#CADÊ MEU CHINELO?

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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

[agência pirata] IMPÉRIO PIRATA



::txt::Tiago Cordeiro::

Não roubarás. “Copiarás.” É assim, com um único mandamento, que uma nova seita criada na pequena cidade de Uppsala, a 70 km da de Estocolmo, capital da Suécia, planeja conquistar fiéis pelo mundo. Mas quem passar por lá não verá sede, nem santos. Os adeptos da Igreja Missionária do Kopismo fazem tudo pela internet. Eles se reúnem em salas virtuais para compartilhar cópias de textos, músicas e vídeos. Lá, debatem lemas como “o software pago é comparável à escravidão”, entre outros lemas libertários sobre tecnologia. Os cultos, fechados, são conduzidos pelo seu fundador, o estudante de filosofia Isaac Gerson, de 19 anos, que prega o livre compartilhamento como algo sagrado. Nenhum deles compra livros, CDs ou DVDs, nem utiliza programas como Windows ou iTunes. Usam o sistema aberto Linux nos computadores e, para justificar os atos fora da lei, costumam afirmar que impedir a comunhão da cultura, ou cobrar por ela, é inaceitável. “Somos contrários a qualquer tipo de controle da informação. Ninguém tem o direito de dizer às pessoas o que ler, ouvir ou ver”, afirma Gerson, que, em maio deste ano, enviou ao governo sueco uma petição para que o Kopismo se torne de fato uma igreja reconhecida.

Por enquanto, para quem está de fora, a seita parece uma brincadeira. Exatamente como aconteceu com a principal influência do grupo, o site de torrents The Pirate Bay, também da Suécia. Fundado em 2003 por 3 garotos de 20 e poucos anos que queriam compartilhar arquivos sem pagar nada por isso, se transformou, quase sem querer, num marco da cultura do grátis na internet. Gottfrid Svartholm, Fredrik Neij e Peter Sunde, seus fundadores, viraram símbolos de uma geração que tem acesso à cultura como nenhuma outra na história, pela internet, e fazem tudo por esse direito. Se você hoje vê um seriado americano no dia seguinte que ele passa na TV, deve agradecer a eles. Nos últimos anos, o site inspirou milhares de blogs, partidos políticos na Europa que já se espalham pelo mundo e grupos de hackers, ativistas e acadêmicos. Uma nova religião é apenas mais uma amostra dessa ideologia de liberdade do barco pirata virtual.

DA CADEIA AO PALANQUE

Quem vê o trio que criou o The Pirate Bay pelas ruas de Estocolmo talvez não imagine o que o grupo foi capaz de causar na economia e na política mundial. Pouco sociáveis, nenhum deles usa terno: Gottfrid Svartholm, hoje com 26 anos, é um engenheiro da computação que cultiva um cavanhaque de 15 centímetros de comprimento e só usa camisetas pretas de bandas de rock; Fredrik Neij, 33, é um tímido programador que nunca gostou de aparecer; e Peter Sunde, 32, é um especialista de TI e relações-públicas com cara de bom moço que sempre está viajando pelo mundo para conhecer novos lugares.

No começo, toda a estrutura do The Pirate Bay ficava dentro de um quarto. Depois de perceberem o alcance, os garotos investiram num escritório em Estocolmo e em servidores de peso espalhados pelo mundo. “Nossa proposta era inovadora na época: criar um ambiente onde os internautas pudessem explorar, sem limites, toda a liberdade que a internet proporciona”, diz Sunde. O site hoje tem 25 milhões de frequentadores recorrentes e 4 milhões de usuários registrados. O cálculo do prejuízo que ele já gerou também é estrondoso. Segundo números da associação de gravadoras RIAA (Recording Industry Association of America), o Pirate Bay é o maior responsável pelos US$ 7 bilhões anuais que a indústria do entretenimento perde por causa dos downloads ilegais.

Como era de se esperar, o crescimento do The Pirate Bay causou forte resistência por parte dos grupos comerciais. A mando de entidades que representavam gravadoras e estúdios de cinema, a primeira ocupação policial na sede do site ocorreu em 2006. Daí em diante foram centenas de ameaças processuais vindas de todo o mundo. Em abril de 2009, pouco antes do lançamento daquele que seria o filme mais baixado por torrent do ano, Star Trek, os 3 acabaram condenados a um ano de cadeia e ao pagamento de uma multa de US$ 4,2 milhões. Depois de comprovar que o juiz Tomas Norström (o mesmo que autorizou a ação policial de 2006) era integrante de dois grupos antipirataria, eles recorreram da sentença, e, em novembro passado, a pena foi retirada.

