#CADÊ MEU CHINELO?

terça-feira, 31 de maio de 2011

[noé ae?!] CESAR POLVILHO

[domínio público] GRACIAS, BRASIL!



::txt::Alfredo Mujica::

El jefe Raoni llora cuando se entera de que la Presidente Dilma publica el inicio de la construcción de la represa, incluso después de cartas dirigidas a ella por el mismo, que fueron ignorados y más de 600 mil firmas que también ignoró.
Esto conlleva la expulsión de 40 mil poblaciones indígenas y locales y la destrucción de hábitat, valioso para muchas especies.

Organizaciones humanitarias de Brasil denunciaron ante las Naciones Unidas que ejecutivos de la empresa que construye una represa en la Amazonia intimidaron a fiscales que cuestionan el emprendimiento por entender que amenaza el hábitat de los aborígenes que viven en la región.


El grupo de empresas Norte Energía S.A. fue acusado de intimidar al fiscal Felício Pontes Júnior y presionar a la Justicia para que lo aparte de sus funciones de veedor de las obras de la represa Belo Monte, que será la tercera mayor del mundo.

El Consejo Indigenista Misionario, la ONG Justicia Global y otras 12 entidades denunciaron al consorcio Norte Energía ante la Relatoría Especial sobre Autonomía del Poder Judicial de la ONU.

Los grupos cuestionaron además la construcción de Belo Monte por las consecuencias ecológicas que la obra tendrá en la región amazónica y por inundar tierras de los pueblos originarios de esa zona.

La usina Belo Monte también fue denunciada por la Comisión Interamericana de Derechos Humanos (CIDH), de la OEA, que recomendó suspender su construcción.

El gobierno de la presidenta Dilma Rousseff expresó semanas atrás su “perplejidad” por el parecer de la CIDH.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

[noé ae?!] ARTHUR DE FARIA E SEU CONJUNTO

[domínio público] O MEDO



::txt::Eduardo Galeano::

Os que trabalham têm medo de perder o trabalho.
Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho.
Quem não tem medo da fome, tem medo da comida.
Os automobilistas têm medo de caminhar e os pedestres têm medo de ser atropelados.
A democracia tem medo de recordar e a linguagem tem medo de dizer.
Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas.
É o tempo do medo.
Medo da mulher à violência do homem e medo do homem à mulher sem medo.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

[agência pirata] DEZ ANOS A MIL: MÍDIA E MÚSICA POPULAR MASSIVA EM TEMPOS DE INTERNET



::txt::Alt News Paper::

Uma iniciativa bem legal apareceu hoje por aqui. Acaba de sair o livro "Dez anos a mil: Mídia e Música Popular Massiva em Tempos de Internet", organizado por Jeder Janotti Jr. (Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação UFPE), idealizador do projeto, Victor de Almeida Pires (Mestrando em Comunicação da UFPE e idealizador do LAB) e Tatiana Lima (Professora da FISBA e doutoranda em comunicação UFBA). A publicação chega em três versões eletrônicas: como e-book (PDF), para tablets (ePub) e para Kindle (mobi), disponíveis para download neste site. A proposta é atualizar as discussões em torno da música massiva e, para isso, pesquisadores de várias partes do Brasil assinam nove artigos organizados em duas partes.

A primeira parte de “Dez anos a mil” tem como tema “Músicos, cenas e indústria da música”. No artigo que abre o livro, Janotti Jr. e Victor Pires atualizam a discussão sobre as cenas musicais, uma vez que esse conceito, muito ligado ao circuito geográfico onde a música é produzida, ganha novos contornos a partir da internet. Os autores tratam, entre outras coisas, de como abordar as cenas no ambiente virtual, no texto intitulado “Entre os afetos e os mercados culturais: as cenas musicais como formas de mediatização dos consumos musicais”.

Em seguida, o texto “Tendências da indústria da música no início do século XXI”, de Micael Herschmann e Marcelo Kischinhevsky, reflete sobre o atual panorama do mercado da música, mobilizando dados atualizados sobre a circulação da música na internet. O artigo “Michael Jackson e o thriller das gravadoras: trajetória e crise de um modelo”, de Tatiana Lima, dialoga mais diretamente com o texto de Herschmann e Kischinhevsky por trazer uma retrospectiva do negócio da música, refletindo sobre como chegamos ao cenário atual. Ainda na primeira parte, o artigo de Thiago Soares, “Cinco incertezas sobre Lady Gaga”, parte de indagações para discutir o status da performer na indústria da música e apontar “conceitos que ajudam a compreender o que significa ser uma estrela na cultura contemporânea”. Fecha essa primeira parte um artigo de Nadja Vladi intitulado “O negócio da música – como os gêneros musicais articulam estratégias de comunicação para o consumo cultural”, que também insere a discussão sobre gênero no novo panorama digital, trazendo exemplos do indie rock.

A segunda parte do livro trata das atuais “Práticas de consumo musical”. O professor Jorge Cardoso Filho examina as “Práticas de escuta e cultura de audição” no contexto contemporâneo, apontando “alguns sintomas de uma transformação mais ampla no âmbito da sensibilidade auditiva”. No texto “Discografias – mediações musicais em uma discoteca coletiva”, Jefferson Chagas e Simone Pereira de Sá se debruçam sobre as permanências e transformações ocorridas com a digitalização. Partem da comunidade “Discografias” do Orkut para examinar as novas práticas de disponibilização da música e a força de velhos formatos como o álbum.

Felipe Trotta comenta a seleção do repertório para uma festa para discutir a valoração da música enquanto “ação social que ocorre em um território de conflitos”, no artigo “Critérios de qualidade na música popular: o caso do samba brasileiro”. E fechando a discussão sobre a música em tempos de internet, o jornalista Bruno Nogueira trata das novas formas de debate em torno da música no texto “Por uma função jornalísticas nos blogs de MP3 - Download e crítica ressignificados na cadeia produtiva da música”. Onde o mesmo utiliza o blog Hominis Canidae em um estudo de caso e cita estratégias como a do novo disco da banda paraibana Burro Morto, vale a pena conferir o livro todo.

Então fica a dica, baixe e dissemine essa boa nova, discutindo e esclarecendo alguns pontos da música e do mercado fonografico brasileiro e mundial em tempos de internet.

terça-feira, 24 de maio de 2011

[noé ae?!] ALESSANDRA LEÃO

[agência pirata] NÃO SOMOS CONDUZIDOS, CONDUZIMOS

::txt::Bruno Torturra Nogueira::


Tá na Constituição. Mas o juiz e a PM não sabiam

Sabem de uma coisa? Hoje eu fui na marcha da maconha e usei tóxicos. Usei mesmo! Eu e uma cambada que descia a Consolação. Ficamos com os olhos vermelhinhos, tossindo pra caramba. Como a gente descolou a parada? Ora, com a Polícia Militar de São Paulo, com quem mais? O tóxico, no caso, chama-se Clorobenzilidenemalononitrila, o gás CS, mais conhecido como gás lacrimogênio. É considerado uma “arma branca” pelas forças de segurança, e toda tropa de choque que se preza porta um belo estoque quando vai às ruas.

