#CADÊ MEU CHINELO?

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sexta-feira, 12 de março de 2021

[mandachuva] PÕE A MÁSCARA, IDIOTA

 

:: txt :: Tiago Jucá ::

 
A RBS TV tem convocado durante o dia de hoje um aplauso coletivo às 19h30 desta sexta-feira em homenagem aos profissionais de saúde. Neste mesmo horário a emissora exibe o seu noticioso noturno, o RBS Notícias, e quer transmitir ao vivo as nossas felicitações. Palmas vindas da Serra, do Litoral, das Missões, dos Pampas, tudo junto e ao mesmo tempo. Showrnalismo, diria o Ungaretti.
 
Médicos, enfermeiros e demais trabalhadores merecem muito esse carinho, não há dúvida. Mas o que eles mais precisam neste momento é descanso. E também melhores salários para viver com dignidade, mais condições estruturais para exercer suas funções sem sofrimento e, principalmente, respeito de quem não se importa com o sacrifício diário a que eles estão se submetendo há um ano, agravado nas últimas semanas a um estado de colapso.
 
Da mídia burguesa espera-se o de sempre, que é defender os interesses de sua classe. A mesma empresa de comunicações que hoje pede nossos aplausos, nos últimos meses jamais levantou a bandeira de um lockdown geral e irrestrito para frear as mortes e aliviar as lotações em UTIs. Essa atitude seria a melhor homenagem a esses profissionais. Nem houve por parte da emissora uma sistemática campanha editorial exigindo do governo federal vacinação em massa
Porém o velho hábito de amansar a classe trabalhadora segue em curso, aquela coisa de O Funcionário do Mês, na eterna tentativa de evitar revoltas que resultem em greve, por exemplo. Conciliar opressores e oprimidos, tática bem feita nos governos Lula. Como bem diziam os Titãs, “bonificações aos bancários, congratulações para os banqueiros”
 
Não serei eu a pedir pra você não aplaudir esses heroicos profissionais. Nem sou eu o porta-voz das categorias da saúde, porém tenho convicção, mesmo sem provas, de que o melhor pra eles é você ficar em casa e seguir as recomendações sanitárias. Não adianta porra nenhuma bater palma de noite mas de dia circular sem máscara pelas ruas e parques da cidade ou escadas e elevadores do seu edifício. E se acaso é do tipinho que repete discursos negacionistas contra vacina e distanciamento social, ou aquele que concorda com as políticas de austeridade como a PEC que foi aprovada ontem, congelando o salário desses mesmo servidores até 2036, será muita hipocrisia de sua parte posar hoje de amigo da medicina.
 
Põe a máscara, idiota!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

[águas passadas] UNGARETTI PSICOGRAFA MENSAGEM DE LUTHER BLISSET




::txt::Luther Blisset::
::trnscrç::Wladymir Ungaretti::

Quero fazer uma rápida intervenção nessa discussão sobre as eleições. Quero intervir tendo por pano de fundo uma idéia expressa por Eduardo Galeano: " não me animaria a desclassificar movimentos. Prefiro aplaudí-los pelo que fazem. Se há um salva-se quem puder, me parece bastante saudável que existam, principalmente em uma época na qual está proibida toda energia que não esteja a serviço do mercado". Portanto, que fique bem claro que minhas observações não tem por pano de fundo uma posição excludente.

Mas, é preciso dizer algumas coisas, entre tantas que poderiam ser ditas e alinhadas. Não é por acaso que esta tímida discussão tenha sido desencadeada pelo Tiago Jucá, um anarquista expontaneísta, no seu sentido mais puro e verdadeiro. Assim como não é por acaso que as principais figuras d esta faculdade andem com estrelinhas do PT, no peito e representem a fina flor do reacionarismo, do atraso. Não é por acaso que o jornalismo "ensinado" às novas gerações tenha se transformado no ensino do jornalismo-tipo-rp. Claro, durante muito tempo apontado como revolucionário.

Tenho orgulho por ter dado minha modesta contribuição ao desmascaramento da farsa. Aliás, a farsa continua. Claro, que com ares de novidade. Até mesmo o governo do Maluf deve ter aspectos positivos, assim como o do Garotinho, o do Ciro Gomes e até mesmo a gestão do Serra, na Saúde. Este último um ex-militante da AP (Ação Popular), católicos de esquerda, reformistas. É evidente que as administrações do PT - aqui no sul - reformaram muitas coisas. Já escutei, por exemplo, empresários manifestando satisfação pelo fato de que tais administrações são de um elevado senso de honestidade, em relação a coisa pública. Que bom.

O jornalista Mino Carta, pelo qual tenho o máximo respeito e diga-se de passagem o primeiro a colocar o companheiro Lula na capa de uma revista (Istoé de1978), em recente editorial, afirmou que se a elite brasileira não fosse tão selvagem, quem, nesse momento, melhor administraria o capitalismo brasileiro seria o PT. Quando o candidato Lula anuncia que respeitará todos os acordos internacionais, incluindo
os estabelecidos com o FMI, fica claro qual será o tom de tudo em caso de vitória. E, eu torço por esta vitória, acreditem. Quando o companheiro Tarso se deixa pautar pela RBS, na questão da violência, está fazendo o jogo do que tem de mais reacionário na sociedade gaúcha. Colocar câmaras de vigilância, no centro da cidade, para registar pequenos furtos é fazer a lição de casa pelos interesses da elite, ou seja, contribuição expressivamente na colocação de mais miseráveis na cadeia.

Privatizar espaços públicos(os estacionamentos) não me parece uma política inteligente. Expulsar os camelôs das áreas centrais reabrindo as ruas para a circulação de veículos não é correto. Tenho uma irmã expulsa do Deus mercado de trabalho e que trabalha como camelô. Talvez o indicado é que ela vire assaltante dentro daquela idéia: seja marginal, seja herói. Não tenho nenhuma dificuldade em dizer que, acho que pela idade, não sou (única e exclusivamente) pelas reformas do capitalismo. Mas a luta por reformas - está provado historicamente com o socialismo real, acaba amortecendo as revoluções transformadoras. A idéia não é minha. Temos o melhor transporte coletivo do país. Os empresários do setor estão satisfeitos. O asfalto foi levado às vilas. O que é ótimo. Assim, os ônibus da Sudeste ganharam novos mercados. Facilitou a vida dos trabalhadores, sim. O que é também ótimo. Os lucros também cresceram. A RBS não tem nenhuma crítica nesse caso.

Sou pela revolução, sem partidos, sem hierarquizações burocráticas. Sou pela utopia. Mas insisto, não sou excludente. O mesmo não se pode dizer de grande parte da militância "falsamente de esquerda". Tenho cruzado, ao longo da minha militância, com muitos "esquerditas" e, quase todos com raríssimas exceções, são os que acabam se transformando nos mais eficientes defensores do sistema estabelecido. Quase sempre administram bem. Na primeira oportunidade se agarram com unhas e dentes ao poder. Vide Fabico. Com suas biografias políticas "de esquerda" controlam as revoltas. Poderia alinhar muitas variantes sobre o tema. Não tenho a intenção de polemizar, de transformar tudo isso numa grande discussão de princípios, até mesmo pelo fato de que não tenho nada a provar a ninguém e muito menos a mim mesmo.

Tudo bem, que venham as reformas. E quando vier a revolução, um dia após sua implantação, serei oposição crítica. Vejo com uma certa simpatia - por não ser excludente - pela militância do PSTU, embora seja um partido até mais hierarquizado, pela sua tradição trostkista. Continuarei contribuindo para que aconteça uma verdadeira revolução, para a desorganização cotidiana do sistema, pela implosão, pelo incentivo a que os miseráveis tomem de assalto as instituições e que num ato de elevada e refinada criação destruam tudo. Não é, também por acaso, que no mundo inteiro o que mais cresce são os movimentos sociais com alta inspiração anarquista. São estes grupos de afinidades que melhor usam a Internet. Estes grupos são a
vanguarda da luta contra a globalização da miséria. Não essa coisa organizada (fóruns) e disciplinada que acontece por aqui e que tem uma certa importância, evidentemente. Importância simbólica pelas imagens e nada mais.

