#CADÊ MEU CHINELO?
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
[cc] WIKILEAKS E A GUERRA DE 4º GERAÇÃO
::txt::Bruno Lima Rocha::
Julian Assange é o nome do momento e a perseguição pela qual sofre retrata a relevância do personagem. O australiano veio ganhando escala mundial por seu trabalho pioneiro como representante público de uma equipe dedicada a difundir documentos classificados (reservados, confidenciais ou secretos), agindo, segundo as próprias palavras do Wikileaks em seu editorial, em nome da “transparência e da prestação de contas”. Conceitualmente, Assange e os demais membros do portal estão em guerra de 4ª geração, operando – de fato – contra Estados potência e empresas transnacionais. E eles não estão sós no front.
Tampouco a modalidade de conflito é exclusiva dos países desenvolvidos. A primeira vez que escutei o termo foi quando estive na Venezuela (janeiro de 2009), em companhia de ativistas midiáticos e militantes da comunicação popular. Estes homens e mulheres, voluntários em sua maioria, praticam a partir da internet e de emissoras de rádio FM de baixa potência, dois contrapontos simultâneos. Seus alvos permanentes são a chamada mídia escuálida (termo popular para definir os venezuelanos de origem européia) assim como a direita endógena (políticos oligarcas convertidos ao chavismo). Embates semelhantes ocorrem pelo mundo.
O cenário desta guerra varia a cada território, questão em voga ou nicho de interesse. O que há de perene são as diretrizes (informais) de buscar aumentar o poder da cidadania e a capacidade decisória de indivíduos e coletividades diante dos agentes com poderes de incidir sobre a vida do planeta, como os EUA e o complexo industrial, militar e petrolífero, por exemplo. Nesta luta, a rede mundial de computadores é fundamental.
Definitivamente, estamos diante de uma quebra de paradigma para o significado da internet em nossas vidas. O modus operandi do Wikileaks e de seus assemelhados, vem ultrapassando as fronteiras do jornalismo formal (em seu modelo empresarial) e indo além do legalismo na defesa do direito à informação.
A tese levantada é simples. A cidadania necessita de ter informações precisas e fidedignas para poder decidir. Uma vez que hoje somos todos influenciados por decisões tomadas por Estados do centro do capitalismo, a começar pelos EUA (única superpotência bélica em escala planetária) e empresas transnacionais, é necessário saber o que se passa nestes lócus de poder, e também o que pensam e fazem os membros destas as elites dirigentes.
A internet há muito deixou de ser uma atividade de ócio para tornar-se uma das artérias centrais da globalização corporativa (também chamada de mundialização). Explico. Se a informação é central para o processo decisório e a decisão em áreas sensíveis passa por assegurar a defesa de dados, informes, relatos, impressões, pareceres, relatórios e documentos oficiais, portanto, para governar é fundamental manter segredo e dissimular versões
Esta necessidade entra em rota de colisão com os valores atribuídos a toda e qualquer forma de democracia, como a transparência nas ações tomadas por detentores de mandatos ou no exercício de autoridade em nome do bem comum.
O interessante é notar a fragilidade da defesa de informações por parte da superpotência. Não vejo como válida a hipótese de que a equipe do Wikileaks (tanto fixos como voluntários) tenha condições de operar como agência de espionagem. Portanto, se os documentos sensíveis vazam, é porque foram vazados.
Assim, em alguma etapa da hierarquia e do fluxo informacional, alguns estão vazando os conteúdos secretos que dizem respeito à vida de milhões. Uma vez checada a informação (e até onde se sabe a rede do Wikileaks faz a checagem), não há nenhuma razão (legal ou moral) para não difundi-los.
A prisão de Assange e o acionar da parafernália da Interpol em sua captura dão mostras tanto do temor destas instituições como da “letalidade” do risco permanente do vazamento de informações de modo a possibilitar a produção de novos consensos a respeito de temas relevantes para as maiorias. A guerra de 4ª geração está apenas começando.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
#ALGUNS DIREITOS RESERVADOS
blog O DILÚVIO by
O DILÚVIO is licensed under a
Creative Commons Atribuição-Compartilhamento pela mesma Licença 3.0 Brasil License.
Você pode:
- Compartilhar — copiar, distribuir e transmitir a obra.
- Remixar — criar obras derivadas.
Sob as seguintes condições:
-
Atribuição — Você deve creditar a obra da forma especificada pelo autor ou licenciante (mas não de maneira que sugira que estes concedem qualquer aval a você ou ao seu uso da obra).
-
Compartilhamento pela mesma licença — Se você alterar, transformar ou criar em cima desta obra, você poderá distribuir a obra resultante apenas sob a mesma licença, ou sob licença similar ou compatível.
Ficando claro que:
- Renúncia — Qualquer das condições acima pode ser renunciada se você obtiver permissão do titular dos direitos autorais.
- Domínio Público — Onde a obra ou qualquer de seus elementos estiver em domínio público sob o direito aplicável, esta condição não é, de maneira alguma, afetada pela licença.
- Outros Direitos — Os seguintes direitos não são, de maneira alguma, afetados pela licença:
- Limitações e exceções aos direitos autorais ou quaisquer usos livres aplicáveis;
- Os direitos morais do autor;
- Direitos que outras pessoas podem ter sobre a obra ou sobre a utilização da obra, tais como direitos de imagem ou privacidade.
- Aviso — Para qualquer reutilização ou distribuição, você deve deixar claro a terceiros os termos da licença a que se encontra submetida esta obra. A melhor maneira de fazer isso é com um link para esta página.
Um comentário:
Amigo
Muda na tua lista o endereço do blog ovianense.com para ovianense1.blogspot.com. logo após mudaremos para WWW.OVIANENSE.COM.BR
Abraços! E muito obrigado!
Postar um comentário