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# noé ae #
Música para os ouvidos
txt: Tiago Jucá Oliveira
phts n' vds: Fernanda Scur
O início de uma banda sempre é cheio de dificuldades, que no decorrer da carreira são vencidas. No caso do Little Joy, a lógica não é essa. Um trio que tem um membro dos Strokes e o outro do Los Hermanos, inverte-se totalmente a teoria de "começo de banda". Em sua segunda passagem por Porto Alegre, o bar Opinião lotou de novo e entoou as onze faixas do álbum como se fossem velhos clássicos do rock.
Após a abertura de uma bandinha chata, finalmente Little Joy sobe ao palco e levanta o povo com "Next Time Around", seguida por "How to hang a Warhol". Fabrizio Moretti tenta roubar o monopólio da babação por Amarante, mas é Binki Shapiro quem rouba a cena quando assume os vocais em "Unattainable", fazendo lembrar Nico ao lado de Reed e Cale. "Shoulder To Shoulder" é a conhecida canção que precede as inéditas, que o público obviamente (ainda) não sabe decor: "Frankenstyle", "Sambabylon" e "I Agree. Mas com "With Strangers" e "Keep Me in Mind" o trio retoma o controle da massa, que delira, grita, desmaia e urra "Amarante" a cada intervalo entra uma música e outra. Quase no final do curto show, a já clássica "Brand New Start", depois a chatíssima "Evaporar", a bela "Don't Watch Me Dancing" e a surpresa final: "Procissão", de Gilberto Gil, numa pegada rock de tirar o fôlego
Brand New Start (assista ao vídeo abaixo)
Rodrigo Amarante é um ótimo cantor e compositor, mas é o seu jeito carismático que comanda a orquestra de fãs. É verdade que o público se comporta de maneira idiota, beirando ao ridículo. E o curioso é não encontrar nenhum amigo ou conhecido, exceto Rodrigo Susin (percussão da banda Zumbira) e seu amigo Fernando, entre aquelas centenas de meninos e garotas com rótulo emo-patricinha. Será que nós, com mais de 30 anos, não estamos acompanhando o novo rock and roll, e sua constante reformulação? Sob nova ótica: ou os teenagers é que estão super antenados nas novidades, ainda mais com a facilitação da internet?
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Pra quem já sepultou o bom e velho rock'n'roll, Little Joy prova que é justamente o contrário. O gênero vive o seu melhor momento. Nunca tivemos tantos artistas e a qualidade musical está mil anos luz a frente. E Little Joy não chega a ser exactamente uma novidade sonora que revolucionou o rock. É de maneira simples, com canções envolventes e deliciosas, que hoje são uma das melhores bandas do planeta. A receita é fácil, difícil é ser um bom cozinheiro.
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4 comentários:
Amarante sem "Camelo" consegue encontrar um oásis...(vide Orquestra Imperial)
Não foi esse o show que eu vi aqui no Rio, pela segunda vez, diga-se de passagem, exceto pela babação de ovo do público. A banda é fraca, Fabrizio mal sabe tocar guitarra, os vocais de Binki são como de uma colegial tímida no karaokê da esquina (a Mallu do Amarante) e o Amarante, bem, esse não precisa fazer nada mais do que fingir cantar (e não ser ouvido) para levar a galera ao êxtase. Diferente talvez tenha sido o público: como sempre nos shows da banda ou nos de Camelo predominam as viúvas do Los Hermanos, muitos vendo seu ídolo pela primeira vez, pois entraram no bonde quando ele já estava vazio, ou em recesso. A discussão sobre o estágio evolutivo do rock é outro assunto, mas o Little Joy não passa de uma banda que dilui Strokes e Los Hermanos com tintas da surf music e da psicodelia californiana dos anos 60. Dessa água nunca mais beberei, nem pagando apenas 30% do valor do ingresso graças aos cambistas da Lapa. Mesmo levando vantagem na lei da oferta e da procura, saiu caro demais pra um show inconsistente e de menos de uma hora de duração.
Belíssimo texto!!!
Belíssima banda!!! Respeitadas as opinioes em contrario.
Poi zé, aho que voce, Caio, deve ter visto outra banda.
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