É preciso criarmos Black Blocks: " aqueles que possuem autoridade, temem a máscara pelo seu poder de indentificar, rotular e catalogar: em saber quem você é... nossas máscaras não servem para esconder ou ocultar nossa identidade, mas revelá-la...hoje nos devemos dar um rosto a essa resistência... colocando nossas máscaras mostramos nossa união; e levantamos nossas vozes nas ruas, nós botamos para fora toda nossa raiva contra os poderosos sem rosto..." ) mensagem distribuída junto com as máscaras, em 18 de junho de 1999, num carnaval anti-capitalista, que destruiu o distrito financeiro de Londres). No quinto mundo existente (nos EUA) temos uma população carcerária de um milhão de negros e latinos, miseráveis. Está é a política globalizada e exportada. Não tenho nenhum compromisso com um certo tipo de "coerência". Não busco raciocínios lineares. Sou pela chapação dos parangolés paradoxiais.

Fraternalmente, Luther Blissett (2003)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

[ponto de vista] DIGA-ME QUEM TE CALA, QUE EU DIREI QUEM TU ÉS!

::txt::Agência Pirata de Giornalismo e Terrorismo Publicitário::

Algumas palavras tem significado diferente na província de São Pedro. Neste sulino chão do país, um jornalista foi processado por ter apelidaldo um showrnalista. Mas, além de não poder mais citar o nome ou apelido do dito cujo em seu blog na internet, o jornalista também não pode mais, desde então, fazer coalcoer crítica profissional ao trabalho fotográfiquis do carcará que exerce num panfleto de quarta catigoria (de quinta é a veja). Pequeno detalhe: o blog do jornalista processado tem um olhar super crítico sobre o conteúdo e a manipulção da notícia.

Aqui na Baía Pirata esse facto tem outro nombre: censura. E como seguimos a palavra ao pé da letra, resolvemos atacar a arca de Noé e sabotar esta coluna. Por tempo indeterminado, o professor Ungaretti, também, está censurado por nós, giornalistas piratas. Nós assumimos a autoria. Coando necessário, voltaremos a atacar esta arca pra sabotagem e terrorismo. Aquele abrazzo!

Levantar âncoras! Ao mar!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

[agência pirata] ESTAVA AUTORIZADO A CASCATAR



::txt::Wladymir Ungaretti::

quero minha liberdade de crítica. por ela já passei dois anos na cadeia

Continuo impedido de – livremente – comentar determinadas matérias e fotos de Zerolândia (jornal Zero Hora/RBS). Estou submetido a uma multa diária de 150 reais caso desrespeite esta determinação da Justiça. As ações foram movidas por um funcionário com 35 anos de firma. Uma cria da Casa, como se diz. Em primeira instância, na espera criminal, fui absolvido. Existe a possibilidade de recurso por parte do funcionário/RBS. Ele está obrigado a pagar as custas do processo e o meu advogado. Estou com todo o conteúdo da revista eletrônica Pontodevista – trabalho de sete anos – fora da rede, material que era usado em atividades didáticas de ensino de jornalismo na UFRGS. Não havia como “limpar” este material dos conteúdos que motivaram as ações. Escrevo estas notas, periodicamente, não só para informar os novos leitores do Blogpontodevista, mas para que cerca de 150 a 200 leitores diários, em Brasília, tenham consciência dos mecanismos de censura a que estão submetidos jornalistas que trabalham com a Internet, como último espaço que, em princípio, seria possível exercer a crítica. Resolvida esta pendenga, favorável ou não a Pontodevista, irei apenas assinalar que os meus reais objetivos já foram alcançados. Deverei ressaltar também que, independente do resultado final, continuarei sendo o professor Ungaretti, cuja história é de 45 anos de militância política (dois de cadeia), 40 de exercício do jornalismo, e quase 20 como professor. E nenhum prêmio. Ainda, em um outro momento, pretendo agradecer a todos os integrantes da rede de conivências corporativas por não terem se manifestado em solidariedade. Mesmo sabedores de quem eu sou e da minha história, assim como sabedores, também, do histórico do funcionário/RBS. Caso isso acontecesse teria ficado em uma situação de absoluto constrangimento e sob suspeitas. Não é por acaso o silêncio. É preciso ressaltar, ainda, que não por qualquer tipo temor abandonamos a crítica diária a Zerolândia. É uma prática repetitiva. Este espaço pode ser ocupado por outros até mesmo como aprendizado. Só enventualmente estaremos analisando uma ou outro aspecto, mas muito mais com o espírito de não perdermos o treino. Não é mais o centro de nossa atividade. E, ao final de todo esse processo, em caso de uma solução favorável, não temos a mínima intenção de qualquer comemoração. Pelo contrário. Ficará apenas a lástima de não termos ampliado, na ocasião, as críticas a todos os que foram coniventes com as práticas do funcionário. O cara fazia o que fazia com autorização, ou no mínimo com a omissão, do chefe da fotografia e do editor do jornal. Poderia dizer muito mais, mas quero distância de tudo isso. Alguém, também, deve ser responsável pela matéria “O estatuto do desarmamento bandido da Vila Cruzeiro”.

quero minha liberdade de crítica. por ela já passei dois anos na cadeia

“fui avisado por um ‘colega’ que não era saudável ler teu blog (PONTODEVISTA) na redação (ZH) nem dizer-se teu amigo logo que comecei lá.” Reproduzi, no Facebook, este pequeno trecho de um e-mail que foi enviado por um ex-aluno. E a seguir fiz o seguinte comentário: alguns ex-alunos me confirmaram este comentário. Um Bundão, da velha geração, chegou a pedir para uma ex-aluna defender o carinha que está me processando. Pode isso seu Richardo Chaves, o Kadão? Essa informação conta ponto prá ti na firma? Faça bom proveito! E você me conhece desde dos tempos da sucursal da Veja dirigida pelo Paulo Totti. Quero ser processado por todos vocês. É uma grande oportunidade de deixar registrado, nos anais da Justiça – para a história – o que penso deste lixo de jornalismo. Mesmo que isso me custe o quase nada que eu tenho.

quero minha liberdade de crítica. por ela já passei dois anos na cadeia

todos foram coniventes com as cascatas. Ninguém é inocente nesta parada. O fotógrafo é um coitado, instrumentalizado pelos editores. Estes instumentalizados, conscientemente, pelo PRBS para quem venderam a alma. Só falta quererem me provar que o Marcelo Rech e o Ricardo Chaves (Kadão) não sabiam que cascata é cascata. Juro, quero distância de tudo isso. Não tenho interesse nesse confronto. Até pelo simples fato de que tenho consciência de não sou nada diante do crimonoso poder do PRBS. Quero o exílio. Quero ser esquecido no ambiente da categoria, assim como na área do ensino de comunicologia da UFRGS. Mas tenho certeza de que serei lembrado pelos jovens JORNALISTAS paras os quais consegui doar meus conhecimentos e minha alma.

quero minha liberdade de crítica. por ela já passei dois anos na cadeia

alguém aí em Brasília está lendo o que escrevo? Sei que tenho pelo menos de 150 a 250 leitores lá por aquelas bandas. Preciso respirar. Quero que fique assegurado meu direto de dizer o que penso. Logo que essa parada ficar res0lvida, independentemente de ser a meu favor ou não, vou escrever um texto de agradecimento a todos os integrantes da rede de conivências corporativas por não terem se solidarizado comigo. Caso isso acontecesse estaria, hoje, sob suspeita. Obrigado companheirada do Sindicato, da ARI, da Fenaj e a todo mundo acadêmico que sabe o que represento como professor. Obrigado Bundões por não terem dito nada a meu favor. Boa parte das manchetes, de Zerolândia (nas últimas semanas) estão na mesma linha da edição de hoje (Investigada conexão gaúcha em plano de atacar polícia do Rio). Foram construídas em cima (do pode ser oriunda), de suposições e informações recebidas. São também, em grande parte, matérias que os velhos jornalistas chamavam de “matéria de gaveta”, aquela que pode ser publicada qualquer dia. Esta em andamento uma retomada da subjetividade reacionária que nos ameaça com a ameaça de um incontrolável clima de violência total. Ou tou ficando maluco!

incansável e repetitivamente: quero minha liberdade de crítica. por ela já dois anos na cadeia

Sim, maluco beleza eu sempre fui e dos tempos anteriores à militância política, bem antes da década de 70. Fui criado na periferia. Sou filho de um operário metalúrgico e uma mãe costureira. Fui criado com a “negrada” do nosso país.

ainda vou fazer de todas as minhas escrituras um único estilete

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

[agência pirata] JORNALISMO VOLTARÁ ÀS RAÍZES?




