:: ntrvst :: Júlio Freitas ::
Primeiramente, hoje qual é o nome da banda mesmo?
Macedusss: Macedusss & As Desajustados Bando, e é realmente As Desajustados...
são as homens da banda, ops. do bando. um bando que acompanha o senhor macedusss.
Eu achei que tu fosse o maceduss, acabei me confundindo.
Macedusss: É o macedusss, ou a macedusss. tranquilidade nesse caso. a banda que são AS desasustadOs. as os, saca?
E o resto do bando é de São Leopoldo?
Macedusss: São léo temos dois importantes músicos, um baixista e um gaiteiro. sim um gaiteiro por que mantemos as tradições gaúchas a todo o custo. outro é um baterista que reside em santo antonio da patrulha. e um guitarrista oriundo do metal que é de lajeado. mas todos os músicos, menos o macedusss, são descartáveis e substituíveis. qualquer um pode tocar na banda, inclusive tu. queres tocar conosco? basta agendar um show para nós e teras o direito de tocar.
Eles sabem disso?
Macedusss: Sim, sabem. é o que é preciso para tocar na banda, quero dizer, no bando. já chegaram a fazer um show sem minha presença, mas foi um fracasso. deram o nome de Mandela e As desajustadinhas groupies.
mas foi um fracasso, menos de 100 pessoas no show.
Para ensaiar deve ser bem simples, tu em são paulo, outro em lajeado...
Macedusss: Isso não é problema, na verdade ensaio para nós é coisa sem importância alguma...
nos assumimos como pós-banda, fazemos pós-música
dessa forma tudo saí de forma espontânea nos shows.
Então não tem como errar, pois nada estava combinado mesmo.
Mas em que consiste o som da banda?
(pausa)
Macedusss: Desculpe a pausa. estava rolando um tiroteio aqui na frente de saca e fui dar uma conferida pela janela... mas a vida segue, menos para quem foi alvejado...
o som que propagamos é a experimentação pura
influencias do jazz na sonoridade
do punk na atitude
e do funk muitas vezes no visual
E o que tu faz na banda?
Macedusss: Sou o mentor intelectual, o mentor estético e político e ainda o vocalista...
sou quem cria e quem da os comandos a todos os outros.
o macedusss além da banda é uma intervenção estético/ético/política
Eles obedecem?
Macedusss: Não necessariamente obedecem. eles tem liberdade de criação também. cada um pode tocar o que bem entender, mas nos comunicamos intersubjetivamente, estamos nessa a mais de 10 anos, a coisa flui bem...
mas rolam brigas, lógico. nosso ego é inflado...
Como é que foi o último show de vocês?
Macedusss: Nosso último espetáculo foi sem sombra de duvida divino. apenas tivemos uns desentendimentos internos, mas nada além do normal. nosso baterista teve um pequeno surto de estrelismo, tentou acabar com o show. nós por nossa vez lutamos para manter o show, tivemos umas quedas no palco. o show seguiu por mais 5 minutos e os seguranças interviram.
hoje já nos recuperamos e todos nós amamos uns aos outros novamente.
E o fim do mundo?
Macedusss: Esse tema me da arrepios.
resolvemos fazer ainda alguns shows e deixar o final do mundo para depois.
decidiremos a este respeito por meio de um assembléia geral, nos melhores moldes do movimentos estudantil.
temos uma turno em buenos aires para fevereiro, vamos curtir um mate hermano e depois pensaremos sobre o final do mundo. os maias estão errados e marx certo.
temos um vídeo também em:
Muito boas as fotos, gostei da estética, qual é o lance da sacola?
Macedusss: A sacola plástica é algo sagrado para nós.
somos membros de uma ordem religiosa que cultiva o uso de sacolas plásticas na cabeça como forma de elevação intelectual e espiritual.
estou falando da Igreja Dogmática dos Céticos que Usam Saco Plástico na cabeça.
é a igreja das contradições e dos contraditórios: por isso cética e dogmática.
Essas fotos e o material irão me ajudar bastante, talvez o Jucá não me demita...
Macedusss: Espero que não! espero que continue com o seu emprego, afinal a mídia precisa de nós.
outra questão importante a salientar é que somos uma banda/bando a serviço do futebol menor: do nosso aimoré querido.
Como é que está o Aimoré?
Macedusss: O aimoré, por nosso agito e reza brava pra tudo que é santo, conseguiu se safar como campeão da terceira divisão do campeonato gaúcho.
