava cada vez mais sisudo e fechado, Sabote sorria seu sorriso sem dentes, cantarolava um samba antigo que dizia: “Se eu parar pra cantar tristeza meu tempo aqui não chega...”. Pra quem esperava o mito do rapper mau Sabote se mostrava simplesmente o “Maurinho do Canão”, preto, pobre, inspirado, falando sobre a vontade de subir no palco vestido de terno e gravata, só pra surpreender os que pensam que rap é roupa.

Assim como Chico Science foi o elo de ligação entre a lama e o mundo, o regional e o global, Sabotage foi o elo de ligação entre as várias correntes do rap, unia o discurso da favela com a levada do asfalto. Com ele o rap paulista ficou mais malandro, valorizou o jogo de palavras no verso, fez rap samba com o Instituto sem parecer imitação do Dr. Marcelo, mostrando que se pode falar de mulher em rap com todo respeito e poesia, afinal “todo malandro vira otário quando ama”. Às vezes nem precisava falar muita coisa, só citar o nome dos parceiros no verso, os presentes e ausentes, como ele mesmo dizia só pra falar que “se o crime fosse tudo isso esse pessoal todo ainda tava aqui”.

Uma vez falou pro Napoli que se via no som do outro Chico, o Buarque, onde o cidadão morreu na contramão atrapalhando o sábado. Sabote viveu na contramão, da sociedade enquanto estava no crime e na contramão da onda de separações e brigas quando estava no rap, mas morreu em uma sexta-feira, 24/01/2003 na mesma mão que muitos outros pretos e pobres do país, baleado, uma morte sem inspiração se é que existe inspiração na morte.

O elo foi perdido. O assassino? Não foi localizado, a mídia tratou como só mais um caso, a polícia tratou como a mídia. Uns dizem que um antigo desafeto matou Sabote, outros dizem que foi a inveja do seu sucesso. De repente foi o destino, que pisa na tentativa da mudança de caminhos escritos, e na coragem de se falar em construir um bom lugar morando no gueto do gueto. Sabote falou que as “estrelas nascem crescem evoluem e morrem”.

Mas ele vive na memória daqueles que conheceram, ouviram e adotaram o rap como compromisso. Se bobear o Maurinho tá por aí, aparece volta e meia no verso de um, na gíria de outro, no alto falante de um carro, no toca-disco de algum outro preto, pobre e inspirado, talvez no Canão, no Brooklyn, na Santo Afonso, no Boréu, Alvorada, Alto Zé do Pinho, Vila Jardim...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

DAMA DA NOITE




# escrituras marginais #

"Sou louca, mas tenho juízo"

txt: Arlei Arnt

Gláucia trabalha há muitos anos na rua como garota de programa. No entanto, experiência não significa que surpresas não deixam de acontecer. Depois de quase perder uma das seis filhas numa fracassada tentativa de suicídio, Gláucia relata um causo recém acontecido. Um cliente, ao dobrar a curva dos 50 anos de idade, a bordo de uma caranga importada, leva Gláucia para um motel e, depois de gozar 30 reais, pergunta:

- Quanto tu cobra pra fazer um serviço diferente e anormal?

- Olha, se tu não me matar eu costumo cobrar uns 10 reais. Qualé?

- Tu poderia mijar em mim?

Gláucia não bebe álcool. Foi preciso ela tomar três garrafas de água mineral. Mijado e em orgasmo, o doutor faz outra pergunta:

- Se eu te der mais 10 reais tu caga em cima de mim?

Gláucia topou. E nem foi preciso papel higiênico, pois o barão limpou o cu dela com a própria língua. Ela conta que já está ambientada neste mundo de louco:

- Trabalhei alguns anos numa boate sado-masoquista. Comi muito cu de homem usando vibrador. Teve um cara em quem eu enfiei o braço inteiro.

Gláucia não conta estas coisas com prazer nem tem orgulho pela profissão. Pelo contrário, se envergonha diante da família e diz que sente nojo dos corpos masculinos que roçam nela. Não são raras as vezes em que ela acaba o programa antes do combinado e deixa o cliente sozinho por não se sentir bem. E não entende o comportamento das colegas de trabalho:

- Essas gurias novas acham que ser puta é legal. Elas tem prazer de chegar na vila e contar pra todos que trabalham de noite na rua. E o pior é que ganham um dinheiro bom e gastam tudo em crack.

Gláucia, numa noite atrás, ficou braba com uma colega recém saída da maternidade. Em vez de ficar em casa com o bebê, trouxe a criança para acompanha-la numa gélida noite de inverno. Gláucia desabafou:

- Porra guria, vai pra casa. Tu fica aí fumando cigarro e crack na cara do bebê. Depois ele pega uma pneumonia e tu vai ficar duas semanas no hospital.

Gláucia chora:

- Tenho seis filhos e nunca fumei perto nem deixo ninguém fumar. Sou louca, mas tenho juízo.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

TRENT REZNOR




# agência pirata #

Tentando singrar na Web sem a ajuda de uma editora? O mestre Trent Reznor ajuda

txt: Miguel Caetano

Deduzo que por esta altura já todos os artistas que são leitores regulares do Remixtures tenham na sua mente alguns dos princípios fundamentais sobre como fazer carreira por si próprio na era da música online. É claro que sobreviver sem um contrato discográfico com uma grande editora discográfica é bastante mais fácil em mercados mais vastos e com um circuito autosustentável de música ao vivo (com festivais, rádios especializadas em música, salas de concertos, etc.) como o brasileiro.

