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segunda-feira, 6 de maio de 2013

[bolo'bolo] OS TRÊS ELEMENTOS ESSENCIAIS DA MÁQUINA




Examinando a Máquina mais de perto podemos distinguir três funções essenciais, três componentes da força de trabalho internacional e três negócios que a Máquina nos oferece.

    As três funções podem ser caracterizadas assim:

informação: planejamento design, orientação, manejo, ciência, comunicação, política, produção de idéias, ideologias, religiões, arte, etc.; o cérebro coletivo e sistema nervoso da Máquina.

produção: criação industrial e agrícola de produtos, execução de planos, trabalho fragmentado, circulação de energia.

reprodução: produção e manutenção de trabalhadores tipo A, B e C através da produção de crianças, educação, trabalhos domésticos, serviços, entretenimento, sexo, recreação, cuidados médicos, etc.

    Essas três funções são igualmente essenciais para o funcionamento da Máquina. Se uma delas falha, mais cedo ou mais tarde a Máquina pára. E para realizar essas três funções a Máquina criou três tipos de trabalhadores, divididos por seus níveis salariais, privilégios, educação, status social, etc.

A – Trabalhadores técnico-intelectuais pra países (ocidentais) industrialmente avançados: muito qualificados, na maioria brancos, homens e bem pagos. Um bom exemplo: engenheiros de computação.

B – Trabalhadores industriais e empregados em áreas não muito desindustrializadas, nos países em desenvolvimento e países socialistas: pouco ou muito mal pagos, homens ou mulheres, com amplas qualificações. Por exemplo, montadores de automóveis, montadoras de aparelhos eletrônicos (mulheres).

C – Trabalhadores flutuantes, oscilando entre pequenos períodos de plantio e colheita nos campos, prestadores de serviços, donas-de-casa, desempregados, criminosos, pivetes, todos sem rendimentos regulares. Na maioria mulheres e não-brancos dos cortiços metropolitanos ou do Terceiro Mundo, essas pessoas freqüentemente vivem no limite da inanição.

    Todos estes tipos de trabalhadores estão presentes em todas as partes do mundo, só que em diferentes proporções. Mas é possível distinguir três zonas com uma proporção tipicamente alta dos respectivos tipos:

Trabalhadores A – em países (ocidentais) industrialmente adiantados, nos Estados Unidos, Europa, Japão.

Trabalhadores B – em países socialistas ou em vias de industrialização: União Soviética, Polônia, Taiwan, etc.

Trabalhadores C – no Terceiro Mundo, em áreas agrícolas ou subdesenvolvidas, na África, Ásia e América do Sul, e em chiqueiros urbanos do mundo inteiro.

    Os três Mundos estão presentes em toda parte. Na cidade de Nova York existem bairros que podem ser considerados parte do Terceiro Mundo. No Brasil existem importantes áreas industriais. Em países socialistas existem representantes perfeitos do tipo A. Mas ainda assim resta uma acentuada diferença entre os Estados Unidos e a Bolívia, entre a Suécia e o Laos, e por aí afora.

    O poder da Máquina, seu mecanismo de controle, é baseado no estímulo à luta entre os diferentes tipos de trabalhadores. Altos salários e privilégios são garantidos não porque a Máquina prefira determinado tipo de trabalhador, mas porque a estratificação social é usada para a manutenção do sistema como um todo. Os três tipos de trabalhadores aprendem a ter medo uns dos outros. São divididos por preconceitos, racismo, ciúmes, ideologias políticas, interesses econômicos. Os trabalhadores A e B têm medo de perder seu alto padrão de vida, seus carros, suas casas, seus empregos. Ao mesmo tempo, eles se queixam constantemente de stress e ansiedade, e invejam os comparativamente ociosos Trabalhadores C. Estes, em troca, sonham com bens de consumo, empregos estáveis e o que eles vêem como uma vida fácil. E todas essas divisões são exploradas de vários modos pela Máquina.

    A Máquina nem precisa mais de uma classe dominante especial para manter seu poder. Capitalistas privados, burgueses, aristocratas, todos os chefes são meros excessos, sem nenhuma influência decisiva na execução material do poder. A Máquina pode prosseguir sem capitalistas e proprietários, a exemplo dos países socialistas e das empresas estatais do Ocidente. Esses relativamente raros tubarões não são o problema real. Os verdadeiros órgãos opressores da Máquina são todos controlados pelos próprios trabalhadores: guardas, soldados, burocratas. Somos sempre postos em confronto com metamorfoses convenientes da nossa própria espécie.

    A Máquina Planetária do Trabalho é um mecanismo que consiste de pessoas postas umas contra as outras; todos nós garantimos seu funcionamento. Então, uma questão urgente é a seguinte: por que a gente topa? Por que a gente aceita viver um tipo de vida de que obviamente não gosta? Quais são as vantagens que nos fazem suportar o nosso descontentamento?

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