#CADÊ MEU CHINELO?

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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

[agência pirata] O PREÇO DA POLÍTICA

::txt::André::

não é novidade que a grande explosão criativa gerada aqui no brasil foi concebida no verdadeiro cerne do tempo, a exemplo do resto do mundo, nos míticos anos 60. assim como um vírus, a invenção pairava no ar e infectava todos que ainda não tinham sido contaminados pelo conservadorismo onipresente da época. conservadorismo esse, responsável direto pela disseminação das manifestações que caracterizaram aquela década iluminada (já falei disso no velho amarelo tráfico). aqui no brasil, o tropicalismo COMEU os modernistas de 22 e vomitou diferentes abordagens, sejam elas de esquerda – como o cinema de glauber -, ou de direita – como o movimento de caetano (licença poética aqui). porém, tudo remontava ao princípio antropofágico – a mistura, a nudez de todas as noções pré-concebidas de moral e certeza, pronta para abraçar (ou comer) o mundo em nome da criação.


os tropicalistas

os anos 60 passaram e a tropicália acabou. porém, como qualquer manifestação artística ou ato criativo, sua estética reverberou profundamente na esfera política e das grandes decisões, mesmo que de forma LATENTE, para se realizar no futuro. os anos 70 vieram e as discussões políticas (aliadas ao frouxamento da ditadura) amadureceram ao longo da década, culminando no que seria o verdadeiro partido das vanguardas políticas por excelência – o PT. aglutinando todos os que valiam a pena dos movimentos políticos e sociais dos 60’s e capitaneados pela figura de LULA, o PT seguia como diretriz justamente a quebra com o conservadorismo e o abraço ao social. de base teórica marxista INOVADORA – gramsci e lukacs, por exemplo – o PT era lindo porém ingênuo. demorou quase 20 anos para amadurecer (mais rápido que eu, pelo menos).


PT nos 80

devido a essa inocência, quando os 60’s chegaram ao poder no brasil, não foi através de LULA, mas sim de FHC. a sua eleição foi a vitória do tropicalismo e de toda aquela geração de ideais revolucionários. porém só a vitória, já que seu governo se rendeu às políticas neo-liberais e aquela putaria toda. o tropicalismo só veio se realizar no poder MESMO, como política pública, no governo LULA. com o PT já maduro o suficiente e a figura de LULA emergindo como solução final para a chamada “podreira dos políticos” que o senso-comum berrava no ouvido das massas, o PT se deixou libertar e abraçou a ANTROPOFAGIA como política. é possível se misturar politicamente e o resultado se transformar em algo positivo? o cenário político atual brasileiro prova que sim. mas a que preço?


lulinha chegando

O PT MUDOU O BRASIL, MAS FOI CONSUMIDO NO PROCESSO.

o PT vanguardista, inovador, revolucionário não existe mais. foi comido e digerido pelo sistema político, porém marcando-o e modificando-o profundamente no processo, mas não conseguiu sair com vida. NÃO PODIA SOBREVIVER. o PT morreu para o brasil mudar. aqueles que não aceitaram a transformação saíram chorando, o que se empolgaram saíram chutados, e LULA se mantém como o maior estadista da história do país, com seus porcentos de aprovação. o projeto de governo acerta muito, erra ainda mais, mas segue como a personificação daquilo que nos 60’s era utopia, com o olhar voltado para todas as frentes que PARA MIM importam e afetam – artes, universidade, miséria.


nosso presidente

MAS agora chegamos a um impasse: em ano de eleição O QUE FAZER? acalmar o meu espírito revolucionário e votar em um PT chapa branca? por mais que o projeto seja o melhor que já vi, ainda sim é demagógico e não exatamente comprometido revolucionariamente do jeito que eu gostaria. mas o que sobra? uma volta ao neo-liberalismo cruel e idiota ou um falso PT de trinta anos atrás, tão ingênuo e despreparado quanto. existe opção? onde estão as vanguardas de pensamento que dariam fundamento para o NOVO pensamento político?

a criação, o NOVO, é infelizmente NOCIVO e já aparece, mesmo que sutilmente, nessas eleições, personificado na figura de MARINA. obviamente que não falo do aspecto VERDE da moça, mas sim do seu atrelamento com o lado CRENTE da coisa. claro que essa não é a sua plataforma, mas é possível identificar fragmentos do pensamento EVANGÉLICO em seu discurso. essas novas igrejas são o que efetivamente vem buscando novos espaços e tratando quase esteticamente o pensamento político, seja nas prisões, seja nas regiões sub-urbanas. o resultado desse conservadorismo aplicado só pode ser um retrocesso, porém é o que surge no horizonte político como opção diferenciada (mesmo que não pra mim). estamos atrasados em relação a esse pensamento. enquanto discutimos política de modo arcaico, outras frentes – reacionárias por natureza – se organizam de maneira muito mais revolucionária.


culto ou doutrina?


marina pregando

é preciso parar e refletir: onde está a potência criativa do nosso tempo? o que ela diz e representa? como transformá-la em ato político? aí está o desafio, procurar a invenção e dela extrair a intervenção.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A NOVA MÚSICA BRASILEIRA




# agência pirata #
E seus caminhos

txt: Romulo Fróes


Caminhando para o fim da primeira década do século XXI, já é possível identificar um traço comum entre os artistas surgidos na música brasileira a partir dos anos 2000? Será esta uma geração de artistas à altura de nossa tradição? Perguntas como estas já circulam por aí e demonstram que ainda figura um desejo de organização de um tempo, em que se consiga reunir argumentos para qualificar para o bem e para o mal, determinada época. Neste caso, além de compreender a unidade década, há ainda o agravante de ser esta a primeira de um século que se inicia, o que a faria ser comparada também ao conjunto de todas as outras do século anterior, numa espécie de partida injusta de dez contra um.