Mesmo assim, isto não significa que nós, portugueses, tenhamos sempre que nos sujeitar aos ditames de um qualquer executivo encafuado algures num escritório de Madrid ou Barcelona. Muito pelo contrário, as possibilidades da vossa música chegar a todo o mundo nunca foram tão grandes como hoje, independentemente do que os “velhos do Restelo” proclamam.

Foi a pensar naqueles que só agora estão a dar os primeiros passos numa carreira por conta própria recorrendo apenas às ferramentas gratuitas – ou quase… – que a Web oferece que Trent Reznor dos Nine Inch Nails decidiu publicar no fórum da banda uma série de dicas de autopromoção online.

Na sua opinião, o modelo de oferecer música grátis sem DRM e cobrar por artigos escassos e de edição limitada pode e deve ser seguido por todos aqueles artistas independentes que não aspiram ao estatuto de super-estrelas como Lady GaGa, Coldplay, U2 ou Justin Timberlake.

Aliás, ele diz que se o que um artista ou uma banda quer mesmo ser uma vedeta desse calibre o que melhor que tem a fazer é mesmo assinar um contrato com uma major. Mas não há bela sem senão: a fama implica inevitavelmente ceder boa parte dos direitos das suas músicas, bem como uma percentagem significativa das suas fontes de receitas, para além – é claro – do controlo criativo sobre o seu trabalho.

Reznor diz para pôrem de lado a ideia de que vão ganhar algum dinheiro decente com as vendas de discos e aconselha os artistas independentes a não gastarem muito dinheiro com a gravação do disco (sem que isto afecte a qualidade) de modo a oferecerem-no sob a forma de MP3s sem DRM e com uma elevada qualidade.

De forma a fazer com que a vossa música chegue a todo o lado, ele aconselha o recurso à distribuidora digital TuneCore, assim como à Amazon e à TopSpin, uma empresa que desenvolve sites e edições especiais – uma das mais recentes foi a reedição do álbum Ill Communication (1994) dos Beastie Boys.

Apesar de recomendar a criação de uma página no MySpace, ele considera que é mais importante manter um site regularmente actualizado com conteúdos multimédia mas livre de todas as animações e fantochadas em Flash de modo a fazer com que as pessoas regressem mais vezes a ele e a criar uma comunidade em seu torno (através de um fórum, por exemplo). Para além disso, ele aconselha ainda que as bandas filmem vídeos baratos e criem páginas pessoais em toda a panóplia de redes sociais (Twitter, YouTube, Flickr, Vimeo e SoundCloud. Por último, ele recomenda ainda que não abusem das suas mailing lists.

Numa actualização recente, o frontman dos Nine Inch Nails aproveitou ainda para criticar o modelo “pague o que quiser” popularizado pelos Radiohead com a sua experiência em Outubro de 2007 aquando do lançamento do seu álbum In Rainbows:

Eu odeio este conceito (…) Alguns argumentaram que oferecer música de borla desvaloriza a música. Eu discordo. Pedir às pessoas a sua opinião a respeito do valor da sua música desvaloriza a música. Não acreditam em mim? Componham e gravem algo que consideram bestial e disponibilizem-no ao público segundo um modelo “pague-o-que-pensa-que-isto-vale” e depois conversamos. Lêem um comentário de um “fã” que tenta justificar porque é que o vosso álbum só vale 50 cêntimos porque ele apenas gosta de cinco músicas. Confiem em mim – vocês ficarão desapontados e acabarão por ficar a odiar uma facção da vossa audiência. Isto é a vossa arte! Isto é a vossa vida! Tem um valor e vocês, os artistas, não deixarão que esse poder passe para as mãos da vossa audiência – fazê-lo cria um grave problema de percepção (…) Não se deixem enganar pelo golpe promocional do In Rainbows dos Radiohead. Isto apenas funciona uma só vez e com uma única banda – e vocês não são os Radiohead.

Realmente, mais uma vez tiro o chapéu ao senhor Reznor. Ele sabe como comunicar directamente com o seu público. Independentemente da coerência das críticas tecidas aos Radiohead, o que é facto é que ele demonstrou ter um discurso muito mais maduro do que a atitude simultaneamente infantil mas típica de um artista em decadência que Robert Smith dos The Cure adoptou.

terça-feira, 14 de julho de 2009

CLAYTON BARROS



# águas passadas #

“Uma nação que precisa de herói está fodida”

txt n' ntrvst: Tiago Jucá Oliveira
phts: Guilherme Carlin


Um dos melhores músicos do Brasil, Clayton Barros continua sendo um sujeito simples. Único membro do Cordel do Fogo Encantado que toca um instrumento harmônico, “no meio de um monte de percussionistas, tudo indignado, com raiva, com vontade de tocar”, Clayton fala da importância da banda se manter independente. Nesta entrevista você poderá saber um pouco mais da carreira dele e a do Cordel. Neste encontro entre O DILÚVIO e Clayton, a frase que sintetiza tudo só poderia ser “foi tanta água que meu boi nadou”.

De onde vem essa técnica que você tem pra tocar violão?


