#CADÊ MEU CHINELO?
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
A SOCIEDADE VOLUNTÁRIA: 3) Crises econômicas
::txt::Eric P. Duarte::
3) Crises econômicas:
No livre mercado é natural empresas falirem. A invenção da luz elétrica deve ter falido muitos fabricantes de velas, a invenção do carro acabou com as carroças, o computador aposentou as máquinas de escrever e, assim por diante.
A função natural do empresário é prever as preferências dos consumidores e empreender nesta direção. Por vezes empresários erram em suas previsões, mas isto deve representar sempre uma porção minoritária na economia e em setores específicos, visto que a função do empresário é justamente acertar neste sentido.
O livre mercado funciona como uma espécie de seleção natural empresarial, tirando do setor os ineficientes e dando espaço para aqueles que de fato estão oferecendo bens e serviços pelos menores preços e com a melhor qualidade, trazendo progresso para toda a sociedade.
As crises econômicas são caracterizadas por erros empresariais generalizados. De repente todos os empresários experientes passam a parecer amadores. Na crise, as falências, o desemprego e o desespero se espalham. A explicação para tais erros generalizados só pode estar naquilo que liga toda a economia, o dinheiro.
O dinheiro tem a sua origem em interações voluntárias e não em decretos Estatais. Antes dele, as trocas tinham que ser diretas. Suponhamos que um indivíduo X, que possui bananas, queira comprar peixe. O indivíduo Y, que possui peixes, só quer trocá-los por trigo. O indivíduo X então teria que encontrar um indivíduo Z que quisesse trocar bananas por trigo.
Como podemos ver, o processo de trocas era muito limitado pelo escambo e atrasava o progresso da sociedade. O dinheiro surgiu naturalmente como algo que possuía valor para todos e tinha uma alta “trocabilidade”, suprindo assim a necessidade de um denominador comum. Frequentemente o ouro foi a moeda adotada por sua beleza, oferta limitada e fácil divisibilidade.
Sendo o dinheiro um produto como outro qualquer, ele também está subordinado às leis da oferta e demanda. No caso de uma moeda natural (como o ouro) com uma oferta limitada, à medida que mais agentes entram no mercado, o poder de compra da moeda aumenta devido à queda na sua oferta, tornando todos mais ricos ao longo do tempo.
Outro fator importante em um mercado monetário natural é a taxa de juros. Esta taxa é quem equilibra poupança e investimentos. Um indivíduo só pode investir quando ele tem uma poupança ou quando alguém que tem uma poupança está disposto a emprestar para ele sob alguma taxa de juros. Quanto maior for a oferta de poupança, menor será a taxa de juros no mercado. Ter um bem no presente vale mais do que ter o mesmo bem apenas no futuro. A taxa de juros do mercado indica o quanto as pessoas preferem os bens presentes aos bens futuros.
Quando o Estado tomou para si o monopólio da oferta monetária, forçando todos a adotarem o papel-moeda emitido pelo banco central como dinheiro, toda esta história de equilíbrio mudou. É justamente deste poder monopolístico que surgem as crises econômicas.
O momento que antecede uma crise é chamado de boom, ele é um período de crescimento e principalmente de investimentos em bens de capital. Acontece que este crescimento não é sustentável.
No boom, o banco central está inflando a oferta monetária e forçando a taxa de juros para baixo. O banco central também está estimulando os demais bancos a emprestarem mais e mais dinheiro sem lastro, isto é, sem terem o equivalente em depósitos bancários. Com a taxa de juros artificialmente baixa e a oferta monetária crescendo, todo mundo começa a investir com a idéia de que a economia e a poupança estão em alta. Milhares de investimentos ruins são estimulados. A crise se dá quando a insustentabilidade destes investimentos vem à tona.
A crise nada mais é do um período de ajuste, onde os maus investimentos precisam ser liquidados para dar lugar a investimentos sustentáveis. Acontece que o Estado sempre culpa o “livre mercado” pelas crises e se diz o único capaz de salvar a economia. Ele então começa a “salvar a economia” com os mesmos métodos que criaram a crise, postergando assim o ajuste necessário. É como dar mais álcool para um bêbado para evitar a ressaca. As conseqüências ficam cada vez piores com as medidas tomadas pelo Estado, o grande salvador. O que poderia ter sido uma pequena recessão se torna então uma grande depressão.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
#ALGUNS DIREITOS RESERVADOS
blog O DILÚVIO by
O DILÚVIO is licensed under a
Creative Commons Atribuição-Compartilhamento pela mesma Licença 3.0 Brasil License.
Você pode:
- Compartilhar — copiar, distribuir e transmitir a obra.
- Remixar — criar obras derivadas.
Sob as seguintes condições:
-
Atribuição — Você deve creditar a obra da forma especificada pelo autor ou licenciante (mas não de maneira que sugira que estes concedem qualquer aval a você ou ao seu uso da obra).
-
Compartilhamento pela mesma licença — Se você alterar, transformar ou criar em cima desta obra, você poderá distribuir a obra resultante apenas sob a mesma licença, ou sob licença similar ou compatível.
Ficando claro que:
- Renúncia — Qualquer das condições acima pode ser renunciada se você obtiver permissão do titular dos direitos autorais.
- Domínio Público — Onde a obra ou qualquer de seus elementos estiver em domínio público sob o direito aplicável, esta condição não é, de maneira alguma, afetada pela licença.
- Outros Direitos — Os seguintes direitos não são, de maneira alguma, afetados pela licença:
- Limitações e exceções aos direitos autorais ou quaisquer usos livres aplicáveis;
- Os direitos morais do autor;
- Direitos que outras pessoas podem ter sobre a obra ou sobre a utilização da obra, tais como direitos de imagem ou privacidade.
- Aviso — Para qualquer reutilização ou distribuição, você deve deixar claro a terceiros os termos da licença a que se encontra submetida esta obra. A melhor maneira de fazer isso é com um link para esta página.
Um comentário:
O mercado livre ou de sistemas de planejamento participativo ainda são ineficientes, e eu acredito em uma futura sociedade libertária teria de alcançar a síntese. Como eu o compreendo sociedade socialista libertária não pode ser colocada acima do indivíduo ou o indivíduo ser colocado acima de cada um dos membros da sociedade. Agora, o que se opõem fortemente, está envolvido no roubo de propriedade. Os meios de produção devem estar nas mãos dos trabalhadores, e trabalhadores para próprio os frutos do seu trabalho. Ou de produtores independentes ou produtores, mas se você aspira e pregar a liberdade, temos de romper com todas as relações de comando de obediência.
A sociedade libertária tem espaço para os empresários, e até mesmo ser uma reação óbvia para os problemas que surgem e que o futuro está. A única diferença é que numa sociedade anarquista, o empresário não pode ser um proprietário absentista, e sinecesita outro lado, não pode usar os outros em benefício próprio, mas trabalhar juntos como parceiros.
Postar um comentário