#CADÊ MEU CHINELO?

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

[noé ae] ENQUANTO SOMOS JOVENS

 :: txt :: Tiago Jucá ::


Noah Baumbach é um desses diretores de cinema que passei a notar faz pouco tempo. História de um Casamento (2019) já havia me deixado empolgado pela abordagem temática dos conflitos de relação pessoal e um rico e constante diálogo entre seus personagens. Somente ontem assisti ao "antigo" filme Enquanto Somos Jovens (2014) e percebo que a fórmula de narrativa vem de longe. 

O trama se passa ambienta no Brooklin, onde vive o casal de meia-idade Josh (Ben Stiller) e Cornelia (naomi Watts), ambos cineastas. As crises do relacionamento tem um novo tempero quando eles conhecem um casal de jovens, Jamie (Adam Driver, outra repetição que daria certo em Histórias de um Casamento) e Darby (Amanda Seyfried). Novos hábitos entram em cena na rotina dos quarentôes, e entre as novidades a principal é a que vai fazer o desenrolar da fita, literalmente por assim dizer.

Ao melhor estilo de Woody Allen, Noah traz consigo a receita de coloquiais prosas do universo urbano novaiorquino. Tá no Mubi.


domingo, 26 de dezembro de 2021

[noé ae] BRONTEROCS DO MUNDO, UNI-VOS!

 :: txt :: Tiago Jucá ::


Quem diria, a indústria cinematográfica americana resolveu fazer uma sátira sobre o Brasil negacionista de Bolsonaro e abordar tragicomicamente as questões sanitárias da covid19 e os dilemas ambientais. Faz isso através de uma metáfora reduzida a um cometa em rota de colisão com a Terra. um filme estrelado pelos melhores atores e atrizes de Hollywood, cada qual interpretando os principais protagonistas da tragédia, ou farsa, tupiniquim. Não Olhe Para Cima, de Adam McKay, 2021, Netflix.

Meryl Streep está perfeita no papel de um Bolsonaro de saia, com Johan Hill dando brilho ao papel de um Carluxo no comando do gabinete do ódio e o impagável, e possível candidato a Oscar, Mark Rylance, encarnando o Véio da Havan. Até a doutora Nise Yamaguchi aparece (des) governando a Nasa. O jornalismo chapa branca também está presente: Cate Blanchett e Tyler Perry dão luzes fantásticas aos holofotes dos sensacionalistas canais de televisão descompromissados com a verdade. E não há como não elogiar os super talentosos Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence interpretando os "cientistas marxistas" Atila Iamarino e Natalia Pasternak. Até aquela Ema do Planalto que mordeu o Jair tem paralelo no filme, através de um utópico, ou distópico, Bronteroc.

Mas o filme é muito mais do que apenas simplificar os relativos papéis de cada personagem. Temos aqui muitas questões em debate na sociedade atual. O confronto de gênero se faz presente no contraste do cientista galã com a cientista louca. O aparelhamento militar no governo, com direito a deslizes de corrupção, também vem à tona. A tecnologia jobsiana está ali a nos vigiar. Os pequenos detalhes, como os quadros na Casa Branca, um de idolatria a Nixon, outro de apologia ao genocídio dos povos indígenas, dão todo um toque sutil de maldade política. Nem os plágios recorrentes de nossos ministros deixam de estar ausente em frases roubadas para uso da propaganda governamental. O otimismo burguês do dono da Bash, que procura mascarar a ganância capitalista e ignorar a vida, é outro detalhe que emerge a cada minuto. Temos inclusive o nepotismo, como o filho da presidente americana gerindo o temoroso mundo virtual das fake news de dentro do gabinete. E, claro, a gerência do balcão de negócios da burguesia é mais do que nítido, e prova quem realmente manda no sistema, isso tudo com seus porta-vozes midiáticos dando o tom pastel necessário pra amenizar o cinza.

Apesar de ser uma película bem humorada, aos poucos a sensação de tristeza toma conta no decorrer da fita, pois vamos notando que nossa realidade em tempos de fascismo e de pandemia é um pesadelo sem data pra acabar. Se o descrédito com ciência cada vez míngua mais, vale a esperança do spoiler feito pelo próprio filme, onde é dito a Bolsonaro que "você será comido por um Bronteroc". E, como bem sintetiza Jack Handey, "quero morrer dormindo em paz que nem meu avô, e não gritando aterrorizados como os passageiros dele". Ah, assista até o último segundo do filme, até terminar os créditos. Carluxo postou um storie.










quinta-feira, 18 de novembro de 2021

[cozinha solidária] QUEM TEM FOME TEM PRESSA

  

 




:: txt n phts :: Tiago Jucá ::

Hoje a escola de Aurora entregou mais de 110 quilos de alimentos para a Cozinha Solidária, projeto nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto que visa a produção e distribuição de marmitas para pessoas em condições de vulnerabilidade social.

Aurora tem oito anos e cursa o terceiro ano da Escola Projeto. Há algumas semanas, levei minha filha para conhecer a ocupação do Movimento, situada no bairro Azenha, em Porto Alegre, onde eram feitas e entregues mais de 100 refeições por dia. Naquele dia, Aurora viu dezenas de pessoas carentes se alimentando com as viandas servidas por pessoas engajadas em construir um país sem fome. 

Então, Aurora tomou a iniciativa de fazer um vídeo pelo celular e entrevistar um dos coordenadores do MTST-RS para mostrar em sala de aula. E, a partir disso, mobilizou toda a escola para arrecadar alimentos.




Que a iniciativa de Aurora e a mobilização de seus colegas e professores sirvam de exemplo para outras comunidades escolares. O Brasil tem fome, e quem tem fome tem pressa.








quarta-feira, 31 de março de 2021

[mandachuva] O CONSTANTE MEDO QUE NÓS HOMENS CAUSAMOS

 

:: txt :: Tiago Jucá ::
 
Era uma noite de frio. Dez horas. Eu voltava de uma entrega na Cidade Baixa e caminhava pela deserta avenida João Pessoa. Nenhuma alma perdida na rua. Nem a de Neto. Ao atravessar sobre a ponte da Azenha, vem em minha direção uma mulher. Nunca vi ninguém tão apavorado diante de minha presença. Ela ficou pálida. Seu nervosismo era aparente. Seu olhar congelou fitando os meus. Mas firme e forte, manteve a calma e passou por mim.
 
Naquela noite passei a perceber o medo que causo e que todos nós homens causamos. Eu não sabia o que fazer. Me senti constrangido de estar ali, naquela hora. Em poucos segundos, pensei em várias alternativas: atravessar a avenida, falar alguma coisa pra acalmar, sorrir. Pedir desculpa por cruzar por ela. Por existir. Nada disso. Meu silêncio foi o reflexo do medo daqueles olhos que se agigantavam a cada passo que nos aproximava.
 
