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sexta-feira, 23 de setembro de 2011
[ebook] BATACLAVAS E OS PROFETAS DO CAOS
::txt::Nego Dito::
RESUMO: “Balaclavas & Os Profetas do Caos – manufatura libertária Vs indústria da rebeldia” é um livro-reportagem desavergonhadamente old school num eterno affair pós-moderno. Uma roupagem anti-diplomática retroalimenta-se na metodologia underground do Gonzo Jornalismo para narrar política desde as retinas da contramaré.
RESENHA: São seis capítulos independentes no foco mas conectados na temática: um anarquista travestido de repórter, um repórter trajado de anarquista, as estratégias de resistência do anarcoindividualismo contemporâneo narradas de dentro, relatadas a partir da vivência crua e intensa, da proximidade medular com os fatos e personagens.
É um livro que relata as principais experiências libertárias pinçadas pelo repórter durante o ano de 2007, um cenário que se desnuda para desde uma visão individualista, a overdose sempre em mutação herdada de Max Stirner. Mas não apenas isso, e é aqui que se faz necessário apontar um detalhe deveras significativo: é um livro-reportagem que aborda somente alguns poucos aspectos do anarcoindividualismo contemporâneo, um recorte que pode servir para compreender algumas práticas libertárias específicas, mas que, DE FORMA ALGUMA, tem a pretensão de refletir o horizonte libertário em toda sua jaez. Trata- se apenas de um recorte, bastante subjetivo, talvez um tanto expressivo, mas ainda assim apenas um SUBJETIVO e modesto RECORTE. É importante ter isso sempre presente.
O livro peca – e muuuito – pelos excessos: de sarcasmo, bom humor, mau gosto, péssimo humor, ironias, frivolidades, desprezo, autodesprezo, tiro curto e baixa amplitude. Apesar de tudo, são pecados literariamente deliciosos e que sacam da narrativa qualquer piedade ideológica, qualquer esperança de bajulação hiperbólica e/ou superlativa, e até qualquer vaga ideia de jornalismo panfletário com sua hipodermia tendenciosa. “Balaclavas” é jornalismo a partir do anarquismo, e anarquismo a partir do jornalismo. A estética, o formato, a plástica e a metodologia fundem ambos num bacanal nada cartesiano.
São 280 páginas que começam com o prefácio escrito pelo jornalista Jeferson Augusto, e um ácido posfácio do teórico e militante da OASL (Organização Anarquista Socialismo Libertário – SP) e da FARJ (Federação Anarquista do Rio de Janeiro) Felipe Corrêa. Além, claro, de seis capítulos que se intercalam, todos com foco narrativo em primeira pessoa. O primeiro deles, intitulado “Nossa Senhora da Discórdia / Tô fodido pra caralho / Me proteja na esbórnia / Me masturbe no pecado” apresenta-se como uma introdução e, apesar de já em posse de todos os ingredientes de uma reportagem, é construído como um preâmbulo caseiro para cozinhar os demais capítulos. Trata-se de uma reunião entre amigos ocorrida numa noite de março em que, entre uma tragada e um trago, se desenrola um brain storm com a intenção de fazer brotar ideias insanas para intervenções de terrorismo poético.
O segundo capítulo leva o título de “Manual prático do caleidoscópio guerrilheiro – versão para amadores”, e narra a frustrada tentativa de aprendizado do repórter a respeito da estratégia de propaganda libertária de rua, o stencil. Quando o livro desembarca no terceiro capítulo acontece uma importante mudança geográfica, a narrativa se desloca para Porto Alegre e leva o título de “A liberdade é uma virgem sem hímen”. É uma grande-reportagem sobre ocupação urbana libertária e tem como foco principal o squat N4, nas cercanias do Aeroporto Salgado Filho. O N4 havia recém completado seu primeiro semestre de existência, e devido a seus 2.200 metros quadrados, quase tudo composto de restos de construção chamuscada rodeados por matagal, ainda requisitava muita labuta. No labor diário do N4 encontram-se quatro anarquistas, cada um com um contorno distinto, com tendências libertárias variadas.
Além do N4, este capítulo traz a visão de um anarcoindividualista, no caso o repórter, e sua dificuldade em compreender as estratégias da Federação Anarquista Gaúcha (FAG), especialmente nas comemorações de 1º de Maio. Este capítulo debate e vivencia, da mesma forma, o freeganismo, prática de consumo mínimo levada a cabo pelos anarquistas do N4.
No capítulo seguinte outro câmbio brusco na geografia, agora a narrativa se volta para São Paulo, onde acontecerão os protestos anti-G8 na Avenida Paulista, e onde se desenrola a ocupação da reitoria na maior universidade do Brasil, a USP. Aventuras junkies também contribuem pra compor o cenário que envolve o repórter durante o período que passa acampado na reitoria. Sobre o anti-G8, bem, assembleia preliminar, uma pitada black bloc e reportagem se desenrolando numa perspectiva de ação.
O quinto capítulo é intitulado “Perdigotos multicoloridos na incrível operação Pequeno Chuck Noris – codinome: assalto à comunicação”, e volta à temática das estratégias de propaganda anarcoindividualistas, de volta ao stencil, de volta ao Paraná. A diferença é que agora o contra-ataque é frontal: o alvo é um Posto Policial 24 horas, uma reação tão infantil quanto intempestiva, mas uma reação. Propaganda anarquista e ataque informativo, um tiro curto com pretensão única de provar que a reação é possível, importante, intensa e imprescindível. Mesmo que com prazo de validade breve e proporções minimalistas. O livro se encerra com o sexto e último capítulo “Let’s play that”, conectado ao primeiro por ser a concretização dos atos de terrorismo poético pensadas naquela ocasião: uma ligeira garoa de placas que cai sobre a cidade de Ponta Grossa, e o enforcamento de Armando Qüiproquó na passarela em frente ao terminal central de ônibus.
O livro está licenciado em Creative Commons e para baixá-lo gratuitamente é só clicar aqui. Este é o primeiro livro-reportagem escrito por Junior Bellé.
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