Hoje tive a involuntária chance de tragar o gás em quatro oportunidades. A primeira foi na frente de um abandonado cinema Belas Artes. Uma bomba de efeito moral estourou bem ao meu lado, e meu ouvido zuniu pelo resto do dia. Corri, e tive a sabedoria de não olhar para trás quando escutei os tiros de escopetas com balas de borracha. Elas não matam, mas cegam facilmente quem as toma nos olhos. Estava seguindo em frente pelo canteiro do meio da Consolação, entre os desavisados cidadãos que esperavam um ônibus no ponto do corredor. Foi ali que o gás chegou primeiro em meus olhos e narinas. Bem como nas mucosas de crianças, jovens, adultos e idosos de ambos os sexos que esperavam uma condução apenas.

A última inalada, e mais intensa, foi entre as esquinas da Consolação com Sergipe e Maria Antônia. Eu já não estava mais no miolo da manifestação, mas seguia pelo outro lado da rua, tirando fotos da tropa de choque e me juntando ao coro de manifestantes que, já meio dispersos, apontavam suas palavras contra a polícia. Foi quando duas bombas foram atiradas na pista oposta, sentido Paulista, onde não havia marcha, nem manifestantes em grande número. Apenas automóveis engarrafados, pedestres atravessando a rua e o comércio aberto. Segui em frente, protegendo minhas vias com um lenço verde (distribuído aos montes no começo da marcha como mordaça pela censura, tornou-se máscara).

Vi dezenas de pessoas levando a mão ao rosto, vi senhoras correndo com dificuldade para fugir da fumaça, um pasteleiro sufocado, encurralado pelo gás dentro de seu trailler. Queima, quimicamente falando. A pior coisa que já respirei. Ainda pior do que o gás de pimenta que sorvi ano passado, na marcha da maconha de 2010, no Parque do Ibirapuera. Com o gás lacrimogênio, a pele e os olhos sentem uma agressão corrosiva, intolerável. Prendi a respiração e corri em frente. Tentando alcançar o resto do pessoal. Eu precisava estar lá para ver o desfecho.


A foto é mais ou menos, mas mostra o momento em que o gás lacrimogênio foi atirado entre cidadãos desavisados

A Consolação foi intoxicada porque a “lei” não tolera outra fumaça. Aliás, a “lei” não tolera quem fale sobre a tal fumaça sem condená-la. Pelo entendimento do Tribunal de Justiça de São Paulo, em uma decisão tomada menos de 24hs antes da realização da Marcha, é ilegal dizer que maconha não deveria ser ilegal. Proibido, o evento se concentrou no MASP, levantou cartazes e cantos, e acordou com o Capitão Benedito Del Vecchio, comandante da 1a companhia do 7o batalhão da PM, a realização da marcha pela liberdade de expressão, condenando a censura sofrida.

A interpretação do Tenente ao texto do TJ, foi a seguinte: qualquer um que leve cartaz, camiseta, material ou slogans que incluam a palavras maconha, ou legalização, ou qualquer referência que induza à maconha, serão punidos. Cobriu-se a maioria dos cartazes com faixas ou tinta preta, e a polícia disse que apenas iria escoltar a marcha – e seria esse o saldo do dia.



E quando o assunto é proibido?

Eu arrisco dizer que havia duas mil pessoas marchando pela Paulista. A causa não era mais a legalização da maconha, exatamente. Era um protesto pelo direito de pedir a legalização da maconha. Uma planta de inequívocas propriedades medicinais, industriais e e dona de uma amistosa psicoatividade. Eis todo o problema. Psicoatividade. Que, para mim, mostra o que está por trás dessa tarde de sábado: consciência. E o que fazer para alterá-la. Aos fatos:

Análises médicas do gás lacrimogênio indicam que ele causa danos graves ao fígado e ao coração. Também é indutor de anomalias genéticas em células mamárias (aka câncer de mama). Quando metabolizado, o gás CS deixa traços de cianureto no corpo humano… coisas assim. Fatos que duvido que conste nas cartilhas de formação de um PM como o Cap. Del Vecchio (no mesmo sábado, 93 novos soldados ganharam seus espadins, gaba-se o único tweet do dia do @pmesp). Ou nos calhamaços dos exmos. juízes do TJ. Duvido que a toxidade do gás lacrimogênio conste no repertório do médico Geraldo Alckmin, hoje governador de São Paulo. Mas foi essa a substância que a Força sobre seu comando atirou, em pleno sábado de sol, em gente indefesa, pelas costas, por discordar de uma lei – ou que apenas circulavam por São Paulo na hora errada.


Tá aqui sua democracia. ass: Cap. Del Vecchio.

A troco de que? O parecer do desembargador Teodomiro Mendes é claro: “o evento que se quer coibir não trata de um debate de ideias, apenas, mas de uma manifestação de uso público coletivo de maconha, presentes indícios de práticas delitivas no ato questionado, especialmente porque, por fim, favorecem a fomentação do tráfico ilícito de drogas (crime equiparado aos hediondos)”.

Sim, eu vi gente acendendo baseados na marcha. Imediatamente reprimidos pelos próprios participantes que, em grupo, falavam que “não era a hora”. Toda a argumentação que vi na Marcha é em torno de um debate de ideias que, invariavelmente, aponta para a extinção do tráfico (“equiparado aos crimes hediondos”) através do cultivo legal de canabis (equiparado à jardinagem).

Sim, eu vi gente sendo presa na marcha. Ninguém por porte de drogas. Apenas por distribuir um jornal, e debater ideias, chamado “O Anti-proibicionista”, feito pelo coletivo DAR. A polícia não deu satisfações aos jornalistas que questionavam o motivo da prisão. Tive uma escopeta (com balas de borracha, suponho) apontada para mim quando tentei me aproximar para fotografar um dos membros do coletivo indo em cana.

Marchei até o fim, e peguei um táxi para o 78 DP na Rua Estados Unidos, para tentar entrevistar o delegado e os presos na marcha. Saber qual era, enfim, o B.O. Cheguei no primeiro grupo de pessoas, e não pude, nem como repórter, falar com o delegado ou os presos. Foi de lá que mandei meu primeiro de muitos tweets do dia, e vi chegar mais tropa de choque, um helicóptero, e vi a rua Estados Unidos ser fechada para impedir a chegada dos manifestantes mais resolutos que subiram e desceram de novo a Augusta para pedir a soltura dos dois que ainda restavam presos no 78. E foi quando entendi que aquela não era mais uma marcha da maconha. Não era sequer uma marcha pela liberdade de expressão. Era um explícito enfrentamento da consciência coletiva consigo mesma.


PMs da ROCAM sem idenficação para esculachar sem maiores problemas

Consciência era o tema de hoje, eu preveni. E o que fazer para alterá-la.

Nossa extrema e recente capacidade de obter informação e conexões redimiu os libertários. Temos a rede, os argumentos, a vontade de união. Mas como em um pesadelo Junguiano, esse despertar gera seu exato oposto… a sedimentação de preconceitos e discriminações que infla os intolerantes, os donos da verdade, os demagogos. As balas não eram contra nós, eram contra nossos argumentos, contra nossa capacidade de demonstrar que o mundo que a ignorância oferece é pior do que o da tolerância. Com o twitter na mão, vi meus breves relatos sendo retransmitidos e espalhados para muitos milhares de pessoas em segundos. Assim como tantos por ali, meu telefone era só um uma sinapse de um cérebro maior, coletivo.