Vivemos numa sociedade capitalista, na qual, entre várias barbáries resultantes desse modo de vida selvagem, está o machismo, assim como racismo e homofobia. E como não vivemos em bolha, a gente replica tudo isso, em diferentes graus, tendo consciência disso ou não. Há algum tempo procuro me conscientizar, saber mais, não repetir práticas machistas e ouvir as mulheres. Mulheres, e ninguém mais.
 
Não é fácil, pois está encarnado em nossa cultura sermos assim e conviver com outros que assim também são. Quando você acha que já sabe um pouco, escorrega logo ali adiante. Talvez eu escorregue daqui a pouco. Talvez este texto seja machista. O que posso fazer é continuar meu processo de desconstrução, cotidianamente. O último aprendizado foi não discutir se fiz ou falei algo machista. Se ela diz, é porque é. Na hora eu achei que não fui.
 
Eu já era pra ter escrito isto no dia das mulheres. Preferi ouvir os relatos, ler matérias, compartilhar links. E dia após dia, ao longo da semana, choviam notícias de abuso, violência, estupro, morte, agressão, covardia... e por aí vai. E a tarefa de escrever foi sendo adiada. Até me cobraram isso. Acabo fazendo justamente na data de um ano do assassinato da Marielle. Logo ela, uma mulher trabalhadora e oriunda da favela, metralhada pelos piores porcos que a política brasileira já elegeu pra ocupar cargos no executivo e legislativo, que "coincidentemente" eram acusados por ela de práticas machistas, racistas e homofóbicas através de seus agentes militares e milicianos dentro das comunidades da periferia carioca.
 
Não sei se parabenizo, se agradeço, se peço desculpas. Ou se faço tudo isso todos os dias. Ou se sigo em silêncio o caminho pra casa. Eu não queria tá no lugar daquela mulher naquela ponte naquela noite. E olha que ali nem era o lugar mais sinistro da cidade. Imagina quantos locais horríveis não tem por ae pelos quais mulheres passam e esperam o bus pra trabalhar. Todo santo dia. Ou nem precisa ser tão terrível assim, pode ser dentro da própria casa, onde acontecem a maioria dos crimes contra às mulheres.
 
E nós achando que esse papo de feminismo é mimimi...

terça-feira, 30 de março de 2021

[deusolive] OS IRMÃOS BECK

:: txt :: Jucazito ::

Nesta terça tem mais um #deusolive. Vamos conversar com os irmãos Gui e Rafa Beck.
 
Uma pandêmica conversa virtual com @2beck_ e @guibeck13 sobre nossa passada vida fabicana, o presente momento de incertezas políticas e o futuro das artes visuais, ramo de atuação de ambos.
 
Para assistir e participar, siga o perfil @tiagojucazito no Instagram.


 

segunda-feira, 29 de março de 2021

[over12] BRASIL ENCALHA NO CANAL DE SUEZ

:: txt :: Copyleft ::



Navio encalha no Canal de Suez, administrado pelo governo Bozo
 
Bolsonaro: "Eu pescava muito em Angra. Conheço tudo de barco. Esses barcos encalham mesmo. Fazer o que? Lamento. Nós temos rodovias. O que não pode é ficar tudo parado por causa de um barco. Não dá para ir de barco, vai a pé".
 
Paulo Guedes: "O problema é que no Governo PT eles deixaram assorear muito o canal. São 30 anos de detritos. Nós lançamos uma reforma para triplicar o canal e tirar 20 trilhões de toneladas de lama. Mas, infelizmente, o Congresso não nos deixa trabalhar".
 
Ernesto Araújo: "Isso é resultado do globalismo comunista mundial que quer mandar mercadorias para o mudo inteiro. Os outros países precisam entender que o Brasil mudou. Que somos patriotas e o povo quer o canal assim".
 
General Heleno: "Não tem problema nenhum com o canal. O Presidente agiu certo em não fazer nada. O Exército é uma instituição respeitável e qualquer ameaça de intervenção será vista com ressalvas".
 
André Mendonça: "Nós estamos tomando providências cabíveis para o devido enquadramento legal, com base na lei de segurança nacional, de todos que falarem que o problema no canal é assunto do presidente".
 
Tarcísio: "Para desencalhar o navio de forma rápida precisamos de uma equipe multidisciplinar, esforços logísticos e de engenharia que demandam investimento maciço e emergencial. Mas a proposta do Governo de não fazer nada é boa também".
 
Marcos Pontes: "Eu posso garantir que o canal de Suez existe, pois o vi com meus próprios olhos quando orbitei a terra".
 
Salles: "Tem que aproveitar agora que tá todo mundo olhando para coisa do canal e passar a boiada na flexibilização das leis ambientais. Essa coisa de navio encalhado é culpa desse monte de regra ambiental que não deixa o navio fluir".
 
Rodrigo Maia (em nota): "Repudio veementemente o encalhamento do navio do canal de Suez. O Brasil não pode mais conviver com isso".
 
Arthur Lira: "Temos um grupo de empresário interessados em cuidar dos assuntos do canal. Será bom para o Brasil e para o empresariado".
 
Fux: "Ante o exposto, concedo a medida em tutela liminar, para determinar a imediata remoção do navio, se possível e, se não, que seja apresentado um plano de remoção em até 3 meses".
 
General Mourão: "Olha, essa coisa no navio ai, eu não vi direito, a imprensa fala muito. De meu lado, eu digo que eu retiraria o navio. Mas isso é o que eu acho. É minha opinião. Mas o Presidente é o Bolsonaro. Então..."
 
Damares: "Essa doutrinação ideológica é que faz isso. Veja se é possível. Mostrar na TV, crianças vendo. Um navio entrando num canal! O que as pessoas vão pensar?"
 
Pazuello: “O canal vai ser liberado no dia D, na hora H.”

sexta-feira, 26 de março de 2021

[noé ae] BANDIDOS NA TV

:: txt :: Tiago Jucá ::

É possível fazer jornalismo fora dos padrões comuns de reportagem. Usei muito este argumento quando defendia a não obrigatoriedade do diploma de jornalista para os debates que me convidavam a participar. A maior reportagem escrita até hoje, por exemplo, é Os Sertôes, livro de Euclides da Cunha, um clássico da literatura nacional.

Quando se trata de jornalismo filmado, considero dois filmes como o que de melhor já foi feito no Brasil. E se trata de cinema e não telejornalismo: Ônibus 174, de José Padilha, e Notícias de uma Guerra Particular, de João Moreira Salles e Kátia Lund.

