#CADÊ MEU CHINELO?
terça-feira, 9 de agosto de 2011
[águas passadas] UNGARETTI PSICOGRAFA MENSAGEM DE LUTHER BLISSET
::txt::Luther Blisset::
::trnscrç::Wladymir Ungaretti::
Quero fazer uma rápida intervenção nessa discussão sobre as eleições. Quero intervir tendo por pano de fundo uma idéia expressa por Eduardo Galeano: " não me animaria a desclassificar movimentos. Prefiro aplaudí-los pelo que fazem. Se há um salva-se quem puder, me parece bastante saudável que existam, principalmente em uma época na qual está proibida toda energia que não esteja a serviço do mercado". Portanto, que fique bem claro que minhas observações não tem por pano de fundo uma posição excludente.
Mas, é preciso dizer algumas coisas, entre tantas que poderiam ser ditas e alinhadas. Não é por acaso que esta tímida discussão tenha sido desencadeada pelo Tiago Jucá, um anarquista expontaneísta, no seu sentido mais puro e verdadeiro. Assim como não é por acaso que as principais figuras d esta faculdade andem com estrelinhas do PT, no peito e representem a fina flor do reacionarismo, do atraso. Não é por acaso que o jornalismo "ensinado" às novas gerações tenha se transformado no ensino do jornalismo-tipo-rp. Claro, durante muito tempo apontado como revolucionário.
Tenho orgulho por ter dado minha modesta contribuição ao desmascaramento da farsa. Aliás, a farsa continua. Claro, que com ares de novidade. Até mesmo o governo do Maluf deve ter aspectos positivos, assim como o do Garotinho, o do Ciro Gomes e até mesmo a gestão do Serra, na Saúde. Este último um ex-militante da AP (Ação Popular), católicos de esquerda, reformistas. É evidente que as administrações do PT - aqui no sul - reformaram muitas coisas. Já escutei, por exemplo, empresários manifestando satisfação pelo fato de que tais administrações são de um elevado senso de honestidade, em relação a coisa pública. Que bom.
O jornalista Mino Carta, pelo qual tenho o máximo respeito e diga-se de passagem o primeiro a colocar o companheiro Lula na capa de uma revista (Istoé de1978), em recente editorial, afirmou que se a elite brasileira não fosse tão selvagem, quem, nesse momento, melhor administraria o capitalismo brasileiro seria o PT. Quando o candidato Lula anuncia que respeitará todos os acordos internacionais, incluindo
os estabelecidos com o FMI, fica claro qual será o tom de tudo em caso de vitória. E, eu torço por esta vitória, acreditem. Quando o companheiro Tarso se deixa pautar pela RBS, na questão da violência, está fazendo o jogo do que tem de mais reacionário na sociedade gaúcha. Colocar câmaras de vigilância, no centro da cidade, para registar pequenos furtos é fazer a lição de casa pelos interesses da elite, ou seja, contribuição expressivamente na colocação de mais miseráveis na cadeia.
Privatizar espaços públicos(os estacionamentos) não me parece uma política inteligente. Expulsar os camelôs das áreas centrais reabrindo as ruas para a circulação de veículos não é correto. Tenho uma irmã expulsa do Deus mercado de trabalho e que trabalha como camelô. Talvez o indicado é que ela vire assaltante dentro daquela idéia: seja marginal, seja herói. Não tenho nenhuma dificuldade em dizer que, acho que pela idade, não sou (única e exclusivamente) pelas reformas do capitalismo. Mas a luta por reformas - está provado historicamente com o socialismo real, acaba amortecendo as revoluções transformadoras. A idéia não é minha. Temos o melhor transporte coletivo do país. Os empresários do setor estão satisfeitos. O asfalto foi levado às vilas. O que é ótimo. Assim, os ônibus da Sudeste ganharam novos mercados. Facilitou a vida dos trabalhadores, sim. O que é também ótimo. Os lucros também cresceram. A RBS não tem nenhuma crítica nesse caso.
Sou pela revolução, sem partidos, sem hierarquizações burocráticas. Sou pela utopia. Mas insisto, não sou excludente. O mesmo não se pode dizer de grande parte da militância "falsamente de esquerda". Tenho cruzado, ao longo da minha militância, com muitos "esquerditas" e, quase todos com raríssimas exceções, são os que acabam se transformando nos mais eficientes defensores do sistema estabelecido. Quase sempre administram bem. Na primeira oportunidade se agarram com unhas e dentes ao poder. Vide Fabico. Com suas biografias políticas "de esquerda" controlam as revoltas. Poderia alinhar muitas variantes sobre o tema. Não tenho a intenção de polemizar, de transformar tudo isso numa grande discussão de princípios, até mesmo pelo fato de que não tenho nada a provar a ninguém e muito menos a mim mesmo.
Tudo bem, que venham as reformas. E quando vier a revolução, um dia após sua implantação, serei oposição crítica. Vejo com uma certa simpatia - por não ser excludente - pela militância do PSTU, embora seja um partido até mais hierarquizado, pela sua tradição trostkista. Continuarei contribuindo para que aconteça uma verdadeira revolução, para a desorganização cotidiana do sistema, pela implosão, pelo incentivo a que os miseráveis tomem de assalto as instituições e que num ato de elevada e refinada criação destruam tudo. Não é, também por acaso, que no mundo inteiro o que mais cresce são os movimentos sociais com alta inspiração anarquista. São estes grupos de afinidades que melhor usam a Internet. Estes grupos são a
vanguarda da luta contra a globalização da miséria. Não essa coisa organizada (fóruns) e disciplinada que acontece por aqui e que tem uma certa importância, evidentemente. Importância simbólica pelas imagens e nada mais.
É preciso criarmos Black Blocks: " aqueles que possuem autoridade, temem a máscara pelo seu poder de indentificar, rotular e catalogar: em saber quem você é... nossas máscaras não servem para esconder ou ocultar nossa identidade, mas revelá-la...hoje nos devemos dar um rosto a essa resistência... colocando nossas máscaras mostramos nossa união; e levantamos nossas vozes nas ruas, nós botamos para fora toda nossa raiva contra os poderosos sem rosto..." ) mensagem distribuída junto com as máscaras, em 18 de junho de 1999, num carnaval anti-capitalista, que destruiu o distrito financeiro de Londres). No quinto mundo existente (nos EUA) temos uma população carcerária de um milhão de negros e latinos, miseráveis. Está é a política globalizada e exportada. Não tenho nenhum compromisso com um certo tipo de "coerência". Não busco raciocínios lineares. Sou pela chapação dos parangolés paradoxiais.
Fraternalmente, Luther Blissett (2003)
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