#CADÊ MEU CHINELO?

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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

[do além] CINEMASCÓPIO DO POVO




::txt::Karl Marx::

Eu não sei se vocês leram que um sujeito chamado Alexandre Kluge fez a adaptação de O Capital para o cinema. Seu filme tem quase dez horas de duração. Claro que você quer saber a minha opinião sobre a película. Eu digo. Não vi e não gostei. Tenho cá minhas razões. E se lhe parecer contraditório, lembre que sou dialético.

A publicação de O Capital animou revoluções pelo mundo afora. Mas foram poucos os que passaram das primeiras páginas do primeiro livro que compõe a obra. Muitos defenderam as ideias contidas ali com a própria vida, tendo lido somente a orelha. Achei que uma adaptação cinematográfica pudesse, enfim, reverter esse fato. E que sua exibição iria conscientizar as grandes massas de trabalhadores explorados, que pagam por um saco de pipoca e um balde de refrigerante mais do que pelo ingresso. Mas, pelo amor do ópio do povo, quem vai se interessar em ver um documentário de nove horas e meia, em tempos de Twitter?

Entendo que o cineasta se aventurou em um empreendimento difícil. Ele próprio confessou isso em entrevistas ao dizer que fazer um filme sobre O Capital é o mesmo que filmar a lista telefônica, com o agravante de que a última ainda permite certo tipo de representação que o meu ensaio econômico-filosófico não suporta. Depois dessa comparação, resolvi nem conferir o resultado. Lista telefônica é um negócio anacrônico. Nem lembro mais a última vez que vi uma. Diferente da minha concepção dialética da história que a cada crise do sistema financeiro global ganha novo vigor.

Para piorar, o filme se chama Notícias de Antiguidades Ideológicas. Só consigo ver outros dois títulos de filme que conseguem igualmente, na sua sinceridade, manter a plateia afastada: Evita e Cilada. Contam-me que no Brasil a projeção teve intervalos para almoço, lanche e jantar. É o que se pode chamar de versão 3D. Uma dormidinha depois de cada refeição. Aliás, para quem gosta de roncar no cinema, o filme de Kruge é um prato cheio. Dura uma noite inteira.

Engels argumentou que a lógica da indústria do entretenimento é a criação de produtos rápidos e de fácil consumo. E que um longuíssima-metragem como esse, com depoimento do ensaísta Hans Magnus Enzensberger, do filósofo Peter Sloterdijk e do cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard, é uma maneira de se contrapor a esse formato que anestesia as plateias. Discordei completamente. Quero que a classe operária chegue ao paraíso sem passar pelo purgatório. Só não disse nada porque foi Engels quem financiou O Capital. É preciso manter uma boa relação com os investidores.

O mundo anda muito impaciente e solicitado. O camarada que desejar popularizar os conceitos contidos em O Capital tem de tentar, minimamente, seduzir o proletariado. As armas capitalistas são poderosas. Se queremos transformar a sociedade temos de encarar a concorrência com os Transformers.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

[do além] PÁ DE KARL




::txt::Engels::

No começo, era tudo lindo. Eu deixava a barba crescer e logo a dele aparecia comprida também. Eu tuitava e, em seguida, ele dava um RT. Fazíamos tudo juntos, pensávamos parecido. Tinha gente que achava que eu me chamava Marx &, de tanto ouvir nossos nomes andarem juntos. Outros, que consideravam ossas ideias um tanto quanto nonsense, nos apelidaram de irmãos Marx. Qualquer coisa que um escrevia, mesmo que o outro nem tivesse dado palpite, ambos assinavam. Éramos assim tipo Lennon & McCartney. Aliás, seguindo nessa comparação, uma amiga dizia que o papel de Ringo cabia a Stalin, mas eu acho isso uma maldade com o Stalin.

Porém, em determinado momento, Marx me surpreendeu. Disse que se sufocado, que precisava de mais espaço para expressar suas ideias. Insinuou que fosse a hora de partir para uma carreira solo. E finalizou revelando que nossa produção, até então, muito panfletária.

Fiquei atônito, confuso. Não entendi que naquele momento estava se erguendo o muro de Berlim de nossa amizade. Como bom materialista, ainda teve coragem de me pedir uma grana emprestada, prometendo que, em alguns anos, aquilo viraria O Capital. Dei o dinheiro, não sou de perder uma oportunidade.

De Lennon & McCartney passamos a Roberto e Erasmo, comigo, obviamente, a fazer o papel de Tremendão e sem direito a receber homenagens do tipo: você meu amigo de fé meu irmão camarada. A partir daí, nossas carreiras se bifurcaram com visibilidades distintas.

Não sei se a intenção de Marx era a de me alienar da autoria do pensamento fundador da doutrina comunista. Se era esse o seu propósito, mais valia ele o ter deixado claro. O fato é que seu nome é o seu único sinônimo. Ninguém usa engelismo nem mesmo marxengelismo para se referir à concepção materialista e dialética da História. Para isso consagrou-se o termo marxismo. Fiquei relegado aos livros de história. Não figuro em bandeiras, flâmulas, camisetas e pôsteres. Enfim, não entrei para a cultura pop. Infelizmente, a ideia do comunismo virou propriedade privada de Marx.

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