::txt::Jean Scharlau::

O jornalismo pode deixar de ser uma profissão bacaninha, agora que não se precisa nem ter faculdade para exercer, que dirá curso superior. Agora qualquer chinelão pode tentar ser jornalista, basta ter dois olhos, dois ouvidos e uma boca... Que nada, o cara pode ser totalmente cego, surdo, mudo (ainda que não simultaneamente, em princípio) desde que tenha algo de um cérebro que funcione (e talvez um blog, uma zine). Agora o sujeito lá que virá querer se meter a jornalista não terá mais que ler o que seu mestre mandar, nem terá que pagar ao mestre do mestre. Dizem alguns que só assim teremos menos jornalistas amestrados. Mas não é o mestre que amestra os jornalistas, é o dinheiro, rebaixamento que alicia profissionais de todas as categorias.

Muitos mestres agora ficarão ainda mais em minúsculas, coitados, e o máximo que conseguirão é continuar a amestrar a si mesmos e a uns poucos amestrandos... Ah, mas há os Mestres maiúsculos, que nunca dependeram de diplomas e continuarão a dar motivos para que outros queiram aprender. Vários deles dão aulas também em escolas.

Mas eu falava de jornalismo. E Jornalismo maiúsculo, parece-me que é feito primeiro da busca e a seguir da divulgação da verdade. Que diferença faz saber as 20 melhores maneiras de divulgar informação quando o sujeito não se interessa pela verdade ou não é capaz de buscá-la? Curiosidade, sede de justiça e verdade, capacidade de compreendê-las, coragem de revelá-las e brigar por elas não se aprende na escola. Lá se pode aprender a prática com mais método e eficiência. A escola é para o jornalista, mas o jornalista não o é só depois da escola.

Li alguns comentários sobre este assunto onde comparavam jornalista a dentista, para argumentar o quanto é importante o diploma. Já perdi e tive seriamente prejudicados alguns dentes por incompetência, negligência e má fé de dentistas, três dentistas, dois homens e uma mulher, em tempos diferentes, todos os três formados em odontologia. Já fiz também tratamento com dentista “prático” (não formado), que não prejudicou meu sorriso. Eu era bem novo e ele era bem velho. Atualmente, prefiro que dentistas tenham diploma mesmo. Dizem que amigos são os dentes... Principalmente dos dentistas, digo eu. Para o Jornalista, em jota maior, a verdade é a grande amiga e mulher amada. O diploma é só a carteira de motorista, que ele precisa caso queira levá-la a passear de carro.

Quando eu leio uma notícia, eu não me pergunto se quem a escreveu tem diploma. Eu me pergunto se o que está escrito ali é verdade, ou mostra uma bela vista dela. E sempre me pergunto isto porque muitos jornalistas usam a nossa sede, a nossa necessidade de verdade e justiça, para nos empurrar batalhões de mentiras. E isto nada tem a ver com eles terem diploma ou não.

Escrevi este comentário sobre o tema do dia a pedido do Hélio Paz e inspirado também por outros comentários lidos por aí, entre os quais destaco os de Tiago Jucá Oliveira, Nei Duclós, Celso Lungaretti e aqueles relacionados por Idelber Avelar. Neste assunto, Fausto Wolff foi minha Escola. Ele nunca tirou carteira de motorista. Levava sua amada a passear de táxi, de ônibus, a pé...


Atualização das 15 horas: nem todos os textos indicados acima são favoráveis ao fim da obrigatoriedade do diploma. Aqui vão mais duas indicações da pesada, com todo o impacto da liberdade de expressão de quem fala o que sabe, neste caso desde o ventre cerebral da universidade: Wladimir Ungaretti e Ivana Bentes.

quinta-feira, 25 de março de 2010

NEM FUDENDO (ou CARECA BABACA)


#over12
A semana

txt: Tiago Jucá Oliveira

Duas coisas prenderam minha atenção à mídia nesta semana. Putaria da porra! Não sou a favor de câmaras escondidas pra obter informação jornalística. Isso deveria ser função policial. Falsidade ideológica, portanto crime? Somos nós, jornalistas, a polícia? Pergunto. Pois me parece instalado o quarto poder, com alguns poderes especiais. Ou, com o fim do AI-5 do diploma de jornalismo e da exclusividade de geração de conteúdo somente pelas grandes emissoras, uma nova era de cidadania e liberdade de imprensa está a se formar. O quarto poder, de fato: nós, em rede, comunicando e sendo comunicado, nos fiscalizando.

A primeira parte da denúncia que o Proteste Já do CQC fez a prefeitura de Barueri teve esse porém, embora muito mais revoltante foi assistir a pilantragem de nossos políticos em ação, no ato, no flagrante. Acuados pela verdade, tentaram a calar. E conseguiram num primeiro instante. Mas o babaca careca da mídia golpista reverteu a situação. Apesar de várias ações nos últimos meses que nos fazia sentir na Venezuela ou em Cuba, como a censura ao blog do Ungaretti ou a ofensiva contra a liberdade de comunicação por parte da FENAJ, há esperança.

Melhor do que a reportagem enfim ir ao ar, a delícia da noite foi espontaneamente nos dada pelo prefeito da cidade que tem nome em homenagem à uma música dos Os Mulheres Negras. O “babaca careca” que aquele senhor gritava e xingava e rugia não tem preço. Um digno representante da democracia representativa. Rouba, mente, censura e agride.

("Porém, ah porém", como dizia o mestre, "há um caso diferente que envolve toda minha gente": outra cousa também mereceu destaque na mídia, mas aí é papo pra outro texto, ok? Caso Nardoni).

O que também focou meu olhar foi o papel higiênico da Veja, cuja ótica jornalística para o caso Glauco faz crer que o assassino do cartunista é o Santo Daime. Resumi pro micro-povo : “A veja quer culpar o ayahuasca pela morte do Glauco. Então pq não culpar a droga da bíblia pela pedofilia dos padres?”

Sobre os dois casos, recomendo o texto do Alexandre Haubrich e o do Bruno Natal

Daime paciência? Nm fudendo, mano!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

PUTAS A FODER



# manda chuva #
Ainda o chato assunto do diploma

txt: Tiago Jucá Oliveira


Primeiramente, eu gostaria de criticar e elogiar o pessoal do Jornalismo B. Criticar por que acho que debater exigência de diploma de jornalismo não leva a nada. Não vai mudar porra nenhuma, independente da obrigação ou não. E também pelo fato que não sou eu a pessoa indicada pra defender um dos lados das questões. Não pertenço a nenhuma entidade, movimento, coletivo ou ong que defenda a não obrigatoriedade. E por último, criticar por ter chamado uma pessoa do sindicato que não quer que vocês exerçam o jornalismo. Duvido que haja mais de cinco blogs, em Porto Alegre, melhores que o Jornalismo B. E eu, uma pessoa formada, sou muito pior fotojornalista do que a Thais, que é bióloga, e que faz fotos pro Jornalismo B, prO DILÚVIO e pro Jornal Já. Se depender do sindicato, seus dias de jornalismo e fotojornalismo estão contados. Vocês convidaram o inimigo pra trincheira.

Mas eu os elogio ao mesmo tempo, pois debater jornalismo sempre é bom. E também agradeço as palavras do Alexandre Lucchese sobre minha pessoa e sobre O DILÚVIO ao nos qualificar como um dos debatedores. Diz ele, no próprio blog, semana passada: “O Jucá e sua O DILÚVIO representam o que há de mais independente, autônomo e livre na imprensa de Porto Alegre – quer o próprio Jucá queira reconhecer isso ou não. Desde seus temas e pautas, até sua organização e ’sede’, passando pela diagramação e textos, O DILÚVIO congrega a grande maioria das características que qualquer veículo alternativo e informal gostaria de ter. E, acredito, é alguém que tem este tipo de experiência durante tantos anos que poderá levantar esta discussão de maneira genuinamente rica perante a entidade que busca formalizar o exercício do jornalismo.”

E acho que ele tem uma certa razão no que disse. O DILÚVIO é uma referência nacional em cultura livre, em reciclagem de idéias, em autonomia editorial, em jornalismo cultural. Já ganhamos uma bolsa da Fundação Avina pra produzir uma série de reportagens sobre licenças livres e multiplicação do conhecimento. Entre os 50 veículos contemplados com a bolsa de investigação, somente O DILÚVIO era uma publicação independente, no meio de grandes como CNN, Rádio CBN, Carta Capital, El Clárin, La Nación, Jornal do Conmércio, etc.

Também já fomos convidados pra debater jornalismo, com outras 40 experiências bem sucedidas de modelos alternativos de comunicação, no evento Onda Cidadã, promovido pelo Itaú Cultural. Recentemente, fomos escolhidos a 6º melhor publicação impressa do país, através do Prêmio Dynamite.

