#CADÊ MEU CHINELO?

sexta-feira, 29 de abril de 2011

[cc] AQUELA NUVEM QUE PASSA



::txt::Ronaldo Lemos::

Grande parte dos leitores deste artigo provavelmente usa algum tipo de e-mail baseado na web, como Gmail, Yahoo, Hotmail, dentre outros. Alguns usam sites como o Google Docs para criar documentos online, como planilhas e textos. Outros fazem da internet um grande “disco virtual”, armazenando boa parte das suas informações pessoais na rede, dispensando o HD do computador ou discos externos. Esses são os elementos básicos do que vem sendo chamado de “cloud computing” ou computação “na nuvem”. Em vez de manter as informações localmente, cada vez mais os dados são processados na “nuvem”, isto é, em computadores situados na maioria dos casos em outros países.

No mundo dos negócios isso já é um procedimento normal. Em vez de comprar um monte de computadores próprios, muitas empresas preferem contratar os serviços da Amazon ou da Salesforce.com. A empresa envia os dados lá, onde são processados, armazenados e acessados, tudo pela rede.

O problema do “cloud computing” é que não há acordos internacionais dizendo como a informação que é mandada para fora deve ser tratada. Isso gera vários tipos de problemas e preocupações. Uma falha no Gmail, por exemplo, fez desaparecer os e-mails de 150 mil usuários, muitos dos quais perdidos para sempre. Quem não tinha cópia em outro lugar viu suas mensagens simplesmente evaporarem na “nuvem”.

À LA WIKILEAKS

Outra preocupação é com a privacidade dos dados. Quem usa um serviço de e-mail baseado em outro país fica sujeito às leis de lá. Se uma autoridade desconfiar de você, pode pedir para ter acesso às suas mensagens. Vale o que a lei do local disser, mesmo que a lei brasileira funcione de outra forma. Essa preocupação tem aumentado especialmente depois do caso WikiLeaks. Há quem diga que dados armazenados no exterior possam ser usados até para fazer espionagem comercial.

O Brasil está fazendo a sua parte para cuidar do problema. Está discutindo a adoção de uma nova lei de proteção aos dados pessoais, que promete resolver a questão por aqui. Mas não dá para ser ingênuo. Quando um serviço online é utilizado, seja para fins pessoais ou comerciais, é importante saber onde os dados estão sendo armazenados e qual a política de proteção dada a eles tanto pelo próprio site quanto pelas leis locais. Afinal, não faltam bisbilhoteiros querendo dar uma de Big Brother na nuvem.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

[grrrr] RENAN CALHEIROS E A ÉTICA

[agência pirata] DIREITA, ESQUERDA - VOLVER!




::txt::Antônio Prata::

Depois que o muro de Berlim foi partido em cubinhos e vendido como souvenir, Che Guevara passou a usar o chapéu do Mickey Mouse e a Colgate uniu o mundo num único e branco sorriso, muita gente pensou que esquerda e direita tinham ficado para trás. Dizia-se que, dali em diante, os termos só seriam usados para indicar o caminho no trânsito e diferenciar os laterais no futebol. Afinal de contas, estávamos no fim da História e, como sabíamos desde criancinhas, todos viveriam felizes para sempre.

Mas o mundo gira, gira e ― eis aí um grande problema de rodar em torno do próprio eixo ― voltamos para o mesmo lugar. Se a história se repete como farsa ou como história mesmo, não faço a menor idéia, mas ouso dizer, parafraseando Nelson Rodrigues (que já foi de direita, mas o tempo e Ruy Castro liberaram para a esquerda), que hoje em dia não se chupa um Chicabom sem optar-se por um dos blocos.

Ah, como fomos tolos! Acreditar que aquela dicotomia ontológica resumia-se à discussão sobre quanto o Estado deveria intervir no mercado (ou quanto o Mercado deveria ser regulado pelo estado, o que vem a ser a mesma coisa, de maneira completamente diferente) é mais ou menos como pensar que a diferença entre homens e mulheres restringe-se ao cromossomo Y. Ou ao comprimento do cabelo.

Estado e Mercado são apenas a ponta de um iceberg, ou melhor, dois icebergs sociais, culturais, gastronômicos, gramaticais, musicais, lúdicos, léxicos, religiosos, higiênicos, esportivos, patafísicos, agronômicos, sexuais, penais, eletro-eletrônicos, existenciais, metafísicos, dietéticos, lógicos, astrológicos, pundonôricos, astronômicos, cosmogônicos ― e paremos por aqui, porque a lista poderia levar o dia todo.

