#CADÊ MEU CHINELO?

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

[rango] SUSHI MINEIRO

 :: rct :: Normal de Chapéu ::

Passo 1:
Convide os amigos mais queridos, ou a amiga preferida, para um almoço especial.

Passo 2:
Separe com cuidado folhas de alface recém-colhido e lavadas uma a uma. Importante notar o tamanho de cada qual... é fundamental que tenham a extensão da palma da mão de uma mulher, mais ou menos... Uma mulher meiga e delicada, mas também forte, altiva e apaixonante.

Passo 3:
Frite filés de traíra magra, pescadas o mais próximo possível das nascentes dos rios, nos remansos, é claro.

Obs: A fritura há de ser em óleo de soja e a carne deve acabar tenra, capaz de sofrer cortes precisos de mãos que tocam violão e outras viadagens do gênero.

Passo 4:
Tenha à mão um bom lote de tomates secos, preparados com orgulho e guardados em conserva, cujo vidro deve estar enrolado numa calcinha de seda.

Obs: Neste ponto, palitos Gina devem estar confortavelmente aconchegados a um pratinho lateral.

Passo 5:
Cortar o filé de traíra em pequenos cubos, tamanho de um botão grande.

Passo 6:
Justapor cada pedacinho de traíra a um igual de tomate seco, adaptando tudo no centro de uma das folhinhas de alface.

Passo 7:
Sentir-se artista e dobrar zelosamente as folha sobre o casal (tomate sobre o filé) e, com muito cuidado, enrolar a folhinha (com movimento meridional), mais ou menos à moda de um pastel.

Passo 8:
Tudo ajustado, flechar violentamente o centro (usando o palito Gina), de modo a que aquilo tudo vire uma espécie de bolinha bem apetitosa.

Passo 9:
Arranjar todos os sushis num belo prato de cristal.

Passo derradeiro:
Comer.

domingo, 30 de dezembro de 2012

[...] NORMOSE

:: txt :: Pierre Weil ::


Há na maioria dos nossos contemporâneos uma crença bastante enraizada segundo a qual tudo o que a maioria das pessoas pensa, sente, acredita ou faz deve ser considerado normal e servir de guia para o comportamento de todas as outras pessoas.

Fatos e descobertas recentes sobre as origens do sofrimento e das doenças e também sobre as guerras, a violência e a destruição ecológica questionam seriamente a usualidade de certas "normas" ditadas pela sociedade e seus consensos.

Muitas normas sociais, atuais ou passadas, levam ou levaram a sofrimento - moral ou físico - indivíduos, grupos, coletividades inteiras e até mesmo espécies vivas.

Resolvemos adotar o termo de "Normose", para designar esta forma de comportamento visto como normal mas que na realidade é anormal. O termo foi forjado na França por Jea Yves Leloup.

A Normose é o conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou de agir aprovados por um consenso ou pela maioria de uma determinada população e que levam a sofrimentos, doenças ou mortes, em outras palavras, que são patogênicas ou letais, e são executados sem que suas vítimas tenham consciência desta natureza patológica, isto é, são de natureza inconsciente.

sábado, 29 de dezembro de 2012

[noé leva a dor] MANIFESTO ICONOCLASTA

:: txt :: Fausto Erjili ::

Reservamos o direito de ter pontos de vista heréticos que você acharia abominável. Nós acreditamos que qualquer um que se sente certo em atacar um individuo que tenha opiniões impopulares pode ir a merda e tomar no cu.

Nos identificamos por nossa paudurescência de desafiar dogmas, teorias, doutrinas ou paradigmas majoritariamente aceitos independentemente das consequências aos nossos status sociais. Temos consciência que nossas posições em relação ao mundo podem resultar em mais impaciência e exigência que o senso comum sugere como inteligente, mas nos encontramos por muitas vezes refutando o senso comum também.

Enquanto geralmente tentamos tomar crenças baseadas em argumentos concisos, evidências empíricas, precedentes históricos ou qualquer combinação dessas coisas, reservamos o direito de brincar de advogado do diabo só para foder com qualquer crença que você possa ter achando ser universalmente aplicável.

Sabemos que o uso original do termo iconoclasta se refere especificamente à destruição de ícones religiosos, mas escolhemos atacar crenças folgadas de qualquer lugar, incluindo mas não limitado à política, arte, religião, filosofia e identidade.

Reservamos o direito de violar quaisqueres termos do mesmo manifesto da maneira que os indivíduos iconoclastas bem quererem.

Reservamos direitos, ponto.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

[...] PLAGIAÇÃO

 :: txt :: Timóteo Pinto ::

Somos fruto de uma cultura recombinante, onde os textos, as frases, as palavras estão se tornando dinâmicas, interagindo num ritual onde você não consegue mais distinguir o leitor do autor. O plágio é necessário. Ele aproveita uma frase de um autor, faz uso de sua expressão, apaga uma falsa idéia e a substitui pela idéia certa. O texto é alterado e passado para frente. As idéias se aperfeiçoam. O progresso implica nisso. Agora com a internet temos o potencial de que aja uma maior participação de todos na produção cultural. Uma democracia cultural! O presente requer que repensemos e reapresentemos a concepção de plágio. Sua função tem sido há muito desvalorizada por uma ideologia que tem pouco lugar na tecnocultura. Deixemos que as noções românticas de originalidade, genialidade e autoria permaneçam, mas como elementos para produção cultural sem nenhum privilégio especial acima de outros elementos igualmente úteis. Está na hora de aberta e ousadamente usarmos a metodologia da recombinação para melhor enfrentarmos a tecnologia do nosso tempo. Confirmo: sou um plagiador!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

[agência pirata] ERA DA INFORMAÇÃO OU DA AFIRMAÇÃO?


:: txt :: João da Paz ::

Quando você busca notícias, o que o atrai: a opinião favorável ao seu ponto de vista ou aquela visão contrária? Se você é idealista da direita política, vai amar a revista Veja e odiar a CartaCapital? O inverso acontece se você é partidário da esquerda? Acaba sendo mais fácil (não é necessário pensar) elogiar o que você concorda sobre determinado escopo do que ouvir o outro lado da questão e ponderar/respeitar o pensamento oposto.

Esse dilema é fácil de resolver, pois ao invés do que comumente se propaga, vivemos na era da afirmação, e não da informação. Tempos em que se escorar naquilo que nos conforta e vai de encontro ao que acreditamos é mais válido do que basicamente nos informar.

Sim, existem pessoas que pensam diferente.

Nos Estados Unidos, o debate sobre postura contestadora do normal ferve após o renomado (e premiado) jornalista esportivo Bob Costas (rede NBC) ter cometido a "ousadia" de cruzar a linha da sua especialidade e fazer um comentário sociopolítico. Costas reacendeu a discussão acerca da cultura de armas entre os cidadãos americanos, mas para tanto usou um gancho esportivo.

Comentários raivosos

Em 1º de dezembro deste ano, num sábado, uma tragédia fez a NFL, liga profissional de futebol americano, balançar. Jovan Belcher, atleta do Kansas City Chiefs, assassinou sua namorada e, minutos depois, cometeu suicídio dentro das dependências do clube, em frente ao diretor e treinador. No dia seguinte, no horário mais nobre da NFL (transmissão de um único jogo no horário nobre em TV aberta-NBC), a emissora permite que no intervalo das partidas, dentro de 90 segundos, Costas comente sobre o que entender ser necessário. O crime ocorrido foi sua escolha e, mesmo em pouco tempo, conseguiu deixar explícita sua opinião ao citar trecho de uma coluna escrita por Jason Whitlock (Fox Sports), ex-jogador de futebol americano. Eis o trecho lido no ar:

"Nossa atual cultura de armas", Whitlock escreveu, "garante que mais e mais brigas domésticas acabem em tragédia. Armas não aumentam nossa segurança. Elas exacerbam nossas falhas. Tentando-nos para que argumentos sejam combatidos e nos incentiva ao confronto ao invés de evitá-lo. Nos próximos dias as ações de Jovan Belcher serão analisadas, quem sabe? Mas aqui", Whitlock escreveu, "está o que eu acredito: se Belcher não possuísse uma arma, ele e Kassandra Perkins (sua namorada) estariam vivos hoje."

Rapidamente, na onda imediatista da internet, surgiram comentários raivosos contra Bob Costas, que se estenderam durante toda a semana. Muitos diziam que ele era antiamericano por ser contrário ao uso de armas, já que a Constituição dos Estados Unidos permite que os cidadãos do país usem armas (baseado na chamada Segunda Emenda da Constituição de 1776).

É importante respeitar o outro

Costas não se pronunciou na segunda (3/12), entretanto sabiamente, após refrescar o assunto, na terça (4) escolheu um dos programas esportivos mais populares no rádio dos EUA, o Dan Patrick Show (da NBC Sports), para explicar mais detalhadamente o que foi dito naqueles 90 segundos no domingo à noite. Costas admitiu que não foi o melhor espaço para opinar sobre um tema tão complexo, mas não mudou sua opinião entregue aos telespectadores via texto de outro autor.