Não, essa briga não é pela maconha. Assim como a luta por direitos LGBT, das mulheres, dos negros… nada disso é apologia de raça, sexo ou formas de amor. São gritos por tolerância, respeito, igualdade de direitos. E uma luta da consciência por mais consciência. E pela transformação dela em grupo, em rede, em sociedade.


Repórter da Globo cobre a marcha atrás do Choque. Deu na lamentável matéria do JN

Consciência! Eu insisto. E especulo aqui, com pouco medo de errar: PMs, juízes, governadores, legisladores… devem saber tanto sobre o males do gás lacrimogênio quanto sobre os da maconha. Nada. E não serei eu o infinitésimo mártir a enumerar fatos científicos e culturais sobre a planta que provam, sem controvérsia, que ela pode conviver entre nós como uma verdadeira aliada, em vez de uma falsa ameaça. Ameaça que se tornou violentamente real com a proibição. É um mercado bilionário que flui diretamente para os cofres do crime organizado e da inevitável corrupção policial. É a base da renda da enorme malha criminosa. Tudo por causa de uma planta quase sempre benigna.

Consciência… e me lembro das pessoas não envolvidas com a marcha que viram a brutalidade da polícia, respiraram um gás trocentas vezes mais tóxico do que a mais vil das maconhas de bocada, e não se indignaram com a PM. Mas conosco, os maconheiros, os vagabundos que financiam o tráfico de drogas. “Porque vocês não vão trabalhar?”, me sugeriram no twitter enquanto eu reportava abusos da polícia. Não tiveram a chance, a boa-vontade (ou a inteligência?) de pensar um pouco além do que lhes oferece o mais ignóbil jornalismo televisivo. Não sabem que ex-coronéis da PM comandam 25 das 31 subprefeituras de São Paulo. Não entenderam o significa ser governado por gente que confunde Ordem com Justiça. Não entenderam, ou concordam, também pensam dessa forma. Ainda assim, fazem parte do mesmo cérebro coletivo em que pia meu twitter.

Hoje, sentimos na pele o que é viver no meio de um nó cego de ignorância, ideias preconcebidas e uma sórdida conveniência comercial e política. Eis a receita invariável da qual a direira (a extrema direita, eu quero dizer) se alimenta. E provo o que digo com uma uma cena, a mais importante de todo o evento para mim.

Durante a concentração no MASP, a maioria ainda nem havia chegado, uma turma de uns 20 neonazistas, facistas, ultra-nacionalitas, se colocou em fila para protestar contra a marcha. Diziam defender a família, o Brasil, o nacional-socialismo. A polícia não os molestou. Ao contrário, fez um cordão para os manter isolados das centenas de manifestantes que foram chegando. Quando as primeiras bombas voaram, o pequeno grupo nazi aplaudiu. Eu vi. Eu e muita gente viu. E você também pode ver se procurar na rede. Facistas batendo palmas para a polícia que reprimia com extrema violência um protesto pedindo liberdade de expressão.


Neo-nazistas, ultra nacionalistas, contra a marcha. Protegidos pela polícia, aplaudiram a violência

Essa é uma cena triste? Não ainda. Ela é um sintoma, apenas, dessa bipolaridade social que estamos vivendo. E a cena diz mais sobre quem não estava lá do que sobre a PM, os nazis, ou os maconheiros. Sobre as centenas de milhares de pessoas que sabiam da marcha, e preferiram não ir, por preguiça, por medo de ridículo, por medo da polícia ou por puro descaso. Sobre os incontáveis artistas e figuras públicas que adoram um baseado, mas se escondem na hora do debate. Um silêncio que dá força às balas de borracha, às liminares de última hora, a uma política cínica sobre drogas no país. Um silêncio que abafa o eco da bombas de gás e dá mais voz aos desinformadores de plantão.

Eu saí indignado da marcha. Mas não saí triste. O protesto durou mais de seis horas. Andamos metade da Paulista, descemos toda a Consolação, voltamos até os jardins, sob porrada e abusos, para soltar nossos companheiros. Temos que nos orgulhar. A marcha de São Paulo nunca mais será a mesma. Mas viramos mais do que uma página na luta pela legalização e regulação do mercado de maconha no Brasil. Ficou evidente, em fotos, vídeos, relatos, cicatrizes e saudações integralistas que nossa democracia é tudo, menos madura.

E se isso não é motivo para lotar a Paulista no sábado que vem, então, lamento informar, mas os facistas terão muitos motivos para aplaudir a PM de São Paulo. Na esquina da Augusta com a Estados Unidos foi decidido que um novo protesto, contra a violência policial, será feito no MASP, às 14hs do dia 28. É hora de mostrar para o governo Alckmin o significado do lema da bandeira da nossa cidade: Non ducor, duco. Em latim: não sou conduzido, conduzo.

Por isso, eu dedico esse texto a todos que fumam maconha e que não foram hoje à Marcha da Maconha. Peço, humildemente, que antes de enrolar o próximo baseado dêem uma olhada na sua erva. Tente imaginar por quais mãos ela passou. Para quem esse dinheiro foi. Pense em quantas pessoas morrem todo dia por conta desse mercado criminoso que a lei criou. E pense também nas duas mil (?) pessoas que foram às ruas por você. Para que sua maconha seja limpa, em carma e substância. E não se culpe pela ausência de hoje, digo isso com sinceridade. Apenas acenda o baseado, fume, e prometa a si mesmo que na próxima marcha você vai. E que vai levar gente consigo. E que vai fazer o impossível para aparecer sábado que vem, no MASP, às 14hs, para protestar na rua contra a violência do Estado de São Paulo. Eu vou.

__________________________

Um breve comentário: há tempos que minha relação com a maconha anda em crise. Não tenho mais tanto prazer quando fumo um baseado. Ao longo dos anos os efeitos foram mudando em mim. Hoje posso ficar ansioso, confuso, anti-social, durmo pior… Raramente fumo, pois com frequência me arrependo. Mas semana passada ganhei uma pequena belota de uma maconha caseira, cultivada por um amigo do interior. Hoje, ao chegar da marcha, tomei um banho, vi a repercussão no twitter, e enrolei a erva. Perfumada, verde, saborosa. Fumei. Há anos não me sentia tão amigo da maconha. Sentei, chapado, para escrever meu relato, e meu desabafo. Com uma florzinha solta, colhida por amigo, eu a maconha fizemos as pazes. Vou dormir bem.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

[agência pirata] MARCHA DA MACONHA

[agência pirata] TRADUZINDO PALOCCI



::txt::Ricardo Noblat::

O que há em comum entre Antonio Palocci, chefe da Casa Civil da presidência da República, dono de um patrimônio que se multiplicou por 20 no curto período de quatro anos como deputado federal, e Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor do Fundo Monetário Internacional, preso em Nova Iorque por ter agredido sexualmente uma arrumadeira de hotel?

Em comum: Palocci e Dominique não podem contar exatamente o que fizeram – nem por que fizeram.

Palocci alega que uma cláusula de confidencialidade o impede de tornar pública a lista de clientes de sua empresa de consultoria. Somente no ano passado ela faturou R$ 20 milhões – metade entre o dia da eleição e o dia da posse de Dilma.