Justamente agora, quando esquerda e direita, pelo menos em suas ações, pareciam não divergir mais sobre as relações entre Estado e Mercado (ponhamos assim, os dois com maiúsculas, para não nos acusarem de nenhuma parcialidade), a discussão ressurge lá do mar profundo, com toda a força, como o tubarão de Spielberg.

Para que o pasmo leitor que, como eu, dá um boi para não entrar numa discussão, mas uma boiada para não sair, não termine seus dias sem uma única rês, resolvi enumerar algumas diferenças entre essas, digamos, maneiras de estar no mundo. Dessa forma saberemos, ao comentar numa mesa de bar, na casa da sogra ou na padaria da esquina, "dizem que o filme é chato" ou "como canta bem esse canário belga", se estamos ou não pisando inadvertidamente numa dessas minas ideológicas, mandando os ânimos pelos ares e causando inestancáveis verborragias.

A lista é curta e provisória. Outras notas vão entrar, mas a base, por ora, é essa aí. Se a publico agora é por querer evitar, mesmo que parcialmente, que mais horas sejam ceifadas, no auge de suas juventudes, nas trincheiras da mútua incompreensão. Vamos lá.

* * *

A esquerda acha que o homem é bom, mas vai mal ― e tende a piorar. A direita acredita que o homem é mau, mas vai bem ― e tende a melhorar. A esquerda acusa a direita de fazer as coisas sem refletir. A direita acusa a esquerda de discutir, discutir, marcar para discutir mais amanhã, ou discutir se vai discutir mais amanhã e não fazer nada. (Piada de direita: camelo é um cavalo criado por um comitê).

Temos trânsito na cidade. O que faz a direita? Chama engenheiros e constrói mais pontes. Resolve agora? Sim, diz a direita. Mas só piora o problema, depois, diz a esquerda. A direita não está preocupada com o depois: depois é de esquerda, agora é de direita.

Temos trânsito na cidade. O que faz a esquerda? Chama urbanistas para repensar a relação do transporte com a cidade. Quer dizer então que a Marginal vai continuar parada ano que vem?, cutuca a direita. Sim, diz a esquerda, mas outra cidade é possível mais pra frente. A direita ri. "Outra" é de esquerda. "Isso" é de direita.

Direita e esquerda são uma maneira de encarar a vida e, portanto, a morte. Diante do envelhecimento, os dois lados se dividem exatamente como no urbanismo. Faça plásticas (pontes), diz a direita. Faça análise, (discuta o problema de fundo) diz a esquerda. ("Filosofar é aprender a morrer", Cícero.) Você tem que se sentir bem com o corpo que tem, diz a esquerda. Sim, é exatamente por isso que eu faço plásticas, rebate a direita. Neurótica! ― grita a esquerda. Ressentida! ― grita a direita.

A direita vai à academia, porque é pragmática e quer a bunda dura. A esquerda vai à ioga, porque o processo é tão ou mais importante que o resultado. (Processo é de esquerda, resultado, de direita).

Um estudo de direita talvez prove que as pessoas de direita, preocupadas com a bunda, fazem mais exercícios físicos do que as de esquerda e, por isso, acabam sendo mais saudáveis, o que é quase como uma aplicação esportiva do muito citado mote de Mendeville, de que os vícios privados geram benefícios públicos ― se encararmos vício privado como o enrijecimento da bunda (bunda é de direita) e benefício público como a melhora de todo o sistema cardio-vascular. (Sistema cardio-vascular é de esquerda.)

Um estudo de esquerda talvez prove que o povo de esquerda, mais preocupado com o processo do que com os resultados, acaba com a bunda mais dura, pois o processo holístico da ioga (processo, holístico e ioga são de extrema esquerda) acaba beneficiando os glúteos mais do que a musculação. (Ioga já é de direita, diz alguém que lê o texto sobre meus ombros, provando que o provérbio correto é "pau que nasce torno, sempre se endireita".)

Dieta da proteína: direita. Dieta por pontos: esquerda. Operação de estômago: fascismo. Macrobiótica: stalinismo. Vegetarianismo: loucura. (Foucault escreveria alguma coisa bem interessante sobre os Vigilantes do Peso.)

Evidente que, dependendo da época, as coisas mudam de lugar. Maio de 68: professores universitários eram de direita e mídia de esquerda. ("O mundo só será um lugar justo quando o último sociólogo for enforcado com as tripas do último padre", escreveram num muro de Paris.) Hoje a universidade é de esquerda e a mídia, de direita.