Na quarta (5/12) foi a vez de aparecer na televisão no programa do ultraconservador Bill O’Reilly (na Fox News), que explicitamente é a favor do porte legal de armas. Costas se comportou bem e deixou claro que não é contra o direito constituído "pelos pais fundadores" (como gostam de dizer lá na Fox News), porém enfatizou que é preciso fazer algo para rever a cultura de armas que os EUA têm. Ambos os posicionamentos de Costas, em larga medida, foram válidos visto que conseguiu explicar os motivos para o comentário feito e reforçar sua opinião. O detalhe é que esta não foi tratada com respeito justamente por quem tem visão contrária. Os que são a favor do porte de armas chegaram a pedir que a NBC demitisse Costas...

Há essa dificuldade em ouvir o que outros acham sobre aquilo que defendemos com tanta paixão e fervor. Não que o morno seja o ideal; pelo contrário. É bom que existam posições fortes e corroboradas por argumentos sólidos. Entretanto é importante respeitar o que o outro entende ser o correto. É fundamental receber a informação mais completa, e não apenas consumir a afirmação daquilo que se acredita.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

[...] INUMANO

:: txt :: Henry Miller ::

Hoje sinto orgulho que dizer que sou inumano, que não pertenço a homens e governos, que nada tenho a ver com a maquinaria rangente da humanidade.

Lado a lado com a espécie humana corre outra raça de seres, os inumanos, a raça de artistas que, incitados por desconhecidos impulsos, tomam a massa sem vida da humanidade e, pela febre e pelo fermento com que a impregnam, transformam a massa úmida em pão, e pão em vinho, e o vinho em canção. Do composto morto e da escória inerte criam uma canção que contagia. Vejo esta outra raça de indivíduos esquadrinhando o universo, virando tudo de cabeça pra baixo, e os pés sempre se movendo em sangue e lágrima, as mãos sempre vazias, sempre se estendendo na tentativa de agarrar o além, o deus inatingível: matando tudo ao seu alcance a fim de acalmar o monstro que lhe corrói as entranhas.

Se sou inumano é porque meu mundo transbordou de suas fronteiras humanas, porque ser humano parece uma coisa pobre, triste, miserável, limitada pelos sentidos, restringidas pelas moralidades e pelos códigos, definida pelos lugares-comuns e ismos.

Tenhamos um mundo de homens e mulheres com dínamos entre as pernas, um mundo de fúria natural, de paixão, ação, drama, sonhos, loucuras, um mundo que produza êxtase.

Fora as lamentações! Fora elegias e réquiens! Fora biografias e histórias, bibliotecas e museus! Que os mortos comam os mortos. Dancemos nós, os vivos, à beira da cratera, uma última e agonizante dança.

Sou Inumano, digo isso com um riso louco e alucinado, e continuarei a dizê-lo ainda que chovam crocodilos.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

[...] LAMENTO NACIONAL DE UM GUERREIRO


Ouviram do Ipiranga às margens plácidas,
atrás das margens, gritos reprimidos por tortura,
lágrimas de um povo heróico – o brado que não retumba
O sol da liberdade, em raios contidos tem vergonha de brilhar em nossa Pátria
Se a mentira desta igualdade, conseguimos demonstrar com braços mortos,
Em Teu seio, ó Liberdade, desafia à mortandade planejada
Ó Pátria amada, atraiçoada, queremos te salvar!
Brasil de um sonho intenso e pesadelo imenso
Um raio frio de amor e de esperança com a Terra chora
Se em teu fumaçoso céu, choroso e inerte,
à imagem do Cruzeiro, de vergonha não aparece
Gigante pela própria natureza!
És devastada, destruída, humilhada e fragilizada, sem amor,
Ó antigo colosso, e o teu futuro espelha este horror
Terra adorada por poucos – somente pelos filhos da Terra
Entre outras mil és tu Brasil como as demais latino-terras
Dos filhos indignos deste solo és mãe humilhada,
Pátria amada por poucos... Brasil.
Deitado eternamente amordaçado e outros em berço esplêndido,
ao som do mar e rios poluídos,
trevas que afrontam o céu profundo..
Fulguras, Ó Brasil, como terceiro mundo, como lixo da América
abandonado e violado na camuflagem
que impede a chegada do sol para um novo mundo.
Do que a terra, mais varrida
Teus chorosos, tristes campos não têm flores
Nossos bosques têm desertos
Nossa vida no Teu seio, mais horrores
Ó Pátria amada
Idolatrada por alguns,
Salve-se! Salve-se!
Brasil de amor oculto nas florestas seja símbolo.
O lábaro que ostentas camuflado
E diga ao verde-louro desbotado pela farsa,
que a Paz é possível no futuro se os falsos filhos forem embora
para deixar cicatrizar as chagas do passado!
Mas se ergues da justiça (clavada)
verás que só os verdadeiros filhos não fogem à luta
e te cultuam nos resguardos das florestas e aldeias isoladas.
Nem teme, quem te adora de verdade, sem dinheiro, sem títulos e sem fardas.
Terra adorada!
Entre outras mil também és saqueada e humilhada.
Dos filhos deste solo, tens vergonha dos que violam tuas entranhas,
deserdados pela força de ancestrais heróis que ora se juntam a nós –
filhos autênticos que por ti morreram e morrem, Mãe Gentil,
PÁTRIA AMADA E AMARRADA, BRASIL!

sábado, 22 de dezembro de 2012

[noéntrevista] MACEDUSSS & AS DESAJUSTADOS BANDO



:: ntrvst :: Júlio Freitas ::

A entrevista ocorreu na tarde calorenta do dia do fim do mundo, com o Macedusss, e foi mais ou menos assim:

Primeiramente, hoje qual é o nome da banda mesmo?
 
Macedusss: Macedusss & As Desajustados Bando, e é realmente As Desajustados...

são as homens da banda, ops. do bando. um bando que acompanha o senhor macedusss.


Eu achei que tu fosse o maceduss, acabei me confundindo.
 
Macedusss: É o macedusss, ou a macedusss. tranquilidade nesse caso. a banda que são AS desasustadOs. as os, saca?

E o resto do bando é de São Leopoldo?
 
Macedusss: São léo temos dois importantes músicos, um baixista e um gaiteiro. sim um gaiteiro por que mantemos as tradições gaúchas a todo o custo. outro é um baterista que reside em santo antonio da patrulha. e um guitarrista oriundo do metal que é de lajeado. mas todos os músicos, menos o macedusss, são descartáveis e substituíveis. qualquer um pode tocar na banda, inclusive tu. queres tocar conosco? basta agendar um show para nós e teras o direito de tocar.

Eles sabem disso?
 
Macedusss: Sim, sabem. é o que é preciso para tocar na banda, quero dizer, no bando. já chegaram a fazer um show sem minha presença, mas foi um fracasso. deram o nome de Mandela e As desajustadinhas groupies.

mas foi um fracasso, menos de 100 pessoas no show.


Para ensaiar deve ser bem simples, tu em são paulo, outro em lajeado...
 
Macedusss: Isso não é problema, na verdade ensaio para nós é coisa sem importância alguma...
nos assumimos como pós-banda, fazemos pós-música
dessa forma tudo saí de forma espontânea nos shows.


Então não tem como errar, pois nada estava combinado mesmo.
Mas em que consiste o som da banda?
(pausa)
 
Macedusss: Desculpe a pausa. estava rolando um tiroteio aqui na frente de saca e fui dar uma conferida pela janela... mas a vida segue, menos para quem foi alvejado...
o som que propagamos é a experimentação pura

influencias do jazz na sonoridade

do punk na atitude

e do funk muitas vezes no visual


E o que tu faz na banda?
 
Macedusss: Sou o mentor intelectual, o mentor estético e político e ainda o vocalista...

sou quem cria e quem da os comandos a todos os outros.
o macedusss além da banda é uma intervenção estético/ético/política


Eles obedecem?
 
Macedusss: Não necessariamente obedecem. eles tem liberdade de criação também. cada um pode tocar o que bem entender, mas nos comunicamos intersubjetivamente, estamos nessa a mais de 10 anos, a coisa flui bem...

mas rolam brigas, lógico. nosso ego é inflado...


Como é que foi o último show de vocês?
 
Macedusss: Nosso último espetáculo foi sem sombra de duvida divino. apenas tivemos uns desentendimentos internos, mas nada além do normal. nosso baterista teve um pequeno surto de estrelismo, tentou acabar com o show. nós por nossa vez lutamos para manter o show, tivemos umas quedas no palco. o show seguiu por mais 5 minutos e os seguranças interviram.
hoje já nos recuperamos e todos nós amamos uns aos outros novamente.





E o fim do mundo?
 
Macedusss: Esse tema me da arrepios.

resolvemos fazer ainda alguns shows e deixar o final do mundo para depois.

decidiremos a este respeito por meio de um assembléia geral, nos melhores moldes do movimentos estudantil.

temos uma turno em buenos aires para fevereiro, vamos curtir um mate hermano e depois pensaremos sobre o final do mundo. os maias estão errados e marx certo.

temos um vídeo também em:



Muito boas as fotos, gostei da estética, qual é o lance da sacola?
 
Macedusss: A sacola plástica é algo sagrado para nós.

somos membros de uma ordem religiosa que cultiva o uso de sacolas plásticas na cabeça como forma de elevação intelectual e espiritual.

estou falando da Igreja Dogmática dos Céticos que Usam Saco Plástico na cabeça.
é a igreja das contradições e dos contraditórios: por isso cética e dogmática.


Essas fotos e o material irão me ajudar bastante, talvez o Jucá não me demita...
 
Macedusss: Espero que não! espero que continue com o seu emprego, afinal a mídia precisa de nós.

outra questão importante a salientar é que somos uma banda/bando a serviço do futebol menor: do nosso aimoré querido.


