#CADÊ MEU CHINELO?
quarta-feira, 15 de julho de 2009
TRENT REZNOR
# agência pirata #
Tentando singrar na Web sem a ajuda de uma editora? O mestre Trent Reznor ajuda
txt: Miguel Caetano
Deduzo que por esta altura já todos os artistas que são leitores regulares do Remixtures tenham na sua mente alguns dos princípios fundamentais sobre como fazer carreira por si próprio na era da música online. É claro que sobreviver sem um contrato discográfico com uma grande editora discográfica é bastante mais fácil em mercados mais vastos e com um circuito autosustentável de música ao vivo (com festivais, rádios especializadas em música, salas de concertos, etc.) como o brasileiro.
Mesmo assim, isto não significa que nós, portugueses, tenhamos sempre que nos sujeitar aos ditames de um qualquer executivo encafuado algures num escritório de Madrid ou Barcelona. Muito pelo contrário, as possibilidades da vossa música chegar a todo o mundo nunca foram tão grandes como hoje, independentemente do que os “velhos do Restelo” proclamam.
Foi a pensar naqueles que só agora estão a dar os primeiros passos numa carreira por conta própria recorrendo apenas às ferramentas gratuitas – ou quase… – que a Web oferece que Trent Reznor dos Nine Inch Nails decidiu publicar no fórum da banda uma série de dicas de autopromoção online.
Na sua opinião, o modelo de oferecer música grátis sem DRM e cobrar por artigos escassos e de edição limitada pode e deve ser seguido por todos aqueles artistas independentes que não aspiram ao estatuto de super-estrelas como Lady GaGa, Coldplay, U2 ou Justin Timberlake.
Aliás, ele diz que se o que um artista ou uma banda quer mesmo ser uma vedeta desse calibre o que melhor que tem a fazer é mesmo assinar um contrato com uma major. Mas não há bela sem senão: a fama implica inevitavelmente ceder boa parte dos direitos das suas músicas, bem como uma percentagem significativa das suas fontes de receitas, para além – é claro – do controlo criativo sobre o seu trabalho.
Reznor diz para pôrem de lado a ideia de que vão ganhar algum dinheiro decente com as vendas de discos e aconselha os artistas independentes a não gastarem muito dinheiro com a gravação do disco (sem que isto afecte a qualidade) de modo a oferecerem-no sob a forma de MP3s sem DRM e com uma elevada qualidade.
De forma a fazer com que a vossa música chegue a todo o lado, ele aconselha o recurso à distribuidora digital TuneCore, assim como à Amazon e à TopSpin, uma empresa que desenvolve sites e edições especiais – uma das mais recentes foi a reedição do álbum Ill Communication (1994) dos Beastie Boys.
Apesar de recomendar a criação de uma página no MySpace, ele considera que é mais importante manter um site regularmente actualizado com conteúdos multimédia mas livre de todas as animações e fantochadas em Flash de modo a fazer com que as pessoas regressem mais vezes a ele e a criar uma comunidade em seu torno (através de um fórum, por exemplo). Para além disso, ele aconselha ainda que as bandas filmem vídeos baratos e criem páginas pessoais em toda a panóplia de redes sociais (Twitter, YouTube, Flickr, Vimeo e SoundCloud. Por último, ele recomenda ainda que não abusem das suas mailing lists.
Numa actualização recente, o frontman dos Nine Inch Nails aproveitou ainda para criticar o modelo “pague o que quiser” popularizado pelos Radiohead com a sua experiência em Outubro de 2007 aquando do lançamento do seu álbum In Rainbows:
Eu odeio este conceito (…) Alguns argumentaram que oferecer música de borla desvaloriza a música. Eu discordo. Pedir às pessoas a sua opinião a respeito do valor da sua música desvaloriza a música. Não acreditam em mim? Componham e gravem algo que consideram bestial e disponibilizem-no ao público segundo um modelo “pague-o-que-pensa-que-isto-vale” e depois conversamos. Lêem um comentário de um “fã” que tenta justificar porque é que o vosso álbum só vale 50 cêntimos porque ele apenas gosta de cinco músicas. Confiem em mim – vocês ficarão desapontados e acabarão por ficar a odiar uma facção da vossa audiência. Isto é a vossa arte! Isto é a vossa vida! Tem um valor e vocês, os artistas, não deixarão que esse poder passe para as mãos da vossa audiência – fazê-lo cria um grave problema de percepção (…) Não se deixem enganar pelo golpe promocional do In Rainbows dos Radiohead. Isto apenas funciona uma só vez e com uma única banda – e vocês não são os Radiohead.
Realmente, mais uma vez tiro o chapéu ao senhor Reznor. Ele sabe como comunicar directamente com o seu público. Independentemente da coerência das críticas tecidas aos Radiohead, o que é facto é que ele demonstrou ter um discurso muito mais maduro do que a atitude simultaneamente infantil mas típica de um artista em decadência que Robert Smith dos The Cure adoptou.
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2 comentários:
Esse é o cara... exemplo a ser seguido.
Yuga
Trent Reznor e o Cara!
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