Dominique insiste em repetir por meio de seus advogados que é inocente. Não, não se trancou com a arrumadeira em uma suíte do Hotel Sofitel, no coração de Nova Iorque. Não, não a jogou sobre a cama para estuprá-la. Muito menos a obrigou a sexo oral. A Justiça aceitou as sete acusações que pesam sobre Dominique.

Por ora, nenhuma acusação pesa sobre Palocci. Pesa a robusta suspeita de que enriqueceu rapidamente fazendo lobby para empresas empenhadas em fechar negócios com o governo. Ou municiando-as com informações privilegiadas às quais tinha acesso como ex-ministro da Fazenda do governo Lula e influente deputado do PT. Ou, ou, ou...

Palocci perdeu a voz desde que a Folha de S. Paulo, há uma semana, publicou que ele comprara no final do ano passado dois luxuosos imóveis em São Paulo pela bagatela de R$ 7,4 milhões. Isso depois de ter declarado à Justiça Eleitoral que o valor do seu patrimônio em 2006 não chegava a R$ 380 mil. Agora, Palocci só fala por escrito.

Sem lhe cobrar tostão ou favor, ofereço-me para traduzir o que tem dito.

Palocci disse que pôde comprar os dois imóveis graças ao salário de deputado e mais o que lucrou como consultor. Se apenas no ano passado a consultoria lhe rendeu R$ 20 milhões, imagine-se a preciosidade dos conselhos dados por ele a seus clientes...

Compare: quanto o mensalão do PT movimentou para pagar despesas de campanha do partido e comprar o apoio de dezenas de deputados? Algo como R$ 55 milhões.

A empresa de Palocci se resumia a ele mesmo. O que faturou, contudo, iguala ou supera os ganhos das maiores empresas do ramo – algumas delas com cerca de 100 funcionários.

No ano em que mais embolsou dinheiro, justamente o das eleições gerais, Palocci dividiu-se entre as tarefas de consultor e de fiador da candidatura de Dilma junto ao mundo econômico. Digamos que de manhã ele vendia o projeto que Dilma tinha para o país. E que à tarde, e para as mesmas pessoas, vendia a Projeto, a consultoria dele.

Disse Palocci que os cofres da Projeto se entupiram de dinheiro nos últimos meses do ano passado só porque estava para fechar.

Curioso! Justo na contramão de outras empresas que às vésperas de fechar costumam arrecadar pouco.

Palocci repudia qualquer insinuação de que possa ter traficado influência. Não. Jamais!

Donde se conclui que os clientes da Projeto, sem nenhuma outra intenção a não ser a de honrar compromissos assumidos no passado, pagaram a Palocci de boa fé a fortuna de R$ 10 milhões quando já estava certo que ele seria o mais poderoso ministro do novo governo. Nada esperavam dele em troca. Nem ele lhes prometera coisa alguma.

Por que essa história soa como inverossímil?

Encerro a tarefa de traduzir Palocci lembrando o que aprendi em 29 anos de Brasília: quanto mais grave pareça um episódio envolvendo cabeças coroadas da República, maiores são as chances de que dê em nada.

A CPI que investigou o Caixa 2 da campanha do então presidente Fernando Collor apertou os calos do ex-tesoureiro Paulo César Farias (PC Farias). Deixou em paz empresários e banqueiros que bancaram a aventura da dupla.

A força de Palocci reside na estreita e sólida ligação com os “donos do poder”, assim batizados pelo historiador Raimundo Faoro. Foram eles que financiaram sua eleição para a Câmara dos Deputados em 2006, a Projeto e o projeto de Dilma.

Com naturalidade, aplica-se a Palocci a distinção conferida por Lula a Sarney: trata-se de um homem incomum.

FRASE DO DIA
"Confio plenamente na integridade do ministro Palocci."
Deputado Paulo Maluf (PP-SP)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

[over12] SARNEY INOCENTA PALOCCI



::txt::Monseñor Jacá::

Quem viveu a década de 80 sabe o que significa o prezado senhor Ribamar. Pensando nas eleições pra governador/senador/deputados de 1986, Sarney criou o plano cruzado, congelou os preços de tudo e nos convocou para ser os seus fiscais no combate a inflação. Dos 22 governadores eleitos na época, 21 eram do PMDB, seu partido, e apenas 1 do PFL, seu aliado (entre os governadores eleitos estavam os queridos Moreira Franco, Pedro Simon, Orestes Quércia). Dias depois os preços voltaram a explodir e a inflação voltou aos seus passos de lebre. Lembro bem de meu pai gastando todo salário no supermercado no dia em que recebia, pois no outro dia já estaria mais caro.

Para ficar mais um ano no poder, Sarney deu inúmeras concessões de emissoras de rádio e televisão para dezenas de deputados. O latifúndio midiático de hoje é obra dele, o dito cujo, o carcará. Naquele tempo eu ainda acreditava em alguns políticos, e todos eles o tratavam como o diabo da política brasileira. Brizola, Gabeira, Roberto Freire, Mário Covas, Lula, Collares, Olívio Dutra, Fernando Henrique Cardoso, enfim, todos aqueles que pediram Diretas Já e apoiaram Lula contra Collor em 1989, eram taxativos sobre Sarney: "se ele está de um lado, nós estamos do outro".

Pois bem, fiz as contas, e notei que Sarney está no poder, com poucas e raras exceções, desde 1º de abril de 1964, fato que coloca todos os presidentes de lá pra cá no mesmo saco. Isso sem falar do Maranhão, onde ele e seus filhos e netos e sobrinhos mandam, comandam e desmandam também há décadas, e do Amapá, estado que o Godfather comprou pra ele.

Mas eu quero chegar é num fato atual. Não sei se Palocci está certo ou não, se é ilegal, imoral ou engorda. Tenho medo é de dois coisos: se Sarney diz que Palocci é inocente, é indício de ser exatamente o contrário. Dois: se Sarney diz que inocenta Palocci, é sinal que Palocci já está inocentado. E não discutimos mais isso.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

[wermei] GUERRINHA!

::txt::Daniel Sander::

Caro Guerrinha:

Primeiramente, não tenho nada contra ninguém! O que eu vou escrever não é pessoal! São impressões, opiniões que eu fui formando ao longo dos últimos anos. Hoje tenho 32 anos. Talvez faz 5 anos que eu consiga realmente discernir tudo que acontece ao meu redor. Portanto, gostaria que você lesse o e-mail até o fim. E gostaria mais ainda que você estivesse em um ambiente que pudesse refletir sobre ele.

Estou me dirigindo a ti, porque te acho inteligente, com sabedoria e capacidade pra entender o que eu vou te dizer. Não vou escrever pro Leandro Behs ou pro Diogo Olivier. São uns guris. E como escrevem e falam asneiras. Às vezes acho que eles não tem noção da dimensão que é opinar sobre futebol; da quantidade de pessoas que leem ou ouvem o que eles falam. Fico pensando como será o Sala quando eles substituirão o Ruy, o Lauro e o Sant’Ana. Mas enfim, o que me motivou a escrever o texto, não são eles. É sobre a forma como vocês , imprensa esportiva, desempenham a função, a atividade, o profissão.