Como é que está o Aimoré?
 
Macedusss: O aimoré, por nosso agito e reza brava pra tudo que é santo, conseguiu se safar como campeão da terceira divisão do campeonato gaúcho.
É um time de futebol ímpar, sediado em uma cidade colona, de devir alemão, o berço da colonização alemã no brasil tem em seu time citadino uma parada índia. aimoré: são os índios que tocaram o terror nos portugas, os mais valentes e violentos. foi o inicio da luta de classes no brasil; por isso amamos tanto o aimoré. odiamos o futebol de grandes clubes capetalistas do inferno.

uma imagem que ilustra meu amor dadaísta pelo índio colono de são léo
uma imagem que ilustra meu amor dadaísta pelo índio colono de são léo

Futebol hoje é um negócio, uma empresa...
 
Macedusss: Sim, isso detona nosso espirito. temos uma música que se chama: "maradona larga tudo e deixa o futebol moderno morrer e vem jogar e ou treinar nosso querido aimoré de são léo capilé medonha da gloria de deus."

Tem algum link onde podemos baixar estas canções?
 
Macedusss: Infelizmente ainda não. somos uma banda muito apegada a não-modernidade. somos primitivistas.

para ter uma ideia o vídeo que temos na net e as fotos todas são de fãs da banda.

não temos registros próprios.

mas em março de 2013 vamos lançar um vinil, sim ainda acreditamos no vinil. será um ep de 7 polegadas. 1 canção ao todo, dividido em "canção 1 parte A" e "canção 1 parte B"
e o disco levará o sugestivo nome de "não são leopoldo"
ps. sou um apaixonado por são leopoldo, e digo: é muito fácil ser apaixonado por são léo morando a mais de 1 mil km de distancia.


Já fui carteiro lá em são léo, no primeiro dia me mandaram entregar correspondência lá na...é uma invasão, não lembro o nome, tinha até casa com número zero.

Macedusss: Na toka?

a comuna punk do centrão de são léo?


éééé...
 
Macedusss: São léo é um caos, por isso eu criei o termo "sant hell"

creio ser o nome mais apropriado para a nossa pequena/média cidade suburbana e provinciana.

mas por tudo isso amo cada rua e cada avenida, amo os bairros e as vilas, amo as ocupação: não são leopoldo querida, nossa banda existe por ti.


O que tu acha dessa cena de Porto Alegre e arredores?
 
Macedusss: Porto Alegre é uma cidade complicada, egoica demais. capital, né? o fato de ser uma cidade que se quer mais que as outras afeta a subjetividade de seus citadinos.

tem muita coisa ruim, quase nada me agrada.

em são leopoldo gosto do povo da antiga, admiro muito o trabalho da siléste, os quadrinhos do renner.

em porto alegre tem o daniel villaverde que faz shows de hardcore para perder dinheiro, o verardi (vulgo caveirinha) que faz filmes por 10 reais. o guilherme que deixou um bigode, gosta de café, se acha guitarrista é poser e faz zines.

gosto dos poucos amigos que tenho. de resto odeio rock gaúcho, cinema gaúcho...

porto alegre é bairrista, provinciana, metida, burra culturalmente. não gosto decididamente. quando voltar a morar no rio grande do sul quero me mudar para a fronteira, ou vou morar em livramento ou em uruguaiana.



E o cara que alvejaram aí?
 
Macedusss: Aqui em são paulo essas coisas são normais. escutei sirenes variadas, me chamou a atenção musicalmente falando. pensei em gravar e usar em alguma pós-música nova. desencanei, já levaram o peão para algum hospital. acho. afinal aqui o transito não pode parar. odeio são paulo também, mas vivo aqui pois afinal de contas sou masoquista.

E como foi a tour européia de 1999?
 
Macedusss: complicada. prefiro não tocar nesse assunto por questões judiciais é melhor "deixar quieto". saca?

Entendi.
Tem alguma coisa que eu não tenha perguntado que tu queira dizer?
 
Macedusss: Não necessariamente, mas pretendo não perder o espaço. estamos disponíveis para levar nosso som, basta chegar um convite em minha caixa postal virtual. negociamos apenas o custo de nosso, ou meu apenas, deslocamento. entretanto, nossa música é por pouco compreendida. mas estamos aqui, ou aí. no fundo somos pessoas amorosas e dispostas a aceitar o outro. mas não abrimos mão de nossa construção de diferenças. e sim: nós amamos as sacolas plasticas e odiamos a nós mesmos. macedusss salva.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

[domínio público] FICHA LIMPA, FICHA SUJA E O EXÉRCITO DE UM HOMEM SÓ


:: txt :: Mário Bentes ::

É na história bíblica de José, o personagem que foi vendido pelos próprios irmãos para ser escravo no Egito, que Joel de Souza Rocha, de 42 anos, natural de Coari, no interior do Amazonas, busca inspiração. "A gente sabe o tamanho da força que tem quando temos de lutar dentro de nossa própria casa", diz.

Há quase vinte dias, Joel, solteiro e pai de uma menina, emprestou dinheiro de quatro amigos da cidade de 77 mil habitantes para, escondido da família, viajar sozinho para Brasília.

Até hoje está acampado em um canteiro à frente da sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): "Eu vim para dar voz a Coari", explica.

Com apenas R$ 120 no bolso, Joel ganhou hospedagem de graça da dona de uma pensão para sua estadia em Brasília. Porém, o coariense, que fez uma única refeição desde o dia em que chegou – não pelo parco dinheiro mas por protesto – ficou mesmo acampado, munido de uma faixa e alguns CDs.

A faixa traz um pedido que não está à margem da lei: "Por favor, TSE. Faça valer a lei da Ficha Limpa na minha cidade. Coari/Amazonas".

Já os CDs contêm dados sobre o personagem que levou o coariense a dormir na rua, passar frio e fome: Adail Pinheiro.

Dossiê ‘Vorax’

São cópias de documentos e reportagens contendo gravações que a Polícia Federal fez durante a "Operação Vorax", realizada entre 2004 e 2008, que desarticulou um esquema de corrupção, fraudes em licitações e falsificação de documentos que envolviam, entre 28 acusados, o prefeito recém-eleito de Coari, Adail Pinheiro (PRP). Pela acusação, Adail – que já administrou a cidade entre 2001 e 2008 – chegou a ter prisão preventiva decretada em 2009 – ele não havia informado à Justiça sua mudança de Coari para Manaus.

Após ser preso e recorrer a todas as instâncias possíveis – Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) e Superior Tribunal de Justiça (STJ) –, Adail acabou ganhando a liberdade pelas mãos do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 28 de dezembro de 2009.

Acusado de abuso de poder econômico e desvio de dinheiro público, entre outros crimes, o então ex-prefeito de Coari permaneceu menos de três meses preso. Antes da prisão, a prestação de contas da sua administração foi rejeitada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

O material que Joel Rocha reúne também conta com as gravações que apontam envolvimento de Adail e dois ex-secretários municipais – Adriano Salan e Maria Lândia dos Santos – em facilitação à prostituição de menores, abuso sexual e pedofilia. Nas reportagens, algumas delas exibidas em rede nacional, é possível ouvi-los negociar, com uso de ‘códigos’, a prostituição de meninas de 15, 14 e até 13 anos de idade. Adail e os dois servidores chegaram a prestar depoimento à CPI da Pedofilia do Senado, onde negaram as acusações.

Mas o que quer o coariense Joel? Apresentar o material ao José Antonio Dias Toffoli, do TSE, relator de um recurso especial (veja aqui) do Ministério Público Eleitoral do Amazonas (MPE) contra Adail Pinheiro. O MPE tenta reverter do tribunal regional eleitoral que liberou o prefeito a concorrer – e vencer – as eleições deste ano.

"Não é possível que ele, depois de ter sido condenado, depois de haver provas de corrupção na cidade de Coari, que ele possa concorrer nas eleições. Ele não é ficha limpa", afirma Joel.

Ficha suja

O imbróglio envolvendo o nome de Adail Pinheiro nas eleições deste ano começou pouco depois do registro de sua candidatura, que foi deferido pela Justiça Eleitoral em Coari.

O MPE recorreu da candidatura com base na Lei da Ficha Limpa, citando duas condenações do ex-prefeito no Tribunal de Contas estadual (TCE-AM), duas no Tribunal de Contas da União (TCU), e outra pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) – nesta, Adail foi tornado inelegível por três anos.

O TCE julgou irregulares as contas municipais de 2002 e 2006. No primeiro caso, Adail foi condenado a devolver aos cofres R$ 1,2 milhões e pagar multa R$ 32.267,08; no segundo, a sanção foi de R$ 9 milhões, entre multas e ressarcimento de dinheiro público.

No TCU, Adail foi condenado por irregularidades na aplicação de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e por "malversação do dinheiro público" em convênio com o Ministério do Meio Ambiente.

A condenação na Justiça Eleitoral ocorreu por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2000.

Mas a juíza da 8ª Zona Eleitoral de Coari, Sabrina Ferreira – a mesma que aprovou a candidatura – negou o recurso de impugnação proposto pelo MPE. Ela alegou que ambas as condenações no TCE estavam suspensas por ordem judicial e que as condenações pelo TCU não comprovavam "ato doloso de improbidade administrativa".