Existe um divisor de águas na minha história enquanto músico, antes do Cordel e depois do Cordel. Eu sempre ouvi os violonistas cantores brasileiros como João Bosco, Geraldo Azevedo, pessoas que tinham talento pra tocar, cantar e compor. Então essa foi a turma que eu procurava, e também uns instrumentistas como Baden Powell, hoje o Yamandu Costa e o pessoal de fora Al Di Meola, Paco de Lucía, flamenco e tal, eu tenho umas coisas espanholas no meu som que eu trago. Uma coisa moura também, essa mistura. Meu pai fala ‘entonce’, que é então em espanhol. Não que eu tenha uma influência da vida da Espanha, mas respiro naturalmente essa coisa do rasgo, de tanger as cordas dessa forma e também trabalhar dedilhados. Eu não curto só o trabalho de violão quando se usa só batidas. Eu gosto de um violão que seja trabalhado ritmo e com condições de você fazer solos e bases simultâneos. O Cordel é uma banda extremamente percussiva, e pelo fato de eu ter tocado muito na noite, sozinho, voz e violão, eu desenvolvi uma técnica que eu conseguia, entre primas e bordões, fazer base e ritmo, tinha que segurar a noite, quatro horas tocando. Quando a gente inventa e monta o Cordel, aí eu começo a utilizar uma coisa mais agressiva, não aquela informação mais suave que eu trabalhava nas noites. Porque o Cordel cada vez mais ele ia crescendo, a nossa instiga, nosso próprio ímpeto de se inserir, de fazer um trabalho, de luta, de independência. Isso é transmitido na música, na força do braço, na pancada que a gente dá. Então foi inevitável que o som no Cordel precisasse um pouco mais de peso, um pouco mais de drive, mesmo em cordas de nylon, que é mais difícil a captação, pra você trabalhar mais efeitos. Hoje eu não uso mais um instrumento acústico, meu violão é elétrico desde o início. Não que não fosse no começo da banda, mas a gente era mais suave. O segundo disco a gente já tinha modificado nosso som pra mais agressivo, tanto é que eu uso uns pedais ali e uns efeitos, não por intenção de modernizar o som ou não, mas por necessidade de poder amplificar determinado timbre, determinado sinal, pra ser compatível com a pancadaria que os meninos desenvolvem, que não é brincadeira não. É só um instrumento harmônico no meio de um monte de percussionistas, tudo indignado, com raiva, com vontade de tocar. Eu montei essa técnica junto com os meninos, de tocar mais forte.

Como você entrou no Cordel?

Pois é, o Cordel vem da cabeça de Lirinha. Eu morava no Recife, já estava lá uns quatro anos. O Lirinha já recitava e já agrupava pessoas para encontros e tal. E antes de eu voltar pra Arcoverde, e a gente montar o Cordel junto, ele tinha desenvolvido um espetáculo chamado Brasil Caboclo com outros amigos lá. Quando eu cheguei já tinha uma idéia circulando, que era texto, sonorização, bem pouca música, mais a idéia da palavra e teatral. Eu já era um músico que ganhava uma grana e o resto do pessoal não. Eu sobrevivia de música, tocava na noite desde os 16 anos.

Você se interessou por música e violão a partir de quando?


Meu primeiro flerte com música foi na escola, com banda marcial, tocando sopro. Foi meu primeiro contato. Numa das férias eu fui pra casa da minha irmã no Recife, lá tinha um violão e eu aproveitei as férias pra ficar brincando e desenvolvi um interesse grandioso, uma paixão. Sabe quando você tem aquele estalo: “é isso que eu quero, que eu vou agarrar com unhas e dentes”. Eu fazia datilografia em Arcoverde, meu pai pagava, e eu deixava de ir às aulas pra ver ensaio de bandas e estar perto de músicos, xeretando mesmo, aperreando. Isso eu tinha uns 14 ou 15 anos, foi muito cedo. Até foi um determinado espanto pra família, porque aquela visão do trabalho burocrático de você dar certo no mundo. Arte sempre sugere um risco. Na verdade tudo sugere um risco, a meu ver. A arte é uma coisa maravilhosa e “perigosa” de ser feita, porque existe muita quebra de mitos. Com 16 anos eu já tava tocando na noite, já ouvia muito esses compositores brasileiros que te falei, escutava muita música em casa, ainda não desenvolvia pegar música de ouvido, também nunca estudei música, partitura pra mim é grego. Embora saiba que necessito porque já perdi muita música por não ter escrito ou não ter um gravador na hora. As vezes vem um riff e algumas coisas não dá pra você lembrar. O rádio sempre foi presente lá em casa. Eu quando criança acordava muito cedo e o pai sempre tava ouvindo AM, muitas músicas nordestinas eu ouvi. Em 1989 fiz minha primeira incursão no sudeste, pra conhecer uma parte da família que eu não conhecia e trabalhar como operário, e aí comecei a ouvir música estrangeira, rock, heavy metal, trash. Aí passei dois anos em São Paulo, não me adaptei, não era aquilo que eu queria, saudades e tal, volto pra Arcoverde, mas já com a cabeça mexida por conta dessa incursão no sudeste. Aí foi quando nessas férias eu conheci o violão, comecei a me dedicar à música, parei de ouvir um pouco o rock e comecei a me dedicar mais a música do nordeste e do Brasil. Comecei a gostar de bossa nova, a ouvir os compositores lá da região, grandes nomes como Toquinho, Baden. Acho ingrato dizer nomes porque tem um milhão que você não diz. A descoberta foi Jorge Bem, curto muito o trabalho que foi feito em A Tábua de Esmeraldas, aqueles violões são muito bem gravados, a pegada dele é muito fodida, muito boa, embora ele não dedilhe, e sim é um ritmista do samba rock. As harmonias e a pegada me interessam bastante, a forma de compor, embora eu seja mais melodista. Aprendi muito com o Cordel, mas antes eu era muito melodista, ainda sou, tanto é que estou fazendo um disco infantil, que vai se chamar Outros Planetas, tem todas essas coisas que não cabem no Cordel, como letras e algumas inspirações, que são coisas minhas, assim como todos do Cordel tem suas informações pessoais. Mas também estou trazendo nesse disco infantil essas coisas do começo, mais leves e mais suaves, inevitável não trazer o ritmo e a pegada que eu desenvolvo na banda. Não foi um disco programado, foi algo natural.



O Cordel vem fazendo um relativo sucesso, porém mantendo-se independente e sem jabá de gravadora, ou seja, é pela qualidade mesmo da banda.