Enquanto a briga se estendia pelos tribunais, o ideal de livre compartilhamento e de luta contra a propriedade intelectual ganhou proporção global. A maior influência ocorreu na formação do Partido Pirata, em 2006. Hoje ele já é o maior da Suécia em número de afiliados e, em 2009, elegeu 2 deputados para o Parlamento Europeu. Pelo mundo, outros 22 países contam com representação oficial. A versão alemã, a mais popular, possui 48 cargos locais. Outros 30 países contam com agremiações piratas não-registradas, incluindo o Partido Pirata do Brasil (PPBr), que quer se formalizar até outubro deste ano e concorrer às eleições municipais em 2012. Com a ideologia de “difusão total de conhecimento”, os piratas da política planejam democratizar o acesso à cultura nos mundos online e físico. “As leis que regulam a propriedade intelectual perderam a função original de estimular inovação: servem apenas a interesses econômicos”, diz Luiz Felipe Cruz, integrante do PPBr, que ainda não tem presidente.

Até políticos tradicionais tentaram tirar uma casquinha. Quando Sunde visitou o Brasil para participar do Fórum Internacional de Software Livre, em 2009, o nosso então presidente lhe ofereceu asilo político. “Lula me procurou para dizer que, se eu estivesse ameaçado de prisão na Suécia, poderia viver no Brasil, porque os dois países não têm acordo de extradição”, conta o pirata.

Esta ideologia de liberdade total impulsionada pelos suecos, no entanto, pode servir para atos de gosto questionável. Retrato disso foi a polêmica de setembro de 2008, quando surgiu no The Pirate Bay um link com fotos da autópsia de duas crianças assassinadas. O pai, Nicklas Jangestig, pediu desesperadamente que o torrent fosse removido. Seguindo o princípio radical de que absolutamente toda informação é livre, o The Pirate Bay se recusou a retirar o link, assim como não aceitou tirar do ar a conexão com um site norte-americano de pedofilia. A polêmica fez com que o número de downloads das fotos chegasse a 50 mil por dia. “Não é nosso trabalho julgar se é ético ou antiético o que outras pessoas querem postar e baixar na internet”, diz Sunde.

CONTRA TUDO E TODOS
“O argumento de que a cultura do The Pirate Bay defende a democratização da informação é uma falácia. Todo o material que eles disponibilizam existe por vias legais, basta que o consumidor seja honesto e pague a seus autores”, diz Tim Kuik, diretor da organização holandesa BREIN, que se dedica a caçar piratas. Com o fim do processo judicial de 2009 e a nova administração, a guerra contra o The Pirate Bay e todos os sites de torrent parece ter se intensificado. Em maio deste ano, chegou ao Senado americano o Protect IP Act, um projeto de lei que facilita a retirada do ar de todo e qualquer site que veicule material sem direitos autorais.

Mas para o jornalista Anders Rydell, autor de Piraterna, sem edição no Brasil, livro sobre o movimento pirata sueco, o esforço de remover os arquivos ou criar uma legislação para impedir a troca de arquivos online é inútil. “A cultura do torrent é maior do que qualquer site”, diz Rydell. A solução para a indústria, afirma, é oferecer produtos com recursos extras, além de melhor qualidade e preço acessível. Do contrário, farão crescer o sentimento de “mártires digitais” entre quem baixa músicas e filmes pela internet.

O professor de Arte e Tecnologia, David Darts, da Escola de Cultura de Steinhardt, em Nova York, faz parte do grupo de teóricos que acredita que os benefícios da cultura pirata são maiores que os malefícios. Tanto é que ele elaborou, em 2010, a Pirate Box, uma caixinha portátil com roteador que cria um servidor anônimo para seus alunos compartilharem os arquivos que quiserem na sala de aula. Desenvolvida de forma aberta, ela pode ser aperfeiçoada e comprada por qualquer pessoa por 100 dólares. ”Para mim, o que as pessoas chamam de pirataria é apenas uma forma muito satisfatória de compartilhar cultura”, afirma.