E, tratando dessa questão, é inevitável citar o Ruy Carlos Ostermann. Eu até sou suspeito pra falar, porque tenho admiração por ele. É o Armando Nogueira da imprensa esportiva gaúcha. Um pouco de Nélson Rodrigues. Ele consegue ver o futebol de uma forma mítica, mágica, prazerosa. Essa é a palavra. Ele sente prazer naquilo que faz. Os textos dele são magníficos. E quando comenta um jogo, se atém ao que acontece dentro das quatro linhas. Não pede demissão de um técnico. Não escala time. Não define esquema tático . Deixa o leitor ou o ovinte formar a opinião. É exatamente o que eu espero de um cronista. Por outro lado, vocês passam a impressão de não ter prazer naquilo que fazem. É só o lado negativo. E, o pior, é nunca admitir o erro. Eu poderia fazer um dossiê sobre as contradições de vocês ao longo de um ano. É passado, mas vou citar, porque isso repete há anos no Inter. A perseguição a quase todos os técnicos que passam pelo clube. Eu lembro que o Muricy era muito criticado, mas a partir do Abel eu comecei a perceber isso de uma forma mais clara. E seguiu Tite, Fossati, Roth. Massacrados pela imprensa. A temporada no futebol tem 10, 11 meses. Vocês criticaram o time em 9. O time campeão da Libertadores. Uma competição difícil, diferenciada, que nunca foi e nunca será fácil de conquistá-la. Mas, agora que houve a tão exigida mudança de técnico e o time não evoluiu, mudou a foco das críticas. Agora não se questiona o trabalho do técnico. Se questiona a qualidade do grupo de jogadores. Não mais do técnico. O que me deixa até feliz. A imprensa acordou, eu diria. Mas sem jamais admitir o erro. Porque até o mês passado esse grupo poderia render mais.


Mas eu não queria falar sobre o Inter. Na verdade, o que me motivou a escrever esse texto foi o Ruy. Mais precisamente a forma como vocês tratam ele. Um empresário que atua no futebol, amigo meu, tem exatamente a mesma impressão que eu. Por isso resolvi externá-la. Vocês, principalmente colegas de empresa, tentam ridicularizá-lo, diminuí-lo, menosprezá-lo. Dias desses, o Wianey respondeu um e-mail só com críticas ao Ruy. Talvez por inveja, talvez por que ele é único que critica seus pares. Talvez ele esteja velho, talvez está na hora de se aposentar. Pode ser. Mas dificilmente irá surgir alguém igual a ele!

terça-feira, 17 de maio de 2011

[a vida como ela noé] A PUNHETA

::Jucazito::

Andrelo sempre carregou consigo uma fama que ele até gostava. Toda a cidade de Tibiquari sabia disso, e Andrelo se orgulhava da fama de punheteiro. Quando retornei ao Porto dos Casais, vim morar com ele e Rafaelo, lá num apartamento na Outeiro. E pude observar que 95% de suas revistas eram de putaria. Vídeos cassetes, então, só alugava os filmes pornôs. Mais engraçado era chegar na baia antes da hora e pegar Andrelo de surpresa, correndo só de zorbinha pro banheiro com uma revista na mão.

Uma de suas paixões, afinal, ele tinha várias, inúmeras, muitas paixões, era a Vanessa. Cansei de ouvir Andrelo tecendo comentários sobre a garota:

- Bah, Jucazito, a mina me dá muito mole, é só comer, eu que não quis ainda.

Sim, ele sempre dizia isso. E sobre várias. Mulher de fulano, noiva de beltrano, todas elas davam mole, mas ele só não pegava por que não queria. Todo homem de Tibiquari era um possível futuro corno, só dependia da vontade de Andrelo botar as guampas no infeliz.

Na chácara de Bebeto Doidão era comum festas da galera. Como ficava lá no meio dos matos, a chácara era o lugar perfeito pra fazer barulho e se drogar nos fins de semanas que nada tinha de bom pro centro da cidade. Andrelo já havia consumido muita cerveja, maconha e outras coisas. Ele já tava quase perdendo a caixa preta quando Vanessa chega à chácara com seu namorado. Melhor dizendo, futuro corno.

Lá pelas tantas, Vanessa pede a chave do banheiro pra Bebeto. Ela e o namorado, digo, futuro corno, querem usar a banheira. Fazer amor ali mesmo, enquanto o povo bebe, fuma e cheira pelas outras dependências da casa. E Andrelo locão, doidão, malucão. Ele nota que Vanessa tá na dele, e que ir pra banheira era somente um sinal pra ele.

Enquanto o casal se banha e fode na banheira, Andrelo descobre um fresta na porta onde consegue ver tudo que se passa lá dentro. Suas mãos já estão a esquentar suas calças no momento que a gurizada chega ao corredor.

- Qualé Andrelo? - pergunta Alvinho.
- Aquela vagabunda tá transando com o namorado e me dando bandeira.
- Então aproveita, cara, vai pra cima.

Alvinho não poderia ter dito frase melhor, ou pior, dependendo do ponto de vista. A partir de então, Andrelo já começa a se despir, empunha seu instrumento de trabalho e inicia a masturbação. E a gurizada, tudo já pra lá de Bagdá, se junta pra ver a cena e a por pilha:

- Entra lá, Andrelo, vai com tudo, mermão, queremos ver tu comer a disgraçada.
- Olha que eu entro!
- Andrelo! Andrelo! Andrelo!

O combustível que faltava! Andrelo toma coragem, chuta a porte e invade o banheiro com o pau pra fora:

- Posso participar junto?!

Meses depois o namorado de Vanessa pegou uma corrente e foi pra cima de Andrelo. Hoje o rancor virou piada, e como o próprio protagonista diz, “ainda bem que o ECAD não fiscaliza os direitos autorais da punheta”. Oxalá!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

[over12] A IMPRENSA MUNDIAL PERDEU A CAIXA PRETA

::txt::Jucazito::

Curto e grosso: um fato só é um verdadeiro fato se houver alguma prova. No jornalismo, a notícia deve se basear em fatos reais, devidamente provados. E, até o momento, o único fato existente é Barack Obama ao vivo e a cores anunciando que Osaba bin Laden virou presunto. Sem corpo, sem fotos, sem testemunhas. Essa é a notícia, ou deveria ser: OBAMA DIZ QUE BIN LADEN ESTÁ MORTO. E a partir de então, procura-se provas, especula-se, debate o assunto, etc.

O que diz a imprensa mundial: OSAMA ESTÁ MORTO. Ouviram somente uma fonte - ok, uma fonte muito importante, talvez a principal peça do tabuleiro -, mas a fonte não trouxe nenhuma prova do fato ocorrido. Bin Laden pode ter morrido ou não, e não é essa a discussão.

Se o jornalismo seguir a regra, palavras vão virar fatos, e quem tiver mais holofotes vai acabar por escrever a história. Não duvide se um dia Obama precisar de mais popularidade, ele venha a público dar a manchete de todos jornais do dia seguinte: ELVIS PRESLEY NÃO MORREU.

= = =

Pensando nisso, lançamos nossa linha de manchetes pra determinados famosos e poderosos usarem quando a popularidade estiver, se já não está, baixa:

PAPA BENTO XVI: Jesus Voltará
FIDEL CASTRO: Che Vive!
DILMA: Lula é o Cara
HUGO CHÁVEZ: Bolívar é o capitão
FALCÃO: Bolívar não é mais o capitão
ALCKMIN: Mário voltou das Covas
FHC: Esqueçam tudo que eu disse
LULA: É isso ae companheiro!

