#CADÊ MEU CHINELO?

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

[agência pirata] A DE BARRO É QUE FAZ MOQUECA BOA



::txt::Nana Tucci::

A moqueca, maior representante da cozinha capixaba, corre o risco de desaparecer em poucas décadas. Não vai faltar badejo, tomate, coentro ou tintura de urucum. Mas um “ingrediente” imprescindível ao preparo do prato emblemático do Espírito Santo está ameaçado de extinção: a panela de barro. O motivo?

Restam, em todo o País, pouco mais de cem paneleiras que se dedicam regularmente ao ofício. A cada ano esse número cai, pois mais mulheres abandonam a profissão, que há quatro séculos tem sido passada de mãe para filha. É um trabalho exaustivo e mal remunerado. O Paladar foi até Vitória acompanhar todas as etapas do processo de confecção da panela de barro.

A receita mais importante da moqueca capixaba não é a do prato, mas a da panela de barro em que é preparada e servida. Inconfundível pela cor preta e formato, de fundo raso e borda baixa, é feita manualmente, sem forno nem torno.

É a panela que faz a moqueca chegar à mesa fumegante e assim permanecer por muitos minutos. É a panela que faz o cheiro inclemente escapar das casas e incitar os vizinhos e passantes.

Sua produção envolve pouco mais de 100 mulheres que vivem em um bairro com nome de poema de Cora Coralina: Goiabeiras, na zona Norte de Vitória.

O ofício das paneleiras de Goiabeiras foi o primeiro a ser reconhecido como bem imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2002. Reconhecimento importante para estas mulheres reunidas desde 1987 na Associação das Paneleiras de Goiabeiras (tel. 27/3327-0519).

Berenices, Valdineas, Cecílias e Grazieles mantêm uma tradição indígena que nem sabem ao certo quando começou. Arriscam dizer que foi há 400 anos. O Iphan assume apenas que a técnica é um legado cultural das tribos tupi-guarani e una.

“A gente não tinha escolha. Aos 7, 10 anos era dever ajudar a mãe e, quando via, já tava fazendo também”, conta Valdinea Lucidato. Apesar de achar o trabalho estafante e ter abandonado “o fogo”, Valdinea diz que “quando começa a mexer com o barro, sua energia é renovada”.

Uma panela de qualidade demora três dias para ficar pronta, da modelagem à tintura, passando pela queima na fogueira. Cada paneleira faz cerca de 15 peças por dia e as revende em barraca própria, no galpão da associação - a disputa pelo cliente é acirrada. O barro, mais arenoso que o comum, é recolhido por Ronaldo Alves e seus ajudantes no “barreiro” do Vale do Mulembá, uma área de proteção ambiental a 3 km dali. A tinta da casca do mangue-vermelho, que dá a cor preta à panela, é trazida por Carlos dos Santos do manguezal de Vitória - ele viaja cerca de 1 hora, de canoa, e se embrenha no mangue com um macete.

Na época em que o ofício passou a ser um patrimônio cultural, um “pacote de salvaguarda” foi criado, para garantir sua continuidade, mas não saiu do papel. À exceção do novo e bem equipado galpão para onde as paneleiras se mudarão em novembro, nada relevante foi feito em quase uma década. Sem auxílio do governo, trabalham 10 horas por dia, seis dias por semana, ganhando, em média, um salário mínimo para abastecer o Brasil com suas panelas de barro (R$ 8 a R$ 100). Resultado: as jovens não querem seguir os passos de suas mães e avós, o que faz as próprias paneleiras chegarem à conclusão de que, em duas ou três décadas, o primeiro ofício reconhecido como bem imaterial do País vai desaparecer.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

[agência pirata] INCONFIDÊNCIA QUEIJEIRA

::txt::Olívia Fraga::

Foi aprovada anteontem a Indicação Geográfica para dois queijos mineiros, o canastra e o serro. A notícia é boa, mas não garante que a partir de agora todo brasileiro possa conhecer estes queijos tradicionais - ou melhor, quem quiser prová-los continuará precisando viajar até Minas Gerais. O que acontece é que estes dois queijos são feitos com leite cru (não pasteurizado), assim como outros queijos brasileiros, caso do gaúcho Serrano e da mussarela da Ilha de Marajó. Queijos de leite cru não recebem o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF). E sem SIF não podem ser vendidos para outros Estados. Muitos produtores artesanais optam por vender o leite em vez de fazer o queijo. Ou distribuem o produto clandestinamente. Resultado: poucos brasileiros têm a chance de prová-los em sua melhor forma.

A regra é clara. “Ficam sujeitos à inspeção e à reinspeção prévias nesse regulamento os animais de açougue, a caça, o pescado, o leite, o ovo, o mel e a cera de abelhas, e seus subprodutos derivados (...).” O texto que regulamenta a produção de alimentos de origem animal, assinado por Getúlio Vargas em 29 de março de 1952, continua em vigor.

Se o Brasil do pós-guerra abraçava o american way of life até na alimentação (nas grandes capitais, a farinha de trigo importada venceu a cultura do milho e da mandioca) e já padecia de ignorância crônica a respeito de suas riquezas naturais, sob o martelo da lei ficou impossível preservar a tradição. Entre elas, a cultura centenária do queijo artesanal, produto que chegou com os portugueses.



O País desconhece seus queijos típicos - um pouco por preguiça de procurá-los, outro tanto por achar que não estejam à altura dos queijos europeus. A cultura queijeira brasileira resiste a duras penas, a despeito das exigências legais. Mas é preciso ir à Zona da Mata mineira para conhecer os queijos da Serra da Canastra e do Araxá; visitar os pampas gaúchos para provar o autêntico queijo serrano; dar voltas nos mercados de Fortaleza para descobrir o verdadeiro gosto do queijo coalho artesanal.

A lei de inspeção federal não autoriza a circulação interestadual de queijos feitos a partir de leite cru, exigindo maturação mínima de 60 dias para seu consumo. A regra imita as orientações hiper-higiênicas do FDA norte-americano. Os níveis máximos de impureza são dez vezes superiores aos dos queijos em circulação na União Europeia.

Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), quase 40% do queijo brasileiro artesanal é clandestino. “Os padrões exigidos na lei são mais industriais que artesanais. O produtor prefere vender leite para a indústria, abandonando a cultura que vem de gerações e uma elaboração cultural sofisticada”, afirma o sociólogo Carlos Alberto Dória. “Quando se proíbe, além de centralizar a produção, você transforma o pequeno produtor em fornecedor.".

Para obter o selo do SIF (Serviço de Inspeção Federal) é preciso fazer grandes investimentos em instalações, equipamento e pessoal, além, é claro, de pasteurizar o leite. “O governo federal deveria incentivar os produtores artesanais por meio de financiamentos, capacitação e, sobretudo, criando uma legislação específica para tirá-los da ilegalidade, como fizeram os países europeus. Na Europa os queijos artesanais são valorizados, têm incentivos e legislação própria”, diz José Fernando Cavalcante, professor de zootecnia na Universidade Estadual do Ceará.