A juíza também descartou a condenação pela Justiça Eleitoral do Amazonas, em 2009, como impeditivo uma vez que, de acordo com a juíza, os fatos irregulares ocorreram antes da redação da Lei nº 135/2010, a lei da Ficha Limpa. Além disso, sustenta a magistrada, Adail já cumpriu os três anos de inegibilidade determinados pelo julgamento do TRE, contando a partir de 2008.

Reviravoltas

Após o indeferimento do recurso de impugnação, o MPE voltou a recorrer da candidatura, desta vez ao Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas. Em julgamento no dia 20 de junho, o pedido foi rejeitado.

Na primeira etapa, o relator do caso, o juiz Marco Antônio Costa, usou a mesma argumentação da juíza Sabrina Ferreira, da comarca de Coari: não haveria "ato doloso" nas irregularidades detectadas e julgadas pelo TCU. Para torná-lo inelegível este ano, diz o magistrado, "a condenação deveria ser, por exemplo, uma ação civil pública".

Com todos os votos a seu favor, no dia seguinte, Adail estava livre para concorrer ao pleito. Mas o seu então candidato a vice, José Henrique de Oliveira, teve a candidatura impugnada por ter sido cassado do mandato de vereador e declarado inelegível pelo TRE-AM, no dia 9 de julho de 2009.

Em maio de 2008, ele e outros políticos – incluindo Adail – participaram de uma ação chamada "Comemoração do Dia das Mães" em que R$ 4 milhões do dinheiro público foram distribuídos à população em forma de brindes. O valor e os preparativos da ação foram interceptadas em gravações durante a "Operação Vorax".

Ao longo do período entre a candidatura e a briga do MPE para impugná-lo, Adail obteve vitórias e derrotas. No começo de junho, o TCE acatou recurso contra a condenação das contas de 2002, em que o ex-prefeito alegava não ter tido direito à ampla defesa por não ter sido notificado. Já no mês de julho, Adail obteve liminar do presidente do TRE, o desembargador Flávio Pascarelli, que suspendeu a reprovação das contas de 2006. Em agosto, porém, a liminar foi cassada pelo Tribunal de Justiça do Amazonas.

No fim de julho, outra vitória: o (então) ex-prefeito conseguiu anular uma decisão de 2009 a respeito de irregularidades na aplicação de recursos do SUS. Mas, em outubro, o Supremo Tribunal Federal (STF), indeferiu um pedido de suspensão da outra condenação do TCU, também de 2009, por verbas do MMA.

Mas o Ministério Público do Amazonas não se deu por satisfeito, e ajuizou recurso especial solicitando encaminhamento do seu pedido de impugnação da candidatura ao TSE, em Brasília.

Enquanto isso, Adail Pinheiro, que teve apoio declarado do senador Eduardo Braga (PMDB), líder do Governo Federal no Senado, e do governador do Amazonas, Omar Aziz (PSD), venceu o pleito com 42,83% dos votos válidos, quinze pontos à frente do segundo lugar.

Riqueza, miséria

De volta à frente do TSE, Joel se preocupa com a sua Coari. "Há quatro bairros que estão sem água, energia e asfalto há doze anos". O Bairro do Pêra, diz ele, está isolado da cidade pela falta de uma ponte que vem sendo prometida pelo grupo de Adail há doze anos.

Para provar, o coariense mostra um exemplar de um jornal de tiragem e edição únicas – "O Progresso", de outubro de 2004.

O jornal trazia cópias de 21 contratos de obras assinados por Adail em sua primeira gestão, bem como as fotos dos locais feitas após o prazo de vigência dos contratos. Nada tinha sido feito. Entre eles, a obra da orla da cidade, jamais concluída. O jornal acabou não circulando pela cidade.

"No dia em que os jornais chegaram em Coari, pessoas ligadas a Adail já sabiam e conseguiram pegá-los. Tudo foi queimado, menos um único exemplar, retirado da pilha por um curioso", diz Joel, mostrando, orgulhoso, o único exemplar que escapou.

O mesmo grupo se reveza no poder há anos, explica Joel. "E há anos que a população de Coari sofre com problemas do século passado. Imagine que até hoje há pessoas que vivem na base da lamparina e andam no barro, pois não há asfalto".

"Eu fui a diversos bairros, visitei pessoas. Vi mães de família dizendo que não tinham o que comer, e que suas crianças choraram de fome".

Nesse momento, Joel para de falar e coloca os óculos escuros, envergonhado das lágrimas que escorrem. Mas o arrastado da voz não se esconde. "Queria que ele deitasse nesse banco que deitei por uma noite, e ficassem sem comer por uma noite. Pensaria diferente".

Coari, lembra Joel, é uma cidade rica. Apenas no ano passado, recebeu R$ 58 milhões da Petrobras referentes aos royalties do petróleo. Nos primeiros mandatos de Adail foi prefeito, entre 2001 e 2008, o município recebeu 303 milhões de royalties. Coari sustenta o título de segundo município com maior arrecadação do Amazonas, perdendo apenas para a capital, Manaus.

"Minha cidade é a mais rica da região Norte do Brasil e tem tudo para ser uma das mais ricas do país". Mesmo assim, nos últimos doze anos, segundo ele, foram erguidas apenas 100 moradias para a população.

Resta saber se a riqueza de Coari será convertida em crescimento social e econômico, fato que poderá ser averiguado pelo próximo cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios, que será divulgado no início do ano que vem pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

O último relatório, divulgado em 2003 com dados do Censo 2000, colocou a cidade de Coari na posição 4.178, com IDH de renda em 0,507 – o que deixou a cidade na faixa de médio desenvolvimento humano, porém muito próximo do limite mínimo: 0,500.

O que também se manteve baixo no período de 2001 a 2008 foi o patrimônio de Adail Pinheiro, pelo menos de acordo com dados fornecidos pelo próprio candidato à Justiça Eleitoral. Mesmo depois de oito anos no poder, seja por mandatos em seu nome ou de seu grupo político, Adail declarou possuir apenas três veículos que juntos somam R$ 84 mil.

Uma casa em Coari que ocupa todo um quarteirão e que foi usada por Adail durante boa parte de seus mandatos, assim como um apartamento em Manaus (onde chegou a ser preso, em 2009), no conjunto Eldorado (zona Centro-sul da cidade) não foram declarados como de seu patrimônio pessoal.

"Apontam minha família na rua"

Apesar da fatura de material e da insistência em ficar no meio da rua, Joel Rocha ainda não conseguiu passar da recepção do TSE, em quase 20 dias de Brasília. Ele tentou, já no primeiro dia de acampamento, ser recebido pelo ministro Dias Toffoli. Mas ouviu que seria necessário acionar um advogado para tentar marcar uma audiência.

Agora, Joel Rocha promete tentar, inclusive, ser recebido pela presidente do Tribunal, a ministra Carmen Lúcia. "Espero que a ministra Carmen Lúcia, pelo menos, me receba e me ouça", lamenta.

Enquanto não é recebido pelas autoridades, Joel permanece acampado no canteiro à frente do TSE. Agora, diferente do primeiro dia, já tem uma rede pendurada entre algumas árvores, em uma cena muito comum nas cidades e comunidades do interior da região Norte. A rede foi cedida por uma senhora que vende lanches nas proximidades. Ele também improvisa, com uma lona plástica, a proteção contra a chuva, que começa a voltar neste período, em Brasília.

A sua maior preocupação, no momento, é a integridade da família. "As pessoas já comentam. Já apontam minha família na rua", ele diz, garantindo que não arreda pé de lá. "Fico aqui até o julgamento do recurso".

A ministra Carmen Lúcia prometeu, pouco depois das eleições do primeiro turno, que todos os processos referentes à Lei da Ficha Limpa serão julgados antes da diplomação dos eleitos em todo o país, em de dezembro.E se houver uma decisão favorável a Adail Pinheiro? Joel mira o vasto horizonte de Brasília: "Não sei o que fazer. Sei que não poderei voltar à Coari".
Vorax: A Justiça do Amazonas também entrou na mira
A "Operação Vorax", da Polícia Federal, não flagrou apenas servidores públicos da prefeitura de Coari e pessoas ligadas a Adail Pinheiro. Escutas da polícia, levadas à Justiça, também apontam indícios de corrupção no próprio Poder Judiciário do Amazonas.
Pelo menos cinco juízes e um desembargador estariam envolvidos na manipulação de decisões judiciais em favor do grupo político de Adail Pinheiro.
Todos os citados nas escutas da PF – o desembargador Domingos Jorge Chalub Pereira e os juízes Hugo Fernandes Levy Filho, Rômulo José Fernandes da Silva, Ana Paula Medeiros Braga, Elci Simões de Oliveira e Airton Luís Corrêa Gentil – foram submetidos a processo administrativo disciplinar pelo Conselho Nacional de Justiça, no mês passado. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a aposentadoria compulsória para Chalub, Levy Filho, Fernandes da Sailva e Ana Paula Braga.
No final, a juíza Ana Paula Braga, acusada de troca de favores com a prefeitura de Coari, acabou não sendo punida com aposentadoria compulsória – punição considerada mais grave – mas acabou "apenas" transferida de Coari. A magistrada teria sido beneficiada por Adail com passagens aéreas e vagas gratuitas em camarotes de shows e eventos culturais realizados na cidade. Seu novo destino ainda será definido pelo Tribunal de Justiça do Amazonas.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

[que conversa é essa?!] ABANDONAR O NAVIO!