Bem, considerava os melhores até assistir à Bandidos na TV, série do Netflix, dirigido por Daniel Bogado. A reportagem é sobre um programa de televisão que se passa em Manaus. Canal Livre traz à tela aquelas matérias sangrentas de assassinatos muito costumeiras em várias emissoras do país. Líder de audiência, o programa acaba por consagrar seu apresentador Wallace Souza como um ícone manauara.

Não vou me aprofundar mais no enredo para não dar spoiller. No fim do primeiro episódio você já se surpreenderá com algumas revelações. E perguntará a si mesmo, assim como eu também fiz pra mim, como pude ficar surpreso com tamanha obviedade. É filmado em Manaus, mas poderia se passar num condomínio na Barra da Tijuca. É melhor jair fazendo a pipoca.

 

quinta-feira, 25 de março de 2021

[download] A CULTURA É LIVRE

 

:: txt :: BaixaCultura ::

“A Cultura é Livre: Uma história da resistência antipropriedade” é um livro de Leonardo Foletto, editor do BaixaCultura, publicado pela Autonomia Literária em co-edição com a Fundação Rosa Luxemburgo.

Tem prefácio de Gilberto Gil, um dos maiores artistas da cultura brasileira, também ex-ministro da Cultura no Brasil entre 2003-2008, período em que ele e sua equipe, no governo do então presidente Lula, impulsionaram uma série de políticas a favor da cultura livre; texto da contracapa de Giselle Beiguelman, artista e curadora incentivadora e afim ao remix nas artes digitais, professora da FAU-USP; e orelha de Mariana Valente, doutora em direito pela USP, diretora do InternetLab, ex-coordenadora geral do Creative Commons Brasil e uma das maiores especialistas em direito autoral na internet no país.

Como laboratório e fonte de boa parte das ideias trazidas no livro, o BaixaCultura, por meio desse site, busca ampliar o conteúdo da publicação, trazendo materiais extras para cada um dos capítulos – especialmente vídeos, imagens e outros arquivos dinâmicos que são melhores apreciados em um site. Basta clicar em cada um dos capítulos (abaixo) para navegar pelos conteúdos trazidos somente aqui. Você pode comprar o livro no site da Autonomia Literária e também baixar o livro na íntegra abaixo. Acreditamos que circulação de um bem imaterial (arquivo PDF do livro) não é necessariamente rival de um bem material (livro impresso) – especialmente nesse caso, onde a livre circulação de ideias é tema e motivo do livro existir.

quarta-feira, 24 de março de 2021

[mandachuva] CLOROQUINÓPOLIS

 

:: txt :: Tiago Jucá ::


Era um vez uma cidade pacífica chamada Cloroquinópolis que num belo dia foi invadida pelos exército de Corona Town, cidade vizinha, pegando todos moradores de surpresa e desarmados.
 
Os especialistas de Cloroquinópolis alertaram Bozo, o prefeito, que era necessário armar seus soldados com armas e munições para combater o inimigo e disponibilizar aos cidadãos coletes à prova de bala para não morrerem.
 
Mas Bozo fez ouvido de mercador e não deu bola para o alerta:
 
- Isso é só uma batalhazinha.
 
Aos poucos soldados e população civil foram sendo atingidos. Muita gente ficou ferida e várias pessoas morreram. Hospitais cada vez mais lotados e cemitérios quase sem mais espaço pra enterrar os mortos. Bozo, porém, seguia negando os efeitos da guerra durante as entrevistas coletivas à imprensa:
 
- Eu com meu histórico de atleta...
- Mas, prefeito, tem muita gente morrendo!
- E daí, não sou coveiro.
 
As mortes e as internações aumentavam à passo de lebre enquanto a prefeitura tratava a coestão em andar de tartaruga. Os ataques de metralhadoras, fuzis, bombas, etc não cessavam. O cenário era desolador. Os secretários de defesa que até então procuravam soluções reais pra guerra foram demitidos. Acabou por nomear um médico pra comandar seu exército. E aos que reclamavam da insana atitude que não salvava a vida de ninguém, ele respondeu:
 
- Bando de maricas!
 
Até que um belo dia Bozo reagiu e apresentou à sociedade uma arma pra combater os invasores:
 
- Esta é a hidroarco-e-flechiquina. Com ela vamos enfrentar esse inimigo que mídia inventou.
 
A novidade, que na verdade era uma antiga arma pra enfrentar tribos rivais, não deu certo. As pessoas continuavam morrendo. E o número de feridos só aumentava. Mas Bozo, além de negar os fatos, vivia festejanto com os seus amigos como se não houvesse guerra. E aproveitava pra fazer propaganda de uma arma ineficaz contra um poderoso arsenal bélico do inimigo que dizimava o povo cloroquinopolitano. E, contrariando à indústria armamentista, que tinha as melhores armas e munições pra batalhar, o prefeito e seu médico secretário de defesa ignoravam o óbvio:
 
- No tocante dos preços das munições, enquanto isso dae não diminuir, não vamos comprar nada.
- E vamos esperar enquanto nossa gente morre?
- Por que tanta ansiedade?
 
Num dia tipo hoje, de verão, finalmente a prefeitura anunciou que vai comprar milhões de armas aprovadas pelas melhores instituições de guerra. Infelizmente, não há ainda munições pra calibrar as metralhadoras. Soldados e cidadãos seguem desamparados. Mortes que não param. Hospitais mega lotados de gente ferida e outras tantas na fila esperando por uma vaga.
 
Isso que dá um prefeito que nega sua capacitada indústria bélica, ignora os estudos sobre guerra e, ainda por cima, nomeia um médico pra secretário de defesa.
 
- Malditos direitopatas, acreditam que se chegar alguém na casa deles com um vírus mortal, é só dar um tiro que a pandemia acaba.

terça-feira, 23 de março de 2021

[deusolive] MARCOS BROD JR

 

:: txt :: Jucazito ::

Nesta terça tem mais um #deusolive. E o convidado para uma pandêmica conversa virtual é Marcos Brod Jr.
 
Professor universitário da UFSM, @mbrodjr falará sobre a situação educacional do país, desenho industrial e Beatles.
 
Para assistir e participar, siga o perfil @tiagojucazito no Instagram.

domingo, 21 de março de 2021

[mandachuva] FORA JUCÁ!

