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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A SOCIEDADE VOLUNTÁRIA: IV – A justiça e a eficiência da Anarquia



::txt::Eric P. Duarte::

IV – A justiça e a eficiência da Anarquia


Vimos que o Estado se caracteriza por agredir constante e sistematicamente todos os seus súditos, vimos que ele representa a institucionalização da violência e é, com isso, injusto por natureza. A implicação lógica desta constatação é que a abolição do Estado, ou a anarquia, deve ser um requerimento da justiça. Anarquia aqui não quer dizer caos ou desorganização social, anarquia quer dizer apenas a ausência de coerção Estatal.

Existem dois tipos de líderes, aqueles que lideram pelo incentivo e aqueles que lideram pela força. Os que lideram pelo incentivo irão te oferecer um salário para que você aceite trabalhar para eles voluntariamente, os que lideram pela força irão te jogar em uma cela se você não pegar em armas e lutar por eles.

Aqueles que lideram pelo incentivo irão tentar fazer com você leve os seus filhos para as suas escolas voluntariamente, deixando os preços competitivos, as aulas estimulantes e demonstrando o sucesso conquistado. Aqueles que lideram pela força irão simplesmente te dizer que se você não pagar os impostos para financiar as suas escolas, você será jogado em uma cela.

Esta é claramente a diferença entre o voluntarismo e a violência. A anarquia é simplesmente uma maneira de interagir com os outros sem ameaças de violência.

A verdade é que nós já vivemos a maior parte de nossas vidas sob a anarquia. Ninguém escolhe a pessoa com quem vai se casar sob a ameaça de violência. Ninguém escolhe uma carreira sob a ameaça de violência. Ninguém decide onde morar sob a ameaça de violência.

Se o governo amanhã passasse a ditar aonde você deveria morar, qual carreira você deveria seguir e com quem você deveria se casar, fatalmente você iria ficar horrorizado e faria de tudo para ter de volta aquela velha “anarquia” em sua vida pessoal.

Quando, por outro lado, as pessoas se deparam com a hipótese de uma sociedade anarquista, sem liderança política, elas normalmente ficam horrorizadas e rapidamente recorrem às falácias de que o Estado sempre esteve presente na história da humanidade, ou que vivemos em uma democracia onde nós escolhemos os nossos governantes, ou que temos mobilidade política, onde qualquer um pode entrar no processo político.

Se fizermos um paralelo com a escravidão, veremos o teor destas falácias. Até pouco tempo atrás a escravidão também sempre havia estado presente na história da humanidade e nem por isso ela era justa. Os escravos também não seriam menos escravos se pudessem escolher um novo mestre de 4 em 4 anos. Da mesma forma, se um escravo pudesse se tornar o novo senhor escravista, mas não pudesse acabar com a escravidão, a situação ainda seria a escravidão. Hoje está claro para todos que nós não precisávamos ter dado apenas um pouco mais de liberdade aos escravos, mas sim abolir a escravidão por completo, pois esta representava uma situação imoral por natureza. O mesmo serve para o Estado.

Outras indagações comuns que as pessoas fazem após serem confrontados com a hipótese anarquista estão mais ligadas à sua suposta impraticabilidade. As pessoas recorrem a cenários apocalípticos tais como: “todos vão começar a se matar nas ruas!”; “os pobres vão morrer de fome!”; “não vai haver leis sem o Estado!”; e assim por diante.

Tais indagações eram exatamente do mesmo tipo daquelas feitas pelos escravistas quando confrontados com as reivindicações abolicionistas: “os escravos vão destruir as nossas plantações!”; “os escravos não vão conseguir empregos!”; “a economia vai afundar sem a escravidão!”; e assim por diante.

É impossível saber com precisão como cada aspecto da anarquia iria funcionar, assim como é impossível saber com precisão como serão os carros do futuro. Tais aspectos dizem a respeito às preferências de milhares de indivíduos interagindo em um processo de livre mercado.

Se uma única pessoa pudesse dizer quais são as preferências atuais de todos os indivíduos e quais elas serão daqui a um ano, este seria um bom argumento para uma ditadura, mas esta não é a realidade das coisas.

O que nós podemos afirmar com convicção é que todos os serviços importantes que o Estado impõe aos seus súditos seriam fornecidos de forma muito mais justa e eficiente através de interações voluntárias, isto é, através do livre mercado.

Sem o Estado impondo e monopolizando serviços importantes tais como os tribunais, o policiamento, a energia elétrica, as ruas e estradas, o corpo de bombeiros, etc; ainda assim haveria uma demanda por estes serviços. Desta forma, empreendedores iriam oferecer soluções criativas para atender a estas demandas, dando ao público a chance de escolher aqueles que atendessem melhor às suas expectativas e garantindo assim um contínuo progresso.

A anarquia é capaz de fornecer uma ordem social muito mais estável do que aquela ilusão de ordem fornecida pelo Estado. A anarquia é capaz de maximizar a paz e a prosperidade geral a níveis extraordinários.

O objetivo desta seção é ilustrar como alguns aspectos da anarquia poderiam funcionar e também ajudar o leitor a responder às suas próprias questões sobre o funcionamento da anarquia.

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