#CADÊ MEU CHINELO?
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
[agência pirata] PELA SOBREVIVÊNCIA DOS IMPRESSOS
:: txt :: Dirceu Martins Pio ::
Como jornalista, torço pela sobrevivência dos impressos. Como leitor, ando meio cético diante dessa possibilidade. Os impressos estão seriamente ameaçados de extinção por inadequação de uso. Atrevo-me a dar – às pessoas que os fazem no Brasil – um rol de dez recomendações. Quem sabe, os leitores poderiam ampliá-las e aperfeiçoá-las. O debate em torno do futuro dos impressos não pode parar. Ei-las:
1. Prestem mais atenção ao clima organizacional. As redações estão traumatizadas pela longa série de ajustes e cortes. Para ter qualidade, a atividade intelectual precisa de um mínimo de segurança e paz. O momento tem de ser o da trégua, do pacto de não agressão. Que tal pensarem numa trégua de pelo menos dois anos?
2. Escolham líderes inventivos e que tenham uma compreensão atual e moderna do mundo digital. Invistam em treinamento para acelerar a capacitação de todas as pessoas para lidar com a inserção no mundo digital das informações captadas para a produção dos impressos.
3. Observem que a configuração urbana e econômica do país passa por grandes transformações. Descentralizem estruturas e deem cobertura aos novos mercados que despontam com grande vitalidade fora dos eixos tradicionais do desenvolvimento. Os novos eixos são celeiros de oportunidades e é natural que uma grande parte das atenções do leitor se volte para eles.
Criatividade e publicidade institucional
4. Fortaleçam a cobertura de economia e negócios e resgatem o espaço que todos já dedicaram ao agronegócio. Esses conteúdos têm mais força nos meios digitais e serão de grande valia na hora de recuperar receitas que migraram do papel para a internet.
5. Invistam em bons pauteiros, que sejam capazes de trazer uma boa quantidade de matérias exclusivas todos os dias. Não acreditem na teoria de que a missão dos jornais em papel é fazer uma boa consolidação do material já divulgado no dia anterior pela internet, pela TV e pelo rádio. O leitor exige muito mais que isto. Quer ser surpreendido, diariamente, pelo seu jornal.
6. Trabalhem, comercialmente, também com muita criatividade. Lembrem-se de que o anunciante compra cada vez menos os produtos de prateleira e compra cada vez mais o taylor made, o produto feito quase de encomenda para ele e que sirva de boas molduras para a sua publicidade institucional.
Não desistam do papel
7. Façam mais jornais e otimizem assim os recursos aplicados na indústria gráfica, na distribuição, na captação de conteúdos.
8. Usem a interatividade dos meios digitais para desvendar o interesse do leitor por informação e façam jornais cada vez mais endereçados.
9. Invistam em reportagem. Os impressos serão cada vez menos o espaço do hard news e cada vez mais o espaço da reportagem e também da análise da tendência da notícia.
10. Insistam com o papel. Não desistam do papel. Ainda não inventaram nada que substitua o papel em suas principais características – portabilidade, credibilidade, documentabilidade, capacidade de reprodução de fotos, ilustrações e cores.
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