:: txt :: Tiago Jucá ::

Há alguns poucos séculos, milhões de africanos resolveram de livre e espontânea vontade tentar a sorte no continente americano. Cansados da liberdade, e decepcionados com o desempenho de suas seleções na Copa da Rússia de 2018 (que depois viria a se tornar a União Soviética), pediram gentilmente aos portugueses, que não botavam os pés em solo africano, uma carona para o Brasil.
 
E assim vieram e chegaram pelas bandas de cá. Alguns morreram pelo caminho, de tanta felicidade. Os que conseguiram chegar, mostraram gratidão pela oportunidade, e em gestos de agradecimento, se acorrentavam e se chibatavam como forma de dizer obrigado. Trabalhavam de graça quase 20 horas por dia para retribuir o carinho.
 
Não eram muito afeitos a essa coisa de politicamente correto. Quando alguém os chamavam de afro e aos seus filhos e netos de afrodescendentes, eles respondiam brabos: “escravos”. Alguns ingratos tentaram fugir pra quilombos, espaços de doutrina marxista liderados pelo ditador Zumbi, mas os escravos montaram uma patrulha de caça para resgatá-los e salvá-los do mal. Eram os capitães do mato, legendários protetores da família, tradição e propriedade.
 
Com a implantação do regime comunista da princesa Isabel, infelizmente acabaram com a escravidão. E vergonhosamente passaram a oferecer trabalho remunerado para os ex-escravos. Revoltados, só aceitaram sob a condição que o salário fosse o mínimo possível. Mas também pediram pra não morar nos tristes condomínios de lixo da zona sul. Queriam habitar morros nobres, com vista pro mar. Apelidaram de favela. E negaram qualquer ajuda do estado comunista. Nada de saúde, educação nem saneamento básico. O poder público podia somente enviar a PM, armada. Era essa a condição, para manter a paz na comunidade e apenas matar crianças que desobedecessem a ordem de estudar nas escolas marxistas do Pezão e do Crivella.
 
Influenciados pela doutrina comunista, alguns favelados passaram a pedir cotas em faculdade. E inverteram a história, falando em vitimismo, e negando o real desejo de seus antepassados. De acordo com o historiador e ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro, 2019-2025 (não terminou o segundo mandato por causa de um golpe do MDB, apoiado por tucanos e petistas, assumindo o vice), ”não se estupra mulher que não merece ser estuprada”. Ele disse isso se referindo às escravas e faveladas que mereciam, pois eram gentis e educadas, e não reclamavam da “cultura do estupro”. Mas depois do fim da revolução militar de 1964, algumas mulheres passaram a adotar esse discurso esquerdista e hoje se você elogiar carinhosamente alguma mulher, tipo “que bunda bem gostosa” e “delícia, vou te meter todinha”, elas já dizem que é estupro, assédio, machismo, fascismo, etc.
 
É uma pena que a verdade seja contada pelos vencedores e que o real fique escondido. Depois dos anos comunistas da gestão do PT, héteros, fascistas, machistas, rascistas e homofóbicos passaram a ser perseguidos cruelmente pelo CCC, Comando de Caça aos Coxinhas. Páginas da internet do MBL foram tiradas do ar e Bolsonaro teve apenas míseros segundos pra falar no horário político durante a campanha presidencial. Mesmo assim ganhou, apesar da urna eletrônica, pois seu discurso do bom costume foi bem aceito pelos cidadãos de bem, que imploravam pela volta da escravidão e do estupro. O único erro de Bolsonaro foi se coligar com o MDB, antigo oponente da Arena. Agora temos que aguentar Jucá presidente! Com um grande acordo nacional com o STF comunista e tudo.
 
Fora Jucá!
 
* txt escrito em julho de  2018, logo após uma declaração do então candidato a presidente Bolsonaro dizendo que os portugueses jamais haviam pisado na África.


 

sábado, 20 de março de 2021

[mandachuva] GENOCIDA

:: txt :: Tiago Jucá ::

Bolsonaro não é louco. Louco são aquelas pessoas que precisam de tratamento psiquiátrico e de remédios com receita médica.
 
Bolsonaro não é burro. Burro é um dócil animal que além de não machucar ninguém ainda transporta pessoas e cargas.
 
Bolsonaro não é palhaço. Palhaço é uma profissão que serve pra nos divertir e nos animar.
 
Bolsonaro não é despreparado para o cargo de presidente. Pelo contrário, ele foi surprepreparado para chegar, se manter e possivelmente se reeleger ano que vem. Despreparado é você por jamais ter sido convidado a concorrer pro Planalto.
 
Bolsonaro não é patriota. Patriota jamais se comporta como cachorro lambe-botas do presidente da América.
 
Bolsonaro não é malvado. Maldade é uma invenção cristã para causar medo nos crentes e assim fazer de Jesus o salvador e bem feitor da humanidade.
 
Bolsonaro não é mané. Mané é o Garrincha que morreu pobre.
 
Bolsonaro não é retardado. Retartado sou eu que fui reprovado até no exames de fezes.
 
Bolsonaro não é idiota. idiota é quem votou nele.
 
E Bolsonaro não é mito. Mito era Baco que transformava água em vinho.
 
Bolsonaro é bandido, genocida, traficante, torturador, assassino, quadrilheiro, corrupto e o atual gerente do balcão de negócios da burguesia, pela qual foi designado a operar um conjunto de políticas violentas contra a classe trabalhadora. E lá irá se manter até quando for capaz de manter a obra em curso. Até porque o Congresso, o STF e a grande mídia não pretendem tirá-lo de lá tão cedo, apesar de vários crimes já cometido pelo Messias.
 
Como disse o parente meu da Roraima, "um grande acordo nacional, com o Supremo, com tudo".


 

sexta-feira, 19 de março de 2021

[noé ae] ASSUNTO DE FAMÍLIA

 

:: txt :: Tiago Jucá ::

Das crueldades do capitalismo, a mais paradoxal é a competição e rivalidade entre aqueles trabalhadores que deveriam estar unidos. Para manter o emprego e sobreviver, o colega de trabalho vira inimigo. Intrigas, fofocas e até mesmo "amizade" com o patrão passam a ser rotineiros em muitos ambientes de trabalho. A individualização do ser que evita a coletivização da classe.
Isso é somente um dos vários dramas impactantes do emblemático Assunto de Família, filme de Hirokazu Koreeda, de 2019, que se passa na periferia de Tokyo. 
 
Os Shibatas são uma família não consanguínea que para resistir à miséria praticam pequenos furtos em grandes e pequenos mercados. Osamu, o "pai", vive de bicos. Nobuyo, a "mãe", luta para manter um precário emprego numa lavanderia. Aki, a "tia", é prostituta. Shota, o "filho", é o furtador de comida. E Hatsue, a "vó", recebe uma pensão misteriosa.
 