Portanto, se não sou o apropriado pra debater diploma, tenho uma certa credibilidade pra discutir jornalismo. Também temos forte personalidade pra dizer que ninguém vai nos obrigar a ter somente jornalistas com diploma em nossa revista. Leis que não consideramos justas, nós não obedecemos. Isto se deve ao nosso maior inspirador que é Henry Thoreau, autor do clássico A Desobediência Civil. Diz ele, em certo trecho do livro:

"Deve o cidadão, sequer por um momento, ou minimamente, renunciar à sua consciência em favor do legislador? Então por que todo homem tem uma consciência? Penso que devemos ser homens, em primeiro lugar, e depois súditos. Não é desejável cultivar pela lei o mesmo respeito que cultivamos pelo direito."

Conclui o mestre: "A lei jamais tornou os homens mais justos, e, por meio de seu respeito por ela, mesmo os mais bem-intencionados transformam-se diariamente em agentes da injustiça."

O DILÚVIO é uma revista que comete dezenas de desobediências, ilegalidades por dia. É só dar uma olhada na nossa comunidade no orkut, que tem quase 3.500 membros subversivos. Milhares de downloads de músicas protegidas pelo direito autoral são realizados a partir dos links disponibilizados lá na comunidade. Nosso perfil no orkut já foi denunciado por desrespeito aos direitos autorais e excluído duas vezes. Já criamos o terceiro, e rapidinho já chegamos a 500 amizades solidárias. E criaremos pela quarta vez, se for necessário.

No nosso blog, estamos cometendo outro delito, quase que diariamente. Utilizamos fotos, ilustrações e charges de outras pessoas sem pedir permissão e sem dar créditos ao autor. Motivo: são obras licenciadas em copyright, e não em Copyleft, Domínio Público ou Creative Commons. A gente faz pirataria e plágio com aqueles que não liberam a obra pra livre reprodução. E incentivamos isso. A propriedade é um roubo, disse Proudhon. Eu digo: a propriedade intelectual também é um roubo.

Duas pessoas da redação criaram uma obra que critica a desgovernadora Yedinha, e omitimos o nome destas duas pessoas. Ela está lá, nua, esperando que qualquer pessoa a use, que a plagie. E já vimos que ela já se espalhou por aí, no orkut já vi vários álbuns de fotografias com a obra lá, como se fossem de autorias de outras pessoas, e não nossa.

Não queremos ser donos de obras jornalísticas e artísticas. Queremos que as idéias se espalhem aos milhões. Pra mim é muito mais importante ver uma idéia minha sendo difundida e ampliada, modificada pra melhor e plagiada, do que dizer e obrigar que eu sou o autor dela. Esses dias eu vi no site do jornal O Globo a reprodução integral dum texto que já havia sido publicado na revista O DILÚVIO. Eles não citaram o autor da matéria. Problema nisso? Pra gente não.

Manu Chao, grande referência musical pra gente, também já reproduziu no seu site a entrevista que fizemos com ele, na íntegra e citando a fonte, sem nos pedir permissão, pois como usamos uma licença Creative Commons, já está pré-autorizada pra qualquer pessoa do mundo reproduzir nossas fotos e reportagens, da maneira como ela quiser, sem precisar nos contatar pra pedir autorização. Depois de publicado, nosso conteúdo deixa de ser de nossa propriedade e passa a ser do mundo. Assim como nossos filhos, dos quais somos pais, mas não somos donos. Depois de criados, eles também passam a ser do mundo em que vivem, sujeitos a ser justamente o oposto daquilo que os pais eram.

Quando alguém pega uma idéia nossa, não deixamos de possuir esta idéia, não nos sentimos roubados ou sem idéias. Assim como alguém acende uma vela na nossa, a gente não fica sem luz. Quem disse essa frase bonita não fui eu, foi o Thomas Jefferson, e está em domínio público. Se estivesse em copyright, eu diria que a frase era minha, ou não citaria o autor.

Enquanto isso, no senado federal, tramita o projeto de lei Azeredo, que vai vigiar e punir qualquer pessoa que fizer download ilegal de conteúdo protegido pelos direitos autorais. Se eu quiser fazer uma resenha do novo álbum da Sandy Junior, a filha do Chitãozinho e Xororó, eu vou precisar baixar o disco na web. A gravadora e a produtora dela não nos enviam CDs. Enviam somente a grandes meios de comunicação. Se eu quiser agir de forma legal, ou compro na loja, ou pago pra baixar no itunes. Isso vai me custar mais de 20 reais, quase 30. Ou seja, eu vou ter que pagar pra ajudar na divulgação do novo disco dela. Quem deveria me pagar era ela, pra eu ter que ouvir aquela bosta e ainda escrever uma resenha.

Ao mesmo tempo, aqui na província, um professor universitário e jornalista é censurado por uma empresa, que usa um cascateiro como laranja. A crítica mais contudente ao péssimo jornalismo que esta empresa faz está calada. Dizem que é uma pessoa processando outra por difamação. Não. É uma empresa censurando um jornalista por trazer a verdade a tona.

Há somente em Porto Alegre 26 emissoras de televisão e rádio com as outorgas já vencidas. Quem diz isso não sou eu, é a Anatel, é só entrar no site deles e conferir. E pra trabalhar nessas empresas que deveriam estar fechadas pela justiça, há pessoas aqui defendendo que se tenha o diploma. Como não vejo muita diferença em uma quadrilha de traficantes e estas emissoras, creio que vá se pedir diploma pra ser avião de traficante. Jornalista que trabalha numa dessas emissoras é um criminoso também. É cúmplice disso que eu qualifico como o pior jornalismo já feito na história no país. Nem nas ditaduras de Vargas e dos militares se fazia coisa pior.

Este ato contra a liberdade de expressão vai calar diversos comunicadores de rádios comunitárias. Já são calados na base da porrada pelo governo Lula, que é que mais fechou rádios comunitárias. Rádios comuntárias que são criminalizadas pelas rádios comerciais, são denunciadas e chamadas de piratas. Pirata é a rádio Gaúcha, a rádio Guaíba, a rádio Band, a rádio Cultura, a rádio da Universidade, a rádio Atlântida, a rádio Itapema, a RBS TV, a Band TV, etc. Todas elas estão com concessão pública vencida. Note, há duas rádios públicas que deveriam estar fora do ar. E nas rádios comerciais, governos municipais, estaduais e federal investem verbas publicitárias, pagas pelo nosso bolso.

E fiquei sabendo semana passada que meus amigos da Black Sonora e a Lica Tito tiveram que conseguir liminar pra poder se apresentar ao vivo. O que mais vai ser preciso ter diploma pra poder se expressar? Só falta os tucanos apresentarem um projeto que impeça analfabetos de concorrerem a presidência.

Então você soma tudo disso: censura a jornalistas + limitar que somente uma elite possa se comunicar + fechamento de rádios comunitárias + grandes emissoras funcionando sem outorgas + proteção da não difusão do conhecimento + proibir artistas de se apresentarem ao vivo + concentração de emissoras de radio e TV em poucas mãos = menos democracia e péssimo jornalismo

Esta exigência besta de diploma quer é calar a voz da maioria. Somente uma elite formada e diplomada poderá ser capaz de fazer o serviço sujo de uma dúzia de famílias que comandam a comunicação e a mídia no Brasil. Não me venham com esse papo furado que é preciso diploma pra segurar um microfone, alisar o cabelo e dizer que hoje vai chover na fronteira e fazer frio na serra. O cara que tinha mais talento pra fazer isso não tinha diploma de jornalista, e hoje é deputado estadual. Era muito mais divertido ele do que essas menininhas formadas na Fabico ou Famecos de cabelo alisado. Qualquer Maísa dá a previsão do tempo.



TOMATE CRU

Duas meninas comentaram, uma no nosso blog, e outra no twitter: então me devolva o dinheiro que gastei na faculdade. Não pude deixar de responder: se tivesse estudado como eu estudei, tinha passado numa federal. Porra, a preocupação delas é somente dinheiro. Em nenhum momento parou pra pensar que elas, com diploma, tem uma qualificação a mais de quem não tem.