(continue)!

terça-feira, 10 de maio de 2011

[cc] MINHA REAÇÃO DIANTE DA MORTE DE OSAMA

::txt::Noam Chomsky::

Fica cada vez mais evidente que a operação foi um assassinato planejado, violando de múltiplas maneiras normas elementares de direito internacional. Aparentemente não fizeram nenhuma tentativa de aprisionar a vítima desarmada, o que presumivelmente 80 soldados poderiam ter feito sem trabalho, já que virtualmente não enfrentaram nenhuma oposição, exceto, como afirmara, a da esposa de Osama bin Laden, que se atirou contra eles.

Em sociedades que professam um certo respeito pela lei, os suspeitos são detidos e passam por um processo justo. Sublinho a palavra "suspeitos". Em abril de 2002, o chefe do FBI, Robert Mueller, informou à mídia que, depois da investigação mais intensiva da história, o FBI só podia dizer que "acreditava" que a conspiração foi tramada no Afeganistão, embora tenha sido implementada nos Emirados Árabes Unidos e na Alemanha.

O que apenas acreditavam em abril de 2002, obviamente sabiam 8 meses antes, quando Washington desdenhou ofertas tentadoras dos talibãs (não sabemos a que ponto eram sérias, pois foram descartadas instantâneamente) de extraditar a Bin Laden se lhes mostrassem alguma prova, que, como logo soubemos, Washington não tinha. Portanto, Obama simplesmente mentiu quando disse na sua declaração da Casa Branca, que "rapidamente soubemos que os ataques de 11 de setembro de 2001 foram realizados pela al-Qaeda".

Desde então não revelaram mais nada sério. Falaram muito da "confissão" de Bin Laden, mas isso soa mais como se eu confessasse que venci a Maratona de Boston. Bin Laden alardeou um feito que considerava uma grande vitória.

Também há muita discussão sobre a cólera de Washington contra o Paquistão, por este não ter entregue Bin Laden, embora seguramente elementos das forças militares e de segurança estavam informados de sua presença em Abbottabad. Fala-se menos da cólera do Paquistão por ter tido seu território invadido pelos Estados Unidos para realizarem um assassinato político.

O fervor antiestadunidense já é muito forte no Paquistão, e esse evento certamente o exarcebaria. A decisão de lançar o corpo ao mar já provoca, previsivelmente, cólera e ceticismo em grande parte do mundo muçulmano.

Poderiamos perguntar como reagiriamos se uns comandos iraquianos aterrizassem na mansão de George W. Bush, o assassinassem e lançassem seu corpo no Atlântico. Sem deixar dúvidas, seus crimes excederam em muito os que Bin Laden cometeu, e não é um "suspeito", mas sim, indiscutivelmente, o sujeito que "tomou as decisões", quem deu as ordens de cometer o "supremo crime internacional, que difere só de outros crimes de guerra porque contém em si o mal acumulado do conjunto" (citando o Tribunal de Nuremberg), pelo qual foram enforcados os criminosos nazistas: os centenas de milhares de mortos, milhões de refugiados, destruição de grande parte do país, o encarniçado conflito sectário que agora se propagou pelo resto da região.

Há também mais coisas a dizer sobre Bosch (Orlando Bosch, o terrorista que explodiu um avião cubano), que acaba de morrer pacificamente na Flórida, e sobre a "doutrina Bush", de que as sociedades que recebem e protegem terroristas são tão culpadas como os próprios terroristas, e que é preciso tratá-las da mesma maneira. Parece que ninguém se deu conta de que Bush estava, ao pronunciar aquilo, conclamando a invadirem, destruirem os Estados Unidos e assassinarem seu presidente criminoso.

O mesmo passa com o nome: Operação Gerônimo. A mentalidade imperial está tão arraigada, em toda a sociedade ocidental, que parece que ninguém percebe que estão glorificando Bin Laden, ao identificá-lo com a valorosa resistência frente aos invasores genocidas.

É como batizar nossas armas assassinas com os nomes das vítimas de nossos crimes: Apache, Tomahawk (nomes de tribos indígenas dos Estados Unidos). Seria algo parecido à Luftwaffe dar nomes a seus caças como "Judeu", ou "Cigano".

Há muito mais a dizer, mas os fatos mais óbvios e elementares, inclusive, deveriam nos dar mais o que pensar.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

[cc] OS MÉTODOS DA AMÉRICA PRA DEFENDER A DEMOCRACIA



::txt::Bruno Lima Rocha::

Passados alguns dias após a eliminação física de Osama Bin Laden, constato algo que os entusiastas da “Guerra contra o Terror” insistem em omitir ou não ver. Há quase uma década, toda a escalada de respostas contra a ação dos integristas da Al-Qaeda opera sobre a mais profunda ilegalidade e de forma imperial. Vejamos.

Osama Bin Laden foi treinado e teve seu amplo talento desenvolvido através da Agência Central de Inteligência. Este fato vem sendo deliberadamente omitido pelos veículos hegemônicos de comunicação em língua inglesa.

Osama foi morto com o emprego de forças especiais dos Estados Unidos operando em um país estrangeiro. Estes militares foram transportados em helicópteros de combate, violando primeiro o espaço aéreo do Paquistão e, posteriormente, o território de um Estado soberano. Embora os mandos paquistaneses sejam aliados do Pentágono de longa data – desde o período da Guerra Fria e das batalhas aéreas contra a Índia nos céus da Caxemira – o alto comando do “país amigo” sequer foi informado da operação. Para justificar, o diretor da CIA, Leon Panetta, afirmou que Washington não avisara as autoridades em Islamabad (capital do Paquistão) porque haveria o risco real do alvo ser avisado.

Retornando um pouco no tempo, a coleta de dados para a ação que eliminara o ex-aliado dos EUA na Guerra do Afeganistão foi toda realizada violando qualquer sombra de direito internacional. A pista para identificar a residência de Bin Laden, conforme este blog divulgou, foi obtida de um dos suspeitos de autoria do 11 de setembro, Khalid Sheikh Mohammed. Este homem, cujo mandado de prisão foi uma ordem secreta advinda do Estado Maior Conjunto, confessou sob tortura, estando preso em uma base militar localizada também em território soberano de outro país estrangeiro. Nunca é demais lembrar que a Base de Guantánamo é o paraíso da ilegalidade – segundo as leis dos EUA – também por se encontrar em solo de Cuba. Por esta área, tomada à força desde a Guerra Hispano-Americana, é pago um aluguel simbólico cujo comprovante de pagamento as autoridades cubanas se recusam a receber.

Não pára por aí a metodologia ilegal para a defesa dos “valores democráticos e ocidentais”. Segundo este mesmo blog, Abu Faraj Al-libi foi o homem que identificou o mensageiro de Bin Laden. Este alto oficial da Al-Qaeda foi preso também sem mandado nem ordem judicial alguma, seqüestrado em território estrangeiro e detido ilegalmente em uma prisão ou base militar de outro país, e sem nenhuma comprovação oficial de seu paradeiro.