O destino dessa família nada convencional muda a partir do momento que encontram Yuri, uma garotinha que sofre violência doméstica dos pais. Yuri é levada para o casebre dos Shibatas, onde passa a viver, comer e dormir junto com todos numa única e minúscula peça. E, claro, a furtar com Shota. Quase uma condição, embora não imposta, para ela continuar morando numa casa que não tem condições de alimentar uma boca a mais.
 
Um acidente provocado pelo menino passa a desvendar muitos mistérios. Até então a película passeia entre a delicadeza dos personagens e a angústia das pobres vidas. Mesmo com todas adversidades, os Shibatas são alegres, unidos e solidários. O clima antes meigo dos personagens toma um ar tenso e traz suspense para o enredo.
 
Assunto de Família é uma crítica social contundente sem ser panfletária. O Japão, visto como uma das grandes potências econômicas, é um exemplo que até países desenvolvidos não estão livres da selvageria capitalista. Abaixo um diálogo entre os "pais" ilustra a situação desumana na lavanderia:
 
- Está atrasada pro trabalho.
- É meio período hoje.
- Como assim?
- Não podem pagar todos, então dez entram meio-dia.
- E todos ficam mais pobres...
 
Um filme doce e amargo. Emocionante. Tá no Netflix.

quinta-feira, 18 de março de 2021

[mandachuva] PAPO TORTO

 

:: txt :: Tiago Jucá ::

O papo torto agora de quem fez de tudo pra chegar a esse caos social, sanitário e hospitar é "cadê o dinheiro enviado pelo governo federal aos governadores pra construir mais leitos de UTI?"

Já escrevi sobre isso. Esses criminosos só querem resolver as consequências dos problemas, jamais as causas. Mais escolas e professores, melhores salários e condições? Não. A solução pra criminalidade é construir mais presídios, dos piores, se possível.

Mais UTIs hoje não adianta porra nenhuma. Não tem profissionais capacitados pra demanda, de nada serve leito de UTI sem médicos e infermeiros.

Os índices de quem entra em UTI e morre variam de 50 a 75%. O número de pessoas que necessitam de leitos cresce em progressão geométrica, seria preciso fazer milhares de UTIs por dia. E conseguir milhares profissionais por dia também.

Falando nisso, quem mandou embora médicos cubanos? Quem cortou verbas pra pesquisa científica? Quem congelou o salário de trabalhadores do SUS até 2036? Quem pediu pra filmar hospitais, pois argumentavam que era fake news isso daí de lotação? Quem ignorou isolamento social, vacina e máscaras?

Agora é tarde pra soluções mágicas. Somente um lockdown radical urgente e uma veloz vacinação em massa pra estancar a sangria. E cadeia para os genocidas. Não é assim que eles gostam de resolver os problemas? Educar é coisa de comunista.


quarta-feira, 17 de março de 2021

[mandachuva] A CARNE HUMANA

 

:: txt :: Tiago Jucá ::
:: pht :: Alass Derivas ::

Porto Alegre é hoje o epicentro do mundo pandêmico. É aqui onde todos os dados negativos estão batendo record dia após dia, numa curva exponencial que já está quase em linha reta vertical arriba. Porém, em vez de se tomar duras medidas restritivas, o comércio de supérfluos será reaberto na próxima semana. É esse o desejo do prefeito da cidade. E vontade também do seu curral eleitoral, o mesmo que apoia o presidente genocida, que além de protestar contra o “lockdown do governador comunista” (você já viu tucano comunista?), tranca acesso a hospitais para impedir entrada de ambulâncias.

Mesmo com parte do comércio fechado, a capital da província petropolitana contrasta entre uma aparente normalidade de pessoas pela rua a andar em vão sem máscaras ou em paradas de ônibus lotadas a espera de condução que os levem ao trabalho, com um constante e angustiante ecoar de sirene que não cessa, e que apavora principalmente quando interrompe o silêncio da madrugada, único período que de fato a cidade pára.

Sebastião Melo se elegeu prometendo não fechar nada. Assumiu apresentando cloroquina. Recentemente disse que a superlotação de hospitais não era problema, pois “sempre vai poder pôr mais alguém”.

Esse criminoso confesso tem uma história recente peculiar. Vice-prefeito da gestão Fortunati (2013-2016), concorreu a prefeito em 2016. A administração foi reprovada nas urnas, mesmo com apoio de Manuela d’Ávila e Juliana Brizola, que ressaltavam seu lado popular e de esquerda, para o júnior Marchezan. Incrivelmente a gestão do playboy também acaba de ser reprovada na última eleição para eleger Tião, que duelou com Manu no segundo turno. Roteiro de um filme comédia, embora seja a realidade de uma tragédia.

Essa cidade não é para amadores. Aqui temos a cada setembro uma disneylândia de bombachas, onde o orgulho de ser gaúcho é cantado em um coro racista a declarar que “povo sem virtude acaba por ser escravo”. Esse virtuoso povo preferiu retomar uma política já rejeitada há quatro anos do que tentar algo novo, mesmo que essa novidade seja o hilariante PCeudoB.

Melo passou a campanha aterrorizando a população com profecias caóticas tipo “se Manuela vencer, Porto Alegre vai virar uma Venezuela e a gente vai comer carne de cachorro”. É, “sigam nossas façanha de modelo à toda Terra!”. Aqui tem muita carne sobrando na cidade. Mas é carne humana.

terça-feira, 16 de março de 2021

[mandachuva] O PESADELO GALOPA

:: txt :: Tiago Jucá ::

Domingo, ontem, completaram-se três anos do assassinato de Marielle Franco. Tudo parece óbvio sobre quem mandou matá-la, mas infelizmente são só “coincidências” pra justiça. No mesmo dia, o deputado federal Daniel Silveira, um dos que quebraram uma placa com o nome de Marielle, tem sua detenção aliviada pra domiciliar. É um tapa na cara de todos nós.

Esse deputado, além de ameaçar a ordem burguesa institucional da qual compactua, pois só através dessa falsa democracia representativa ele e seu “mito” podem concorrer e se eleger, é um dos colaboradores pra montar um dossiê de antifascistas organizado e divulgado na internet pelo deputado estadual paulista Douglas Garcia e entregue ao governo americano por um dos filhos do Bozo. Nesse dossiê tem nomes completos de mil pessoas com dados tipo endereço e telefone de pessoas contrárias ao governo federal, no qual me incluo.

Enquanto isso, um silêncio fúnebre ecoa pela janela, cortado apenas pelas agonizantes sirenes de ambulâncias a transportar vidas sem esperança de vagas em leito de UTI. Acordar virou uma rotina diferente, um se tocar na própria pele pra ver se amanheci vivo. Qualquer tosse ou espirro é um alerta aceso.