A gente não tinha grana e a gente não faria isso e nem faremos, porque é a ideologia que construímos juntos e dentro de cada um prevalece esse instinto guerreiro, essa coisa de andar na contramão e não se tornar uma coisa boba.

Aquela edição da Trip que trazia encartado um CD com 10 músicas do Cordel mais uma inédita do Chico Science foi muito importante pra banda ser conhecida nacionalmente.

Essa edição da Trip vendeu 60 mil exemplares no país todo. Logo em seguida sai o primeiro CD, aí depois na própria Trip saiu o CD do RecBeat, com várias bandas, inúmeras coisas aconteceram.

O DILÚVIO também tem atacado nessa área de encartar CDs de bandas independentes por um preço justo.

Eu acho uma pena a Trip não ter feito isso mais. Se vocês puderem, continuem fazendo. Parabéns cara, isso é uma coisa importantíssima. Banda e revista crescem juntas. O problema da independência é distribuição, porque você fica pouco refém, porque as gravadoras tomam conta desse mercado. Nossa distribuição é inferior das gravadoras, que detêm esse domínio. Hoje nós estamos com uma distribuidora independente, que é um anexo de artistas independentes da Trama. Eu confesso que não chegou onde eu queria e esperava. Pensei que ia chegar numa loja e encontrar, e não estou encontrando. Não seria uma queixa, e sim uma expectativa que eu tive e não foi atendida.



O que o Cordel tem a agradecer ao movimento manguebit?

Eles são grandes guerreiros, como foram Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro para abrir portas. A gente chegou aqui no sul por conta de Mundo Livre S/A e Otto, viemos no ônibus com eles, quer dizer, os caras abriram as portas pra nós. Nossos primeiros shows como banda foi viajando com o MLSA. Gutie, nosso produtor e que era produtor do MLSA na época. Temos um grande respeito, já gostávamos dos caras. E eu tenho uma gratidão particular, sou muito amigo de Bactéria, se encontramos em Arcoverde, tomamos uma cerveja, ele é figura ilustríssima, sujeito sangue muito bom, um cara alegre, pra cima. Os caras têm um peito muito forte, são grandes lutadores. Fred 04 está sempre aqui quando rolam o Fórum Social Mundial, é uma figura muito equilibrada, politicamente falando, tem postura e atitude, apesar de atitude ser uma palavra tão desgastada já, mas são pessoas importantíssimas pra música.

O Cordel não chega a ter essa postura política nas letras.

Nós somos mais metafóricos, mas mesmo assim no nosso primeiro disco a gente fala de Xicão, da tribo Xucurú, a gente fala dessa questão da agua em “Chover”, da seca, da alegria de um povo fodido pelos outros. Sabemos que o nordeste elege mal os seus representantes. Existe também uma má construção do nordeste nas outras partes do Brasil. Inúmeras eleições no nordeste são compradas, assistencialismo, paternalismo e coronelismo. Fica difícil mudar essa condição em pouco tempo. E agora mais uma frustração política que estamos vendo no momento. Não me espanta tanto porque sempre achei que o problema não é quem vai sentar lá, o problema é a cadeira, que já ta corrompida, o sistema ta todo corrompido, troca o presidente e entra outro, mas vão negociar com os mesmos de sempre, com o crime organizado. E a gente não pode também ficar esperando que heróis nos salvem. Uma nação que precise de herói ta fodida. A gente precisa aprender a fazer das nossas vidas o melhor possível. São detalhes mínimos, como não jogar lixo no chão, saber lutar, procurar os seus direitos, se informar pra saber como surgiu o seu país e sua cidade. Eu tenho uma admiração muito grande por Eduardo Bueno, o Peninha, um escritor que me abriu muito os olhos. E a gente caminha por aí, com umas letras mais poéticas e metafóricas, existem as panfletárias que a gente admira como Chico Science e Fred 04, também temos essa postura política, mas a gente não utiliza o microfone pra discurso. O texto que está ali no disco já é o nosso discurso.

Falando em herói, Lampião e o cangaço são temas em algumas letras do Cordel, tipo aquela famosa carta que ele enviou ao governador de Pernambuco se intitulando governador do Sertão (utilizadas por mim em meu trabalho de conclusão do curso de jornalismo: a influencia do cangaço na música nordestina). Você que é de lá pode contar melhor como é essa influência de Lampião no imaginário popular?

O povo é dividido. Não própria cidade dele, Serra Talhada, ergueu-se uma estátua e rolou uma discussão muito grande, porque pra uns ele era um criminoso, pra outros era um grande herói. A figura de Lampião foi despertada por causa da opressão que rolava no nordeste. Ele se tornou cangaceiro por conta do assassinato do pai dele, e se tornou um Robin Hood do nordeste, que influenciou bastante a música, tem até um disco do Volta Seca (cangaceiro do bando de Lampião) cantando músicas dele. Mas eu não diria herói ou bandido, mas um ícone importantíssimo. Eu sou mais para Lampião do que pra Severino Cavalcanti e Lula. Acho que Lula não tem muita culpa nessa merda, não, a galera que está por trás é que está fodendo, mas eu ainda prefiro não a arma em punho, sou contra luta armada, mas acho que a língua, a caneta, a mão, o pensamento, o disco, o microfone são grandes armas que a gente pode utilizar bem.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

WANDER WILDNER



# concetion #
No Studio SP

txt, vd n' phts: Fábio Balaio

Estou escrevendo ainda sob o impacto do show do Wander Wildner desta noite no Studio SP (São Paulo). Fui num show dele em Campinas em setembro de 2008, que aconteceu também numa véspera de feriado (06/09) e ele contava com a mesma banda, Georgia Branco no baixo/vocal e Pitchu na bateria/vocal, mas na ocasião Jimmy Joe ainda tocou com ele na guitarra solo.