Não é exigido, pra ser jornalista, estudar inglês, francês e castelhano, fazer mestrado e doutorado, tirar um curso de fotografia no SENAC, freqüentar algumas aulas na história, cursar photoshop, ler livros sobre a profissão que os professores nunca exigiram ou jamais recomendaram. Vou eu pedir a livraria meu dinheiro de volta porque a lei não obriga ler Darcy Ribeiro pra exercer a profissão de jornalismo? Claro que não. Eu procurei me qualificar. Por isso que entrei numa faculdade. Foi lá que conheci, além do Darcy Ribeiro, o Eric Hobsbawm e o Marshal McLuhan.

O presidente da Fenaj ilustrou um caso pra defender a obrigatoriedade do diploma. Um cara que pediu carteira de jornalista, mas que era analfabeto. Eu pergunto: você tem medo de concorrer e perder emprego pra um cara analfabeto? Então vaza, meu filho, enquanto é tempo. Desista do jornalismo e vá fazer outra coisa, vá plantar batatas.

Também tem alguns que dizem que blog não é jornalismo, eu pergunto: mas pra trabalhar no blog da folha online? Ou num blog da rede globo? Neste caso blog é jornalismo? Levo a crer que jornalismo então é somente aquilo feito na grande mídia. O blog da Petrobrás foi um bom exemplo esta semana de um bom jornalismo, muito melhor que os jornais. O blog d’O DILÚVIO, o blog do Jornalismo B, o blog do Celeuma, o blog do Marcelo Tas, o blog do Luis Nassif, o blog do Wladymir Ungaretti, entre outros, não são jornalismo? Digo mais: se você estuda jornalismo e ainda não tem um blog, escolheu a profissão errada.

E livros como “Estação Carandiru”, do Drauzio Varela; “Noites Tropicais” e “Tim Maia – Vale Tudo”, do Nelson Motta; “Os Sertões”, de Euclides da Cunha; “Dez Dias que Abalaram o Mundo”, de John Reed; “A Sangue Frio”, de Truman Capote; “O Mistério do Samba” e “Mundo Funk Carioca”, de Hermano Vianna. Todos esses livros, entre tantos, não são jornalismo? Preciso de diploma pra escrever um livro reportagem?

E filmes? “Ônibus 174”, do José Padilha; “Notícias de uma Guerra Particular”, do João Moreira Salles. Estes filmes não são jornalismo? Se forem, preciso ter diploma pra fazer um documentário?

E quanto a esses caras que vou citar. MINO CARTA – Quatro Rodas, Carta Capital, Veja; ANDRÉ FORASTIERI – Bizz, Set, General, Conrad, Folha, MTV; ZIRALDO – O Pasquim, Bundas, Palavra; MACOS FAERMAN – Versus, Singular e Plural; SEBASTIÃO OLIVEIRA – Caac – centro de artes e alternativas de cidadania; ELIEZER MUNIZ – projeto canal motoboy; LOBÃO – Outra Coisa, MTV; IDELBER AVELAR – brilhante cobertura dos ataques israelenses à Palestina; REGINA CASÉ – Central da Periferia; HERMANO VIANNA – Música do Brasil, Overmundo e Central da Periferia; ARNALDO JABOR – Jornal da Globo; RONALDO LEMOS - Overmundo. Em comum entre todos estes nomes é que nenhum deles tem diploma. Vamos queimar a Carta Capital? Vamos tirar o Overmundo do ar?

Também dizem que assim que não for mais exigido o diploma, as empresas vão demitir os jornalistas formados. Alguém aqui acredita que a Globo vai demitir o Caco Barcelos ou o Carlos Eduardo Dornelles? Alguém acredita que O DILÚVIO não vai mais querer entre seus colunistas nomes como Bruno Lima Rocha e Wladymir Ungaretti. Só os medíocres acreditam nisso, pois só eles tem medo de perder emprego, porque sabem que são medíocres.

Nessa sexta que passou houve outro debate sobre o assunto, e ouvi várias vezes a palavra patrão. Que com diploma o patrão não vai nos explorar, vai pagar melhor, não vai nos demitir pra contratar outro em seu lugar. E notei que a grande preocupação dessas pessoas é não perder emprego nem ganhar mal na grande mídia. Elas não querem abolir a grande mídia, não querem boicotar a grande mídia. Não. Elas querem continuar sustentando, com diploma e mais qualidade, a grande mídia. Quere continuar dando coro a manipulação, engrossando o caldo da mentira. Mas com diploma, claro, a mentira terá mais qualidade. Um cara que não estudou jornalismo dificilmente estudou e sabe os quatro padrões básicos de manipulação utilizados pela grande imprensa. Ou será que eles acham que vão inverter a pauta do MST para um novo ângulo, para uma nova ótica?

Cito o grupo Krisis, autor do brilhante livro Manifesto Contra o Trabalho: “Trabalho e capital são os dois lados da mesma moeda. A esquerda política sempre adorou entusiasticamente o trabalho. Ela não só elevou o trabalho à essência do homem, mas também mistificou-o como pretenso contra-princípio do capital. O escândalo não era o trabalho, mas apenas a sua exploração pelo capital. Por isso, o programa de todos os "partidos de trabalhadores" foi sempre "libertar o trabalho" e não "libertar do trabalho". Tanto do ponto de vista do trabalho quanto do capital, pouco importa o conteúdo qualitativo da produção. O que interessa é apenas a possibilidade de vender de forma otimizada a força de trabalho. Os trabalhadores das usinas nucleares e das indústrias químicas protestam ainda mais veementemente quando se pretende desativar as suas bombas-relógio. E os "ocupados" da Volkswagen, Ford e Toyota são os defensores mais fanáticos do programa suicida automobilístico. Não só porque eles precisam obrigatoriamente se vender só para "poder" viver, mas porque eles se identificam realmente com a sua existência limitada. Para sociólogos, sindicalistas, sacerdotes e outros teólogos profissionais da "questão social", trabalho forma a personalidade. Personalidade de zumbis da produção de mercadorias, que não conseguem mais imaginar a vida fora de sua Roda-Viva fervorosamente amada.”

O jornalista Hélio Paz, que pensa parecido comigo sobre o diploma, disse: “os sindicatos vivem essa atrasada visão dicotômica de burguesia x proletariado quando o jornalista JAMAIS se constituiu em um proletário ou em um escravo miserável. Além disso, não enxergam bem outra possibilidade que não seja a de serem empregados injustiçados de um patrão totalitário.” Citei ele porque também ouvi muitos argumentos do tipo “jornalista é diferente de comentarista e colunista; o primeiro faz reportagens e os outros opinam”. Então jornalista não deve opinar? Jornalista é o pau mandado do editor que o coloca pra cobrir o que interessa a empresa?

Vou procurar adaptar a situação do jornalismo pra outra profissão bem parecida com a nossa. Digamos que haja diploma pra ser prostituta. Você acredita que uma diplomada diz pro patrão dela na zona e diz: “olha, eu só transo com o Brad Pitt e com o Rodrigo Santoro”. Mesmo com diploma, ela vai transar com qualquer um que pagar, seja gordo ou magro, alto ou baixo, bonito ou feio, vascaíno ou flamenguista, cabeludo ou careca, cepacol ou desdentado. E se pensar que nem pensam os favoráveis a exigência de diploma, vai fazer passeata em Brasília pra impedir que qualquer puta sem nível superior faça programa nas esquinas.

Eu digo: com diploma ou sem diploma, quem pensa assim vai sempre acabar se fudendo. E sendo assim, só posso dar este conselho: jornalista com caráter de puta que nem você tem mesmo é que tomar no cu.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

PENSAR: NEM PENSAR



# águas passadas #
A crise financeira e o consumo de drogas

txt: Arlei "Xuxu Beleza" Arnt

O crescente aumento do número de desempregados nas grandes capitais influenciou até mesmo o mundo das drogas. A maconha, droga mais barata e popular de Porto Alegre, chegou inclusive a baratear o preço nos últimos dez anos. Em 1994, auge do plano real, quando um dólar valia um real, o baseado de maconha era vendido há dois ou três reais. Hoje qualquer drive drugs vende a mesma quantia por um real. Os drive drugs são inclusive um dos símbolos da era do desemprego em massa instalada no governo FHC. A capital gaúcha deve ter mais de uma dezena de ruas onde o usuário nem desce do carro para comprar drogas. Ao longo de uma dessas ruas, a imagem de dezenas de mulheres oferecendo maconha e cocaína parece com a avenida Garibaldi, entre a Voluntários e a Farrapos, ponto 24 horas de fácil acesso às damas do meretrício.

