:: txt :: Giovani Iemini ::
Defino-me como anarquista, que quer dizer “contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja livremente aceita”. Sou adverso às instituições, principalmente o Estado e a Igreja, pois ambos foram invenções humanas para ordenar e controlar as populações, às vezes até intuindo a melhor convivência entre as gentes e a evolução civilizatória, contudo, ambas desgarraram-se da pretensão original e, por conta de dirigentes gananciosos e especuladores, descambaram para o abuso do poder.
Qualquer abuso, a meu ver, é intolerável.
Como anarquista, entendo que não é preciso haver leis ou dogmas, tampouco lideranças, para o alcance do bem comum e da felicidade intrínseca. Basta a percepção de que somos parte de um mesmo ecossistema e uma boa compreensão da necessidade de respeito mútuo e amplo auxílio.
É uma questão de educação.
Mas não esta educação formal que ensina química ou português (conhecimentos inúteis, caso a ocupação profissional não os exija), mas aquela apregoada pelos governos militares e hoje tão desprezada por democracias esquerdistas: moral e civismo (civismo aqui tendo como Estado a espécie homo sapiens).
Mas entenda: não a moral militar, tampouco o civismo defensor de algum lado maniqueísta.
Falo da moral planetária humana, ampla e fraterna, que reconheça o outro como um irmão, que entenda as diferenças intelectuais e físicas como a força biológica e não a fraqueza usada para exploração. Que veja as mensagens religiosas de respeito ao próximo de forma irrestrita, sem opor-se a culturas e interesses, além de não buscar para si vantagens pela detenção de poder.
É um civismo sem separações por pátrias, economias, línguas ou tradições históricas. São as atitudes e comportamentos defensores de práticas fundamentais para a preservação e a harmonia do bem estar entre os homens, esses companheiros de mundo humanos.
O termo humano é autoexplicativo da nossa condição de iguais.
Se somos todos humanos, e nos respeitamos, podemos ser livres, escolher nos unir ou não a grupos de similares para facilitar nossas necessidades. Queremos coisas diferentes, únicas, personalíssimas, devemos conquistá-las cada um ao seu jeito. Individuais.
A única proibição é o abuso.
Mas se tem proibição, mesmo assim é anarquismo? Sim, anarquista é contra a ordem que não seja livremente aceita. E todo anarquista é um ordeiro, entende que é o principal responsável pela socialização consensual que é o entrevero dos homens. Como diz o brado do último bardo bêbado: anarquia sim, bagunça não.
#CADÊ MEU CHINELO?
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