:: txt :: Júlio Freitas ::

Perdemos nossos empregos; por picuinhas, eu sei, não temos mais aquela insana vontade de trepar em qualquer lugar por aí também. E nem mesmo a boemia nos interessa mais, eles tomaram conta, perdeu a graça. Perdemos o respeito um pelo outro, brigamos, descemos o sarrafo. Perdemos nossas economias em máquinas caça-niqueis, principalmente aquela do Nosso Bar. Culpa daquele desgraçado do Cachoeira. Perdemos nosso status de bons vivants, vendemos nossa coleção de discos por mixaria, meu LP do Liverpool também se foi.

Façamos a média de todas as tragédias. Tem uma balança logo ali. Perdemos tanta coisa, mas ainda temos nossa dignidade, o brabo é que esqueci onde pus a minha, já que sempre a deixava em casa, para não correr o risco de perdê-la por aí.

Procure-a na privada, quem sabe não esteja lá, pois a descarga está estragada há 5 meses, talvez ela esteja boiando.Vamos, pegue as luvas de borracha e um prendedor para o nariz.

Senão fudeu.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

[overmundo] CHEGOU A HORA DE DESESTABILIZAR A GRANDE MÍDIA


Avante!

A tarde dessa terça-feira no Preliminares foi dedicada para uma roda de debates sobre novas plataformas de comunicação e perspectivas para o futuro, no estúdio SP na rua Augusta. Plataformas e iniciativas como Fórum de Mídia Livre, Pós TV, Overmundo, Agência Solano Trindade, povos kaiowá, entre outros, estiveram presentes discutindo processos de dispersão dentro da comunicação e das tecnologias de rede.

Vivemos um novo momento dentro da comunicação em que o midialivrismo aparece como alternativa ao jornalismo comercial. Um momento cada vez mais forte de empoderamento do indivíduo, que perde cada vez mais seu papel de telespectador passivo e ganha a força de multiplicador e produtor de discursos dentro no cenário social e político.

Durante muito tempo, a custo de muita luta , a comunicação comunitária de periferia veio abrindo caminho, como pioneira, na disputa de um novo imaginário sobre os territórios populares, buscando a consolidação de uma representação capaz de abranger a complexidade e força do território sem os estigmas historicamente atribuído a ele.

A contemporaneidade abriu as portas para a cultura de redes e de apropriação do espaço público virtual, o que tem possibilitado, não apenas a potencialização desses discursos, como também a dispersão e viralização do mesmo.

Nesse momento, o campo da disputa não consiste simplesmente em criar uma narrativa alternativa, consiste principalmente na possibilidade de quebrar e desestabilizar a narrativa hegemônica. Diante disso, a comunicação é crucial para a mudança dos circuitos cultural, político e social, pré estabelecidos, através da provocação contínua pela reação da sociedade civil .

Não estamos mais na dicotomia do discurso que ora emociona, ora aprofunda, em nossas mãos temos variedades de cartas capazes de emocionar e aprofundar, dentro do mesmo raio de atuação. E para além disso, mobilizar a sociedade civil para construção de um novo Mundo possível, que tem como ponto de partida fundamental "organizar para dispersar".

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

[agência pirata] EXÉRCITO: A INSTITUIÇÃO MAIS REPUGNANTE CRIADA NO PLANETA


:: txt :: Celso Alvarez Cáccamo ::

Tenho a sorte de não ter ido nunca à tropa. Jamais na minha vida toquei um fuzil nem pude superar a minha repugnância assombrosa pela cor dos uniformes. A única vez que matei alguma coisa eu tinha sete anos. Ia com um tio meu e um irmão maior; eu levava uma escopeta que errou sempre. O meu irmão matou dois tristes birulicos que logo nem comemos, e durante muitas horas depois senti uma espécie de oco na cabeça, como uma pergunta essencial, humana, libertária, sobre a inutilidade dessas mortes. A morte inútil de dois pássaros é o começo da barbárie.
O exército começa na violência inútil contra dois pássaros, na bofetada injusta de um pai em uma criança. O exército começa na ordem militar das famílias, no imperativo urgente dum homem que chega escravizado, e logo o exército cresce dentro de nós, como uma geometria inapelável, e estende-se ao domínio sexual, à violação, às discussões autoritárias, o exército estende-se ao trabalho onde reproduzimos uma hierarquia celestial, às aulas das universidades, às monarquias, a deus. E logo, quando já o exército contamina quotidianamente a alma e o cérebro, quando já assassinou a utopia com que nascemos e que algum dia havemos recobrar, então é singelo dar-lhe um uniforme, vesti-lo de verde, pôr-lhe um nome e um adjetivo, e acolhê-lo entre nós como se fosse natural e não uma trama dos poderosos e sua consciência para impedir a liberdade.

O exército não é só a instituição mais repugnante jamais criada no planeta: o exército é uma atitude, uma cultura, uma maneira de destruir as coisas. O grau de sofisticação dos instrumentos de destruição e morte é algo tão horrível que só nos pode levar a duvidar do sentido do universo. Há armas que estragam por dentro, deixando cavidades irreparáveis na epiderme. Há armas de metal pequeno que furam os caminhos harmônicos do corpo deixando ao sair rastros vermelhos e retalhos de carne. Há armas que estouram ao pisá-las, semeando orgãos sangrentos nas areias naturais. Há armas que matam lentamente: na sua agonia atômica o corpo perde a pele e os cabelos e acaba a vida entre vômitos vazios, impotentes. Há armas que matam muitos anos depois, de câncro e de cegueira. Há armas que deixam mapas queimados na pele, como macabras metáforas dos territórios ocupados: a Beira Oeste, a Faixa de Gaza, Irlanda. Há armas que asfixiam e armas que desmembram. E há armas que assassinam legalmente nas câmaras esterilizadas dos presídios, armas que eletrocutam com consenso, armas policiais que derrubam sujos ladrões urbanos na cumplicidade da noite, armas de álcool legitimado, armas de poderosas seringas, armas de palavras que insultam aos que falam ou escrevem diferente, armas anatômicas que violam meninas de dois anos, armas de tinta que assinam execuções e masculinas leis injustas.

Contra esta barbárie, contra este épico da morte, só nos cabe a insubmissão ativa. A insubmissão não é um ato político: é uma atitude, uma necessidade, uma aposta pela utopia que querem esmagar por lhes dar medo. Porque dá medo imaginar um lugar comum onde perdamos a noção do ser e da história e onde sejamos apenas a extensão humana do azar, outra forma da matéria, cada um na sua carne e tocando a dos outros, no território sem poder que levará sempre a espécie humana à inteligência. A insubmissão é mais do que uma náusea por matar: é a necessária revolta contra esta epopéia de miséria. Poderão desaparecer as castas militares. Poderemos aprender a controlar-nos mutuamente, sem pistolas, no consenso. Poderemos fingir que chegamos já ao limite da igualdade. Mas, enquanto existirem os presídios, as favelas, os bairros crematórios, enquanto existir uma fronteira real, existirá o exército.

sábado, 15 de dezembro de 2012

[agência pirata] UMA ESCOLA QUE FUNCIONA DEBAIXO DA PONTE

:: txt :: Vicente Carvalho ::

Não há limites para a difusão do conhecimento e educação, a questão é inovar e pensar diferente. Foi o que fizeram Rajesh Kumar Sharma e Laxmi Chandra, fundadores de uma escola gratuita para crianças moradoras de favelas, no qual escrevem sobre quadros-negros pintado na parede de um edifício sob uma ponte do metrô em Nova Deli, na Índia. Pelo menos 30 crianças vem recebendo educação gratuita desta escola nos últimos anos. Mas não pensem que por ser debaixo da ponte a exigência da escola é menor, pelo contrário, os alunos tem horários, regras, tarefas, tudo que muita escola no Brasil deveria ter.




sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

[uíquilíquis] A GUERRA NÃO DECLARADA NO PAQUISTÃO



 Ao longo de 25 minutos Julian Assange recebe Imran Khan, que nos anos 70 e 80 foi capitão do vitorioso time de críquete do Paquistão, para conversar sobre corrupção, Osama Bin Laden, soberania e bombas atômicas. Isso porque hoje Khan está na corrida para se tornar o próximo presidente do país nas eleições de 2013, liderando a oposição com o partido que criou, o Movimento para Justiça, que combate a corrupção no país.

O Paquistão tem uma dívida acumulada de 12 trilhões. “Metade do nosso PIB vai para o pagamento de dívidas, 600 bilhões vão para o exército e assim 180 milhões de pessoas têm 200 bilhões de rúpias para sobreviver. Então, claramente, o país está inviabilizado”, pndera o político. A crise é sentida na pele pela população: em áreas urbanas, não há eletricidade por até 15 horas durante o dia, e os apagões chegam a durar 18 horas nas áreas rurais.

Khan se tornou a principal voz crítica ao fazer denúncias sobre o governo do Paquistão, um dos países mais afetados pela Guerra ao Terror promovida pelos EUA. “40 mil paquistaneses foram mortos em uma guerra com a qual não temos nada a ver. Basicamente, nosso próprio exército matando nosso povo e eles fazendo ataques suicidas a civis paquistaneses. O país já perdeu 70 bilhões de dólares nessa guerra. A ajuda humanitária total tem sido de menos de US$ 20 bilhões”, diz Khan.

