#CADÊ MEU CHINELO?
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
[águas passadas] O FIM DA PEQUENA CAVERNA MÁGICA E OUTRAS HISTÓRIAS
:: txt :: Ramiro Simch ::
Parecia improvável que aquela pequena caverna mágica - governada por um bem-humorado taberneiro chamado Nani e recheada de carreteiro fumegante, refrigerantes dos mais obscuros fabricantes e balas de banana - um dia fosse tornar-se ponto culminante das terças-feiras de muitos dos que saem à noite em Porto Alegre. Na década de 1990, o Tutti Giorni da minha cabeça era apenas um dos lugares que minha família frequentava com relativa assiduidade.
Mas o tempo passou e a improbabilidade cedeu. A partir dos últimos capítulos dos anos 2000, as paredes cobertas de desenhos e os banheiros desumanos do Tutti alegraram-se novamente com a enxurrada semanal de centenas de boêmios sedentos por cerveja, conversa, riso. O sucesso quase repentino revigorou o alquebrado fluxo de caixa do boteco, e a escadaria da Borges tornou-se a ágora do momento. A esquina da Duque virou uma placa adiposa de saúde cultural.
Os personagens da infância ainda estavam lá: meu tio Edgar Vasques, Santiago, Uberti, Bier e companhia, rodeados de tantos outros. A fauna universitária comparecia em peso, assim como intelectuais, artistas e bebuns de diversas idades e profissões. Havia esperança etílica logo após a segunda-feira, afinal.
É isso tudo que termina - por assim dizer - aqui. Os dedos poderosos dos aluguéis atrasados acabaram por vergar a resistência duranga do barzinho e arrancá-lo dali. O espaço há de se tornar algo menos sujo e barulhento - um escritório de advocacia, acho. Seguirá sua vida sem fedor nem papelão. Até a Zero Hora lamenta. De minha parte, espero só que o Tutti Giorni floresça novamente em outro ponto do Centro. E que novas histórias possam ser construídas.
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