#CADÊ MEU CHINELO?
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
[o inimigo do rei] PARTIDO TRABALHADOR
::txt::Martins Freire Lustrador::
::ntrdç::Tiago Jucá::
Esses dias, Rodrigo "Chaves" Jacobus fez uma de suas costumeiras visitas à redação dO DILÚVIO. Diz ele pra mim: "Mandachuva, te trouxe um presente, umas edições do O Inimigo do Rei, jornal que circulou a partir do final dos anos 70". Guardei o regalo, e deixei pra ler depois, com calma. Não pude deixar de rir já no primeiro sinal de manifestação de intenções do dito cujo: "um jornal antimonarquista", em época que a ditadura nem sonhava em ser a ditabranda. O pau comia até o atual presidente da república, personagem central do texto abaixo, do Lustrador, de setembro de 1979.
Há coisas ditas a 31 anos atrás que ou são proféticas ou são exatamente o contrário. O autor duvida que Lula consiga ter sucesso na criação de um partido somente de trabalhadores, mas já indica as ligações políticas do futuro partido com o MDB, hoje carne e unha da governabilidade.
Há também dentro do texto uma citação da Folha, um comentário hilário do periódico sampaulistano de quem um dia seria oposição "imparcial". Ahh, o tempo, meu amigo, o tempo.
Partido Trabalhador
Não faltasse a série de barbitúricos para adormecer e desviar o trabalhador da luta sindical direta, de enorme importância no momento e um grupo de “profetas illuminados”, inventou mais um.
O tal de partido trabalhador.
O que seja tal ajuntamento, nem os autênticos operários sabem ao certo.
Quando isso afirmamos excluímos, naturalmente, o “grupo de iluminados”, no qual pontifica o sabidíssimo “Lula”.
É através de seus pronunciamentos ou mais certeiramente através de suas “brizoladas”, de que vamos nos apercebendo o que venha ser tal agrupamento político, o denominado PT.
Inicialmente afirmou “Lula”, que o tal partido dos trabalhadores não visava a conquista do poder. Foi um Deus nos acuda, um corre no galinheiro que pega pra capar em chiqueiro de roça.
Seria o primeiro partido do brasil a não querer o poder. Algo assim como a roda quachada.
O “Lula” alertado em relação à “mancada”, muito timidamente retornou à ribalta e, como o menino que fez pipi nas calças na hora de recitar poesia, deu o dito por não dito, e o assunto caiu no esquecimento.
Muitos mais tarde, depois de inúmeras andanças, nas quais não faltaram afirmações de que o PT seria fundado, constituído e dirigido somente por trabalhadores, Luís Inácio deu violentíssima marcha a ré e delta falação, dizendo que alguns componentes do MDB poderiam fazer parte da agremiação política.
A partir desse fato, as águas ficaram muito mais claras. Ora, sabemos que o Luís Inácio não é suficientemente “tapado” para desconhecer que a lei orgânica eleitoral da ditadura em vigor estabelece que para fundação de qualquer partido é necessário um manifesto contando com assinatura de 10% de senadores e mais 10% dos deputados federais o que torna inviável a formação de um partido exclusivamente de trabalhadores.
Evidente que no presente caso teria que contar com a classe burguesa, pois a troco de que iriam deputados e senadores pedir a formação de um partido, senão fosse para se constituir em vanguarda dirigente. Salvo a hipótese de que a lei fosse modificada.
Agora, porém, o trapesista “Lula”, dá seu salto mortal, declarando que “não poderia separar a criação do PT daquele pessoal consequente do MDB que a imprensa chama de autênticos”, e que o PT “só vai aceitar quem não detem os meios de produção, que não são empregadores”. “Os dirigentes sindicais que defendem a formação do PT chegaram a conclusão de que devem participar politicamente por que dentro da atual estrutura sindical já tentaram fazer tudo para melhorar a situação do trabalhador, não conseguindo”. (Folha de São Paulo, 19,08,79).
Os “sábios iluminados” na melhor tradição paternalista, autoritária, confabularam e decidiram, as bases, os companheiros de fábricas, indústria, etc que escutem e acatem.
Estamos vendo como quinze anos de ditadura acabou formando uma série de discípulos proletários, decididos na continuidade do “cale a boca” e do “faça o que mando”.
Entretanto, os ventos que estão soprando nas hostes operárias indicam que os rumos são outros.
Desde a posse do general Figueiredo eclodiram no país 83 greves, envolvendo 1 milhão e duzentos mil operários, muitas delas feitas contra o desejo das diretorias sindicais quase sempre apelegadas e temorosas de perderem os mandatos expresso em assembleias gerais.
Há um trabalho pertinaz a ser executado na esfera sindical, visando à modificação da estrutura fascista, e não será, naturalmente o “Lula”, pessoa interessada nessa luta, pois seus objetivo claro agora é o de resolver seu problema pessoal se candidatando ao cargo de deputado pelo hipotético PT, e assim afastar a ameaça de voltar a ser operário metalúrgico.
E isso será efetivado através do PT. O diabo é que nesse momento de pseudo abertura uma série de partidos estão se autoproclamando como autênticos partidos dos trabalhadores. É o PC do senil Carlos Prestes, o PCBR do ressuscitado João Amazonas, o PTB do gozador Leonel Brizola e o PSB. Todos se proclamando a vanguarda operária. É vanguarda em demasia para tão escassa retaguarda. E é certo que os operários sofridos e curtidos na duríssima luta sindical não embarcarão nessas canoas furadas.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
#ALGUNS DIREITOS RESERVADOS
blog O DILÚVIO by
O DILÚVIO is licensed under a
Creative Commons Atribuição-Compartilhamento pela mesma Licença 3.0 Brasil License.
Você pode:
- Compartilhar — copiar, distribuir e transmitir a obra.
- Remixar — criar obras derivadas.
Sob as seguintes condições:
-
Atribuição — Você deve creditar a obra da forma especificada pelo autor ou licenciante (mas não de maneira que sugira que estes concedem qualquer aval a você ou ao seu uso da obra).
-
Compartilhamento pela mesma licença — Se você alterar, transformar ou criar em cima desta obra, você poderá distribuir a obra resultante apenas sob a mesma licença, ou sob licença similar ou compatível.
Ficando claro que:
- Renúncia — Qualquer das condições acima pode ser renunciada se você obtiver permissão do titular dos direitos autorais.
- Domínio Público — Onde a obra ou qualquer de seus elementos estiver em domínio público sob o direito aplicável, esta condição não é, de maneira alguma, afetada pela licença.
- Outros Direitos — Os seguintes direitos não são, de maneira alguma, afetados pela licença:
- Limitações e exceções aos direitos autorais ou quaisquer usos livres aplicáveis;
- Os direitos morais do autor;
- Direitos que outras pessoas podem ter sobre a obra ou sobre a utilização da obra, tais como direitos de imagem ou privacidade.
- Aviso — Para qualquer reutilização ou distribuição, você deve deixar claro a terceiros os termos da licença a que se encontra submetida esta obra. A melhor maneira de fazer isso é com um link para esta página.
Um comentário:
o senil, o ressuscitado, o gozador e o ex-operário
Postar um comentário