Mas como Khan levaria a relação com os Estados Unidos caso fosse eleito? “Não deveria ser uma relação de cliente-patrão, e pior ainda, o Paquistão como pistoleiro contratado, sendo pago para matar inimigos da América. Nós somos um Estado independente e soberano e a relação com os EUA deve ser de dignidade e respeito mútuo, não mais uma relação de cliente-patrão”, diz. Resta saber se, caso ele vença, cumprirá suas palavras.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

[do além] QUANDO EU CHOREI

:: txt :: Friedrich Nietzsche ::

Sempre soube que o reconhecimento me aguardava na posteridade. Assim como Zaratustra, eu cheguei cedo demais. Durante a vida, encontrei pouco entendimento. Aquele bigodão anacrônico que cultivei por décadas, minha mãe insistia em chamá-lo de genealogia do mau cheiro em meu nariz, tinha como objetivo deixar bem claro às gerações futuras que um homem do século XIX teve ideias muito à frente do seu tempo.

Meu legado continua sendo, ainda hoje, de difícil e variada compreensão. Cada um me puxa para um lado. Os niilistas me têm como Deus. Para outros, fiz as mais duras críticas ao niilismo. Já para os anarquistas, sou uma autoridade. Até os nazistas se serviram em minhas obras para sustentar seus propósitos, apesar de minha explícita oposição aos movimentos antissemitas. Habituei-me a ver meu nome associado às mais variadas correntes do pensamento.

Mas dia desses fui surpreendido. Um homem à frente de seu mercado me transformou em guru da autoajuda. Há um livro chamado Nietzsche para Estressados que está fazendo enorme sucesso, figura até nas listas dos mais vendidos. Engraçado, nunca me vi como fonte de conforto espiritual e sim como um agente provocador de inquietações. Achei a escolha paradoxal. É como usar o Sarney para dar exemplos de práticas democráticas. O autor, Allan Percy, usa meus pensamentos filosóficos para solucionar problemas pessoais   e profissionais. Em suma, pegaram o Anticristo pra Cristo. A obra, segundo ele, reúne 99 de minhas máximas aplicáveis a várias situações cotidianas. Acompanhe só um pequeno trecho:

 “O destino dos seres humanos é feito de momentos felizes e não de épocas felizes.”A FELICIDADE É FRÁGIL E VOLÁTIL, pois só é possível senti-la em certos momentos. Na verdade, se pudéssemos vivenciá-la de forma ininterrupta, ela perderia o valor, uma vez que só percebemos que somos felizes por comparação. Após uma semana de céu nublado, um dia de sol nos parece um milagre da Criação.

 Tenho de agradecer ao Allan por ter me tirado da companhia de Schopenhauer e Spinoza e ter me colocado ao lado de MacLaine e Shinyashiki. Algumas pessoas dizem terem me visto chorar quando li o livro em questão. Nada disso, foi apenas uma impressão. Era uma alergia. Essa utilização póstuma de meus aforismos é o que eu chamo de rinite.

Ao contrário do que você imagina, eu não estou indignado. Aquilo que não me destrói fortalece-me. Pensei até em lançar uma continuação desse sucesso. No primeiro fascículo ficaram de fora algumas frases que fariam a festa do pensamento positivo. Olha só alguns exemplos:

“A esperança é o derradeiro mal; é o pior dos males, porquanto prolonga o tormento.” 

“O verdadeiro homem quer duas coisas: perigo e jogo. Por isso quer a mulher: o jogo mais perigoso.”

“Não posso acreditar num Deus que quer ser louvado o tempo todo.”  

“No matrimônio existem apenas obrigações e alguns direitos.” 

“Nos indivíduos, a loucura é algo raro - mas nos grupos, nos partidos, nos povos, nas épocas, é regra.”


 Desta vez, faria só uma exigência ao editor. Pediria para suprimir o "para" do título.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

[a vida como ela noé] FIM DE ERA


:: txt :: Mão Branca ::

gosto mais do calor. é bom para ir acostumando com o inferno. sim, segundo Al Gore, os níveis de monóxido de carbono já são suficientes para provocar uma alteração climática no padrão da última glaciação. o apocalipse para várias espécies. o provável extermínio da raça humana.

a temperatura atingiria 60 graus e a água seria escassa. a vegetação só sobreviveria em estufas. os mares se tornariam desertos e os céus, tomados por estática, descarregariam raios e tempestades na superfície em chamas. as pessoas morreriam aos milhões, bilhões. quem restasse se tornaria um zumbi, igualzinho aos filmes. perambulando sem esperança atrás de comida num mundo devastado. a mediocridade do homem finalmente venceria a natureza, mostrando-se como um vírus estúpido que assassina o hospedeiro e, consequentemente, dizima a própria geração.

muitos, como eu, sentem que o fim está próximo. é a falta de esperança, na verdade, que trás o sentimento de fim dos tempos, de falta de futuro. o conhecimento mundial das atrocidades que provocamos uns aos outros é premissa suficiente para desejar o sumiço destes primatas carecas. destruimos tudo ao redor e, não suficientes, guerreamos, além de nos dividirmos em grupos só para arranjarmos mais adversários para a batalha. uma hora essa carnificina terá que acabar, afinal, não haverá o que destruir.

já vejo zumbis andando entre nós. ainda são saudáveis e bem sucedidos, mas não passam de seres irracionais em busca de comida. hoje fez calor, ontem também. o lago da minha cidade está mais raso. li no jornal que planejam nova reunião sobre o protocolo de kyoto somente no próximo ano.

acredito mais num mundo pós-apocalíptico, com apenas um resquício nojento da nossa emporcalhada existência , que na possibilidade de regeneração da desg-raça humana.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

[agência pirata] A ÚLTIMA CRÔNICA

:: txt :: Ivan Lessa ::

Orlando Porto. Taí um nome como outro qualquer. Podia ser corretor de imóveis, deputado, ministro, farmacêutico. Mas não é. Trata-se de um anagrama de um escritor francês -e ator e ilustrador bom e autor e figurinha difícil francesa e aquilo que se poderia chamar de “frasista”.

Feio como um demônio, no meio da década de 50 cansei de dar com ele dando comigo lá pelo Boulevard St. Germain, xeretando o Flore, o Lipp, fazia uma cara de quem ia dizer algo importante e logo sumia na companhia do Jean-Pierre Léaud, aquele maluquinho dos filmes autobiográficos do Truffaut.

Dupla estranha. Os desenhos do -esse seu nome, artístico ou de batismo, Roland Topor- eram bacaninhas. Mas sempre foi Orlando Porto para mim.

Fez cinema também. O Inquilino do Polanski, o Reinfeld de Nosferatu, do Werner Herzog. Até que bateu o que ocultava seus pés: umas botas estranhas como ele.

De vez em quando, numa revista esotérica, dou com ele. Ei-lo numa em inglês com “cem boas frases para eu matar agorinha mesmo”. Se chegou ao fim, e chegou, foi pelo cachê. Meros galicismos literários.

E aí trago à cena, mais uma vez, porque cismei, mestre Millôr Fernandes. Esse era profissional. Nada a ver com “frasista”. Trabalhava com a enxada dura da língua. Nunca para dar a cara no Flore, principalmente com Topor e Léaud.

Reli umas cem frases do Orlando, ou Topor, e não resisti à tentação de, em algumas delas, dar-lhes uma ginga por cima e outra por baixo, à maneira do frescobol querido do mestre, só para exercitar os músculos muito fora de forma.

Cem razões: Faço por bem menos, mas mais Copacabana e Leblon. Algumas raquetadas minhas em homenagem ao mestre cuja falta continuo sentindo:

- Melhor maneira de verificar, antes, se já não estou morto.

- Mas não se mata cavalos e malfeitores?

- Pelo menos eu driblaria o câncer.

- Milênio algum jamais me assustará.

- Apanhei-te, horóscopo! Pura enganação!

- Levo comigo a reputação de meu terapeuta.

- Pronto, agora não voto mais mesmo! Chegou!

- Aí está: uma cura definitiva para a calvície.

- Enfim cavaleiro do reino de sei lá o quê.

- A vida está pelos olhos da cara. Pra morte eles fazem um precinho especial, combinado?

- Enfim, ano bissexto nunca mais. Esses ficam para o Jaguar. O resto pro Ziraldo.

- Ao menos é uma boca de menos a sustentar.

- Só quero ver quanta gente vai sincera no meu funeral.

- Pronto! Inaugurei estilo novo: Arte Morta.

- Sabe que minha vida não daria um filme. O livro eu já escrevi. Deixem o desgraçado em paz, peço-lhes.

- Custou, mas estou acima de qualquer lei que vocês bolarem aí.

- Levou tempo, mas cortei enfim meu cordão umbilical.

- Roncar, nunca mais. Nem eu nem ninguém ao meu lado.

- Que desperdício nunca ter fumado em minha vida!

- Consegui preservar o mistério girando sempre em meu torno.

- Maioria silenciosa? Essa agora é comigo.

- Na verdade, nunca me senti à vontade nessa posição incômoda de cidadão do mundo.

- Ei, juventude, pode vir que pelo menos uma vaga está aberta.

- Emagrecer é isso aqui.

- Agora é conferir se, do outro lado, sobraram tantas virgens assim.