Os pequenos produtores, amparados em cooperativas, ONGs e órgãos do governo, lutam para preservar a história de suas famílias e o valioso patrimônio gastronômico. Em 2008 o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconheceu o queijo artesanal mineiro como bem cultural, protegendo seus métodos e processos. É pouco - o efeito prático não altera em nada a legislação. Institutos de pesquisa ligados a universidades correm em paralelo. Há dezenas de estudos que comparam a composição química de queijos de leite cru à de pasteurizados, com alguns resultados: a pasteurização elimina bactérias benéficas ao ser humano. Além disso, o transporte e o armazenamento são corresponsáveis na preservação dos dois tipos de queijo, e praticamente os maiores vilões na contaminação dos produtos - o que significa dizer que persegui-lo e colocar o fabrico artesanal em situação de contravenção facilita o contrabando.

Numa iniciativa da Embrapa Agroindústria Tropical e da Emater-RS, deve ocorrer, em Fortaleza, o 1º Seminário de Queijos Artesanais do Brasil, entre 16 a 18 de novembro. “Os órgãos fiscalizadores caminham no sentido oposto ao da preservação cultural”, diz Maria do Socorro Bastos, pesquisadora da Embrapa em Fortaleza.



Um queijo que só pode ser comido em Minas

De base familiar e artesanal, o queijo minas é a expressão máxima dos microclimas locais. Cada região produtora reconhecida - Canastra, Araxá, Alto Paranaíba e Serro - desenvolveu trato próprio na fabricação.

A alma do queijo mineiro está no “pingo”, cultura láctea natural em forma de soro, que escorre por gotejamento do queijo fabricado no dia anterior. É o primeiro coagulante adicionado ao leite recém-ordenhado, ainda morno, o que lhe dá textura, sabor, odor e aspecto próprios.

Repousa, recebe o coalho industrializado, é quebrado, coado, prensado, moldado e salgado. A partir daí, é uma conversa do queijo com ele mesmo: em 24 horas, depois de uma “virada”, é levado para outro lugar, para ganhar sabor e características suas, uma impressão do terroir onde é feito. É assim que se faz queijo em Minas desde o séc. 18.
O modo artesanal de fazer o queijo mineiro foi registrado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), em 2008, como patrimônio cultural imaterial brasileiro.

A Emater calcula que 30 mil famílias estejam na fabricação de queijo artesanal. Dessas, 11 mil vendem seus queijos. Apesar disso, só cinco entrepostos estão autorizados a “terminar” a maturação e distribuir pelo Brasil. Apenas os queijos de 170 produtores saem do Estado legalmente. Para serem incluídos nesse plano de distribuição, os produtores precisam se adequar. São necessários investimentos de R$ 20 a R$ 30 mil, o que levou muitos a desistiram de fazer queijo. “Nossa vontade é que haja uma política nacional para o queijo artesanal”, diz Jorge Brandão Simões, produtor do Serro.

A indústria de laticínios já tentou fabricar queijo de pingo em laboratório com leite pasteurizado, obedecendo as leis da Vigilância Sanitária e a orientação do Ministério da Agricultura. “Não deu certo”, diz Clério Alves da Silva, supervisor de fiscalização de Pecuária e Abastecimento do Ministério da Agricultura, em BH. “O gosto era outro, não era o mesmo queijo.”

Para o artesanal, a legislação pede pelo menos 60 dias de maturação - a cura longa expulsa as impurezas do queijo. Isso complica a vida do produtor, que vende o queijo semipronto (e, portanto, mais barato) para os entrepostos.

Fundido, queijo marajoara não tem SIF

O clima e o ecossistema particulares da Ilha de Marajó a torna única na tradição queijeira - os queijos são produzidos há mais de 200 anos e foram concebidos por imigrantes suíços que viveram na ilha durante o ciclo da borracha, com rebanho bovino. “No final do século 19 ocorreu a introdução dos bufalinos, que em Marajó encontram um ambiente ótimo, dadas as características dos campos inundados com gramíneas nativas”, explica Almir Vieira Silva, professor da Universidade Federal Rural da Amazônia e pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.

Na origem, famílias portuguesas e francesas faziam queijo a partir da mistura dos leites bovino e bufalino. Hoje, mais de 80% da produção leva só leite de búfala. Os queijos de búfala marajoaras são fundidos, ou seja, empregam leite cozido (a meio caminho da pasteurização).

Nenhuma queijaria tem SIF - na verdade, nenhuma conseguiu ainda atender às exigências municipais. Mas o problema, aqui, não é o leite cru (já que a fundição envolve calor e desnaturação de bactérias). “A ação necessária é a orientação para que se evite a fermentação espontânea nos produtos, devendo-se para isso fazer uso de culturas láticas locais, como o ‘pingo’ da Canastra”, diz Silva.

Gado chucro aceita SIF?

Correm mais risco de sumir do mapa os queijos serranos do Rio Grande do Sul, cuja história ainda precisa ser contada. Os exemplares que atravessam as fronteiras são feitos de leite pasteurizado, obedecendo à legislação. Quem vive nos Campos de Cima da Serra, área verde com altitudes superiores a mil metros, na fronteira do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, luta para manter vivo o processo de fabricação que remonta aos tropeiros vindos de Minas Gerais e São Paulo dois séculos atrás.

“Quando chegaram à região, os desbravadores encontraram um gado chucro, de corte, abandonado pelos jesuítas, e adaptaram o modo de fazer ‘queijo de coalho’ do Sudeste a toda a região de Vacaria dos Pinhais”, explica o técnico João da Luz, supervisor da Emater-RS. Essa é a principal diferença entre o queijo serrano e os demais queijos de coalho brasileiros: ele é produzido com leite cru de rebanho destinado ao abate. De acordo com a pesquisadora Larissa Bueno Ambrosini, o queijo serrano garantia a subsistência das famílias rurais. Essas famílias trabalhavam ordenhando as vacas e recebiam como pagamento parte do leite com que faziam seu queijo. O produto era transportado para longe no lombo de mulas carregadas de pinhão e charque - as três moedas de troca usadas na fronteira. Os viajantes traziam de volta à comunidade sal, açúcar, farinha de mandioca e arroz.

João Carlos Santos da Luz calcula que haja 11 municípios gaúchos e 18 catarinenses envolvidos na produção artesanal de queijo serrano. O problema é que até o ano passado o queijo estava proibido de circular dentro do próprio Estado, por ser feito de leite cru. Ao contrário do queijo mineiro, o gaúcho ainda não era reconhecido como patrimônio. Isso mudou em 14 de dezembro de 2010, quando foi aprovada a portaria 214, reconhecendo a identidade e qualidade do queijo.

Feito sem pingo, o queijo serrano, alto e retangular, vem de leite cru de vaca de corte. Os animais são criados junto de seus bezerros e alimentam-se o ano todo de pastagem natural. Devido às baixas temperaturas da região e às características do gado, o leite é mais gordo.

“As enzimas do leite recém-ordenhado impedem a multiplicação de bactérias até no máximo três horas depois da ordenha”, explica João. A tese é defendida também pela professora e pesquisadora Célia Lúcia Ferreira, da Universidade de Viçosa (MG). Assim, o leite é coado e logo salgado. Em seguida, acrescenta-se o coalho industrial. “Nas origens, o coalho era feito a partir de estômago de tatu”, conta o técnico.

