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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

[release] SCANDURRA AO VIVO



::txt::Henrique Inglez de Souza::

O que vem à cabeça quando se fala em Edgard Scandurra?

Quem está por fora da realidade talvez diga apenas “rock e Ira!” – tudo bem, afinal foi ele quem escreveu a esmagadora maior parte das canções da banda. Por outro lado, quem gosta e acompanha o nosso underground sabe que é muito mais que isso e que o guitarrista paulistano vai além desses rótulos.

É um cara livre, criativo e sedento por experimentar coisas novas na música. Carrega características que lhe permitem um vasto horizonte de possibilidades. E uma boa amostra disso está em seu mais novo CD e DVD, Ao Vivo.

Partindo da ideia de celebrar os 20 anos do emblemático disco Amigos Invisíveis (1989), Scandurra preparou um show repleto de suas investidas. Gravado em maio de 2009, no Teatro Fecap (São Paulo), traz referências diversas no repertório de 18 faixas.

Desde coisas menos populares do Ira! (exceto por Tolices, claro) a canções do Benzina (seu projeto de música eletrônica), do Amor Incondicional (seu último disco solo), versões para The Who (Our Love Was) e Guilherme Arantes (Meu Mundo e Nada Mais).

Para engrossar o caldo, três inéditas: A Dança do Soldado (Mantenha a calma/Siga os seus preceitos/Jogue na mala sem alça os preconceitos/E se teu pai não te aceita/A tua mãe te dá a receita de seu creme de beleza), Kaput (O melhor da nossa juventude acabou/Kaput/Ao menos, saímos com saúde/.../Nosso amor/Kaput/Doce e amargo como um bom vermute) e Não Precisa Me Amar (Quando olho para trás/E a maneira como me portei/Logo penso em você/Não precisa me amar).

Tudo em Ao Vivo foi temperado com arranjos modernos e timbres deliciosos, graças ao sabor forte de sua inseparável guitarra – a parceira de sempre, marca registrada e bandeira de seu triunfo notório no rock pop brasileiro. O protagonista é, naturalmente, Edgard Scandurra, mas os méritos devem ser divididos com todos os seus “amigos invisíveis”: o filho Daniel Scandurra (baixo), Dustan Gallas (teclado), Felipe Vieira (bateria), Marisa Brito (vocal), Juliana R. (vocal).

Inclua aí também os convidados especiais, que aparecem em uma faixa cada um: Charlie Crooijmans (Our Love Was), Fernanda Takai (Tolices), Bárbara Eugênia (Culto de Amor), Zélia Duncan (Abraços e Brigas), Jorge Du Peixe (Você Não Sabe Quem Eu Sou) e Guilherme Arantes (Meu Mundo e Nada Mais).

Nos extras, o guitarrista apresenta uma tentadora lagosta ao molho de manteiga, com salada e coquetel de lagostim – tudo preparado por ele mesmo, no restaurante que tem em São Paulo, chamado Le Petit Trou. É isso mesmo! O homem coloca o avental e fala de sua paixão por cozinhar.

Além disso, nos dá uma boa geral da carreira (incluindo depoimentos de figuras como André Midani e Paulo Junqueiro). Por fim, também encontramos cenas da passagem de som para o show que virou o DVD. Três situações diferentes devidamente editadas e transformadas em uma espécie de documentário, batizado Na Cozinha Com Scandurra. Ficou legal!

Pois bem, Ao Vivo é o mais novo trabalho desse incansável guitar hero do underground brasileiro. Do rock à nossa música em geral, Scandurra é um cara emblemático e atuante. Ele é de casa, e transita entre gerações de maneira natural, visceral e, claro, fundamental. Não se prende a nenhum estilo senão ao seu jeito de tocar guitarra. É por isso que gravou com vários artistas, dos consagrados às revelações. E é por isso que está aí, trabalhando com outros tantos (por exemplo, Karina Buhr, Marcelo Jeneci, Arnaldo Antunes e o elogiado Pequeno Cidadão).

Esse é o retrato fiel de um músico que se tornou referência por conta da marca que cravou há quase 30 anos na cultura pop do Brasil – sem dúvida!

Como o tempo não para, nem as ideias, neste exato momento ele deve estar trancado em um estúdio preparando sua próxima tacada. Ninguém segura o homem! “Acho importante as pessoas saberem que estou em plena atividade e vivendo um dos meus momentos mais criativos”, ressalta Scandurra. “Consegui atingir o objetivo principal que tenho desde o início da carreira, que é o de passear livremente entre as gerações de artistas e público, sempre apontando novos caminhos”.

Então, vamos fazer assim: melhor do que tentar adivinhar o que virá pela frente é curtir Ao Vivo. Tem rock, tem pop e muitas das boas viagens sonoras típicas da pegada ímpar desse guitarrista. Aproveite! E, para os mais desconfiados, o recado que deixo é que há, sim, muita vida após o Ira!, e Edgard Scandurra está aí, vivo e ao vivo para nos mostrar!

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