De escolas a congressos, o barco pirata, ao que parece, já conquistou o mundo. Se a partir de agora eles se tornarão heróis ou vilões, é difícil prever. O que sabemos é que, por meio da batalha deles com a indústria, mudamos nossa concepção de consumir cultura. E é o resultado desta briga que dirá como ouviremos músicas e assistiremos a filmes no futuro.

domingo, 28 de junho de 2009

MAIS +ou- MENAS #007

FISL, PORTO ALEGRE, BRASIL
que dia é hoje?

O único caderno dominical publicado no sábado e lido na segunda





TAPA NA ORELHA

dj basket sound system

editor sonoro de O DILÚVIO Space Radio

Acabo de conquistar dois espaços ao mesmo tempo. Uma coluna no caderno dominical +ou- e outra no blog Chicultura, também semanal. Minha função é fazer o que mais curto: ouvir música e indicar os caminhos pra tomar um bom tapa sonoro na sua orelha, prezado cágado ou prezada pomba.

E pra de começo de conversa, quero indicar o site Jamendo, que tem um acervo de mais de 20 mil álbuns disponibilizados em Creative Commons por artistas e bandas de todo o mundo. Entre tantas coisas, encontrei disponível um álbum Latino Tracks vol. 1, do Flu . Uma licença em CC é bom pra quem baixa tanto quanto pro artista. Pra quem curte pesquisar, ir a procura de novos sons, entre no site e se divirta.

  


Disco novo na parada. A banda Luisa Mandou um Beijo tá com novo trabalho. Não é muito a minha praia, mas talvez você possa curtir. É um rock levado. Mas a banda é boa, as músicas tem corpo e está bem produzido. É só uma questão de onda. Saiba mais no myspace da banda. Vale por "A Odalisca e o Pirata".

Sensacional é como defino a banda Instituto Mexicano del Sonido (ou Mexican Institut of Sound). Os chicanos mandam bem na explosão de latinidades e eletrônica. O verdadeiro tapa na orelha pra fazer jus ao nome da coluna. Procurem no oráculo pelo novíssimo CD dos moleques, Soy Sauce. Os porros caribenhos fizeram efeito na aparelhagem. Viaje ao som de "Sinfonia Agridulce". De curiosos títulos, "White Stripes" e "Karate Kid 2". É video-game com salsa. Acesse o myspace do MIS.



Quem lança EP e está perto de acabar o segundo disco é CéU. O EP, Cangote, tem apenas quatro músicas e já dá uma breve noção do que pode ser "Vagarosa", novo disco da cantora e previsto pra ser lançado em breve. Tá menos Beto Villares e mais Sonantes. Não que isso seja melhor ou pior. Mas a característica samba cede espaço a etiqueta jamaica, embora rótulos nem sempre são bons. Quer saber mais? Ouça a página de Céu no Myspace.







PIRATE BAY

Aracele Torres

colunista do Trezentos


Suécia: Tomas Norstrom não foi tendencioso. Brasil: Peter Sunde: Continuem a copiar!

Como se já não bastasse os absurdos de ter condenado os quatro administradores do site The Pirate Bay a um ano de prisão, ter estipulado o pagamento de cerca de 3,6 milhões de dólares em multa e depois ter congelado suas contas bancárias, agora a justiça sueca recusou a apelação feita pela defesa do TPB, que alegava que o juiz responsável pelo caso teria sido tendencioso.

Os advogados do TPB haviam pedido um novo julgamento tendo em vista que o juiz, Tomas Norstrom, responsável pela sentença de condenação do grupo, é membro da Associação Sueca do Direito Autoral. Mas, nesta quinta-feira (25), a corte sueca determinou (pasmem!) que Tomas Norstrom não foi tendencioso.

Se a condenação de um site de Bit Torrent, que facilita o compartilhamento não autorizado de arquivos sob copyright, como é o caso do The Pirate Bay, não seria interessante ou desejável para um membro da Associação Sueca do Direito Autoral, então, eu não sei para quem poderia ser. Isso é uma piada!

Enquanto isso…

Enquanto lá na Suécia a justiça tenta, descaradamente, favorecer às indústrias fonográfica e cinematográfica, aqui no Brasil, Peter Sunde, um dos cabeças do TPB, lança várias críticas ao modelo de negócio delas. Durante sua palestra no FISL (Fórum Internacional de Software Livre), que está acontecendo em Porto Alegre, Peter, disse que por se recusarem a achar um novo modelo de negócio essas indústrias estão fadadas ao fim.