O coalho age por 50 minutos, e a partir daí o trabalho é muito semelhante ao que se vê na produção de queijo na Serra da Estrela, em Portugal: ele é sovado dentro de um saco de algodão, de onde escorre o soro, estendido numa mesa para esticar e sovar mais, transformando-se quase em uma farinha. Vai para a fôrma para ser prensado por 12 horas, é virado para curar do outro lado e, 24 horas depois, é levado para uma tábua de madeira de pinheiro araucária para maturar.



“Há relatos de que as peças de queijo eram enormes, quase 5 kg, porque era um processo que ocorria apenas três vezes por ano. Isso exigia no mínimo três meses de maturação. Hoje, os produtores fazem queijos de 2 kg que maturam dois meses”, conta João da Luz.
O resultado é um queijo de massa semidura, tipo minas padrão, bom para cortar, e de textura untuosa e amanteigada quando maturado menos que isso. A São Paulo ele ainda vai demorar para chegar - se é que conseguirá se manter.

Paola Carosella, do Arturito, ficou entusiasmada com o queijo serrano, mas desistiu de servi-lo no restaurante. “Ia fazer algo com os queijos, mas como não têm SIF não posso. Não tenho produtos sem SIF no cardápio.”

O coalho apanha de todos os lados

Parecido com o queijo serrano, o queijo de coalho nordestino é, possivelmente, o queijo mais prejudicado com a lei de 1952. Em todos os Estados da região ele é encontrado em sua forma autêntica, feito a partir de leite integral cru.

A situação do queijo artesanal é de clandestinidade - os pasteurizados tomaram conta do mercado. Ficou ainda mais complicado defender o queijo coalho artesanal porque muita gente confunde o queijo artesanal com o queijo coalho vendido nas praias do Nordeste, que é industrializado.

José Fernando Cavalcante, professor da Universidade Estadual do Ceará, vê duas saídas para esse queijo: 1) a criação de linhas de credito para a melhoria da qualidade do leite, envolvendo a sanidade do rebanho leiteiro, a ordenha, o transporte e a infraestrutura das pequenas queijarias; 2) validar, por meio de parcerias com governo e empresas privadas, os conhecimentos tecnológicos das universidades, da Embrapa e do Sebrae.

Em uma pesquisa desenvolvida na Universidade de Viçosa, em Minas Gerais, em 2005, Cavalcante isolou cepas de bactérias lácteas provenientes de leite de vaca cru do Nordeste.

“Quando incorporadas ao leite pasteurizado, produzem queijo coalho de excelente qualidade, semelhante ao queijo artesanal.”

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

[noéspecial 10 anos] TOP TEN JOGADORES

E segue nossas listas especiais em comemoração aos 10 anos dO DILÚVIO. Selecionamos os melhores jogadores entre 2001 e 2011. Exceto o primeiro colocado, os demais estão em ordem alfabética. Clique no nome pra ver o vídeo. Não aceitamos críticas. Não gostou? Então crie seu blog e daqui a 10 anos faça sua listinha ridícula.

ZIDANE

Sabe aquela expressão que fulano tem etiqueta, pois se senta à mesa e come tal qual um lord, pois sabe usar os talheres adequadamente? Pois bem, assim foi Zidane com a bola aos pés. Nunca alguém jogou tão bem uma partida como ele contra o Brasil em 2006. Único jogador de futebol a bater penalty em final de Copa do Mundo daquela maneira, sem falar na cabeçada merecida que ele deu naquele babaca. Entre o título e a expulsão mais o vice, eu fico com Zidane.





ADRIANO

O Imperador!


FALCÃO

Salão também é futebol.


KAKÁ

Grande garoto!


MESSI

Não fosse seu insucesso com a seleção argentina, já seria melhor que Maradona e estaria no topo desta lista.


NEYMAR JR.

Ah, muleque!


RIVALDO

O último camisa 10 de verdade a jogar com o manto canarinho. O maestro do penta tem lugar nesse timeco do Mano.


ROGÉRIO CENI

E você achava que este time só teria 10, sem goleiro?


RONALDINHO GAÚCHO

Só não está no topo da lista, parece, porque não quis.


RONALDO

Basta o que ele fez no penta de 2002 pra estar presente nesta lista.


SNEIJDER

Maestro holandês

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

[do além] MINHA CARREIRA BATEU NO TETO



::txt::Michelangelo::

Fui chamado pelo Papa para, junto com a minha equipe, pintar o teto da Capela Sistina. Fomos até o local e pude ver que era trabalho pra caramba. O Papa expôs o que queria, que motivos imaginava ali. Deu um prazo ridículo para ser executado – coisa para a qual já estamos acostumados. Eu notei que Sua Santidade estava um pouco desconfortável. Parecia que ele queria me pedir algo um pouco fora dos padrões. Tomei coragem e o abordei:

– Santo Papa, essa é uma obra de encomenda, e as vaidades artísticas são deixadas de lado. Peça o que quiser e nós executaremos.
– Sabe o que é, Mi (já estava íntimo), são tempos difíceis. Crise internacional, perda de fieis. A gente não está com essa verba toda para esse teto. Veja bem: para ter o seu talento aqui, precisamos fazer algumas concessões.

Senti que o discurso dele não estava muito católico.

– Prossiga, Papa.
– Nós vendemos algumas cotas do teto para alguns patrocinadores.

Fiquei tão espantado que comentei sem me dar conta:

– Mas que pecado!
– Eu sei, Mi. Entenda que não está fácil arrecadar dos fieis o dinheiro necessário para manter o Vaticano. Já viu como isso aqui é grande? De mais a mais, hoje tudo é mídia. Milhares de pessoas entrarão nessa capela só para olhar para cima. Numa época de tanta dispersão, qual anunciante não gostaria de ficar um pouco em evidência?
– De que maneira esses patrocinadores apareceriam na pintura? Em que locais? – perguntei.
– Depende da cota fechada. Logotipo entre os dedos de Adão e Deus é a cota master. A cena do pecado original vendemos para uma marca de roupas. Você sabe como esse pessoal da moda gosta de nossos símbolos. Eva terá que aparecer de jeans, o que não fará muita diferença. Ela está senda expulsa do paraíso, mesmo. É melhor se cobrir.

Aceitei o job. Vou até o final, nem que eu tenha que fazê-lo sozinho. Não sei se com essas concessões minha pintura figurará entre os grandes patrimônios da humanidade. Mas que a vernissage de abertura vai ter comida boa e enorme divulgação, isso vai.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

[ebook] BATACLAVAS E OS PROFETAS DO CAOS



::txt::Nego Dito::

RESUMO: “Balaclavas & Os Profetas do Caos – manufatura libertária Vs indústria da rebeldia” é um livro-reportagem desavergonhadamente old school num eterno affair pós-moderno. Uma roupagem anti-diplomática retroalimenta-se na metodologia underground do Gonzo Jornalismo para narrar política desde as retinas da contramaré.

