:: txt :: João Antônio ::
Vou mamujando a vida, meu companheiro. Vou marambaiando. Já que neste sistema fecal que nos rege sou tratado como um autêntico João. Enquanto aqui me roubam, me usam, me desrespeitam, me caloteiam e até se impacientam com minha independência, pois, não pertenço a curriolas de nenhuma natureza, não aceito emprego público nem particular, não me escravizo a Klabins, a Malufs, a Niskiers, a Chagas e a outras porcarias. Xingo a direita de burra e sanguinolenta, xingo a esquerda de bêbada e intolerante, de festeira e faladeira, de omissa e impopular.
E, enquanto a canalha babaquara e babujante acha que o realismo social é o único caminho, prego, defendo desbragadamente que o espaço cultural está aberto a todos os criadores. É possível, ao homem de talento e trabalho, tecer como as aranhas uma obra-prima sobre a sombra da parede, sobre o arco-íris do céu ou sobre os massacrados trabalhadores do Metrô. Viva a tolerância total! Viva a miscigenação, os malungos, os pingentes, os marginalizados, a mestiçagem completa e viva até a democracia (esse perigoso ardil dos "ismos" políticos), já que estamos longe, mui longe da anarquia lírico-criativa-sensual-desbragada-tropical-transcendente, modelo brasileiro único, incomparável e irrepetível, nosso, sem nenhuma importação ou impostação. Mas, abaixo também todo e qualquer tipo de nacionalismo, essa estupidez que gera Hitlers, Mussolinis e Peróns.
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