A geração atual de artistas da música brasileira surgiu ainda no século passado, em meio a uma profunda transformação, atrelada a uma iminente falência da indústria musical. Mais do que por novos modelos de difusão ou comercialização, ela foi moldada por um novo modo de produção musical. Até o começo dos anos 1990, o caminho para um artista chegar ao disco era muito difícil, pra não dizer quase impossível, se pensarmos que o filtro criado pelas grandes gravadoras para a produção de um disco era, antes de tudo, econômico. Com raríssimas excessões, eram elas que detinham os meios de gravação. Uma vez que esses meios se democratizaram, passou a ser possível a qualquer artista gravar seu próprio trabalho, elevando a produção de discos, ao menos no que se refere ao seu registro fonográfico, a patamares nunca antes imaginados. Todo artista agora, podia ter seu disco e surgiu uma nova figura, a do artista-produtor. É claro que existiam anteriormente artistas-produtores, mas a noção de produção passava muito mais pelo âmbito estético do que técnico, pertencia mais ao campo abstrato das idéias do que na matéria real da obtenção da melhor captação, ou na escolha certa dos microfones e amplificadores. Isso era para os técnicos, que afinal estavam a serviço do artista.

O artista de hoje produz seu disco, porque afinal conquistou essa liberdade e também porque em última instância, é a única maneira de fazê-lo. Por isso seu conhecimento de todas as etapas de uma gravação, da captação à edição e chegando mesmo até sua fabricação. Verdade que à príncipio, tal processo se deu de forma muito precária, uma vez que ainda não se dispunha de grandes recursos técnicos, na época pouco acessíveis, e tão pouco havia-se adquirido a experiência do novo ofício.

Com o avanço da tecnologia, a experiência e o acesso a novos recursos de gravação, abriu-se aos artistas um novo vocabulário de produção artística, a meu ver inédito na música brasileira. É muito comum hoje, um jovem artista falar de seu trabalho mais do ponto de vista técnico, do que das questões artísticas de sua obra, isso se encararmos como coisas desligadas uma da outra. Não raro, um leigo se depara no depoimento de um novo artista, com termos que parecem pertencer a uma nomenclatura de ficcão científica. E isto não é pouca coisa, se pensarmos que grandes artistas de nossa música nunca pensaram no som que teriam seus discos, acreditando única e exclusivamente no poder de sua música. Ou ainda, se pensarmos em artistas como Tim Maia e Caetano Veloso, que no início de suas carreiras, mesmo sabendo exatamente o “som” que queriam em seus discos, sempre se disseram frustrados por não consegui-lo, simplesmente por não saberem até então se comunicar com os técnicos. É um fato relevante, pra não dizer histórico, que aconteça de novos artistas se envolverem profundamente com o processo de gravação, tendo mesmo um interesse verdadeiro por seus aspectos técnicos, ainda que ironicamente, muitas vezes se valham de experiências acontecidas no passado, em discos gravados por exemplo, na década de 1960 e 1970. Vintage é uma palavra adorada por estes jovens artistas. Seus instrumentos, microfones, captadores, pré-amplificadores, pedais e tudo o mais têm de ser vintage, porém seu comportamento, suas cabeças, suas crenças, estas estão no presente.

Pois depois de aprendido “as manhas” da produção, ainda era preciso aplicar esse aprendizado à criação. Sim, porque antes uma grande canção mal gravada do que uma bobagem de altíssima qualidade sonora. E seguindo a máxima de que a quantidade gera qualidade, acho que a contribuição destes novos artistas para a música brasileira começa a ganhar forma. Há muito tempo não se via tantos artistas com trabalhos tão diversos e com tamanha qualidade, quanto agora. Talvez a palavra novo, tão desgastada por seu uso, não seja aplicável ao que vêm fazendo, mas sim ao modo “como” vêm fazendo. Já não é mais possível abarcar o Brasil, como fizeram por exemplo os Tropicalistas. Não só todo o vocabulário incluído por estes em sua música como a baixa e a alta cultura, a guitarra elétrica, o regionalismo, a mídia, a publicidade, a sexualidade, a tecnologia e tudo o mais ainda está em voga, como ainda outros tantos verbetes surgiram e continuam a surgir todos os dias. Daí o conceito de novidade já nascer datado. É com a Internet, esta ferramenta que mudou nossa percepção de mundo, onde se deparam a toda hora com tudo, quero dizer “tudo”, que já foi dito, pensado e vivido por todos, no passado, no presente e às vezes parece que até no futuro, que os artistas de hoje produzem. E se eles se fartam dessa nova ordem, a carga de influência que sofrem é tamanha e tão diversa, que talvez seja impossível a formação de um “novo” pensamento sobre música popular brasileira hoje e talvez não seja mesmo mais tão necessário. O que é necessário ainda e sempre, é que se produza arte boa, mesmo que esta tão somente revele as influências de quem a criou.

Matisse dizia ver Cézanne como um bom Deus da pintura e por mais perigosa que fosse sua influência, dizia não temê-la, pois consideraria isso uma covardia consigo mesmo. Acreditava que a personalidade do artista se afirma pelas lutas que enfrenta e que seria uma tolice não olhar em que direção os outros trabalham. “Aconteceu-me aceitar influências. Mas creio que sempre soube dominá-las”.

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