É um time de futebol ímpar, sediado em uma cidade colona, de devir alemão, o berço da colonização alemã no brasil tem em seu time citadino uma parada índia. aimoré: são os índios que tocaram o terror nos portugas, os mais valentes e violentos. foi o inicio da luta de classes no brasil; por isso amamos tanto o aimoré. odiamos o futebol de grandes clubes capetalistas do inferno.
uma imagem que ilustra meu amor dadaísta pelo índio colono de são léo
Futebol hoje é um negócio, uma empresa...
Macedusss: Sim, isso detona nosso espirito. temos uma música que se chama: "maradona larga tudo e deixa o futebol moderno morrer e vem jogar e ou treinar nosso querido aimoré de são léo capilé medonha da gloria de deus."
Tem algum link onde podemos baixar estas canções?
Macedusss: Infelizmente ainda não. somos uma banda muito apegada a não-modernidade. somos primitivistas.
para ter uma ideia o vídeo que temos na net e as fotos todas são de fãs da banda.
não temos registros próprios.
mas em março de 2013 vamos lançar um vinil, sim ainda acreditamos no vinil. será um ep de 7 polegadas. 1 canção ao todo, dividido em "canção 1 parte A" e "canção 1 parte B"
e o disco levará o sugestivo nome de "não são leopoldo"
ps. sou um apaixonado por são leopoldo, e digo: é muito fácil ser apaixonado por são léo morando a mais de 1 mil km de distancia.
Já fui carteiro lá em são léo, no primeiro dia me mandaram entregar correspondência lá na...é uma invasão, não lembro o nome, tinha até casa com número zero.
Macedusss: Na toka?
a comuna punk do centrão de são léo?
éééé...
Macedusss: São léo é um caos, por isso eu criei o termo "sant hell"
creio ser o nome mais apropriado para a nossa pequena/média cidade suburbana e provinciana.
mas por tudo isso amo cada rua e cada avenida, amo os bairros e as vilas, amo as ocupação: não são leopoldo querida, nossa banda existe por ti.
O que tu acha dessa cena de Porto Alegre e arredores?
Macedusss: Porto Alegre é uma cidade complicada, egoica demais. capital, né? o fato de ser uma cidade que se quer mais que as outras afeta a subjetividade de seus citadinos.
tem muita coisa ruim, quase nada me agrada.
em são leopoldo gosto do povo da antiga, admiro muito o trabalho da siléste, os quadrinhos do renner.
em porto alegre tem o daniel villaverde que faz shows de hardcore para perder dinheiro, o verardi (vulgo caveirinha) que faz filmes por 10 reais. o guilherme que deixou um bigode, gosta de café, se acha guitarrista é poser e faz zines.
gosto dos poucos amigos que tenho. de resto odeio rock gaúcho, cinema gaúcho...
porto alegre é bairrista, provinciana, metida, burra culturalmente. não gosto decididamente. quando voltar a morar no rio grande do sul quero me mudar para a fronteira, ou vou morar em livramento ou em uruguaiana.
E o cara que alvejaram aí?
Macedusss: Aqui em são paulo essas coisas são normais. escutei sirenes variadas, me chamou a atenção musicalmente falando. pensei em gravar e usar em alguma pós-música nova. desencanei, já levaram o peão para algum hospital. acho. afinal aqui o transito não pode parar. odeio são paulo também, mas vivo aqui pois afinal de contas sou masoquista.
E como foi a tour européia de 1999?
Macedusss: complicada. prefiro não tocar nesse assunto por questões judiciais é melhor "deixar quieto". saca?
Entendi.
Tem alguma coisa que eu não tenha perguntado que tu queira dizer?
Macedusss: Não necessariamente, mas pretendo não perder o espaço. estamos disponíveis para levar nosso som, basta chegar um convite em minha caixa postal virtual. negociamos apenas o custo de nosso, ou meu apenas, deslocamento. entretanto, nossa música é por pouco compreendida. mas estamos aqui, ou aí. no fundo somos pessoas amorosas e dispostas a aceitar o outro. mas não abrimos mão de nossa construção de diferenças. e sim: nós amamos as sacolas plasticas e odiamos a nós mesmos. macedusss salva.
2 comentários:
loucos!
...Mas a vida segue, menos para quem foi alvejado...
Postar um comentário