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quarta-feira, 14 de novembro de 2012
[...] AS ADAPTAÇÕES DA LITERATURA DE CORDEL
:: txt :: Thiago Barbosa ::
Na varanda da casa, três candeeiros acesos, já era noite no sertão nordestino, pessoas reunidas, alguns deitados na rede e outros com o violão sobre o colo, a notícia seria rimada e cantada por meio do cordel. Dos livretos expostos em cordas surge o nome dado às rimas impressas no papel e foi por meio destas rimas que muitas notícias chegavam até o povo do campo, como por exemplo, a notícia do fim da segunda guerra mundial e a morte do padre Cícero Romão. Pode-se dizer que o poeta cordelista era o repórter popular.
A rima, a métrica e a oração são os elementos condicionais para compor um cordel. Essa Literatura foi responsável pela alfabetização de muitos sertanejos, foi no repente cantado pelo trovador na época ainda medieval, que iniciou a cultura de rimar palavras. O cordel é um elemento cultural, remonta uma história de ensino aprendizagem e ainda hoje é utilizado nas salas de aula de forma adaptada diante das mudanças existentes na contemporaneidade. “Antigamente o cordel era como se fosse a novela, o jornal e a televisão”, lembra o cordelista sergipano Ronaldo Dória que foi aluno de um dos maiores cordelistas do estado, João Firmino Cabral. Ele comentou ainda o que é preciso para fazer um cordel “Para fazer um cordel, primeiramente tem que ter conhecimento sobre o assunto, porque não adianta falar do que não sabe, e no mínimo tem que ter uma veia poética”, lembra ele.
Essas adaptações vão desde os novos formatos, até às publicações de editoras que se apropriam e publicam os cordéis em forma de quadrinhos, com um layout inovador e com imagens coloridas. A literatura de cordel já pode ser encontrada na internet, reproduzidos em gráficas, utilizando as novas regras gramaticais. As adaptações aparecem ainda nas transformações de grandes clássicos da literatura brasileira e mundial para o cordel, como A Megera Domada, Dama das Camélias, Escrava Isaura, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Viagem ao Centro da Terra, As Aventuras do Marinheiro Simbad, O Alienista, Corcunda de Notre Dame, além desses, a literatura infantil também foi adaptada: Os Três Porquinhos, Alice no País das Maravilhas, O pequeno Polegar, entre outros.
Quanto a essas adaptações o cordelista Ronaldo Dória prefere os modelos tradicionais, “O cordel só é bonito quando é simples, porque o cordel é uma coisa do povo, tem que ser barato para todo mundo comprar”, ressalta. Já para o historiador Dênio Azevedo a sociedade muda e as suas práticas se transformam. “Para mim o que importa é o conteúdo e a manutenção desta forma de expressão da sociedade, independente do formato”.
A literatura de cordel também acompanhou e transformou assuntos da contemporaneidade. O dilema das células tronco, a chegada do homem à lua, o ataque terrorista às torres gêmeas, até mesmo após a morte de Michael Jackson, dois dias depois já havia uma biografia dele editada e publicada em cordel. A nova ortografia, por exemplo, ensina de forma leve todas a regras que essa mudança gramatical.
Essa ferramenta cultural de comunicação pode ser melhor utilizada pela sociedade, é o que defende o professor Dênio Azevedo “A sociedade deve se apropriar desta ferramenta de comunicação e utilizá-la em campanhas de sensibilização, torná-la cada vez mais recurso didático no processo de ensino-aprendizagem, prosseguir como objeto de estudo dos pesquisadores que se interessam pelo objeto em questão e auxiliar na manutenção desta prática que consegue dar voz a alguns atores sociais que ficam excluídos da maioria dos processos de participação e construção da sociedade”.
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