RESENHA: São seis capítulos independentes no foco mas conectados na temática: um anarquista travestido de repórter, um repórter trajado de anarquista, as estratégias de resistência do anarcoindividualismo contemporâneo narradas de dentro, relatadas a partir da vivência crua e intensa, da proximidade medular com os fatos e personagens.

É um livro que relata as principais experiências libertárias pinçadas pelo repórter durante o ano de 2007, um cenário que se desnuda para desde uma visão individualista, a overdose sempre em mutação herdada de Max Stirner. Mas não apenas isso, e é aqui que se faz necessário apontar um detalhe deveras significativo: é um livro-reportagem que aborda somente alguns poucos aspectos do anarcoindividualismo contemporâneo, um recorte que pode servir para compreender algumas práticas libertárias específicas, mas que, DE FORMA ALGUMA, tem a pretensão de refletir o horizonte libertário em toda sua jaez. Trata- se apenas de um recorte, bastante subjetivo, talvez um tanto expressivo, mas ainda assim apenas um SUBJETIVO e modesto RECORTE. É importante ter isso sempre presente.

O livro peca – e muuuito – pelos excessos: de sarcasmo, bom humor, mau gosto, péssimo humor, ironias, frivolidades, desprezo, autodesprezo, tiro curto e baixa amplitude. Apesar de tudo, são pecados literariamente deliciosos e que sacam da narrativa qualquer piedade ideológica, qualquer esperança de bajulação hiperbólica e/ou superlativa, e até qualquer vaga ideia de jornalismo panfletário com sua hipodermia tendenciosa. “Balaclavas” é jornalismo a partir do anarquismo, e anarquismo a partir do jornalismo. A estética, o formato, a plástica e a metodologia fundem ambos num bacanal nada cartesiano.

São 280 páginas que começam com o prefácio escrito pelo jornalista Jeferson Augusto, e um ácido posfácio do teórico e militante da OASL (Organização Anarquista Socialismo Libertário – SP) e da FARJ (Federação Anarquista do Rio de Janeiro) Felipe Corrêa. Além, claro, de seis capítulos que se intercalam, todos com foco narrativo em primeira pessoa. O primeiro deles, intitulado “Nossa Senhora da Discórdia / Tô fodido pra caralho / Me proteja na esbórnia / Me masturbe no pecado” apresenta-se como uma introdução e, apesar de já em posse de todos os ingredientes de uma reportagem, é construído como um preâmbulo caseiro para cozinhar os demais capítulos. Trata-se de uma reunião entre amigos ocorrida numa noite de março em que, entre uma tragada e um trago, se desenrola um brain storm com a intenção de fazer brotar ideias insanas para intervenções de terrorismo poético.

O segundo capítulo leva o título de “Manual prático do caleidoscópio guerrilheiro – versão para amadores”, e narra a frustrada tentativa de aprendizado do repórter a respeito da estratégia de propaganda libertária de rua, o stencil. Quando o livro desembarca no terceiro capítulo acontece uma importante mudança geográfica, a narrativa se desloca para Porto Alegre e leva o título de “A liberdade é uma virgem sem hímen”. É uma grande-reportagem sobre ocupação urbana libertária e tem como foco principal o squat N4, nas cercanias do Aeroporto Salgado Filho. O N4 havia recém completado seu primeiro semestre de existência, e devido a seus 2.200 metros quadrados, quase tudo composto de restos de construção chamuscada rodeados por matagal, ainda requisitava muita labuta. No labor diário do N4 encontram-se quatro anarquistas, cada um com um contorno distinto, com tendências libertárias variadas.

Além do N4, este capítulo traz a visão de um anarcoindividualista, no caso o repórter, e sua dificuldade em compreender as estratégias da Federação Anarquista Gaúcha (FAG), especialmente nas comemorações de 1º de Maio. Este capítulo debate e vivencia, da mesma forma, o freeganismo, prática de consumo mínimo levada a cabo pelos anarquistas do N4.

No capítulo seguinte outro câmbio brusco na geografia, agora a narrativa se volta para São Paulo, onde acontecerão os protestos anti-G8 na Avenida Paulista, e onde se desenrola a ocupação da reitoria na maior universidade do Brasil, a USP. Aventuras junkies também contribuem pra compor o cenário que envolve o repórter durante o período que passa acampado na reitoria. Sobre o anti-G8, bem, assembleia preliminar, uma pitada black bloc e reportagem se desenrolando numa perspectiva de ação.

O quinto capítulo é intitulado “Perdigotos multicoloridos na incrível operação Pequeno Chuck Noris – codinome: assalto à comunicação”, e volta à temática das estratégias de propaganda anarcoindividualistas, de volta ao stencil, de volta ao Paraná. A diferença é que agora o contra-ataque é frontal: o alvo é um Posto Policial 24 horas, uma reação tão infantil quanto intempestiva, mas uma reação. Propaganda anarquista e ataque informativo, um tiro curto com pretensão única de provar que a reação é possível, importante, intensa e imprescindível. Mesmo que com prazo de validade breve e proporções minimalistas. O livro se encerra com o sexto e último capítulo “Let’s play that”, conectado ao primeiro por ser a concretização dos atos de terrorismo poético pensadas naquela ocasião: uma ligeira garoa de placas que cai sobre a cidade de Ponta Grossa, e o enforcamento de Armando Qüiproquó na passarela em frente ao terminal central de ônibus.

O livro está licenciado em Creative Commons e para baixá-lo gratuitamente é só clicar aqui. Este é o primeiro livro-reportagem escrito por Junior Bellé.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

[agência pirata] UM EPITÁFIO MELANCÓLICO E AMARGO PRA AMY WINEHOUSE



::txt::André Forastieri::

A despedida de Amy Winehouse é insossa, e encerra à perfeição sua carreira genérica. Impressionante que tantos vejam trangressão em sua trajetória. Não fossem as tatuagens, escândalos e a mão cheia do produtor Mark Ronson, seria mais uma de tantas brancas na improdutiva busca do indefinível soul que, sem racismo e com perdão da incorreção política, só cantoras negras têm.

Não é culpa só dela. Tony Bennett tem 85 anos. Se depois de todos os tratamentos tecnológicos a voz dele está esta porcaria no dueto, passou da hora de parar. Devia estar em casa cozinhando spaghetti para os bisnetos. Bom para a saúde que se mantenha ativo e tudo, mas inevitável o paralelo com a última fase de Amy, quando moribunda se expunha em palcos pelo planeta afora. O faturamento da família não podia parar. The show must go on.

Amy canta com Tony em uma das faixas de Duets II. É o segundo disco de Tony com o mesmo conceito, o primeiro lançado em 2006. É ele duetando com grandes nomes inofensivos deste e daquele gênero (Aretha, Andrea Bocelli, Michael Bublé, Mariah Carey etc.). Por sua vez, clone do disco-conceito que revitalizou a imagem de Frank Sinatra em 1993, como tantas outras coisas que Tony fez na cola de Sinatra.