E assim, cada vez que um “frasista” passar por perto de mim, leve uma nossa: minha e de Millôr. Dois contra um a gente ganha mole.

domingo, 9 de dezembro de 2012

[noé leva a dor] ABISMU

:: txt :: Rogério Sganzerla ::

 Leitor amigo, ponha-se na minha situação: o que fazer diante do arbítrio de incompetência treinada? Eu, que não sou burro, sempre soube que existe um boicote contra meus filmes. Falei demais? Saibam que por idealismo nunca calei-me diante do fato de intuir precocemente as coisas. Serei tão importante e ameaçador assim? Se fui considerado dos mais criativos realizadores do país, por que cuidadosamente não deixam ir às telas... ou seja tenho filmes arquivados há dez anos... que tal leitor? Não seria um boicote armado pelos intelectuais de araque?

 Abismu, produção minha com Norma Bengell, Jorge Loredo, Mojica Marins, Wilson Grey, está pronto – cartaz, trailer e tudo – há dois anos – e só passa por iniciativa minha... repito: Serei tão importante assim? Consegui a duras penas lançá-lo em São Paulo...

 O pior é que o filme já tem certificado de censura correndo há quase um ano, isto é, daqui a cinco anos terá um ano menos de vida, sua imagem está lá embaixo e nenhum exibidor quer lançá-lo – embora tenha um rolo inteiro de Jimi Hendrix executando "In from the Storm" em Whight – porque já foi dolorosamente "queimado" pelas nossas queridas incompetências treinadas na cidade maravilhosa... O pior de tudo é que foi financiado com recursos próprios. Será Abismu tão importante assim para ser tão ostensivamente retirado de competição?

 Pois com Noel e Hendrix ao meu devido lado eu digo: Abismu é o trailer de minha futura obra, sob a égide, invocação, proteção do gênio número um das Américas (que são uma só), ou seja, a ele dedico todos meus planos fixos, travelings e panorâmicas, ao pensador James Marshall Hendrix.

Rogério Sganzerla, 1981

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

[nem te conto] PAÍS E POVO

:: txt :: Paulo Wainberg ::

Nenhum país é ruim, nenhum povo é bom. País é território, área, com rios, florestas, pedras, animais, mares e oceanos. País é um pedaço de planeta.

Povo é a multidão que ocupa o país e, como toda a multidão, é cruel, intransigente e irracional.

A multidão faz o que o indivíduo condena, a multidão aclama o que o indivíduo vaia, a multidão é avassaladora e destrói o indivíduo.

A multidão ocupa o território e faz o País, explora e devasta o território para satisfazer o indivíduo, luta, morre e mata para garantir as marcas do seu território à custa da lágrima, da tristeza e do sofrimento do indivíduo.

Nenhum indivíduo é dono de um País, a multidão é.

A multidão contempla a miséria no seu país enquanto o indivíduo lamenta a miséria do país alheio.

A multidão convive com o terror, o medo e a tortura, enquanto o indivíduo se cala.

A multidão vê sempre as mesmas cores, enquanto o indivíduo percebe as nuances.

A multidão tem idéias fixas e ai do indivíduo que discordar delas.

O país vai sendo maltratado, devastado, desmatado, assassinado e estuprado pela multidão enquanto o indivíduo lê o jornal.

A multidão alardeia honras que o indivíduo desconhece.

A única honra de um País e ser um pedaço do planeta.

A única honra do indivíduo é não enfrentar a multidão.

A multidão não tem honra.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

[bolo'bolo] TRÊS NEGÓCIOS EM CRISE



  As contradições que fazem a Máquina andar são também contradições internas para todo trabalhador – são as nossas contradições. É claro que a Máquina sabe que a gente não gosta dessa vida, e que não adianta simplesmente oprimir nossos desejos. Se ela se baseasse somente em repressão, a produtividade cairia e subiriam os custos de supervisão. Foi por isso que a escravidão acabou. Na realidade, metade de nós aceita o negócio da Máquina e a outra metade está revoltada contra ela.

    E a Máquina tem, sem dúvida, algo a oferecer. A gente dá parte das nossas vidas, mas não tudo. Em troca, ela dá uma certa quantidade de produtos, mas não tanto quanto a gente queria nem exatamente o que a gente queria. Todo tipo de trabalhador tem o seu próprio negócio, e todo trabalhador faz o seu pequeno extra, dependendo das particularidades do emprego e da situação específica. Como todo mundo acha que está melhor do que alguém (sempre tem alguém que está pior), todo mundo se agarra ao seu negócio, desconfiando das mudanças. Assim a inércia interior da Máquina a protege contra reformas e revoluções.

    A insatisfação e a disposição para mudar só emergem se o negócio se mostrar muito desigual. A crise atual, que é visível principalmente no plano econômico, se deve ao fato de que todos os negócios que a Máquina tem para oferecer se tornaram inaceitáveis. Trabalhadores A, B e C têm protestado recentemente, cada um à sua maneira, contra seus respectivos negócios. Não apenas os pobres, mas também os ricos estão insatisfeitos. A Máquina está finalmente perdendo a perspectiva. O mecanismo de divisão interna e repulsa mútua está entrando em colapso. A repulsa está se voltando contra a própria Máquina.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

[...] TANTO SE ASSANHA

:: prd :: Julius de Moraes ::

amigo, sinhô Juvená,
Margô me mandô lhe dizê
que tanto se assanha, vai lá,
tu não vai te arrependê

pergunte ao seu Lourivá
a moça é boa de comê.

sábado, 1 de dezembro de 2012

[...] BUTINAÇO Nº 37

:: psy :: Júlio Freitas ::

Ela me deixou
no dia do meu aniversário
disse que não aguentava mais meus porres
que estava perdendo tempo
quando havia tanto cara bacana por aí

Pegou suas coisas e foi embora

Saí correndo atrás dela
não pra pedir desculpas
ou coisa parecida
joguei-lhe a primeira garrafa que vi

Errei
pegou no vidro do carro do vizinho da frente
e a barulheira do alarme acordou todo mundo
e eu não sabia onde me esconder
em plena madrugada

Aquela puta me custou mais do que deveria

Sinta a piada.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

[copyleft] JAMAL JUMA

Porto Alegre - Jamal Juma é um ativista que todos os que fazem parte do mundo do Fórum Social Mundial, em todos os continentes, conhecem. E admiram. Ele é coordenador de um movimento social de resistência não violenta à ocupação israelense, materializada no Muro de Anexação de territórios palestinos, o que começou a ser erguido há pouco mais de dez anos, na Cisjordânia. Sujeito tranquilo, pacifista intransigente, foi preso em fins de 2009 sob a acusação (ou seja, a falta dela) de que estaria plantando oliveiras e liderando marchas de protesto contra o Muro. Se tem alguma evidência do quanto a democracia israelense está corroída, é a prisão de Jamal: mais de dez dias numa sela com vômito e fezes, sem acusação formal, sem processo, pelo fato de ser um pacifista, isto mesmo, de resistir sem violência. A sua libertação se deu graças à pressão internacional mobilizada por Maren Mantovani, ativista italiana e coordenadora de relações internacionais do Stop The Wall, que mora em Ramalah há dez anos. Foi preciso que sete embaixadores interviessem no Knesset, o parlamento israelense, para obrigar Israel a libertar o ativista.

Em janeiro de 2010, num vídeo, Jamal cumprimentou os participantes de uma das edições do FSM, em Porto Alegre . Ele tinha, então, acabado de sair da prisão. Estava abatido, mas sorridente. Nos Fóruns anteriores, ele parecia ainda mais otimista. Defendia que a única saída para os problemas oriundos do expansionismo sionista era a retomada da solução de um estado para dois povos, uma bandeira pacifista originária dos partidos comunistas europeus, na década de sessenta.

Ontem, aqui em Porto Alegre, Jamal parecia mudado. Ele chegou depois de nossa longa conversa com Ronnie Kasrils, sentou-se à mesa e começou imediatamente a falar. Disse que as coisas estavam muito piores, na região, que tinha havido recrudescimento, que Israel seguia de maneira incontrolada com os assentamentos, que a população estava sem esperanças. Perguntei-lhe sobre as expectativas para amanhã (hoje, dia 29/11), quando a Autoridade Nacional Palestina apresentará o projeto de reconhecimento da Palestina como estado observador, na Assembleia Geral das Nações Unidas, e tudo está a indicar que será reconhecida como tal.

“Não tenho expectativas. Não vai mudar nada. Não significa coisa alguma em relação à ocupação e ao muro. E o problema é a ocupação, esse é o maior dos problemas. A aprovação na ONU não vai mudar isso. A ONU fracassou, a comunidade internacional fracassou conosco”. Perguntei-lhe o que pensava sobre as declarações dos membros da diplomacia do Fatah, de que esse reconhecimento seria um primeiro passo para que Israel recue para as fronteiras da linha verde (1967), e ele foi enfático: disse que não acreditava nisso, que uma solução diplomática a partir da comunidade internacional, e não a partir da sociedade civil palestina, não iria demover Israel de sua política expansionista.

Não fiz a pergunta que gostaria de ter feito: a sua posição sobre a solução de dois estados mudou? Agora você defende dois estados, e não mais um só estado? Jamal tem razão em não responder a essas perguntas. “Eu estou aqui para discutir as condições de qualquer debate sobre estado, diplomacia, ONU, Lei Internacional, que Israel não cumpre, mesmo. Estou aqui para falar do que há de mais fundamental, que é o reconhecimento dos direitos do povo palestino”, disse Jamal, em tom grave.