A conclusão é óbvia. Quando em “nome da democracia” justifica-se este método, por tabela acaba se concordando com o terrorismo da Al Qaeda e sua ideologia também totalitária.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

[cuba] ACESSO A INTERNET SELETIVO E CONTROLADO




::txt::Laritza Diversent::

“No creo que la conexión al cable mejore el acceso de los cubanos a internet, ni tampoco que eso represente más libertad en Cuba”, afirmó Yordanka Rodríguez. La joven de 23 años, utiliza en las madrugadas la línea fija del teléfono de su hogar y una de las cuentas pertenecientes a una institución estatal, para hacer amistades.

“En internet busco una carta de invitación o un matrimonio, quiero vivir como persona, sin pensar cada cinco minutos que me puedo meter en problemas, para vivir así tengo que irme de aquí”, confiesa Rodríguez.

En 1996, Cuba se conectó oficialmente a la Internet y el gobierno declaró que el “…el acceso a los servicios de redes informáticas de alcance global” tendría carácter selectivo y estaría regulado. En el 2000 el gobierno estableció, un punto único de acceso a la red internacional, para controlar las interconexiones de los usuarios nacionales.

Según el Ministerio de la Informática y las Comunicaciones (MIC) los soportes internacionales encarecen “el servicio y reducen su fiabilidad”. “Tengo que utilizar proxis para acceder a determinadas páginas, ninguna de contenido político, porque ahí si me meto en problemas”, afirma Yordanka.

Una de las constantes preocupaciones del gobierno es que, la información difundida en internet “…sea fidedigna, y la que se obtenga esté en correspondencia con principios éticos, y no afecte los intereses ni la seguridad del país”.

En el 2000, el gobierno también reglamentó el acceso de las entidades a internet para evitar el comprometimiento de la información oficial. Desde sus inicios la política gubernamental estuvo encaminada en función de priorizar “en la conexión, las personas jurídicas y las instituciones de mayor relevancia para la vida y el desarrollo del país”.

Desde hace más de una década, los directores de las entidades de los Organismo de la Administración Central del Estado (OACE), solicitan mediante carta a su Ministerio, autorización para que, trabajadores seleccionados, accedan a los servicios de Internet desde su residencia.

“El acceso a la web es para los que estén políticamente comprometidos con el sistema y los que tengan dinero para pagar las necesidades de estos”, comenta la joven, que a cambio de 150 pesos convertibles (CUC) mensuales, el Administrador de redes en un centro laboral le facilitó acceso a internet.

“La cuenta que manejo es de una empresa, que es lo mismo que decir ilegal. El acceso es por dial up, por tanto tengo que tomar medidas para que no den con mi número telefónico”, explica Yordanka.

El gobierno también autorizó a la Empresa de Telecomunicaciones de Cuba S.A (ETECSA), a emplear todos los medios técnicos necesarios, para impedir el acceso al servicio de navegación, desde líneas telefónicas que operan en moneda nacional no convertible.

Las medidas pretendían evitar la sustracción de contraseñas, “las degradaciones intencionales y el uso fraudulento y no autorizado de este servicio”. De su aplicación se excluyó la relación de teléfonos autorizados por los Jefes OACE que acceden a Internet.

A pesar de las restricciones y el exceso de control, los isleños ven en la red de redes, un medio para ampliar sus horizontes. Desde una salida del país hasta la promoción de servicios y mercancía. “Internet ofrece a los cubanos una nueva vida, y por eso su acceso continuara siendo selectivo y controlado”, concluye Yordanka.

terça-feira, 3 de maio de 2011

[CC] A CONTROVÉRSIA IDEOLÓGICA EM TORNO DOS DIREITOS AUTORAIS

::txt::Tùlio Vianna::

A indicação de Ana de Hollanda para ministra da Cultura do governo Dilma representou uma inesperada reviravolta na política de direitos autorais conduzida pelos ministros do governo Lula. Ao contrário do que seria esperado de um governo que foi eleito propondo dar continuidade ao projeto político anterior, o que se viu até agora foi um discurso revisionista, no qual ficam claras as divergências ideológicas com os ministros anteriores.

Ana de Hollanda não só determinou a retirada da licença Creative Commons do site institucional do Ministério da Cultura, como deu inúmeras declarações procurando justificar o atual modelo de direitos autorais brasileiro que foi tão criticado nas gestões dos ministros Gilberto Gil e Juca Ferreira. Em entrevista à revista CartaCapital, a ministra valeu-se de um velho chavão do discurso autoral conservador para justificar sua posição: “Se o criador, seja de artes gráficas, música, literatura, teatro, dança, fotografia ou de qualquer outra área, perder o direito a receber pelo seu trabalho, vai viver do quê? Temos que entender isso como uma profissão, é quase uma questão trabalhista.”.

Ao contrário do que defende a ministra, porém, o direito autoral nada tem em comum com o direito trabalhista, assemelhando-se muito mais ao direito tributário, já que o que se pretende garantir não é uma remuneração por um trabalho prestado (como um espetáculo, por exemplo), mas sim, uma renda pela “propriedade” de uma obra. E é aqui que está o busílis ideológico dos direitos autorais: os conservadores insistem que o artista deva ser remunerado por meio de renda, uma espécie de imposto privado, pago ao artista pelo uso de sua obra; os defensores das mudanças entendem que o artista deva ser remunerado prioritariamente por suas apresentações, tal como qualquer trabalhador autônomo.

Os conservadores alegam que, sem o estímulo econômico da renda dos direitos autorais, os artistas não se sentiriam estimulados a produzirem novas obras, o que é uma falácia que pode ser facilmente rechaçada contrastando-a com a realidade social. A maioria dos músicos não recebe mais que 3% do valor pago em cada um de seus discos. Os 97% restantes servem para cobrir os custos de produção e distribuição do disco e, claro, para garantir os lucros das gravadoras. Em suma: o atravessador ganha muito mais direitos autorais que o próprio autor.

Para um músico em início de carreira ganhar um salário mínimo por mês com direitos autorais, precisaria vender cerca de 540 discos a R$33 cada no período, algo bem distante da realidade da maioria. Duplas sertanejas precisariam do dobro disso e uma banda com 5 membros precisaria vender nada menos que 2.700 discos por mês para que cada membro ganhasse um salário mínimo.

Claro que, se os músicos dependessem do estímulo econômico dos direitos autorais para produzirem, só teríamos músicos amadores. A principal fonte de remuneração dos músicos profissionais, no entanto, não é a renda dos direitos autorais, mas os cachês de seus shows. E aqui, paradoxalmente, a pirataria de CDs tem contribuído muito para aumentar a remuneração de novos talentos. Se, antes da internet, o músico dependia de um grande investimento da gravadora para se tornar conhecido e vender discos, hoje, a pirataria acaba cumprindo este papel de divulgação. Gente que não estaria disposta a pagar R$33 por um CD ouve a canção pirateada e acaba pagando pelo ingresso do show. Uma troca extremamente vantajosa para o músico que, com o aumento do público, pode aumentar o valor de seu cachê, mas péssima para a gravadora que lucra com a venda.