Não é vergonha. Sinatra fez sombra na música popular americana por umas três décadas. O italianinho mais novo ia colar em quem? E se como cantor Bennett parece segunda divisão perto de Sinatra, ou mesmo Mel Tormé e Billy Eckstine (que aliás têm lindas linda versões de Body and Soul), do lado de Amy Winehouse ele parece um lorde. Um conde da Toscana, e não Anthony Benedetto, o filho do calabrês da mercearia. Tony, velho e detonado, tem mais classe e garra que qualquer jazzista das últimas décadas, que dirá de Amy Winehouse, coitada.

O tiro de misericórida foi a escolha da canção. Body and Soul não é presença notável no tal Great American Songbook. Johnny Green foi um grande diretor musical nos anos de ouro da Metro, mas não é assim um Cole Porter. É uma canção menor, que compõe bem em um disco de standards de jazz. Foi gravada trocentas vezes, por gente como Ella Fitzgerald e pela grande inspiração de Amy, Billie Holiday. Se miss Winehouse tivesse mais miolos que ego, não se arriscaria nesta concorrência.

A pá de cal: a receita da venda do single final de Amy vai para um fundo contra as drogas, criado pelo seu pai, Mitch - justamente a criatura que explorou a filha crackeira até o final. Até neste detalhe amargo Body and Soul é um epitáfio adequado para a vida doída de Amy. Queria eu que não viessem por aí mais canções inéditas, mais vídeos secretos, mais fotos que ninguém viu, mais biografias repleta de detalhes sórdidos. Mas a exploração do corpo e alma de Amy Winehouse só começou.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

[agência pirata] FAVELAS, NOSSOS DOCES FRANKSTEINS



::txt::Rodrigo Fernandes::

Em 1942 o cineasta Orson Welles estava no Brasil quando, convidado por Vinicius de Moraes, foi conhecer aquele lugar exótico e excitante que chamavam de favela. O julgamento do rotundo diretor de Cidadão Kane foi curto e grosso: “Isso é um Frankenstein. Um monstro que vai se voltar contra vocês”. Ao que parece, além de inventar o cinema moderno, Welles também tinha o dom da profecia. Hoje, nem o exército segura mais o monstro.

Infelizmente, a versão do monstro de Frankenstein que se fixou no imaginário pop-popular foi a hollywoodiana: uma besta tatibitate com pilhas Duracell espetadas no pescoço que precisa ser exterminada pelos homens de boa vontade. Tudo errado. No livro de Mary Shelley, a criatura é descrita como um personagem articulado, inteligente, culto. Ora bolas, a analogia é perfeita. Toda favela é um Frankenstein. Formado por pedaços de cadáveres, o monstro literário causa repulsa e medo. Como a favela, também desconjuntada feita de nacos sociais heterogêneos – barracos, mansões, comércios clandestinos, ONGs, escolas, escolas de samba, salões de beleza, lan-houses, bocas de fumo, projetos sociais, paraísos artificiais e alta tecnologia, tudo ao mesmo tempo agora. Porém, quem conhece essa fera de perto sabe que por suas vielas também transita beleza, cultura e sabedoria.

Frankenstein, o monstro, foi concebido por um cientista que achava ser capaz de controlar tudo, até a vida. Porém, ao conceber a criatura, enoja-se e a abandona à própria sorte. Quem conhece minimamente a história do Rio de Janeiro sabe a quem cabe o papel de cientista louco. Se Frankenstein – ou o moderno prometeu é muito mais um livro sobre a omissão moral de um cientista e menos um conto de horror, o enredo das favelas é o de um Estado historicamente ausente, que até hoje por meio de caveirões, caveirinhas, UPPs, exércitos, choques de ordem e afins, ainda acredita poder ao menos controlar o monstro que criou.

Quando se vê psicólogos e sociólogos subindo os morros para tentar criar pontes de entendimento entre o Estado e os moradores, a semelhança entre ficção e realidade se aprofunda desgraçadamente. No livro, editado em 1818, tudo o que o titã quer é entender porque foi abandonado. Busca o diálogo com seu criador, mas este, sem ouvi-lo, tenta destruí-lo. Sem voz e acuado, o monstro responde na mesma moeda de violência. Segue-se o terror. Não vou ficar aqui arriscando piruetas sociológicas, mas sabemos que assim também é a relação favela-Estado nos morros cariocas. Pouco diálogo, muito sangue.

No fim do livro, o cientista acaba morto na perseguição à criatura, e esta dá cabo da própria vida para não mais representar um perigo para a sociedade. No mundo real, espera-se por um final mais feliz.

Em tempo: me recuso a usar o termo politicamente correto “comunidade”, criado pelo Estado, ao invés de “favela”. Até porque acho que favela, ao menos para mim, guarda um pouco da nostalgia de outros carnavais, bem mais amenos que os de hoje.



Bonus track I: em algumas versões cinematográficas bobocas, o monstro é preso e exibido como atração de circo. Viajo na comparação e quase posso ver os gringos visitando a laje do Michael Jackson, no Santa Marta, ou dando um passeio no teleférico do Complexo do Alemão.

Bonus track II: sou cria do subúrbio do Rio. Morei há pouquíssimos quilômetros de uma favela de respeito. Assisti in loco o nascimento de pelo menos três delas. Noutras, subi para apresentar workshops literários. Mas sempre que alguém me pergunta se o problema das favelas tem solução não sei o que responder, fujo do assunto. Problema? Creio que o primeiro e definitivo passo é enterrar de vez a ideia de que as favelas são um problema, quando de fato elas tem problemas, um montão deles. Agora, se a questão é a violência, então dou meu braço a torcer. Solução? No way. Basta fazer uma continha primária. Hoje são 17 UPPs, quarenta até 2014. Ótimo, perfeito, se no Rio não existissem mais de 600 favelas. Na melhor das hipóteses, seriam 560 favelas ainda sob a influência do tráfico, da milícia e outros malfeitores de ocasião.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

[agência pirata] REVOLUÇÃO FARROUPILHA: PERDEMOS. ASSINAMOS UM EMPATE. COMEMORAMOS COMO VITÓRIA



::txt::Rodrigo Machado::

Nunca esqueço uma vez em sala de aula, lá pelos anos 80, levantei o braço e perguntei com a maior inocência: “Professora, qual foi o dia exato da nossa vitória na Revolução Farroupilha?”. Sabem o que aconteceu? Ela me mandou pra rua da sala, pois acreditou que eu estava, como sempre, ironizando os fatos. Sim, faz tempo que a “iconoclastia” está presente na minha vida, porém desta vez estava com uma dúvida.

Obviamente, dias depois entendi que não havia uma resposta, pois não houve vitória. Sem dúvidas cheguei a conclusão que comemoramos o fato de um bando de desordeiros que queriam, com forças de armas resolver a situação, perderam, mesmo assim comemoramos o “orgulho gaúcho”. Sinceramente tenho que rir, tamanha estupidez.

Certa vez, acompanhando uma conversa, entre um assessor político do mais alto escalão do governo e um pretendente a trabalhar na comunicação da campanha política que estava por vir. O pretendente narrou uma série de campanhas que ele trabalhou. O assessor, como num míssel “Tomahawk Cruise”, lascou: “Agora me fale de suas vitórias, pois suas derrotas eu já sei.”, obviamente a pessoa não foi contratada. Isso é mais ou menos o que acontece nas “comemorações” das derrotas e massacres do 20 de Setembro.