Ele defendeu, ainda, o direito do público de copiar obras para qualquer finalidade: “Se uma obra tem licenças, então ela tem restrições. Sou contra qualquer tipo de restrição. Todo mundo deveria ter o direito de baixar o quanto e o que quiser, seja para qualquer finalidade, comercial ou não. O público já decidiu que não deseja pagar nada pelo conteúdo.”

E segue o principal recado de Sunde: Não parem de copiar!


photo: Mariel Zasso







P2P

Cristina De Luca

autora do blog Circuito

87% dos usuários não sentem criminosos

O "Primeiro Relatório MuyComputer" sobre o uso de serviços P2P está dabdo o que falar. Os números atestam mais uma vez a percepção de legalidade dos usuários de redes de compartilhamento. Nada menos que 87% dos 3.830 internautas consultados não acreitam estar cometendo nenhum crime ao compartilhar arquivos protegidos por direitos de autor. Tem mais: 86% garante que as campanhas oficiais de combate a pirataria não afeta a todos os que fazem uso da tecnologia P2P.

Clique aqui para ver a íntegra da pesquisa.






ÁGUAS PASSADAS

Tiago Jucá Oliveira

ex-aluno do Pereira Coruja

Filhote de Coruja


Professora Luzia me pergunta em tom de lamento, por e-milho: "VIU SÓ O QUE ACONTECEU COM A NOSSA PEREIRA CORUJA? ESTAMOS DESOLADOS, MAS COM MUITA ESPERANÇA NA SUA RECONSTRUÇÃO. ABRAÇO, LUZIA"

Pereira Coruja foi onde fiz todo o meo segundo grao, em São José do Tibiquari, pequeno e bonito município interiorano da Província de São Pedro. Mais que isso. Fui presidente do Grêmio Estudantil dacoela escola estadual. Época dos caras pintadas, geração pós-lata, que ainda não tivera o prazer de levantar uma Copa do Mundo. Pelé, Gérson e Rivelino eram mitos; e Dunga era a triste realidade, marcado em brasa perché esqueceu de anotar a placa do Maradona.

Eu diria que vivíamos uma era final. Muita coisa se encerrava nacoele final de século antecipado. Fim que dera o primeiro sinal na queda do muro de Berlin, enquanto a utopia populista Brizola-Lula desmoronava perante o Caçador de Marajás. Ao som quase mórbido do Nirvana. Reclamávamos que nossos pais tinham sido manipulados pela mídia em 89, mas em 92 foi nossa vez de entrar pro circo. Elite jornalística e política depositaram a merda na patente na histórica eleição pós-Sarney, mas nacoela altura do certame queriam dar a descarga. Então pintaram nossa cara de preto, e nos levaram às ruas na missão de descollorir o planalto.

No Tibiquari, cidade conservadora nas coestões políticas - o cruel Costa e Silva não era de lá por acaso -, mobilizamos os estudantes e os partidos de oposição. Em palanque montado na Praça da Matriz, bradei ao microfone: "onde estão os partidos que apoiaram a eleição do Collor? Per chè não aparecem para falar e ficam se escondendo atrás das árvores?" Era ano de eleições municipais, e o candidato a vice-prefeito do então PDS espiava entre os galhos minha inocente rebeldia e a de outros candidatos a prefeito e vereador, que se aproveitaram da posição nacional de seos partidos pra ganhar mais votos.

Pode parecer mentira, mas eu era envolvido na política. Além de presidente do Grêmio, eu era vice-presidente da Juventude Socialista do PDT local. O brizolismo que corria em minhas veias não foi suficiente pra me calar diante do desgoverno de meo quase padrinho de batismo Alceu Collares. Sem consultar meu partido - nem creio que devia ter feito isso -, convoquei, através do Grêmio, um ato de protesto contra o hilariante e caprichoso calendário rotativo da Neusa. E durante o dia inteiro fechamos a rua em frente ao Pereirão.

