# ponto de vista #
Os verdadeiros criminosos de guerra
txt: Wladymir Ungaretti
Observem com atenção. Existe uma idéia e uma subjetividade sendo passada aos leitores. As duas fotos acima são da contracapa de Zerolândia (jornal Zero hora), edição de 12.09.2008. A palavra GUERRA esta associada à cidade do RIO. E a palavra PAZ está associada à cidade de NOVA YORK, aos americanos. O país mais violento do mundo está associado à palavra PAZ. É uma piada. E, o Rio de Janeiro, cidade cuja imagem tem sido trabalhada como sendo símbolo da violência, passa por mais uma GUERRA. Não importa qual é a GUERRA. GUERRA É GUERRA.
No entanto, na página interna, a matéria descreve uma situação e o título é "SEM CONFRONTO, tropas ocupam favelas no Rio". Uma GUERRA SEM CONFRONTO. Uma situação que poderia estar ocorrendo em Alagoas, por exemplo. Ou em Pernambuco. A foto é de soldados em posição de tiro. Não tem como o leitor não introjetar uma determinada subjetividade, reacionária. Pela repressão.
Observem, agora, como os jornais "O Estado de São Paulo" e "Folha de São Paulo" tratam da mesma questão, em suas respectivas capas. Não estamos afirmando que um jornal seja melhor do que outro.
A foto acima é da capa do jornal "Estadão", edição de 12.09.2008. Os soldados não estão, em princípio, em posição de combate. O cenário ao fundo é de miséria. E o título: "RIO: TROPAS PARA GARANTIR O VOTO." Não passa a idéia de GUERRA. Não estabelece uma comparação com a PAZ reinante em Nova York. Na página A11 temos uma foto de blindados com soldados em posição de patrulhamento. O título é "Exército nas favelas não atrai candidatos.”
A foto acima é da capa do jornal "Folha de São Paulo", edição de 12.09.2008. O título é "Operação Belezura". A imagem de fundo é um cartaz que passa uma idéia "bonita". De PAZ. O texto é "soldado patrulha bairro pobre da zona oeste do Rio, no primeiro dia do 'manto de segurança' formado por Exército e Marinha para garantir processo eleitoral em 7 favelas (...)" E a foto (interna) é de um soldado em de atitude patrulhamento, tendo ao fundo crianças brincando. Um clima de PAZ.
JORNALISTA trabalha, permanentemente, com noções de comparação. Nunca é demais lembrarmos que o leitor médio não lê mais do que um jornal. E, por isso mesmo, o leitor médio tem poucas chances de sacar a sacanagem, diária.
É o pessoal diplomado que produz essa merda. São criminosos de GUERRA.
#CADÊ MEU CHINELO?
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