Fracassos da diplomacia, intifadas e expansionismo israelense

Se o movimento diplomático não trará frutos quanto à ocupação e se a população está sem esperanças, sobretudo depois deste último ataque israelense a Gaza, não estaríamos diante de uma terceira intifada? Qual o risco de uma terceira intifada e qual seria a diferença desta intifada em relação às outras? A resposta veio na hora:

“Já estamos caminhando para a terceira intifada, é inevitável isso. A população não aguenta mais. Pagamos duas vezes o preço da água, que nos é racionada, de uma água que é nossa, de nosso território, que foi usurpado, enquanto os assentados vivem em abundância, alguns com piscina em casa, jogando água fora, pagando menos”. Ronnie Kasrils, que estava sentado ao lado de Jamal, olha para mim e diz: “Isto é muito pior do que o apartheid. E repete: é inacreditável, mas é verdade. Eu vi com meus olhos, quando estive lá, como ministro”. Por que a proposta palestina na ONU é inútil? Jamal responde que o muro separou vilas, cidades, famílias, que desagregou comunidades inteiras, que recortou populações e que não é uma votação na ONU que vai desfazer o dano causado.

Comentei que a segunda intifada ocorreu há pouco mais de dez anos, quando também começou a instalação do muro de concreto em territórios ocupados. Observei a diferença fundamental entre a primeira e a segunda intifada e perguntei qual seria a característica dessa terceira intifada, que ele aponta como provável e de certa forma já em curso. “A primeira intifada foi um levante popular, e as crianças e adolescentes começaram a jogar pedras após a operação ‘quebra ossos’, comandada, preste atenção nisso, por Yitzhak Rabin. Os militares israelenses chegavam perto dos adolescentes e batiam em seus braços, quebrando os seus ossos, com o objetivo único de amedrontar, calar as bocas e aterrorizá-los. Estávamos em 1987 e a resposta não tardou, eclodiu a primeira intifada, que foi um levante sobretudo contra as lideranças locais, palestinas, que nada faziam diante dessa humilhação. A resposta israelense foi brutal: ataques aéreos sobre ruas cheias de gente, indiscriminadamente. Foi uma repressão tão violenta que sufocou o caráter popular das manifestações”.

Daí vieram os Acordos de Oslo, eu disse. Que Israel não cumpriu, porque não desocupou nada e, numa operação deliberada de provocação, Ariel Sharon deu início a segunda intifada, retrucou Jamal, mais ou menos com essas palavras. A segunda intifada foi caracterizada, do lado palestino, pela figura do homem bomba palestino, pelo fortalecimento do Hamas, sobretudo na Faixa de Gaza e pelo consequente enfraquecimento político do Fatah. Do lado israelense, a resposta à segunda intifada foi especialmente brutal: ataques aéreos em resposta às explosões dos homens bomba, sistematização da demolição de casas e da intensificação das construções nos assentamentos e a precarização e discriminação da cidadania dos árabes israelenses, sobretudo os moradores de Jerusalém. Mas o seu aspecto mais duradouro e medonho foi e segue sendo o erguimento do muro do apartheid, como os movimentos sociais palestinos e de solidariedade à resistência palestina passaram a chamar, e que Israel chama de Muro de contenção de terroristas.

São mais de 700 quilômetros de extensão, ladeados por uma faixa de 60 metros de largura, denominada unilateralmente de “zona de exclusão” e incorpora territórios palestinos. Vai sem dizer que, se os governos de Israel dizem a verdade, isto é, que o Muro é uma medida para contenção da infiltração de terroristas e homens-bomba, e não uma medida para anexar à força mais territórios palestinos, não tem justificativa moral para seguir nas construções ilegais, comportando-se como um estado pária em relação à comunidade internacional.

Segundo Jamal, de 2002 para cá, após a construção do muro de anexação, o que houve foi a intensificação dos assentamentos e das construções. Além do incentivo à imigração, do subsídio às construções de condomínios novos em territórios palestinos, um novo elemento foi introduzido, como que para dar suporte ideológico ao expansionismo: líderes, a maior parte rabinos, cujo papel é incentivar a crença teocrática no destino daqueles territórios. “Um dos rabinos, mostrando-se bastante compreensivo, chegou a dizer que os palestinos tinham feito um grande favor ao povo judeu, de cultivar aquelas terras e de prepara-las, para que, quando nós chegássemos, pudéssemos desfrutá-la. Isso foi obra de deus, disse ele”, ironizou o ativista palestino. Perguntei se a percepção de que Israel estaria fomentando uma espécie de “cinturão” de assentados fundamentalistas procedia. “Não”, respondeu. Segundo Jamal, apenas 20% dos assentados são ortodoxos ou fundamentalistas. “O resto são imigrantes do Leste Europeu e da Rússia, que chegaram mais recentemente, empobrecidos e que se tornam cativos do discurso fundamentalista no mais das vezes para manter as suas casas, mas não significa que sejam religiosos. São trabalhadores, que foram incentivados a vir para Israel, a viver em nosso território como se fosse deles”.

O impacto da primavera árabe sobre a terceira intifada

E se a terceira intifada está por vir, se é inevitável que ecloda, qual seria a sua característica, em comparação com as outras duas? Fiz essa pergunta porque, entre a explosão da segunda intifada e a véspera da votação do reconhecimento da palestina como estado observador, na ONU, passaram-se mais de dez anos de Fóruns Sociais mundo afora e isso fortaleceu e disseminou a questão palestina , mobilizando organizações em todos os continentes, o que deu uma outra dimensão ao drama palestino e arregimentou muito mais apoio e solidariedade internacional. Eu perguntei mais ou menos isto: na segunda intifada, os palestinos não tinham vocês. Será que agora, dez anos depois, com a dimensão internacional que a questão palestina ganhou, não mudou nada? “Sim”, respondeu.

“Mudou muita coisa. Mas nós somos um povo que vive sob ocupação há cem anos”, respondeu, altivo. Nós aprendemos muito com a ocupação britânica, com as políticas colonialistas de dividir para conquistar, dos ingleses e, de sessenta anos para cá, com a brutalidade sionista, acrescentou Jamal. Foi como se tivesse me dito que não dá para olhar o drama dos palestinos com base nos últimos dez anos, que não é o movimento por ele também criado, não é a resistência pacífica e não violenta que explicariam, isoladamente, um processo de opressão, renegação e exclusão territorial de um século.

Ronnie Kasrils interrompe Jamal e pede que ele volte a falar do que seria a terceira intifada, de quais seriam, na sua opinião, as suas características. “Acredito que a terceira intifada, sobretudo após esse último ataque de Israel a Gaza, será mais parecida com a primeira, terá um caráter mais popular”. Marco Weissheimer então perguntou se a Primavera Árabe, que resultou na mudança de poder no Egito e na Tunísia, explicaria essa característica, de um levante mais popular, socialmente enraizado. Jamal responde que sim, a mudança no Egito e na Tunísia, que enviaram ministros a Gaza, logo que começou o último ataque israelense à região e ofereceram ajuda aos palestinos que vivem encarcerados a céu aberto, como lembrou, estabeleceu uma mudança importante no estado das coisas.

Os palestinos saíram do isolamento a que o próprio mundo árabe parece tê-los condenado, e isso implica mudanças nas ações políticas e de resistência não violenta, mas Jamal também mudou. Em contraste com o otimismo de Kasrils, o ativista palestino não demonstra otimismo com o dia de amanhã, para os palestinos.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

[agência pirata] ZEROLÂNDIA É UMA ENGANAÇÃO


:: txt :: Wladymir Ungaretti ::

Esta  é a capa da edição de hoje (18/01/2012) de Zerolândia – jornal Zero Hora do RS.  Ótimo que estão reduzidas as fugas do semiaberto. Ótimo que a criança de dois anos foi salva. Mas, nos dois casos,  por um critério JORNALÍSTICO valeria , no caso das fugas, uma pequena nota interna e uma chamada de capa; e , no episódio da criança salva, no máximo, uma foto-legenda.  Essa capa é uma preciosidade, exemplar, da pobreza deste tipo de showrnalismo. O problema que se depara um jornal moderno, pressionado pela necessidade de se manter como um negócio lucrativo, é o de conquistar o interesse do homem comum – e, por interesse,  não estamos nos referindo naturalmente à sua mera atenção passiva, mas à sua ativa cooperação emocional. Se um jornal não consegue inflamar  seus sentimentos é melhor desistir de vez, porque estes sentimentos são a parte essencial do leitor e é deles  que este draga  as suas obscuras lealdades e aversões. BEM,  E COMO ATIÇAR OS SEUS SENTIMENTOS?  No fundo é bastante simples. Primeiro, amedronte-o – e depois tranquilize-o. Faca-o assustar com um bicho-papão e corra para salvá-lo, usando um cassetete de jornal para matar o mostro.  Ou seja, primeiro engane-o – e depois engane-o de novo.  ZEROLÂNDIA É UMA ENGANAÇÃO!!! Continuo sob censura. Ação movida por um funcionário do PRBS com 35 anos de experiência quadrilheira!!! Ganhamos a ação, em todas as instâncias, na esfera criminal. Corre ainda uma ação cível.  Esta capa, como um todo, impõem uma determinada subjetividade. “Fugas do semiaberto”  é um release da Secretaria de Segurança.  RP para quem não sabe é relações públicas. Essa porra não é JORNALISMO!

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