O show de hoje foi inúmeras vezes melhor, Wander de ótimo humor, com "Ganas de tocar" (inclusive ele disse no meio do show que estava mesmo com bastante vontade), Pitchu também estava ótima (será por causa da vitória de 4x2 do Timão?He), só a Georgia que parecia não estar na mesma sintonia, inclusive reclamando bastante do som, mas nem por isso deixando de tocar muitíssimo bem.

Eu sou suspeito para falar, sou fã do cara, sei cantar todas as músicas, e ele tocou todas que todo mundo que é fã gosta (só faltou pra mim ele tocar "Empregada"), na hora que começou a tocar "Eu tenho uma camiseta escrita eu te amo" eu deixei toda minha tralha com meu camarada Nei e fui lá pro meio da galera pular e me esguelar junto com o Wander.



Ele tocou "Lugar do caralho" que não estava no set list e terminou com sua versão de "Hard days night", "Trabalho duro". No final do show o Wander ficou alí no balcão do bar tomando "algo" e fui trocar uma idéia com ele pois eu queria comprar o cd "La canción inesperada" com dedicatória, claro, mas ele disse que não tinha trazido pra vender, pois "alí naquele lugar" era difícil (?).



Perguntei se ele conhecia a revista O DILÚVIO, afinal ambos são de Porto Alegre e ele disse não conhecer nem o blog nem a revista, pois está morando em São Paulo já faz algum tempo mas que vai procurar se informar sobre (tentem imaginar o Wander navegando na internet... eu o ví falando ao celular,tudo é possível,he).



Aproveitei e tirei foto com o cara, afinal sou fã mesmo e daí? Sem deixar de tirar uma foto com a Pitchu que estava lindíssima, adornada com uma camiseta do Corinthians!!!!!!!! Foi uma noite que não vou esquecer tão cedo, e ainda tem mais esta semana, dai-me forças.

domingo, 12 de julho de 2009

MAIS +ou- MENAS # 009




Tegucigolpe, Honduras mas não morre.

XII - Julio Cezar, 2009. Antes de Cristo?

#yeda
ZH diz: QUEM VAI APAGAR A LUZ?
PT diz: QUEM VAI PAGAR A LUZ?
MC diz: QUANDO VAI ACABAR A LUZ?




#tapa_na_orelha

per DJ Basket



Tonho Crocco ta com EP na área. Teto Solar, primeiro trabalho solo do cantor. O disco é em formato SMD, uma tecnologia criada pelo sertanejo Ralph, que só pode ser vendido ao público por cinco reais, pra concorrer com o preço dos piratas. “Abre-Alas (O Carro Destemido)”, não por acaso, inicia trazendo Nova York na mala, cidade por onde transitou durante alguns meses. É funk groove em clima de seriado policial dos anos 70 que eu assistia na sessão da tarde dos anos 80. O Brasil dá um pouco de tempero na primeira faixa e toma conta do swing na segunda, “Teto Solar”, um samba-rock pegado na batida e no sopro, lembrando os bons balanços da Ultramen e dos próprios shows de Tonho com a Brazilian Sound Machine. “Quadratura” não deixa o pique cair, e as influências brasileiras e estrangeiras se confundem, entre guitarra e cuíca. O samba enfim faz solo em “Árida Saudade”, lirismo de harmonia e poesia, um choro emocionado que contrasta com o Open’s Deep Mix de “Abre-Alas”, que encerra o EP de quase 25 minutos de maneira triunfal, abrindo caminho pro eletrônico. Tonho Crocco é um dos melhores cantores do país. Teto Solar é o grande álbum curto de 2009!



Muito Obrigado Axé”, faixa do novo disco da Ivete Sangalo, Pode Entrar, é a música que recomendo ouvir. A rainha do dendê recebe Maria Bethânia em sua casa e divide com ela os vocais. A Bahia de todos os santos está ali, na negritude religiosa com a simpatia baiana. A composição de Carlinhos Brown é um samba leve com energia positiva: “joga as armas pra lá e faz a festa”. Impossível não se contagiar, pois “isso é pra te levar na fé/ Deus é brasileiro/ muito obrigado axé”. As duas melhores cantoras brasileiras do momento, divinamente juntas. Dorival Caymmi com certeza daria a benção!



Entre audições e leituras musicais, acabo por saber que mashups já foi traduzido pra “bastard pop”. Os direitos autorais violentamente violados em nome da arte do remix. Pois o pessoal do Canhotagem juntou uma série de ilegalidades e fez uma colagem bem legal. Até agora já saíram três coletâneas devidamente batizadas de Os Batardos Populares. Reúne mágicas combinações de Afrika Bambaata vs. Jorge Ben, Pixies vs. Run DMC, Nine Inch Nails vs. Kool and The Gang, Vegomatic vs. The Clash, White Stripes vs. Public Enemy, M.I.A. vs. Le Peuple De L’herbe, Police vs. Klaxons, Soundgarden vs. Deee-Lite, Red Hot Chili Peppers vs. Ting Tings, só pra citar as ótimas entre outras tantas boas.

>>>volume 03<<<

>>>volume 02<<<

>>>volume 01<<<





#giornalismo

per Izabela Vasconcelos

Gay Talese diz que curiosidade está acima do diploma de jornalismo

Em encontro no MASP na última terça-feira (07/07), Gay Talese afirmou que a curiosidade está em primeiro lugar entre as qualidades de um jornalista, acima do diploma. “Acho que o diploma não é essencial para o jornalismo. O essencial é a curiosidade", disse o jornalista em debate moderado pelo editor executivo do jornal O Estado de S. Paulo, Ilan Kow.