Nos últimos dias se foram uma ex-sogra de um primo, um tio de um amigo, uma amiga de minha mãe e um pai de uma amiga. Sem falar de um pai de um amigo, morto por outro motivo, mas depois de três dias ainda não conseguiu ser enterrado. A morte banalizou. A gente cansou até de bater panela na janela. O projeto genocida dos milicianos está dando certo. A marcha macia dos negacionistas não somente vibra, como também bloqueia o acesso aos hospitais.

O pesadelo galopa.

 

segunda-feira, 15 de março de 2021

[deusolive] BARBARA MUCCIOLLO

 

:: txt :: Jucazito ::

Nesta terça tem mais uma pandêmica conversa virtual com o Jucazito. A atração do #deusolive desta semana é Barbara Mucciollo.

A carioca radicada em Sampa @barbaramucciollo é baterista da banda @osbarbapapas e vai nos contar sobre sua tragetória musical.

Para assistir e participar basta seguir o perfil do @tiagojucazito no Instagram.

domingo, 14 de março de 2021

[noé ae] FUTEBOL TAMBÉM É POLÍTICA

 

:: txt :: Tiago Jucá ::

English Game é uma série de apenas seis episódios que te fisga pela história do nascimento do esporte bretão em meados do longo século XIX na Inglaterra. Meu interesse é despertado pela pequena sinopse que o Netflix oferece: "com nada em comum, exceto o amor ao esporte, eles deixaram um legado que transformou o futebol no esporte das multidões".
 
Equivoca-se, como eu me enganei, quem espera uma produção com temática exclusiva no futebol, embora ele seja o gancho para elencar a efervescência da Revolução Industrial à pleno vapor e seu grande (d)efeito colateral: os insurgentes conflitos entre burguesia e proletariado que começam a surgir e a esquentar. Não é preciso gostar de futebol para assistir à English Game. Mas pra quem gosta de política social é um prato cheio.
 
A história conta a vida de Fergus Suter, pioneiro como jogador profissional e que vem a se tornar também o primeiro craque dentro das quatro linhas. Junto com seu inseparável amigo Jimmy Love, Fergie tinha outro atributo. Ele comandava seus companheiros não apenas pela liderança técnica em campo, mas pela leitura tática da partida que passava aos colegas de time, criando assim o primeiro esquema de jogo para um esporte até então disputado caoticamente, no cada um por si e todos embolados correndo atrás da bola. 
 
Suter e Love são contratados pelo Darwen, time de operários de uma usina de algodão que tem como objetivo ser o primeiro clube de trabalhadores a ser campeão da Copa da Inglaterra, antes somente vencida por clubes de fidalgos e aristocratas. A prática de pagar salários, ilegal, é mal vista por adversários e também pelos próprios companheiros. Mas pra Fergie era essencial como sustento familiar.
 
Paralelo ao mundo da bola, os jogadores, inclusive Suter e Love, sobrevivem a longas jornadas de 16 horas de trabalho e a constantes reduções de salário. Insatisfeita, a classe operária parte para o conflito até a ebulição de uma greve. A série conta também o drama do universo das mulheres trabalhadoras e as emergentes causas feministas. Demissões por gravidez e a marginalização de mães solteiras são uma constante ao longo dos episódios.
 
A burguesia fez de tudo pra impedir o sucesso e as vitórias dos times proletários, inclusive apelando para o "tapetão". E o espetacular nisso tudo é saber que a paixão típica do esporte mais popular do planeta é fruto justamente de um confronto de classes ocorrido há 140 anos.
 
Uma pena que a série tenha cometido um erro histórico. O primeiro clube operário a se tornar campeão é o Blackburn Olympic, em 1883, derrotando por 2x1 o Old Etonians, time do outro protagonista da série, o fidalgo Arthur Kinnaird, que viria a presidir a FA anos depois. E não o rival do Olympic, o Blackburn Rovers, também proletário e pelo qual Fergus seria tricampeão de 1884 a 1886. 
 
Apesar da falha, vale a pena conhecer como o futebol e os conflitos de classes caminham de mãos dadas desde os primórdios. Futebol, além de arte, também é política.

sexta-feira, 12 de março de 2021

[mandachuva] PÕE A MÁSCARA, IDIOTA

 

:: txt :: Tiago Jucá ::

 
A RBS TV tem convocado durante o dia de hoje um aplauso coletivo às 19h30 desta sexta-feira em homenagem aos profissionais de saúde. Neste mesmo horário a emissora exibe o seu noticioso noturno, o RBS Notícias, e quer transmitir ao vivo as nossas felicitações. Palmas vindas da Serra, do Litoral, das Missões, dos Pampas, tudo junto e ao mesmo tempo. Showrnalismo, diria o Ungaretti.
 
Médicos, enfermeiros e demais trabalhadores merecem muito esse carinho, não há dúvida. Mas o que eles mais precisam neste momento é descanso. E também melhores salários para viver com dignidade, mais condições estruturais para exercer suas funções sem sofrimento e, principalmente, respeito de quem não se importa com o sacrifício diário a que eles estão se submetendo há um ano, agravado nas últimas semanas a um estado de colapso.
 
Da mídia burguesa espera-se o de sempre, que é defender os interesses de sua classe. A mesma empresa de comunicações que hoje pede nossos aplausos, nos últimos meses jamais levantou a bandeira de um lockdown geral e irrestrito para frear as mortes e aliviar as lotações em UTIs. Essa atitude seria a melhor homenagem a esses profissionais. Nem houve por parte da emissora uma sistemática campanha editorial exigindo do governo federal vacinação em massa
Porém o velho hábito de amansar a classe trabalhadora segue em curso, aquela coisa de O Funcionário do Mês, na eterna tentativa de evitar revoltas que resultem em greve, por exemplo. Conciliar opressores e oprimidos, tática bem feita nos governos Lula. Como bem diziam os Titãs, “bonificações aos bancários, congratulações para os banqueiros”
 
Não serei eu a pedir pra você não aplaudir esses heroicos profissionais. Nem sou eu o porta-voz das categorias da saúde, porém tenho convicção, mesmo sem provas, de que o melhor pra eles é você ficar em casa e seguir as recomendações sanitárias. Não adianta porra nenhuma bater palma de noite mas de dia circular sem máscara pelas ruas e parques da cidade ou escadas e elevadores do seu edifício. E se acaso é do tipinho que repete discursos negacionistas contra vacina e distanciamento social, ou aquele que concorda com as políticas de austeridade como a PEC que foi aprovada ontem, congelando o salário desses mesmo servidores até 2036, será muita hipocrisia de sua parte posar hoje de amigo da medicina.
 