O desemprego em massa também afetou o tipo de drogas que são usadas e o comportamento dos viciados. Em um bar da zona sul da capital, onde o tráfico e consumo de cocaína se faziam constantemente ao despertar da meia-noite, o cenário é outro. Noventa por cento dos freqüentadores trocaram a cocaína pelo crack. Com a triplicada da cotação do dólar em relação à moeda brasileira, o pó também multiplicou o seu preço por três. O crack, custando em média três a quatro vezes mais barato que a cocaína, é a nova onda do momento. Enquanto a classe média continua dando suas cafungadas, quase não existe viciado pobre que não tenha experimentado uma só pedra de crack.

A mudança de droga resulta na mudança de comportamento. Pelo diferente efeito que o crack causa (a sensação da dose é mais pesada que a cocaína, porém a duração é bem menor), os antigos viciados em pó acabam se tornando ainda menos sociais. Eles falam pouco e ficam sérios, suam muito e exalam um cheiro nem sempre agradável. E nunca param de fumar crack, pedra atrás de pedra. Duas profissões foram influenciadas pelo advento do crack. Tiquinho, que sempre vendeu bucha de pó, agora também vende pedra: “não é mais como antigamente, a galera chegava aqui no bar e soltava a grana pra cheirar um bagulho”, revela Tiquinho. “Se eu não vender pedra hoje, é capaz de eu voltar pra baia sem o leite da cria”.

Além dos traficantes, as prostitutas também alteram a rotina. Gláucia aluga o corpo há mais de quinze anos. O dinheiro que ela ganha dificilmente leva embora pra casa onde vive com as seis filhas. Pior, ela tem trabalhado bem menos depois que trocou o pó pela pedra: “antes eu dava uma cafungada na avenida mesmo e tava pronta para trabalhar a noite toda; hoje eu mal consigo levantar uma graninha e já me emburaco aqui fumar a minha pedra e não saio mais até raiar o dia”. A mudança no estilo de vida de Gláucia já trouxe conseqüências: “Milha filha de 14 anos tentou se matar semana passada”, confessa a prostituta. Para finalizar, um outro fato chama a curiosidade. É cada vez maior o número de adolescentes que se prostituem para conseguir o dinheiro de comprar crack. Aonde vamos chegar com tudo isso?

(este texto foi publicado pela primeira vez em 2004, no site Ponto de Vista, quando o crack não era promovido a show dramático. Aliás, pouco se falava sobre o crack, o que não dá pra entender, pois já era super visível os danos sociais. O professor Ungaretti comentou na época: "Acredite, o Jornal do Brasil, edição de 18.04.2004, levantou esta pauta após a leitura do texto que o jornalista e escritor Arlei Arnet enviou, diretamente do submundo, para o sítio pontodevista. O cara fareja os temas jornalísticos, mas passa longe das assessorias de RP.")

quarta-feira, 29 de abril de 2009

DEMOCRATIZANDO A INFORMAÇÃO

# águas passadas ou boizébuss #
(ou: secando a RBS)

txt: Eduardo Busss
art: Marexal



Há algum tempo, o editor me mostrou um emílio do velho mestre Wladimir -olha, meu, não é qualquer um que dá pra chamar de mestre. Ele dava parabéns pela lição de mau-jornalismo que NOÉ estava dando. Que bom que ele sacou isso. Na real, não tem nada melhor do que escrever um texto livre de regras tipo "piramide invertida". Essa foi a pior técnica que o curso de jornalismo me ensinou - talvez isso tenha contribuido pra desistir da profissão. É a tal da coisa pro cara burro, o texto que tu faz pro neguinho ler duas linhas - porra, ou lê ou não lê, e se não lê tudo, falhou de quem escreveu. Como profissionais da escrita podem usar uma técnica tão medíocre?

Voltando ao assunto, a gente ainda está esperimentando uma linguagem pra texto, uma mistura de carta, emílio e jornal sensacionalista, sei lá, é um jeito de escrever que não se preocupa com regras gramaticais ou de acentuação ou pontuação (como os profissionais do jornalismo se preocupamn com essas bobagens... pra isso tem editor, e que bom que o nosso não revisa porra nenhuma), não quer saber se as frases são curtas ou longas, ou se a pirâmide tá pra cima ou pra baixo - é quase uma fala escrita. Demonstra honestidade. Como é bom poder dizer "merda" no meio de um texto. A ZH diria: salário mínimo tem um aumento irrisório. NOÉ diria: salario mínimo tem um aumento de merda.

A línguagem da mídia não-marrom ainda está distante da linguagem popular, mas a tecnologia está modificando essas regras. Começam a surgir lternativas à imprensa tradicional, fora de todos os esquemas dos grandes veículos. Em alguns canais alternativos da internet, estão voltando a aparecer textos com opinião, deixando de lado a pretenciosa imparcialidade do jornalismo tradicional - provavelmente porque quem está escrevendo não é do ramo. Sorte da imprensa que ainda precisamos democratizar a tecnologia nesse país. Ainda vão ganhar dinheiro por algum tempo. Mas vão cair ladeira abaixo. O tombo está só começando. Vamos acompanhar toda a trajetória.

Buss

(N.do E.) texto públicado no saudoso Noé Leva Dor, edição 36 e 38, e-zine tosco que deu origem ao atual império O DILÚVIO. Acredita-se que este texto tenha sido publicado no começo de 2002. Talvez o Buss não pense mais desse jeito, mas o que ele disse continua muito atual. Buss pensou bem e não quis completar o curso de jornalismo. Pena que desistiu DO jornalismo. Ele tinha ótimas inversões de lógica e uma sarcástica pena. Observe o gancho "mau-editor" e como ele se refere ao editor.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

[ponto de vista] SUICÍDIO DE KURT COBAIN É A VITÓRIA DO SISTEMA




txt: Wladymir Ungaretti

“Para a sociedade de consumo, a pobreza é o que pode ser reduzido em termos de consumo. Do ponto de vista do espetáculo a redução do homem a consumidor é um enriquecimento: quanto mais coisas e papéis temos, mais somos. Mas, do ponto de vista da realidade vivida, aquilo que se ganha em poder é o quanto se perde em vontade de realização autêntica. Aquilo que se ganha em parecer se perde em ser e em se tornar.”

Sofremos uma derrota no dia oito de abril de 1994. O corpo de Kurt Cobain é achado por um eletricista que iria realizar consertos na casa onde ele costumava dormir. Um bilhete de adeus é encontrado ao lado do corpo. Acabava de se dissolver o Nirvana. Em 1985 Cobain organizava sua primeira banda, a Fecal Matter (matéria fecal). Teve uma curta existência. É, em abril de 1987, acompanhado por mais dois caras, se apresentava ao vivo na Rádio Comunitária Kaos. Desta apresentação saiu a primeira fita demo da banda. É preciso criticar as revoluções e exaltar as rebeliões.

A editora Conrad, a mesma da coleção Bardena – a arte da subversão para as novas gerações, lançou recentemente “Fragmentos de uma Autobiografia de Kurt Cobain”, de Marcelo Orozo. O autor é um jornalista formado em 1989. Já passou por várias redações em São Paulo. Estes fragmentos são construídos a partir, basicamente, de um outro livro. Estamos falando de “Mais pesado que o Céu – uma biografia de Kurt Cobain”, de Charle R. Cross, da editora Globo. Charle Cross é um jornalista que foi durante algum tempo editor da The Rocket, uma das mais importantes revistas da região noroeste dos EUA, tendo sido a primeira a sacar a importância do Nirvana e a dar uma matéria sobre o grupo com chamada de capa. Ele é autor dos livros “Le Zeppelin: Heaven and Hell”, “Backstreets: Springsteen”, entre outros. Seus textos são seguidamente publicados na Rolling Stone, Esquire e Spy. Cross mora em Seattle. O cara conhece o assunto. Como li em algum lugar, recentemente, o enterro prematuro é a lei do consumismo. Pena que o tema não seja estudado nos cursinhos de publicidade.

Não há nenhuma razão para que se estabeleçam comparações entre os dois livros. São idéias diferentes. O livro do brasileiro, sem qualquer juízo de valor, é de leitura rápida. Traz as letras das músicas em inglês com uma tradução ao lado, o que facilita o entendimento. Com uma contextualização. Enquanto que o livro do jornalista de Seattle é uma biografia no seu sentido mais tradicional. Não são fragmentos. A leitura de um não invalida a leitura do outro.



Em 23 de janeiro de 1988, numa sessão demo, no Reciprocal Studios, em Seattle, o Nivarna num dos climas mais pesados de toda a carreira do grupo gravava “Paper Cuts”, cuja tradução é “retalhos de jornal”.

