#CADÊ MEU CHINELO?
segunda-feira, 27 de julho de 2009
ALAN SKILLY COLE parte I
# águas passadas #
Amigo de Bob Marley e melhor jogador de futebol da Jamaica, Skilly deu o passe para o gol da vitória contra o Cosmos de Pelé
txt: Tiago Jucá Oliveira
A imagem que temos a respeito do futebol jamaicano pode ser um tanto folclórica, como no sucesso musical do Casseta & Planeta, de alguns anos atrás, que compara o esporte bretão jogado no Brasil com o praticado na ilha caribenha: "se o Botafogo daqui é assim, imagine na Jamaica". A história reforça a ironia, pois a seleção jamaicana disputou uma única Copa do Mundo, na França em 1998. A campanha foi modesta, com duas derrotas e somente uma vitória, não passando da primeira fase da competição. O técnico brasileiro Renê Simões foi quem classificou a Jamaica pra Copa e, depois, na França, tentou chegar a segunda fase do mundial, sem sucesso. Mesmo assim, uma façanha histórica para um país acostumado com a falta de profissionalismo de seus jogadores, segundo palavras do próprio treinador: "o mais difícil foi convencer os atletas que não era possível fumar diamba antes dos treinos e dos jogos".
Além da inédita classificação à Copa, o cômico futebol da Jamaica apresentou ao mundo, nos anos 70, um craque dos gramados. Alan Cole, nascido em Kingston, era ídolo e, ao mesmo tempo, um dos melhores amigos de Bob Marley. No começo da década de 70, Chris Blackwell, produtor musical dos Wailers, comprou uma mansão no Hope Road, zona nobre de Kingston. Quando os Wailers lançaram o álbum Catch a Fire, Chris deu posse da casa a Marley. E para lá foi Bob morar, levando consigo alguns amigos, entre eles Skilly Cole. Uma das atividades mais frequentes dos dreads era jogar bola, ou no quintal da mansão ou no campo da Boy's Town, primeiro time de Skilly. Em 1973, Cole esteve no Brasil para estagiar no futebol então tri campeão mundial. Meses depois, Cole Skilly voltava pra casa, desta vez para ser o craque e líder do Santos Jamaicano, time pelo qual disputaria uma partida inesquecível.
As arquibancadas do Estádio Nacional estavam lotadas. Numa noite de stembro de 1975 (Timothy White, autor da biografia de Bob, diz que foi no dia 30; já a revista Placar, de março de 1999, afirma que foi no dia 21), quarenta e cinco mil torcedores, entre eles Bob Marley e seus irmãos dreads, se espremiam para assistir o Santos Jamaicano enfrentar o Cosmos, milionária equipe de Nova York que contava o Rei Pelé no comando do ataque. Para Skilly, a partida era uma chance de mostrar suas qualidades e, talvez, ser contratado para jogar no Cosmos.
O time nova-iorquino não demonstrava garra dentro de campo, para irritação da torcida. Aos vinte e cinco minutos do primeiro tempo, Skilly deu o passe para o ponta direita Errol Reid balançar as redes. O único gol da partida, uma heróica vitória dos jamaicanos. Pelé teve uma noite apagada e sofreu algumas entradas violentas, como a do zagueiro Billy Perkins, que o tirou do jogo. Mesmo assim não escapou das críticas da imprensa e dos populares, decepcionados com a atuação do Rei: uma "piada", de acordo com o Daily Gleaner do dia seguinte. Na opinião do jornal, Skilly sozinho valeu o ingresso.
No entanto, o bom futebol apresentado por Alan Cole não foi o suficiente para a sua contratação pelo time de Nova York. Clive Toye, presidente do Cosmos naquela época, em entrevista ao Daily Gleaner, disse ter "dúvidas acerca da dedicação do jogador, embora eu tenha ficado bastante impressionado com seu domínio de bola e ache que ele teve ótima atuação, apesar de impetuosa".
Para Timothy White, o descaso de Toye pelo futebol de Skilly acabara ofuscando a vitória sobre o Cosmos: "Vendo que Bob se tornava um astro do rock na América, todos na Hope Road (e na ilha inteira, nesse sentido) esperavam que Skilly seguisse seus passos e se tornasse o primeiro rasta do futebol na América. Quando o Cosmos deixou Alan de lado, isso gerou um efeito deflator no quadro da Island House, que fez com que muitos dos frequentadores achassem que deviam mostrar seu valor para os de fora de formas novas e ousadas para, ora, compensar pelo infortúnio. Havia um ego coletivo sendo forjado naquele ambiente da área nobre da cidade, uma crença de que tudo tinha que ser mais correto do que correto, mais dread do que dread, e 'mau' acima de tudo".
Quimera Jamaicana: A Cabra Escoiceante
"Sempre houve uma relação muito próxima, até simbiótica, entre os jogadores de futebol, músicos e pistoleiros jamaicanos, ... Mas nunca houve uma combinação de tanto prestígio e poder quanto Skilly Cole e Bob Marley. Os dois e mais os pistoleiros envolvidos no violento caba-de-guerra político entre o JLP e o PNP..., completavam uma trindade impressionante profana.
Existe uma esfinge na mitologia egípcia da qual os gregos compuseram o monstro fabuloso ao qual chamaram Quimera. A assombrosa criatura tem cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de dragão. Bob era o leão da Quimera; Skilly, a cabra escoiceante; os pistoleiros, o covil das cobras.
(...).
A Casa do número 56 na Hope Road estava destinada a ser o local onde todas as juras e maldições, todas as loucuras e sonhos, todas as esperanças e ambições, todos os ódios e horrores, chegaram à sua apoteose para Robert Nesta Marley. Era a hora da Esfinge das Trevas - a Quimera. A profecia seria cumprida".
Trecho do livro Queimando Tudo, de Timothy White.
2º parte: EMBOSCADA NA NOITE
abaixo: Cole em seus tempos no Clube Náutico Capibaribe
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2 comentários:
É...a vida como ela foi...lí uma vez que Bob comprou um BMW e o deixava lá encostado,só pelas iniciais de Bob Marley & the Wailers.Pelo menos Peter Tosh não se fazia de santo.
galera da comunidade do Náutico do Orkut, bem vindo ao blog!
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