Põe a máscara, idiota!

[mandachuva] FIQUE NA TABA

:: txt :: Tiago Jucá ::

Hoje o mundo está chocado com esse novo vírus e suas variantes cada vez mais mortais. Temos uma imprensa globalizada para nos informar, há laboratórios e cientistas em busca de vacinas que nos curem, e contamos com hospitais, médicos e enfermeiros que nos acolhem em seus leitos. E mesmo assim o serviço hospitalar está em colapso e a taxa de mortes não para de subir. Conta muito o fato do nosso corpo não ter anticorpos naturais e adaptados pra enfrentar as mazelas causada pelo vírus.

Que tal dar um pulo de 500 anos pro passado e imaginar o poder destrutivo que tinha o agora comum e leve vírus da gripe. Europeus que aqui chegavam trazendo consigo o vírus, já acostumados com os efeitos da gripe, e os índios, sem nenhum tipo de imunização. Cada espirro ibérico equivalia a uma metralhadora giratória e mortífera para os povos indígenas. A dizimação dos donos desta terra começou assim.

E, pense comigo, o estrago foi imenso pois não havia nenhum amparo medicinal, nada de ciência que buscasse uma solução, muito menos meios de comunicação para levar estatísticas e recomendações tipo “fique na taba”ou “não se aglomere com os galego”. E ainda tinha uma barreira linguística enorme que dificultava tupi e guarani se comunicarem com português e castelhano.

Pois no momento presente, com todo esse legado humano, social, científico e tecnológico, uma bagagem cultural de acúmulo histórico de cinco séculos, estamos a empilhar dois mil defuntos em valas por dia. Se fosse apenas nossa suscetibilidade em relação ao vírus, tal qual aconteceu com a população originária de 500 anos pra cá, e com o tempo adquiríssemos imunidade suficiente para logo mais se tornasse uma “gripezinha”, tudo bem, são os caprichos da natureza a que a humanidade sempre esteve sujeita.

O que não dá para aceitar é negar tudo que já foi construído até hoje e jogar fora uma infinita herança de conhecimento que todos nós temos, para retornar aos obscuros séculos da Idade Média. Vamos ter que redescobrir a Ilha de Santa Cruz se o rumo continuar na marcha ré. A ignorância está matando mais que a falta de anticorpos, basta comparar os letais números do Brasil com os de vários outros países. Agora podemos exigir vacinas, e não aceitar mais bugigangas. Pois “nos deram espelho e vimos um mundo doente”. Tentei chorar.

 

quarta-feira, 10 de março de 2021

[mandachuva] CONTRA O FASCISMO NÃO HÁ DEBATE

:: txt :: Tiago Jucá ::

Esses dias escrevi sobre as pessoas que continuam a defender o genocídio vigente no país e a difundir o negacionismo através de fake news. E que esse tipo de gente é cúmplice do maior crime cometido no Brasil depois da escravidão negra e da dizimação indígena.

Pois hoje vou além. Como bem disse, até dá pra perdoar os eleitores do fascista que agora se arrependem. Mas aos que continuam aliados à milícia assassina, só nos resta radicalizar nossas ações contra esse estrume social. E, para começar, acabar imediatamente com os laços de amizade que ainda existem. Não tem conversa com essa corja. Não importa se é amigo, primo, parente, colega, etc, seja o que for.

Talvez você diga que essa atitude seja muito extremista. Ora, meu amigo social democrata, quer algo mais extremo do que ecoar o discurso de ódio vindo do Planalto? Quer seguir amando quem deseja te matar, mesmo que indiretamente? Quer tolerar uma pessoa que age com total intolerância? Essa gentalha não tem mais empatia humana. E nem tem volta. A lata de lixo da história é o destino deles todos.

Estamos numa guerra com mais de 2 mil mortes por dia. Ou você se posiciona e parte para o combate, ou você se acovarda e aceita conversar com o exército inimigo. Vale lembrar que contra o fascismo não há debate, afinal são eles que não querem debater. Uni-vos!


 

terça-feira, 9 de março de 2021

[deusolive] ZÉ CAFOFINHO

 

:: txt :: Jucazito

Nesta terça tem mais um #deusolive ! Uma pandêmica conversa virtual com o cantor, músico e compositor pernambucano Zé Cafofinho.
 
No bate-papo com @ze_cafofinho_ , vamos lembrar de suas antigas bandas Songo e Variant e saber mais sobre seus mais recentes trabalhos em carreira solo.
 
Para assistir e participar, siga @tiagojucazito no Instagram.

segunda-feira, 8 de março de 2021

[mandachuva] COVID OR NO COVID?

:: txt :: Tiago Jucá ::
 

O gado do Bozo negou até pouco tempo atrás o covid-19. Quando não havia mais saída, passaram a negar a vacina.
 
Agora que amigos e familiares estão internados ou morrerrendo, querem saber por que governos estaduais não investem os bilhões enviados pelo Planalto pra construir mais leitos de UTI. Tais recursos não foram tantos nem somente pra saúde. Mas gado adora fake news.
 
Não surpreende que essa gente sempre ataque as consequências de um problema mas nunca combata as causas, e assim cortar o mal pela raiz. Preferem negar do que enfrentar a realidade.
 
Comum a reclamação desse estrume social para construção de mais presídios. Jamais entendem que há diversas maneiras de diminuir a violência na sociedade através de políticas inclusivas, mais e melhores escolas, maiores salários pra professores, etc. Mas pra eles isso é papo de comunista.
 
Mais leitos agora não muda o cenário catastrófico do país. Já é tarde. Somente vacinação em massa e um amplo lockdown, que já deveriam ter sido feitos há meses, podem aliviar esse pesadelo. Até porque não adianta nada ter mais UTIs disponíveis se não há recursos humanos capacitados para trabalhar. E os dados nos mostram que mais ou menos metade dos que são intubados não voltam pra casa.
 
Esse negacionismo não é de agora. O que mudou foi a questão debatida. E o preço da ignorância está cara demais. Nunca foi por falta de nossos avisos.