Quase que como uma, repetição dos fatos, temos um bando de pessoas que ficam acampadas em meio a lama e fumaça, bebendo e comendo no centro de Porto Alegre, durante vários dias, sem fazer nada, além de correr riscos com a sua vida, pois a beberagem altera o humor e “gaúcho bom é gaúcho brabo”, logo uma pequena discussão invariavelmente acaba em esfaqueamento. Com tamanha violência, obviamente, a Segurança Pública precisa estar voltada para o acampamento. Sabem o que acontece? Os comuns, dentre eles, eu estou inserido ficam com menos policiamento nas ruas, além claro de outras tantas situações desagradáveis.

Por último, parece que estão reivindicando a proibição de transito de seus cavalos, nas ruas centrais de Porto Alegre... Menos....Bem menos...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

[noéditorial] O DILÚVIO 10 ANOS: DO INÍCIO AO FIM




Uma notícia boa e uma ruim. Qual você prefere ler primeiro? Bem, isso não nos importa. Vamos começar pela boa. Neste 11 de setembro, O DILÚVIO completou 10 anos de vida. Uma década. Um décimo de século. 1% de milênio. Foi um dos maiores atentados ao jornalismo gaúcho e brasileiro. Enquanto os grandes, médios e pequenos meios de comunicação pousavam suas condutas pela ótica da moral, da ética, da isenção, da imparcialidade, da verdade, da neutralidade, e demais blasfêmias, O DILÚVIO já chegou rachando o jornalismo ao meio. Nada desse papo de reformar, revolucionar e democratizar a comunicação. Nós viemos pra sabotar, pra fazer terrorismo, pra ser o oposto do que se chama jornalismo. Anti-jornalismo.

A notícia ruim, dependendo do ponto de vista, nem é tão ruim assim. Aliás, pros muitos inimigos que fizemos questão de colecionar durante esses 10 anos, a notícia é maravilhosa. O DILÚVIO encerra neste exato momento sua redação. Acabou. It's the end. Não temos mais nada a dizer nem a declarar. Morremos afogados na própria água. Adeus!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

[grrr] AMOR DE VERDADE É NO TELEMARKETING




Oi, sem você eu não Vivo.

::txt::Luciano Viegas::

-Em que posso lhe ajudar, senhor?

-É que eu tô com saudades.

Foram quarenta e quatro minutos de puro prazer, eternos para mim. Como a gente se entende, não é? Você me deixava esperando por alguns momentos, o tempo certo para eu ficar imaginando, do lado de cá, as cenas picantes que vamos protagonizar quando essa distância se quebrar e for revelada a sua face rósea por detrás destes trejeitos linguísticos de menina do interior.

Eu podia ouvir os seus cochichos, com as amigas à sua volta, falando de nós, eu sei. Esta paixão nos arrebatou e não há por onde escapar. É questão de destino e, sabendo disso, com um medo (natural) de encarar esse amor que nos rasga, você cogita me destinar a outro pessoa que possa esclarecer com mais propriedade as questões que me afligem.

- Central de relacionamento com o cliente, pois não?

- Por favor, passa o telefone de novo pra Suzana. É que eu vim do Alabama...

Oh! Suzana, você não entende? Eu não tenho aflições, de forma alguma! Ao contrário, estou revigorado! Não quero ser seu cliente, mas estou disposto, isto sim, a um relacionamento. Coisa séria, de assinar papel e tudo. Vamos estreitar estes fios que nos ligam, tão puros, de dois pontos distintos deste mesmo mapa geográfico e astral. As nossas ligações são quase umbilicais. Só você não percebe!

Eu também não vejo, apenas sinto. Sou dilacerado a cada ruído que nos interrompe. Sua voz aveludada, suavemente mecanizada (para me colocar no devido lugar), quer esconder as evidências do que já estava traçado antes mesmo de sermos jogados no mundo à própria sorte. Foi amor à primeira ouvida e, agora, nossas orelhas serradas uma na outra (ficamos tanto tempo assim), nos tornamos íntimos.

Você me pede a data de nascimento, sem disfarçar, pra calcular meu signo e projetar nosso futuro promissor. Espero que você vislumbre o mesmo que eu: uma casinha no campo, algumas vaquinhas pastando; nossa vida bucólica, um amor campestre e sincero.

Meu coração quase arrebenta, ultrapassa a barreira do som. Você insiste em fugir pela tangente, quer saber se estou falando de algum problema da minha conta. Este problema, Suzana, agora, é da NOSSA conta. Tampouco é problema: é solução. Você tem essa mania de ficar me enrolando, me oferecendo mil coisas. O único bônus que eu desejo é a sua presença. Nossa história há de superar os limites impostos pelo cabra safado do Graham Bell!

No fim você aceita a minha paixão fulminante, as minhas declarações desconcertantes, e juntos fazemos planos para os próximos seis meses! Vou às lágrimas quando você me exige fidelidade. É recíproca, eu sei. A você, Suzana, serei fiel. Não devemos determinar prazos, um ano ou dois, porque há de ser pra sempre.

- Mais alguma dúvida, senhor?

- Suzana, você me ama?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

[do além] CINEMASCÓPIO DO POVO




::txt::Karl Marx::

Eu não sei se vocês leram que um sujeito chamado Alexandre Kluge fez a adaptação de O Capital para o cinema. Seu filme tem quase dez horas de duração. Claro que você quer saber a minha opinião sobre a película. Eu digo. Não vi e não gostei. Tenho cá minhas razões. E se lhe parecer contraditório, lembre que sou dialético.

A publicação de O Capital animou revoluções pelo mundo afora. Mas foram poucos os que passaram das primeiras páginas do primeiro livro que compõe a obra. Muitos defenderam as ideias contidas ali com a própria vida, tendo lido somente a orelha. Achei que uma adaptação cinematográfica pudesse, enfim, reverter esse fato. E que sua exibição iria conscientizar as grandes massas de trabalhadores explorados, que pagam por um saco de pipoca e um balde de refrigerante mais do que pelo ingresso. Mas, pelo amor do ópio do povo, quem vai se interessar em ver um documentário de nove horas e meia, em tempos de Twitter?

Entendo que o cineasta se aventurou em um empreendimento difícil. Ele próprio confessou isso em entrevistas ao dizer que fazer um filme sobre O Capital é o mesmo que filmar a lista telefônica, com o agravante de que a última ainda permite certo tipo de representação que o meu ensaio econômico-filosófico não suporta. Depois dessa comparação, resolvi nem conferir o resultado. Lista telefônica é um negócio anacrônico. Nem lembro mais a última vez que vi uma. Diferente da minha concepção dialética da história que a cada crise do sistema financeiro global ganha novo vigor.

Para piorar, o filme se chama Notícias de Antiguidades Ideológicas. Só consigo ver outros dois títulos de filme que conseguem igualmente, na sua sinceridade, manter a plateia afastada: Evita e Cilada. Contam-me que no Brasil a projeção teve intervalos para almoço, lanche e jantar. É o que se pode chamar de versão 3D. Uma dormidinha depois de cada refeição. Aliás, para quem gosta de roncar no cinema, o filme de Kruge é um prato cheio. Dura uma noite inteira.