Leia ma+s ou m-nos





#cacilds

per Professor Pasquale

Quer falar igual ao Mussum? Entre nesse site digite a palavra e veja como pronunciá-la em mussunguês. É issis.








#pangaré

per Arlei Arnt

Entrevista a galope: Alemão Birck, da Graforréia Xilarmônica

Muitas bandas tem retornado para turnês de shows. A Graforréia voltou recentemente com um CD ao vivo, agora tem músicas novas tocando nas rádios e está com um CD em gravação. A banda está voltando pra ficar, como parece, ou já se pensa num novo fim mais adiante?

Há muito tempo a Graforréia não é mais a nossa principal atividade, ela é somente mais uma entre tantas nas nossas vidas, isto pode ter garantido esta longevidade para a banda. Mas por outro lado se a gente tiver que terminar com este projeto não vai ser nada traumático. Nosso plano agora é terminar de compor o repertório para um novo disco de inéditas, gravar, lançar, fazer shows divulgando este novo trabalho. A gente tem trabalhado assim, só pensando no próximo passo, e por enquanto terminar a banda não é o próximo passo.

Em tempos de internet, mp3 e myspace, quais as estratégias para o lançamento do CD?

Nós todos temos quase uns 45 anos na cara, admito que não é nossa especialidade ficar em frente ao computador gerenciando sites de divulgação de material virtual. Talvez a saída seja contratar um produtor que se encarregue disto, sei lá. O Cd é uma mídia que está saindo aos poucos do mercado, mas ainda é uma exigência, mesmo que seja como material de divulgação. Como falei antes a gente está trabalhando de uma forma bem tranqüila, sem muita cobrança, nossa prioridade agora é finalizar o material novo e começar a gravá-lo de forma definitiva. Depois dele pronto, vamos tentar um parceiro para lançar o Cd novo de maneira convencional, na internet a gente vê o que faz depois. Mas por enquanto o lançamento realmente é algo que não está passando pela nossa cabeça.

O disco ao vivo foi produzido por uma dupla conceituada no cenário nacional, Kassin e Berna Ceppas, da Orquestra Imperial. Eles participarão novamente? Como foi a experiência e partiu de quem a iniciativa?

O Kassin é nosso amigo da época em que ele tocava em festivais de bandas independentes com a Acabou La Tequila. A gente estava precisando de alguém para produzir o disco ao vivo e no meio de uma reunião surgiu o nome dele. A gente ligou pra ele e acertamos tudo. A idéia de colocar o Berna na parada foi do próprio Kassin e a gente topou no ato. O processo foi muito tranqüilo, a gente gravou uma demo simulando o que aconteceria no dia da gravação e mandamos pro Rio, eles escutaram fizeram os comentários sobre o que eles acharam do material. Então nos encontramos um dia antes dos shows, acertamos os detalhes que faltavam, gravamos, eles levaram o material para o Rio, depois de algum tempo nos devolveram mixado. Só alegrias. Quanto ao trabalho novo já pensamos em alguns nomes mas ainda não falamos com ninguém.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

NA ROUBADA



# escrituras marginais #
Factos fictícios. Ou não

txt: Arlei "Xuxu Beleza" Arnt

Locovil sofre de esquizofrenia, com esporádicos surtos de violência. Há 19 anos, desde que nasceu, vive na maior favela da capital e convive com violência familiar, comunitária, social e policial. O Complexo da Raposa é uma academia anárquica que vai moldar a já agressiva personalidade de Locovil. Apesar do bigode acadêmico, Locovil ainda não completou o quarto livro escolar. Este ano largou o be-a-bá e o dois-mais-dois no primeiro mês de aula.

Os dois últimos e bons empregos que teve recentemente ele acabou desistindo de trampar. Voltou pro velho bico de sempre: lavar carros, num posto de gasolina, à noite – quando o dono não está presente. Pelo menos pra vida bandida ele não voltou mais.

Loco andava armado e roubava caranga. Sua maior roubada foi cair na mãos dos porquinhos durante uma fuga. Ironicamente aquela caranga roubada lhe destinou para a Febem. De lá saiu meses depois e manteve a paixão por carangas.

Hoje ele não rouba, prefere lava-las. Numa dessas limpezas Locovil deu um azar danado. Os tiras deram uma batida no posto em busca do famigerado Batista, assaltante de bancos e traficante foragido da cadeia. Locovil havia lavado e estava manobrando a caranga de Batista no exato momento da blitz policial. Para seu infortúnio, uma bucha de pó sujou a caranga recém limpa.

Batista retornou a viver no presídio. E Locovil passou a madruga inteira na delegacia, de onde só saiu de manhã. Graças à sinceridade de Batista, que assumiu a sujeira. Esse gesto de Batista mostra a fidelidade da lei anárquica marginal: não adianta só dar remédios pras senhoras, cerveja pra malandragem e cadernos e brinquedos pra meninada se você entrega o companheiro.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

MARIJUANA




# agência pirata #
L'erba di Twitter

txt: Claudio Tamburrino

Roma - Un collettivo artistico sta sfruttando a pieno le potenzialità dei social network, e in particolare del micro-blogging di Twitter, per battere la concorrenza nell'affollato mercato californiano della distribuzione di marijuana per finalità mediche.

La Proposition 215 dello Stato della California permette ad organizzazioni no profit di produrre, coltivare e vendere marijuana per scopi medici. Se con l'amministrazione Bush questa norma era ritenuta in conflitto con la legge antidroga federale, con Obama vige una certa tolleranza che ha permesso il proliferare di organizzazioni senza scopo di lucro che si stanno facendo concorrenza per la loro dose di mercato.