 

sábado, 6 de março de 2021

[mandachuva] CHORA, NÃO VOU LIGAR

:: txt :: Tiago Jucá ::

Eu não entendo, mas talvez é possível perdoar quem votou num genocida, vai depender da sua desculpa, e desculpa não falta. Devido à retórica criada por várias parcelas da sociedade, da mídia burguesa ao parcial judiciário, para culpar exclusivamente o PT por toda desgraça nacional do milênio pra cá, muitos caíram no conto do vigário, ops, capitão. E olha que tenho dezenas de motivos pra odiar as gestões que fizeram a burguesia nacional lucrar como nunca antes na história deste país, enquanto distribuíram as migalhas pra classe trabalhadora. Isso sem contar as perseguições a movimentos sociais e militantes de esquerda promovidas nos treze anos da conciliação de classes do projeto democrático popular. A lei antiterrorismo é da Dilma.

Voltando ao presente. Continuar defendo o genocídio do povo e ainda não se arrepender, propagando ódio, negacionismo e fake news, é tornar-se cúmplice da tragédia anunciada. As pessoas estão morrendo por descaso do governo federal, falta de vontade de comprar vacinas e estímulos contrários à tudo que a ciência recomenda, isso quando não debocha do "mimimi" dos "maricas" que morrem.

Ontem o alvo eram teus avós. Você nunca deu muita bola. Hoje é você. Sou eu. Não precisa se preocupar comigo. Mas pense em você. Se eu morrer talvez tu não sinta falta de mim. Com certeza, se tua postura seguir igual, e morrer de covid-19, além de não sentir falta, vou comemorar.

 

quarta-feira, 3 de março de 2021

[rip] BUNNY WAILER

 :: txt :: Tiago Jucá ::

O maior trio musical de todos os tempos finalmente vai se reencontrar na pós-Babilônia. Morreu ontem o jamaicano Bunny Wailer. Ele, Bob Marley e Peter Tosh formaram o The Wailers em meados da década de 60. A banda aos poucos foi agregando músicos e Bunny e Peter saíram, ficando pra posteridade o nome mais famoso: Bob Marley and The Waikers.

Mas são os três a base dessa linda história, embora também trágica ao longo do tempo. A partir deles o mundo viu nascer alguns gêneros musicais, como o ska, o rock steady, o reggae, o dub e o dance hall.

 Se a formação famosa fez os grandes sucessos nos anos 70, o trio original tem canções incríveis. Só pra listar algumas e deixar sugestivo a quem não conhece mas tenha interesse em saber como era antes do reggae ser inventado: Rock to the Rock, There She Goes, Dont Rock My Boat, Feel Alright, Adam and Eve, Wisdom, Judge Not, Simmer Down, ...

Jah!



[over12] S.O.S BRASIL


 

terça-feira, 2 de março de 2021

[mandachuva] O ÚLTIMO QUE DORMIR NÃO APAGUE A LUZ

 

:: txt :: Tiago Jucá ::

Depois de um ano, saímos do lugar e voltamos para trás. Em março do ano passado o cenário vazio das ruas nos trazia pânico e incertezas sobre as consequências causadas pelo vírus. Porém, o RS ainda era um bom exemplo comparado com os demais estados.
Já não bastasse a negligência e negacionismo do governo federal e a covardia de governos estaduais, temos um povo que não tem a mínima compaixão com a vida dos outros e nem com o sufocante trabalho dos profissionais da saúde.
 
Do gado fascista a gente não esperava comportamento diferente, mas é indignante as atitudes de companheiros e amigos que adoram aglomerar em bar, restaurante, show, praia e até mesmo na festa e no churrasco caseiros. E sem máscara. Uma total irresponsabilidade.
 
Os próximos meses, sem perspectivas de ampla vacinação e com uma variante do vírus mais contagiante e letal no ar, são um pesadelo insonífero. Pessoas próximas estão em UTI ou já morreram. O medo me cerca constantemente.
 
Creio que não sairei vivo caso me contamine. Se tal fatalidade acontecer, prometo virar um fantasma a atormentar muita gente noite após noite. O último que dormir não apague a luz.


 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

[mandachuva] ABRE O PONCHO DESTA ALMA

 

:: txt :: Tiago Jucá ::

A morte de um artista, às vezes, me faz revisitar sua obra e procurar entender um pouco mais sobre o ser humano que habitava aquela pele e tentar compreender o legado cultural deixado ao mundo. Foi assim com uns que eu era mega fã, tipo Lou Reed, Michael Jackson e David Bowie. E muitas recordações de atmosferas passadas vinham à tona, embaladas ao som das caixas.
 
Outros artistas revisito com eles ainda vivos. Odair José e Reginaldo Rossi são uns dos exemplos de eu voltar a ouvir algo que antigamente não dava muita orelha. E acabo por me dar conta de suas respectivas genialidades e da crucial importância deles para o cancioneiro popular.
 
Dou graças aos meus pais pelo meu apreço musical desde piá. Não era toda casa que tinha toca-discos e toca-fitas nos anos 80. Nem sempre por questão financeira, muito por desapreço cultural mesmo. E nossa humilde residência tinha dezenas de LPs para acompanhar cervejadas e churrascadas aos amigos que nos visitavam.
 
No crescer das pernas fui "confiscando" alguns vinis pra mim, somando à minha emergente coleção iniciada com Plunct-plact-zum. Um deles, uma coletânea com grandes sucessos de Jorge Ben, foi morar comigo em Porto Alegre depois de adulto. No apartamento no qual morei com dois amigos no Partenon, começo dos anos 90, um dia coloquei o babulina pra tocar. Jorge já era Ben Jor e havia caído num relativo ostracismo desde o boom do rock nacional oitentista. Ambos piraram com aquela guitarra swingada e com a sequência interminável de hits. Pouco tempo depois Jorge reaparecia com o político WBrasil e caíria novamente no gosto popular, com seus antigos sucessos revigorados. Os amigos não cansavam de realçar que o "Tiagão já ouvia antes de virar moda".
 
A recente morte de Telmo de Lima Freitas trouxe-me, primeiramente, esses vagos e remotos flashbacks infantis, de meu pai escutando a bolacha num domingo esfumaçado. Porém, há porém, o resgate das letras do xiru missioneiro me tem causado um despertar de angústias perante o atual e talibânico quadro político sanitário brasileiro. Me sinto um plebeu em plena idade média, com todo aquele obscurantismo científico cercado de pragas contagiantes e, surrealmente, desgovernado por um déspota fascista. O cheiro da fumaça parece de bruxas sendo queimadas pelo santo inquisitor.
 
Na avenida paralela à minha rua, a sirene da ambulância ecoa de hora em hora, transportando memórias passadas pra tentar salvar sonhos futuros. Não há nenhuma esperança de um iluminismo no fim da curva. E o verão fica cada vez mais gelado. Como diria Telmo, "abre o poncho desta alma, prenda minha, que eu preciso me abrigar, se o inferno for intenso, como eu penso, muito frio eu vou passar".

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