Engels argumentou que a lógica da indústria do entretenimento é a criação de produtos rápidos e de fácil consumo. E que um longuíssima-metragem como esse, com depoimento do ensaísta Hans Magnus Enzensberger, do filósofo Peter Sloterdijk e do cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard, é uma maneira de se contrapor a esse formato que anestesia as plateias. Discordei completamente. Quero que a classe operária chegue ao paraíso sem passar pelo purgatório. Só não disse nada porque foi Engels quem financiou O Capital. É preciso manter uma boa relação com os investidores.

O mundo anda muito impaciente e solicitado. O camarada que desejar popularizar os conceitos contidos em O Capital tem de tentar, minimamente, seduzir o proletariado. As armas capitalistas são poderosas. Se queremos transformar a sociedade temos de encarar a concorrência com os Transformers.

[grrr] INDEPENDENCE DAY #7desetembro



- MUITA CALMA NESSA HORA

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

[agência pirata] IMPÉRIO PIRATA



::txt::Tiago Cordeiro::

Não roubarás. “Copiarás.” É assim, com um único mandamento, que uma nova seita criada na pequena cidade de Uppsala, a 70 km da de Estocolmo, capital da Suécia, planeja conquistar fiéis pelo mundo. Mas quem passar por lá não verá sede, nem santos. Os adeptos da Igreja Missionária do Kopismo fazem tudo pela internet. Eles se reúnem em salas virtuais para compartilhar cópias de textos, músicas e vídeos. Lá, debatem lemas como “o software pago é comparável à escravidão”, entre outros lemas libertários sobre tecnologia. Os cultos, fechados, são conduzidos pelo seu fundador, o estudante de filosofia Isaac Gerson, de 19 anos, que prega o livre compartilhamento como algo sagrado. Nenhum deles compra livros, CDs ou DVDs, nem utiliza programas como Windows ou iTunes. Usam o sistema aberto Linux nos computadores e, para justificar os atos fora da lei, costumam afirmar que impedir a comunhão da cultura, ou cobrar por ela, é inaceitável. “Somos contrários a qualquer tipo de controle da informação. Ninguém tem o direito de dizer às pessoas o que ler, ouvir ou ver”, afirma Gerson, que, em maio deste ano, enviou ao governo sueco uma petição para que o Kopismo se torne de fato uma igreja reconhecida.

Por enquanto, para quem está de fora, a seita parece uma brincadeira. Exatamente como aconteceu com a principal influência do grupo, o site de torrents The Pirate Bay, também da Suécia. Fundado em 2003 por 3 garotos de 20 e poucos anos que queriam compartilhar arquivos sem pagar nada por isso, se transformou, quase sem querer, num marco da cultura do grátis na internet. Gottfrid Svartholm, Fredrik Neij e Peter Sunde, seus fundadores, viraram símbolos de uma geração que tem acesso à cultura como nenhuma outra na história, pela internet, e fazem tudo por esse direito. Se você hoje vê um seriado americano no dia seguinte que ele passa na TV, deve agradecer a eles. Nos últimos anos, o site inspirou milhares de blogs, partidos políticos na Europa que já se espalham pelo mundo e grupos de hackers, ativistas e acadêmicos. Uma nova religião é apenas mais uma amostra dessa ideologia de liberdade do barco pirata virtual.

DA CADEIA AO PALANQUE

Quem vê o trio que criou o The Pirate Bay pelas ruas de Estocolmo talvez não imagine o que o grupo foi capaz de causar na economia e na política mundial. Pouco sociáveis, nenhum deles usa terno: Gottfrid Svartholm, hoje com 26 anos, é um engenheiro da computação que cultiva um cavanhaque de 15 centímetros de comprimento e só usa camisetas pretas de bandas de rock; Fredrik Neij, 33, é um tímido programador que nunca gostou de aparecer; e Peter Sunde, 32, é um especialista de TI e relações-públicas com cara de bom moço que sempre está viajando pelo mundo para conhecer novos lugares.

No começo, toda a estrutura do The Pirate Bay ficava dentro de um quarto. Depois de perceberem o alcance, os garotos investiram num escritório em Estocolmo e em servidores de peso espalhados pelo mundo. “Nossa proposta era inovadora na época: criar um ambiente onde os internautas pudessem explorar, sem limites, toda a liberdade que a internet proporciona”, diz Sunde. O site hoje tem 25 milhões de frequentadores recorrentes e 4 milhões de usuários registrados. O cálculo do prejuízo que ele já gerou também é estrondoso. Segundo números da associação de gravadoras RIAA (Recording Industry Association of America), o Pirate Bay é o maior responsável pelos US$ 7 bilhões anuais que a indústria do entretenimento perde por causa dos downloads ilegais.

Como era de se esperar, o crescimento do The Pirate Bay causou forte resistência por parte dos grupos comerciais. A mando de entidades que representavam gravadoras e estúdios de cinema, a primeira ocupação policial na sede do site ocorreu em 2006. Daí em diante foram centenas de ameaças processuais vindas de todo o mundo. Em abril de 2009, pouco antes do lançamento daquele que seria o filme mais baixado por torrent do ano, Star Trek, os 3 acabaram condenados a um ano de cadeia e ao pagamento de uma multa de US$ 4,2 milhões. Depois de comprovar que o juiz Tomas Norström (o mesmo que autorizou a ação policial de 2006) era integrante de dois grupos antipirataria, eles recorreram da sentença, e, em novembro passado, a pena foi retirada.

Enquanto a briga se estendia pelos tribunais, o ideal de livre compartilhamento e de luta contra a propriedade intelectual ganhou proporção global. A maior influência ocorreu na formação do Partido Pirata, em 2006. Hoje ele já é o maior da Suécia em número de afiliados e, em 2009, elegeu 2 deputados para o Parlamento Europeu. Pelo mundo, outros 22 países contam com representação oficial. A versão alemã, a mais popular, possui 48 cargos locais. Outros 30 países contam com agremiações piratas não-registradas, incluindo o Partido Pirata do Brasil (PPBr), que quer se formalizar até outubro deste ano e concorrer às eleições municipais em 2012. Com a ideologia de “difusão total de conhecimento”, os piratas da política planejam democratizar o acesso à cultura nos mundos online e físico. “As leis que regulam a propriedade intelectual perderam a função original de estimular inovação: servem apenas a interesses econômicos”, diz Luiz Felipe Cruz, integrante do PPBr, que ainda não tem presidente.

Até políticos tradicionais tentaram tirar uma casquinha. Quando Sunde visitou o Brasil para participar do Fórum Internacional de Software Livre, em 2009, o nosso então presidente lhe ofereceu asilo político. “Lula me procurou para dizer que, se eu estivesse ameaçado de prisão na Suécia, poderia viver no Brasil, porque os dois países não têm acordo de extradição”, conta o pirata.