Artists collective è il collettivo che sta sfruttando i social network al pieno del loro potenziale per ritagliarsi uno spazio: oltre alla visibilità così ottenuta offrono un servizio di consegna gratuito (ma solo nella contea di Los Angeles) e del tutto legale: verificano che la marijuana sia stata prescritta dal medico e che il paziente abbia una carta d'identità californiana. Si presentano come qualcosa di lievemente diverso dagli altri: vogliono racimolare 10mila dollari di donazioni per creare opportunità per i loro artisti, scrittori e musicisti.

Hanno creato un sito internet, una pagina su Facebook e una su Myspace , ma solo con Twitter hanno raggiunto la popolarità: "Siano aperti da sei mesi e solo nelle ultime due settimane con l'account di Twitter qualcuno ha iniziato ad interessarsi a noi" ha detto Dann Halem, direttore del collettivo. I 140 caratteri concessi sembrano d'altronde un ottimo mezzo di pubblicità: inframmezzando micro-blogging divertenti a vere e proprie promozioni sono riusciti a guadagnarsi l'attenzione che richiedevano, anche cavalcando il successo di popolarità del sito.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

INSTITUTO E THALMA DE FREITAS



# conection #
Uma noite de dub

txt:: Leandro De Nardi
vd n' phts: Lucieli Galho



Noite de 5f .

Michael Jackson havia falecido de repente, há pouco mais de três horas. Caminho pela Augusta, me lembrando dos tempos de Osvaldo Aranha, quando a noite porto alegrense nascia ou morria nas calçadas do Bom Fim. Logo adiante chego no Z Carniceria, boteco legal e que fica perto do Studio SP, rumo final da paulicéia musical da noite: o show do INSTITUTO.



Daniel Bozio e Ganjaman



No Studio, casa cheia, animada.


Ganjaman ao subir no palco, profetiza que aquela, seria uma noite dedicada ao DUB.

Thalma de Freitas faz a anunciação. O show, que nem havia iniciado ainda, soma-se agora a homenagem que ela e todos prestam ao falecido da noite, cantando um de seus clássicos e dando o recado do que estava por vir. Ao embalo da sua voz, o povo é quase engolido pela pista, sacudida ao som de um naipe de sopros potencialmente preciso, que faria Jackson escorregar sua dancinha, animadamente.

Além de Thalma, Ganjaman vocalizava um sem número de somzeiras e equalizando seus teclados mantinha a pista ativa. Impossível ficar parado.



Junior Boca na guita, Curumim na batera e Clayton Martins no baixo completam a banda e a noite da música perfeita, aquela que toca na alma. O show teve a grata participação de Flora Matos. Fundamental é citar, também, a performance de Curumim nos vocais. Um samba japa do melhor tipo. Salve Guerreiro !

Mesmo sem bateria na digital, mas totalmente carregado pela musicalidade institucional, O DILÚVIO registrou pra vocês, leitores ligados na boa música, um grande momento do show. Confiram a somzera “O seu lugar”, música do 3naMassa na voz dela.



Uma pura celebração de Deus.

terça-feira, 7 de julho de 2009

RÁDIO COMUNITÁRIA




# manda chuva #

Para fazer RÁDIO COMUNITÁRIA com “C” maiúsculo

txt: Tiago Jucá Oliveira
email: Rodrigo Jacobus


O ano era 2002. Eu estava prestes a finalizar o curso (sic) de jornalismo. Como havia poucas cadeiras aproveitáveis, as legais era legal se puxar, fazer algo útil naquele museu. Na cadeira Projeto Experimental em Jornalismo III: Comunidade, da professora Ilza Girardi, fizemos uma cartilha de rádio comunitária, destinada a dar uma base teórica e técnica pros comunicadores interessados em ler e aprender um pouco mais sobre este importante meio. Eu pequei a parte que eu quis e mais gostava: um resumo e adaptação de "O Tambor Tribal", de Marshall McLuhan.

Pra minha surpresa, recebo hoje um email do Rodrigo Jacobus e também leio em um blog que a cartilha foi adaptada, recriada e disponibilizada em Creative Commons. A organização da obra é, além de Ilza, de Rodrigo Jacobus, amigo e colaborador deste pergaminho. E conta com importantes mãos, tais como Bruno Lima Rocha e Sylvio Ayala.

Abaixo o email do Rodrigo:

"Pessoal,

Está pronta a cartilha “Para fazer RÁDIO COMUNITÁRIA com “C” maiúsculo”. Vai para a impressão ainda hoje ou amanhã na Gráfica da UFRGS. Todo mundo que ajudou na primeira versão, feita em 2002, taí de novo. Mas essa versão tá mais completa e vai ser utilizada pela ABRAÇO-RS junto aos comunicadores comunitários. Tem muita mão e cabeça envolvida nesse projeto. Segue em anexo a versão digital que pode ser livremente veiculada e distribuída. Contamos com todos para ajudar, através de suas páginas e canais, na distribuição e divulgação desta proposta e esperamos que renda bons frutos junto a todo o movimento pela democratização da comunicação social. Assim que estiver pronta, a versão impressa estará disponível junto aos realizadores e apoiadores.

Grande abraço a todos,
Rodrigo Jacobus"


baixe o livro em PDF

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A NOVA MÚSICA BRASILEIRA




# agência pirata #
E seus caminhos

txt: Romulo Fróes


Caminhando para o fim da primeira década do século XXI, já é possível identificar um traço comum entre os artistas surgidos na música brasileira a partir dos anos 2000? Será esta uma geração de artistas à altura de nossa tradição? Perguntas como estas já circulam por aí e demonstram que ainda figura um desejo de organização de um tempo, em que se consiga reunir argumentos para qualificar para o bem e para o mal, determinada época. Neste caso, além de compreender a unidade década, há ainda o agravante de ser esta a primeira de um século que se inicia, o que a faria ser comparada também ao conjunto de todas as outras do século anterior, numa espécie de partida injusta de dez contra um.