A letra da música foi escrita a partir de um episódio real. Uma família mantinha os filhos isolados em um quarto escuro, com as janelas pintadas de preto. A porta só era aberta para empurrar pratos de comida e para retirar os jornais espalhados pelo chão para absorver urina e fezes. A letra de Retalhos de jornal diz: “Na hora da refeição/ela empurrava comida pela porta/E eu me arrasto rumo à brecha de luz/às vezes não consigo achar o caminho/Jornais espalhados em volta/Sugando tudo que podem/ Está na hora de nova faxina/ Uma boa lavada/ A senhora que amo como mãe/Não consegue me olhar nos olhos/Mas eu vejo os delas e eles são azuis/ E se erguem e se torcem e se masturbam/ É o que disse/Nirvana/.

Ao contextualizar a história e a letra, o jornalista brasileiro destaca o fato de que a solidariedade de Kurt Cobain com os jovens envolvidos ocorreu muito em função dele também se sentir um rejeitado. Cobain, na ocasião, teria declarado que conhecia um dos aprisionados no quarto, pois que comprava dele pequenas quantidades de maconha. A letra segue: “Janelas negras de tinta/Que raspei com minhas unhas/Vejo outros como eu/ Porque eles não tentam fugir/ Eles levam pra fora os mais velhos/Apontam na minha direção/Eles chegam como um facho de luz/ E levam minha família embora/.

Kurt encerra letra apontando para a solidariedade com os excluídos e condenando aqueles que apenas ridicularizam a situação: E bem depois eu aprendi/A aceitar alguns companheiros de ridículo/Toda a minha existência é para sua diversão/E é por isso que eu estou aqui com vocês!/ Para levá-los comigo/Direto para o Nirvana/.

O progressivo abandono de todo o radicalismo, o abandono de todos os elementos, de fato insurrecionais, em todos os planos, nos joga no reformismo. Nos tempos atuais, este abandono de todas as tradições radicais nos empurra, crescentemente, para a idéia de que as reformas são salvadoras. Nos empurra na manutenção (apenas) das formas de sobrevivência. Sobreviver é a palavra de ordem. Até quando a vida será apenas a luta pela sobrevivência?

Busco a vida. Agradeço aos meus alunos por aprender, por me possibilitarem descobertas: a história de Kurt Cobain e do Nirvana é recente. Peço desculpas (é verdadeiro o que estou dizendo) não consigo escrever de forma mais anárquica. Cada vez mais tenho dificuldades para encenar o papel de professor. É um paradoxo.

“A violência mudou de sentido. Não que o rebelde tenha se cansado de combater a exploração, o tédio, a pobreza e a morte: o rebelde simplesmente resolveu não combatê-los mais com as armas da exploração, do tédio, da pobreza e da morte. Já que a primeira vítima de tal luta é aquele que se compromete em desprezar sua própria vida. O comportamento suicida se inscreve na lógica do sistema que tira seu proveito do esgotamento gradual da natureza terrestre e da natureza humana.”

Nem revolução, nem reforma. Rebelião sempre.

Em um muro de Chiapas está escrito: somos um exército de sonhadores, por isso somos invencíveis.

Mesmo quando perdemos Kurt Cobain.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

ZEROLÂNDIA PROMOVE UMA GUERRA

# ponto de vista #
Os verdadeiros criminosos de guerra



txt: Wladymir Ungaretti

Observem com atenção. Existe uma idéia e uma subjetividade sendo passada aos leitores. As duas fotos acima são da contracapa de Zerolândia (jornal Zero hora), edição de 12.09.2008. A palavra GUERRA esta associada à cidade do RIO. E a palavra PAZ está associada à cidade de NOVA YORK, aos americanos. O país mais violento do mundo está associado à palavra PAZ. É uma piada. E, o Rio de Janeiro, cidade cuja imagem tem sido trabalhada como sendo símbolo da violência, passa por mais uma GUERRA. Não importa qual é a GUERRA. GUERRA É GUERRA.

No entanto, na página interna, a matéria descreve uma situação e o título é "SEM CONFRONTO, tropas ocupam favelas no Rio". Uma GUERRA SEM CONFRONTO. Uma situação que poderia estar ocorrendo em Alagoas, por exemplo. Ou em Pernambuco. A foto é de soldados em posição de tiro. Não tem como o leitor não introjetar uma determinada subjetividade, reacionária. Pela repressão.

Observem, agora, como os jornais "O Estado de São Paulo" e "Folha de São Paulo" tratam da mesma questão, em suas respectivas capas. Não estamos afirmando que um jornal seja melhor do que outro.



A foto acima é da capa do jornal "Estadão", edição de 12.09.2008. Os soldados não estão, em princípio, em posição de combate. O cenário ao fundo é de miséria. E o título: "RIO: TROPAS PARA GARANTIR O VOTO." Não passa a idéia de GUERRA. Não estabelece uma comparação com a PAZ reinante em Nova York. Na página A11 temos uma foto de blindados com soldados em posição de patrulhamento. O título é "Exército nas favelas não atrai candidatos.”



A foto acima é da capa do jornal "Folha de São Paulo", edição de 12.09.2008. O título é "Operação Belezura". A imagem de fundo é um cartaz que passa uma idéia "bonita". De PAZ. O texto é "soldado patrulha bairro pobre da zona oeste do Rio, no primeiro dia do 'manto de segurança' formado por Exército e Marinha para garantir processo eleitoral em 7 favelas (...)" E a foto (interna) é de um soldado em de atitude patrulhamento, tendo ao fundo crianças brincando. Um clima de PAZ.

JORNALISTA trabalha, permanentemente, com noções de comparação. Nunca é demais lembrarmos que o leitor médio não lê mais do que um jornal. E, por isso mesmo, o leitor médio tem poucas chances de sacar a sacanagem, diária.

É o pessoal diplomado que produz essa merda. São criminosos de GUERRA.


quarta-feira, 25 de março de 2009

CENSURA NO JORNALISMO GAÚCHO




# over12 #
Mídia do chulé do país em busca do pensamento único

txt: Arlei Arnt

A imprensa do Rio Grande do Sul tem diversas famas: de ser a pior do Brasil e de cada veículo se pautar pelo outro. Como o pensamento é único, a pauta de hoje é repetir as notícias de ontem, e assim vamos nos informando na mesmice. Mas agora chegamos ao absurdo. O jornalista, professor e amigo Wladymir Ungaretti está proibido, pela (in)justiça, de citar o nome do fotógrafo super conhecido por Fotonaldo, cascateiro a serviço dos interesses do PRBS. Ungaretti, diariamente, desmascara a sacanagem que o panfleto Zero Fora metralha na cabeça dos idiotas que compram e sustentam isso que eles chamam de "jornalismo imparcial".

Nem imparcial, muito menos jornal. Zero Fora é o carro chefe do pensamento único do estado. Fotonaldo (apelido que o próprio não gosta de ser chamado, por ser verdade) é a marionete do grupo PRBS pra produzir fotografias cascatas, aquelas feitas por encomenda e especialmente produzidas pra passar alguma subjetividade, tais como esta inclusa neste post, em que ele, por uma absoluta sorte, está no lugar certo e na hora certa, pronto pra clicar.



Por um breve tempo, após suas armações serem desmascaradas constantemente pelo professor Ungaretti, Fotonaldo foi pro gelo. E retornou com a glória. Após meses e meses, todos os dias, sentado na beira dum lago do Parque Moinhos de Vento, conseguiu filmar um cágado dando um bote mortal numa pomba. A cena ganhou o mundo, e Fotonaldo (apelido que o próprio odeia ser chamado, pois a verdade dói) retomou sua credibilidade perante os medíocres leitores de Zero Fora.

O DILÚVIO, como também outros blogs e sites autônomos, denunciam aquilo que em palavras reais se chama censura e autoritarismo. Já não bastam todos os grandes veículos repetirem a mesma merda todos os dias, o pensamento único agora se faz a força através de decisão judicial. Ninguém neste chulé levanta a voz, nem mesmo os pseudo radicais defensores da ditadura do proletariado (nada diferente da ditadura de imprensa), contra esse absurdo.