Esta ideologia de liberdade total impulsionada pelos suecos, no entanto, pode servir para atos de gosto questionável. Retrato disso foi a polêmica de setembro de 2008, quando surgiu no The Pirate Bay um link com fotos da autópsia de duas crianças assassinadas. O pai, Nicklas Jangestig, pediu desesperadamente que o torrent fosse removido. Seguindo o princípio radical de que absolutamente toda informação é livre, o The Pirate Bay se recusou a retirar o link, assim como não aceitou tirar do ar a conexão com um site norte-americano de pedofilia. A polêmica fez com que o número de downloads das fotos chegasse a 50 mil por dia. “Não é nosso trabalho julgar se é ético ou antiético o que outras pessoas querem postar e baixar na internet”, diz Sunde.

CONTRA TUDO E TODOS
“O argumento de que a cultura do The Pirate Bay defende a democratização da informação é uma falácia. Todo o material que eles disponibilizam existe por vias legais, basta que o consumidor seja honesto e pague a seus autores”, diz Tim Kuik, diretor da organização holandesa BREIN, que se dedica a caçar piratas. Com o fim do processo judicial de 2009 e a nova administração, a guerra contra o The Pirate Bay e todos os sites de torrent parece ter se intensificado. Em maio deste ano, chegou ao Senado americano o Protect IP Act, um projeto de lei que facilita a retirada do ar de todo e qualquer site que veicule material sem direitos autorais.

Mas para o jornalista Anders Rydell, autor de Piraterna, sem edição no Brasil, livro sobre o movimento pirata sueco, o esforço de remover os arquivos ou criar uma legislação para impedir a troca de arquivos online é inútil. “A cultura do torrent é maior do que qualquer site”, diz Rydell. A solução para a indústria, afirma, é oferecer produtos com recursos extras, além de melhor qualidade e preço acessível. Do contrário, farão crescer o sentimento de “mártires digitais” entre quem baixa músicas e filmes pela internet.

O professor de Arte e Tecnologia, David Darts, da Escola de Cultura de Steinhardt, em Nova York, faz parte do grupo de teóricos que acredita que os benefícios da cultura pirata são maiores que os malefícios. Tanto é que ele elaborou, em 2010, a Pirate Box, uma caixinha portátil com roteador que cria um servidor anônimo para seus alunos compartilharem os arquivos que quiserem na sala de aula. Desenvolvida de forma aberta, ela pode ser aperfeiçoada e comprada por qualquer pessoa por 100 dólares. ”Para mim, o que as pessoas chamam de pirataria é apenas uma forma muito satisfatória de compartilhar cultura”, afirma.

De escolas a congressos, o barco pirata, ao que parece, já conquistou o mundo. Se a partir de agora eles se tornarão heróis ou vilões, é difícil prever. O que sabemos é que, por meio da batalha deles com a indústria, mudamos nossa concepção de consumir cultura. E é o resultado desta briga que dirá como ouviremos músicas e assistiremos a filmes no futuro.

[over12] VÍCIO E VIRTUDE

Em virtude de não termos virtudes, este blog segue no vício.
O hospício.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

[do além] #PRONTOFALEI



::txt::Pero Vaz de Caminha::

Quando fui convidado a assumir o cargo de escrivão oficial da Armada de Cabral, fiquei deveras honrado. Pareceu-me uma tarefa gloriosa: relatar às Cortes de Lisboa o que encontraríamos no caminho para as novas índias. Não confundir com o novo caminho para as Índias. Era razoável vislumbrar que eu me candidatara, naquele momento, a ser o escritor de uma das páginas mais importantes da história da humanidade. Não achei desmedido sonhar com o Pulitzer.

Foi-me entregue a estrutura que pedi, me deram boas condições de trabalho. Não tenho do que me queixar. Mas as coisas não saíram como planejadas. Pelo menos não na cobertura da expedição. Logo depois da nau recolher a âncora, vazaram alguns tuítes que quase comprometeram a empreitada. Num deles, um tripulante perguntava se em Pindorama a voltagem era 110 ou 220. O que fez muita gente duvidar do real coeficiente de aventura que envolvia nossa expedição.

Vi que ia ser difícil tomar conta da situação. Todos que estavam a bordo eram potenciais concorrentes, senão à glória jornalística, à atenção da corte e do povo. Munidos de telefones com câmeras, cada marujo começou a emitir sua versão da expedição. Não deu outra. Em pouco tempo, alguns ganharam fama repentina escrevendo como um Cabral gago. Vai entender as coisas que funcionam nas redes sociais. Outros arrastaram hordas de seguidores simplesmente sacaneando os meus posts. Um engraçadinho propôs a rashtag #lugaresparaprimeiramissa e a partir dali as timelines foram tomadas de todo tipo de sugestão. A que mais me causou graça foi: na Igreja Universal.

Enquanto isso, eu tentava impressionar a corte e a plebe com posts longos, rebuscados e de pífia repercussão. É duro ser oficial. Antes de publicar qualquer coisa, é preciso apurar, conferir as fontes, passar pelo crivo do editor e depois pela revisão. Vocês não imaginam o trabalho que dá publicar uma simples informação objetiva como esta: quarta-feira, 22 de abril: Neste dia, a horas de vésperas, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele: e de terra chá, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome:O MONTE PASCOAL e à terra: a TERRA DA VERA CRUZ. Até esse processo todo se concluir, alguém já te fura dando um check-in no foursquare.

Quando fui abrir minha conta no Twitter, o @caminha não estava disponível. Tive de me contentar com o @caminharealmesmodeverdade. Ficou claro que não seria fácil arregimentar seguidores. O Caminha fake era muito mais divertido e sem compromissos. Propus à Corte promover o sorteio de alguns iPads para mantermos o interesse do público pelo relato oficial nas redes sociais. Mas o rei falou que o momento português não recomenda esse tipo de investimento e que para comprar tais artefatos teria de pedir dinheiro emprestado aos bancos europeus.

De qualquer forma, não tenho muito a lamentar. Um ano que já teve Primavera árabe, tsunami no Japão, morte do Bin Laden, falecimento da Amy, massacre de Oslo, chacina no Realengo, enchentes na Serra Fluminense, crise dos mercados financeiros, rebaixamento da nota da dívida americana, queda do Kaddafi e assassinato da Norma, os relatos da descoberta de uma nova sede para eventos esportivos mundiais não permaneceriam nem 15 minutos nos Trending Topics.

#ALGUNS DIREITOS RESERVADOS

Você pode:

  • Remixar — criar obras derivadas.

Sob as seguintes condições:

  • AtribuiçãoVocê deve creditar a obra da forma especificada pelo autor ou licenciante (mas não de maneira que sugira que estes concedem qualquer aval a você ou ao seu uso da obra).

  • Compartilhamento pela mesma licençaSe você alterar, transformar ou criar em cima desta obra, você poderá distribuir a obra resultante apenas sob a mesma licença, ou sob licença similar ou compatível.

Ficando claro que:

  • Renúncia — Qualquer das condições acima pode ser renunciada se você obtiver permissão do titular dos direitos autorais.
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    • Limitações e exceções aos direitos autorais ou quaisquer usos livres aplicáveis;
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