A geração atual de artistas da música brasileira surgiu ainda no século passado, em meio a uma profunda transformação, atrelada a uma iminente falência da indústria musical. Mais do que por novos modelos de difusão ou comercialização, ela foi moldada por um novo modo de produção musical. Até o começo dos anos 1990, o caminho para um artista chegar ao disco era muito difícil, pra não dizer quase impossível, se pensarmos que o filtro criado pelas grandes gravadoras para a produção de um disco era, antes de tudo, econômico. Com raríssimas excessões, eram elas que detinham os meios de gravação. Uma vez que esses meios se democratizaram, passou a ser possível a qualquer artista gravar seu próprio trabalho, elevando a produção de discos, ao menos no que se refere ao seu registro fonográfico, a patamares nunca antes imaginados. Todo artista agora, podia ter seu disco e surgiu uma nova figura, a do artista-produtor. É claro que existiam anteriormente artistas-produtores, mas a noção de produção passava muito mais pelo âmbito estético do que técnico, pertencia mais ao campo abstrato das idéias do que na matéria real da obtenção da melhor captação, ou na escolha certa dos microfones e amplificadores. Isso era para os técnicos, que afinal estavam a serviço do artista.

O artista de hoje produz seu disco, porque afinal conquistou essa liberdade e também porque em última instância, é a única maneira de fazê-lo. Por isso seu conhecimento de todas as etapas de uma gravação, da captação à edição e chegando mesmo até sua fabricação. Verdade que à príncipio, tal processo se deu de forma muito precária, uma vez que ainda não se dispunha de grandes recursos técnicos, na época pouco acessíveis, e tão pouco havia-se adquirido a experiência do novo ofício.

Com o avanço da tecnologia, a experiência e o acesso a novos recursos de gravação, abriu-se aos artistas um novo vocabulário de produção artística, a meu ver inédito na música brasileira. É muito comum hoje, um jovem artista falar de seu trabalho mais do ponto de vista técnico, do que das questões artísticas de sua obra, isso se encararmos como coisas desligadas uma da outra. Não raro, um leigo se depara no depoimento de um novo artista, com termos que parecem pertencer a uma nomenclatura de ficcão científica. E isto não é pouca coisa, se pensarmos que grandes artistas de nossa música nunca pensaram no som que teriam seus discos, acreditando única e exclusivamente no poder de sua música. Ou ainda, se pensarmos em artistas como Tim Maia e Caetano Veloso, que no início de suas carreiras, mesmo sabendo exatamente o “som” que queriam em seus discos, sempre se disseram frustrados por não consegui-lo, simplesmente por não saberem até então se comunicar com os técnicos. É um fato relevante, pra não dizer histórico, que aconteça de novos artistas se envolverem profundamente com o processo de gravação, tendo mesmo um interesse verdadeiro por seus aspectos técnicos, ainda que ironicamente, muitas vezes se valham de experiências acontecidas no passado, em discos gravados por exemplo, na década de 1960 e 1970. Vintage é uma palavra adorada por estes jovens artistas. Seus instrumentos, microfones, captadores, pré-amplificadores, pedais e tudo o mais têm de ser vintage, porém seu comportamento, suas cabeças, suas crenças, estas estão no presente.

Pois depois de aprendido “as manhas” da produção, ainda era preciso aplicar esse aprendizado à criação. Sim, porque antes uma grande canção mal gravada do que uma bobagem de altíssima qualidade sonora. E seguindo a máxima de que a quantidade gera qualidade, acho que a contribuição destes novos artistas para a música brasileira começa a ganhar forma. Há muito tempo não se via tantos artistas com trabalhos tão diversos e com tamanha qualidade, quanto agora. Talvez a palavra novo, tão desgastada por seu uso, não seja aplicável ao que vêm fazendo, mas sim ao modo “como” vêm fazendo. Já não é mais possível abarcar o Brasil, como fizeram por exemplo os Tropicalistas. Não só todo o vocabulário incluído por estes em sua música como a baixa e a alta cultura, a guitarra elétrica, o regionalismo, a mídia, a publicidade, a sexualidade, a tecnologia e tudo o mais ainda está em voga, como ainda outros tantos verbetes surgiram e continuam a surgir todos os dias. Daí o conceito de novidade já nascer datado. É com a Internet, esta ferramenta que mudou nossa percepção de mundo, onde se deparam a toda hora com tudo, quero dizer “tudo”, que já foi dito, pensado e vivido por todos, no passado, no presente e às vezes parece que até no futuro, que os artistas de hoje produzem. E se eles se fartam dessa nova ordem, a carga de influência que sofrem é tamanha e tão diversa, que talvez seja impossível a formação de um “novo” pensamento sobre música popular brasileira hoje e talvez não seja mesmo mais tão necessário. O que é necessário ainda e sempre, é que se produza arte boa, mesmo que esta tão somente revele as influências de quem a criou.

Matisse dizia ver Cézanne como um bom Deus da pintura e por mais perigosa que fosse sua influência, dizia não temê-la, pois consideraria isso uma covardia consigo mesmo. Acreditava que a personalidade do artista se afirma pelas lutas que enfrenta e que seria uma tolice não olhar em que direção os outros trabalham. “Aconteceu-me aceitar influências. Mas creio que sempre soube dominá-las”.

#ALGUNS DIREITOS RESERVADOS

Você pode:

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