A PRBS pode nos censurar, mas jamais vai nos calar. Forza Ungaretti ! Foda-se Fotonaldo ! Quem compra, trabalha e sustenta essa máfia, é cúmplice do autoritarismo. Muitos jornalistas da empresa foram nossos colegas de faculdade. Se antes tínhamos um pouco de compreensão, agora perdemos nosso total respeito. Fodam-se também!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

TRISTES RETRATOS DO JORNALISMO

Por Ronaldo Martins Botelho, do Observatório da Imprensa

Imaginemos a que ambiente político estaríamos submetidos se, no lugar de se exercer o debate salutar, entrasse na moda entre os colegas jornalistas processar-se entre si por críticas manifestadas sobre práticas suspeitas, ou eticamente condenáveis, no trabalho alheio. Provavelmente, em um estado de censura explícita. Além de uma meio defesa, a justiça tem sido um instrumento para se impor uma "censura legal", até entre membros de uma mesma categoria.

Mas há outras formas mais sutis de controle do que pode ser dito e mostrado, conforme conveniência: a própria imprensa, por exemplo. Daí a preciosidade democrática dos observatórios e blogueiros que militam diariamente nesse monitoramento de práticas de mascaramento da realidade pela mídia. Ironicamente, o professor gaúcho Wladymir Ungaretti, do qual tenho o orgulho de ter sido aluno nos anos 1990, está sendo processado nesse momento pelo exercício voluntário nesse tipo de atividade e, o mais irônico, por um colega (?) da área de jornalismo (?).

O fotógrafo Ronaldo Bernardi, do jornal Zero Hora, está movendo processo contra Ungaretti por este ter sugerido a possibilidade de uma foto produzida por Bernardi em um fato policial ser uma montagem ("cascata") e por o autor da mesma ser identificado como Fotonaldo em uma de suas análises de imagens, veiculada sobre a edição de 04/11/2008 no Zero Hora, conforme o texto "Não se trata de uma provocação", publicado no blog de Ungaretti.

Leitor e observador voraz

O curioso é que em sua ação o fotógrafo não responde, nem problematiza, o centro da crítica de Ungaretti, que questiona eticamente os procedimentos profissionais em uma suposta montagem na cobertura de um fato policial.

No lugar disso, conforme Ungaretti, o referido fotógrafo apenas se restringe a reclamar, via justiça, codinomes a ele associados. Porém, pelo menos com relação à expressão Fotonaldo, nem isso parece se justificar, já que na ocasião – como pode ser notado no texto contido no link acima – Ungaretti deixa claro se tratar de um apelido difundido por outros colegas a respeito desse profissional e, portanto, não foi invenção sua. Não conheço Ronaldo Bernardi, porém em uma rápida rastreada noto que não é a primeira vez que sua conduta profissional é questionada por blogueiros, como se percebe no texto "Ao lado dos agressores", também veiculado em um blog.

Mas Ungaretti, eu conheço. Há alguns anos o professor Wladymir Ungaretti – ou apenas jornalista, como gosta de se assumir – realiza uma análise diária da grande imprensa gaúcha, estudo reconhecido até internacionalmente por estudantes, professores e jornalistas sérios. Seu trabalho não se resume ao comentário crítico: faz comparações; destaca títulos; avalia enquadramentos, desconstrói argumentos; aponta modelos; produz ensaios – tudo com a autoridade de quem tem a experiência, antes do magistério, de vários anos de ofício, em um momento político em que para exercer a profissão se era vítima de censores menos estranhos. Além disso, cultiva a qualidade típica dos veteranos, de leitor e observador voraz de tudo o que importa para a análise da vida em sociedade, seja na filosofia, nas ciências sociais ou nas artes.

"Práticas profissionais duvidosas"

Ainda nesse mapeamento cotidiano, referência dentro e fora de da sala de aula, Ungaretti disponibiliza em seu site Pontodevista especiais periódicos sobre temas ignorados, ou superficialmente tratados na imprensa tradicional, mas de alta relevância para entender nosso tempo. Trata-se, assim, de um raro exercício de jornalismo em profundidade que relaciona a observação crítica diária da imprensa hegemônica com o comportamento de outros poderes, agregando a isso uma boa dose de ciência e literatura e um claro posicionamento político (que faria bem que todo jornalista manifestasse visivelmente).

Diante dessa situação, resolvi obter um depoimento direto de Ungaretti sobre o assunto, que reproduzo abaixo:

"Desde março de 2004, com a foto `Falcões do Sul´, estou apontando que este cara trabalha em sintonia com a polícia. Sempre com o sentido de criminalizar os movimentos sociais e a periferia. Este cara começou como boy, contínuo da redação (nada contra) quando eu já era subchefe de reportagem da redação de ZH, ou então pauteiro. Sempre me relacionei super bem com o pai dele, o seu Nilo, também contínuo da redação. Passou a boy, contínuo do laboratório fotográfico, passou a laboratorista da madrugada, a fotógrafo de plantão da madrugada e assim sucessivamente. Não sei se esta é a ordem exata. Têm 35 anos de RBS. Passou a fazer as matérias 500, matérias de interesse empresa. Na atualidade, segundo informações de pessoas da redação, após tantas críticas ao seu trabalho, foi colocado no plantão. Na geladeira. A discussão central não é o apelido ou as expressões showtógrafo, zerolândia, fotocampana, fotocascata, termos amplamente usados no meio, mas as fotos `produzidas´. Gostaria que tudo isso possibilitasse uma ampla discussão sobre práticas profissionais, no mínimo, duvidosas."

Solidariedade e apoio

A pergunta que fica, diante disso, é: a quem interessa censurar um trabalho pela transparência e independência na atividade jornalística? Ao jornalismo? Só se for o do discurso único. À justiça? Só se for a que diz que o interesse público está abaixo da discrição profissional. À honra particular? Só se for possível separar o indivíduo político do indivíduo jornalista, piada ainda contada em alguns cursos de comunicologia. Á democracia? Só se for àquela que se legitima através da vontade privada dos grandes grupos de comunicação e seus protetores.

Felizmente, para mim e todos os leitores de seu site/blog, apesar de estranhos acontecimentos recentes que sugerem formas indiretas de intimidação, Ungaretti não se intimidou. Pelo contrário, produziu outro de seus especiais sobre jornalismo, posicionando-se exatamente sobre a questão que enfrenta, através do micro-editorial "De consciência tranqüila"; incluiu ainda, nessa edição, ilustrações do processo de produção da "cascata" na imprensa (denominação tradicional para a criação fantasiosa de fatos ou distorção dos mesmos) que fornecem subsídios para entender as novas formas de manipulação fotográfica no jornalismo. Disponibiliza, com isso, mais subsídios ao debate: limonada farta de um só limão.

Enfim, diante disso e de outros episódios decepcionantes no mundo da grande imprensa, acredito profundamente que a credibilidade profissional reside hoje, muito acima e além de prêmios – sempre convenientes às organizações que os oferecem ou a interesses específicos por legitimação – está, sim, na abnegação e no trabalho diário pelo interesse público, reconhecido, ou perseguido, em momentos como esse. Jornalistas como Mino Carta, Lúcio Flávio Pinto, José Arbex Júnior, Alberto Dines, entre tantos outros de norte ao sul do país, ainda me fazem cultivar essa convicção. Portanto, professor Ungaretti, junto com minha solidariedade manifesto-lhe a certeza de que não está, e nunca estará, sozinho nessa empreitada. Continue firme, e se for preciso, como diria Lênin, "um passo atrás para dois passos à frente"!

#ALGUNS DIREITOS RESERVADOS

Você pode:

  • Remixar — criar obras derivadas.

Sob as seguintes condições:

  • AtribuiçãoVocê deve creditar a obra da forma especificada pelo autor ou licenciante (mas não de maneira que sugira que estes concedem qualquer aval a você ou ao seu uso da obra).

  • Compartilhamento pela mesma licençaSe você alterar, transformar ou criar em cima desta obra, você poderá distribuir a obra resultante apenas sob a mesma licença, ou sob licença similar ou compatível.

Ficando claro que:

  • Renúncia — Qualquer das condições acima pode ser renunciada se você obtiver permissão do titular dos direitos autorais.
  • Domínio Público — Onde a obra ou qualquer de seus elementos estiver em domínio público sob o direito aplicável, esta condição não é, de maneira alguma, afetada pela licença.
  • Outros Direitos — Os seguintes direitos não são, de maneira alguma, afetados pela licença:
    • Limitações e exceções aos direitos autorais ou quaisquer usos livres aplicáveis;
    • Os direitos morais do autor;
    • Direitos que outras pessoas podem ter sobre a obra ou sobre a utilização da obra, tais como direitos de imagem ou privacidade.
  • Aviso — Para qualquer reutilização ou distribuição, você deve deixar claro a terceiros os termos da licença a que se encontra submetida esta obra. A melhor maneira de fazer isso é com um link para esta página.

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