O modelo de remuneração do músico por meio da renda dos direitos autorais não se esgota, porém, na venda de discos. Há também a obtusa cobrança de direitos autorais pela simples execução da cançãoem ambientes públicos. No Brasil, a entidade responsável pela arrecadação desta espécie de imposto privado é o ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), uma sociedade civil de natureza privada, mas que age muitas vezes com ares de fiscal de tributos. Estes direitos autorais pela execução da canção são cobrados nas mais variadas e absurdas situações, como execuções de discos devidamente adquiridos em salas de espera de consultórios, academias de ginástica, hotéis, motéis, restaurantes, hospitais, shoppings, ônibus e em festas de casamento realizadas em salões alugados. Na prática, toda vez que uma música é tocada em local público, seja com fins lucrativos ou não, está lá o ECAD com seus tentáculos para arrecadar os direitos autorais.

Os valores arrecadados pelo ECAD são destinados, em sua maioria, a artistas consagrados, do Brasil e do exterior e representam parcela ainda menor de seus rendimentos do que os recebidos pela venda de CDs. Os direitos autorais do ECAD acabam tendo maior relevância para artistas que já pararam de produzir shows e novos álbuns, mas seus grandes sucessos do passado ainda tocam nos programas de “flashback” das rádios. Decididamente não são um estímulo à criação musical, servindo muito mais como uma aposentadoria para quem não recolheu o INSS, mas insiste em viver de renda.

Diante desta conjuntura do cenário musical, duas correntes ideológicas bem definidas acabaram por se formar: de um lado, as gravadoras, o ECAD e artistas consagrados do presente e do passado que insistem no modelo da remuneração por renda decorrente da exploração do que eles afirmam ser sua propriedade intelectual (uma espécie de imóvel que eles alugam para um número ilimitado de locatários); do outro, jovens artistas interessados em modelos mais modernos de divulgação de suas obras e o imenso público interessado em ter acesso ao maior número de canções possível, pagando para assistirem seus artistas favoritos ao vivo. Paradoxalmente, os conservadores afirmam que defendem um modelo que estimula a produção cultural, mas são justamente os artistas em início de carreira que defendem um modelo baseado na remuneração pelo trabalho e não por meio da renda dos direitos autorais.

As mudanças que foram propostas e discutidas na consulta pública do MinC, longe de representarem os anseios por reformas estruturais profundas na lei de direitos autorais, apresentavam-se como uma proposta conciliadora. Não se cogitou em acabar com o direito autoral e nem mesmo com o anacrônico ECAD até porque os tratados internacionais ratificados pelo Brasil vedariam estas mudanças mais profundas. O projeto não tinha nada de revolucionário, muito pelo contrário, era bastante tímido e previa apenas pequenos avanços como, por exemplo, a permissão para realizar a exibição de filmes sem intuito de lucro em estabelecimentos educacionais, sem a necessidade de pagar direitos autorais.

A ministra da Cultura, ao rejeitar um projeto tão acanhado logo nos primeiros meses de sua gestão, sinalizou de forma inequívoca sua posição ideológica contrária a quaisquer avanços na lei de direitos autorais. Esta postura é francamente contrária à proposta de governo de centro-esquerda da presidenta Dilma Rousseff, pois privilegia os interesses da indústria cultural e dos artistas já ricos e consagrados em detrimento da maior difusão da cultura e do estímulo aos novos talentos.

A sociedade civil reagiu com indignação a estes sinais de retrocesso e já se vê uma grande mobilização a favor das reformas na LDA. A indústria cultural insiste em seu discurso de defesa da propriedade, tal como fizeram os antigos senhores de escravos antes da Lei Áurea. No entanto, ser proprietário de uma canção começa a soar tão estranho como ser proprietário de uma pessoa. As gerações mais novas parecem não estar dispostas a aceitar o velho modelo de compra e venda de cultura. Resta saber se o governo da presidenta Dilma estará na vanguarda de um novo modelo para os direitos autorais ou nas últimas trincheiras da indústria cultural na defesa dos monopólios da distribuição da cultura.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

[a vida como ela noé] A MIJADA




::txt::Jucazito::

Micareta é uma experiência que você não pode perder. Não importa a cidade, mas que tenha o perfil dum carnaval fora de época, a tal micareta. Participei duma em 1994, pouco antes do tetra, na capital alencariana. Preferi a opção popular, em vez de comprar os caríssimos abadás, e pulei como pipoca atrás de quase todos carros elétricos que cruzaram a Beira-Mar de Fortaleza ao som de meus ídolos musicais de ontem, hoje e sempre: Ivete Sangalo, Chiclete com Banana, entre outros (sei que você deve ter torcido o nariz, mas fazer o que com gente que nem você que tem preconceito contra a música nordestina).

Ao meu lado, meus dois primos baianos que curtiam umas férias no Ceará, Márcio e Marcelo. Enfim, pipocamos entre os trios elétricos e, terminada a maratona, rumamos pra avenida paralela em busca de um táxi. No caminho, parei na parede de um prédio e pedi aos dois pra me esperarem. Coloquei o operário pra fora e dei aquela bela mijada. No sacode final, uma mão me puxa o ombro:

Mije aí não!

Fiquei possuído de raiva. Quase mijei nas calças por causa de um infeliz. Ao lado dos primos eu gritava:

Porco filha da puta, vai tomar no teu cú, soldadinho de merda!

O policial, ao perceber minha atitude de revolta, chama um colega, aponta pra mim, e ambos vem em minha direção. Enquanto isso, Marcelo tem um apagão alccólico. Os dois PMs me prendem pelos braços e me levam pra dentro de um carro da polícia, no banco de trás. Márcio vai atrás, com Marcelo em coma em seus braços.

Leve ele não, o cara estava super apertado, precisava mijar.
Ele me ofendeu.
Desculpa, ele tá bêbado, já deve estar arrependido.

Ao notar que o policial se distraia com a conversa de meu primo, levantei o banco da frente, espiei pela janela, não vi nenhum poliça, abri a porta e botei um pé e uma cabeça pra fora, na tentativa de fugir. Antes de por um o outro pé na rua, uma porrada senta na minha cabeça:

Tu fica aqui, seu filho de rapariga!

Fui trocado de carro. Passei pra uma Kombi camburão, daquelas que na última fileira tem um gradeado pro elemento não fugir. E a Kombi passou a andar pela cidade, e eu nada de ir pra uma delegacia muito menos me soltavam. Já pressentia ser exterminado e jogado em alguma vala qualquer. Nisso os dois policiais do camburão dão carona pra duas meninas digamos alegres. Foi a minha salvação.

O que o menino fez?
Eu não fiz nada, sou inocente!
Hmm, tu é gaúcho, é?
Sou
Ei, se ele não fez nada, solte ele, tadinho, tão bonitinho!
Alguma coisa tu fez, moleque, ou não teriam te prendido.

Detalhei meu caso, claro, exagerando pra menos, pois afinal eu havia ofendido um colega dele. Perguntavam onde eu estava, e expliquei que estava na casa de parentes, perto do parque do Cocó. Pois os porcos de bosta resolveram me soltar, porém, há porém, do outro lado do parque, em plena madrugada. Quase deu vontade de voltar pra Kombi. Meia hora depois de caminhar na escuridão total, chego ao mini shopping do parque. Peço uma cerveja e um crivo avulso. Chego em casa. Somente a empregada.

Menino, saiu todo mundo a tua procura!


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