Naquele dia passei a dar mais prestígio a um político tibiquarense. Gênis Muxfeldt, candidato a vice na chapa PMDB-PDT-PT e principal quadro dos trabalhistas, transitava de carro coando foi barrado por nós. Deu total apoio. Jamais me repreendeu em público ou em particular. Pelo contrário. Ele parecia acreditar nacoele projeto humano de 16 anos que se negava a calar. Passei a marcar presença no horário eleitoral, sempre soltando tiro pra tudo que é lado. A reação foi forte. Fui insultado nos comícios do PDS-PTB por um candidato a vereador e intimidado na rua por meia dúzia de covardes, entre eles o filho do atual prefeito, que também vencera o pleito daquele ano.

Fora do universo político, nossa gestão foi recordista em vários aspectos. Realizamos os maiores campeonatos de basket e de voley de dupla. O concurso mais rentável e com maior número de candidatas ao Miss Brotinho da cidade. Assim como o Municipal de Voley de Duplas, recordista em participantes. Creio que alguns números ainda não foram batidos, 16 anos depois. Agilizamos jornal, projeto de lei municipal em defesa dos animais, protestos e constante diálogo com alunos e representantes de turma. De ruim, só meo momento pop-getulista a la Jânio: em vez do suicídio, renunciei por uns meses, chocado com a morte de meo pai e chapado com diversas doses diárias de erva. Retomei coando notei que os inimigos cultos se aproveitavam de minha ausência pra retornar ao Grêmio.

Apesar do engajamento, eu também era enganjado. E em muitos momentos de deslucidez aprontei tudo que é tipo de malandragem na escola. Uma meia dúzia de bicicletas costumavam aparecer penduradas nas árvores. Botei fogo num rabo de papel que haviam laçado nas calças do Luís Sérgio. Rasguei alguns cadernos do Quimico. Entreguei uma prova coase em branco pro Juca Bala. Coase, pois havia um FUCK YOU bem grande ocupando a folha. Impedido de ir ao banheiro, pulava a janela escondido e voltava pela porta, deixando o professor Pedro Paulo desconcertado e perplexo. E costumava entrar pela janela nas salas de outras turmas. Uma professora (esqueci o nome, a mãe da Paula, minha colega) abriu a porta e pediu pra eu sair. Saí pela janela, ouvindo gritos de "volta aqui, seu praga"!

Roubei uma prova de Física, guardada dentro da sala da direção,com um esquema bem bolado por mim e meos colegas (exceto a inimiga culta, inteligente demais pra participar da sabotagem, embora não tenha dado com a língua nos dentes), a fim de evitar que Pedro Paulo reprovasse mais da metade da turma. Irritados pela minha constante perturbação em sala de aula, meos colegas Bira e o Rincão treinavam karatê pruma luta que marcaram comigo. Sabedor da preparação deles, me fiz de loco. A escola inteira, após o turno da manhã, parou pra ver uma briga, mas acabou por assistir a uma legitima palhaçada. Desengoçado que eu era, mexia meos longos braços e pernas pra tudo que é lado, aos gritos de YAH, YAH, YAHYAH!, imitando um samurai japonês. Meos adversários não se agüentaram e caíram na risada também. E refizemos a amizade.

Não há como negar. O Pereira Coruja foi muito importante no pouco que sou hoje. Briguei e brinquei, colei e dei cola. Professores, colegas e amigos marcaram acoele momento único em minha vida. Após ler e-mail da Luzia, pesquisei no orkut e em um minuto descobri que o Pereira Coruja havia pegado fogo semana passada. Queimou coase tudo, mas não minhas lembranças duma juventude sadia e pitoresca, sonhadora e dorminhoca. Mesmo com tantas dificuldades por coais passam as escolas estaduais - desde o professor Ruy Ostermann até o atucanato de hoje coase nada de bom foi feito -, o Pereira Coruja me encaminhou pra universidade. Formou um jornalista, mas acima disso, acoelas pessoas com as coais convivi me fizeram um homem de caracter. Não posso mentir pra você, professora Luzia. Se um vidente me garantisse que nem Deus impediria as chamas de queimar nossa querida escola, eu mesmo trataria de riscar o fósforo. Só um protesto. Eu seria o vilão, mas pelo menos a desgovernadora viria a público dar uma voz de carinho ao ensino público. "Vejam o que esses marginais estão fazendo com nossas escolas", diria ela ao vivo na televisão. Ironia ou coincidência, mas meo cartaz de protesto dizia a mesma cousa. Colou de mim? Vejam vocês!


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