As coisas também mudam, dependendo da perspectiva: ao lado de um suco de laranja, Guaraná é de direita. Ao lado de uma Coca-Cola, Guaraná é de esquerda. Da mesma forma, ao lado de um suco de graviola, pitanga ou umbu (extrema-esquerda), o de laranja vira um generalzinho. (Anauê juice fruit: 100% integralista.)

Leão, urso, lobo: direita. Pingüim, grilo, avestruz: esquerda. Formiga: fascismo. Abelha: stalinismo. Cachorro: social democrata. Gato: anarquista. Rosa: direita. Maria sem-vergonha: esquerda. Grama: nacional socialismo. Piscina: direita. Cachoeira: esquerda. (Quanto ao mar, tenho minhas dúvidas, embora seja claro que o Atlântico e o Pacífico estejam, politicamente, dos lados opostos aos que se encontram no mapa.) Lápis: esquerda. Caneta: direita. Axilas, cotovelo, calcanhar: esquerda. Bíceps, abdômen, panturrilha: direita. Nariz: esquerda. Olhos: direita. (Olfato é sensação, animal, memória. Visão é objetividade, praticidade, razão.)

Liquidificador é de direita. (Maquiavel: dividir para dominar.) Batedeira é de esquerda. (Gilberto Freyre: o apogeu da mistura, do contato, quase que a massagem dos ingredientes.) Mixer é um caudilho de direita. Espremedor de alho é um caudilho de esquerda. Colher de pau, esquerda. Teflon, direita. Mostarda é de esquerda, ketchup é de direita ― e pela maionese nenhum dos lados quer se responsabilizar. Mal passado é de esquerda, bem passado é de direita. Contra-filé é de esquerda, filé mignon é de direita. Peito é de direita, coxa é de esquerda. Arroz é de direita, feijão é de esquerda. Tupperware, extrema direita. Cumbuca, extrema esquerda. Congelar é de direita, salgar é de esquerda. No churrasco, sal grosso é de esquerda, sal moura é de direita e jogar cerveja na picanha é crime inafiançável.

Graal é de direita, Fazendinha é de esquerda. Cheetos é de direita, Baconzeetos é de esquerda e Doritos é tucano. Ploc e Ping-Pong são de esquerda, Bubaloo é de direita.

No sexo: broxada é de esquerda. Ejaculação precoce é de direita. Cunilingus: esquerda. Fellatio: direita. A mulher de quatro: direita. Mulher por cima: esquerda. Homem é de direita, mulher é de esquerda (mas talvez essa seja a visão de uma mulher ― de esquerda).

Vogais são de esquerda, consoantes, de direita. Se A, E e O estiverem tomando uma cerveja e X, K e Y chegarem no bar, pode até sair briga. Apóstrofe ésse anda sempre com Friedman, Fukuyama e Freakonomics embaixo do braço. (A trema e a crase acham todo esse debate uma pobreza e são a favor do restabelecimento da monarquia).

"Eu gostava mais no começo" é de esquerda. "Não vejo a hora de sair o próximo" é de direita.

Dia é de direita, noite é de esquerda. Sol é de direita, lua é de esquerda. Planície é de direita, montanha é de esquerda. Terra é de direita, água é de esquerda. Círculo é de esquerda, quadrado é de direita. "É genético" é de direita. "É comportamental" é de esquerda. Aproveita é de esquerda. Joga fora e compra outro, de direita. Onda é de direita, partícula é de esquerda. Molécula é de esquerda, átomo é de direita. Elétron é de esquerda, próton é de direita e a assessoria do nêutron informou que ele prefere ausentar-se da discussão.

To be continued (para os de direita)...

Under construction (para os de esquerda)...

terça-feira, 26 de abril de 2011

[baú] AS ONOMATOPÉIAS MUSICAIS DE JACKSON DO PANDEIRO



::txt::Tiago Jucá Oliveira::

Você aí da poltrona já imaginou que alguns sapos pudessem ser a inspiração para determinado cantor? Porém, há porém, não estamos nos referindo a letras de músicas que falam sobre sapos (e nenhum desses sapos é o barbudo neocoronelista) . O personagem em questão é Jackson do Pandeiro, que aperfeiçoou o modo de interpretar seus cocos ouvindo os sapos cantarem no rio que havia perto de sua casa em Alagoa Grande, no agreste da Paraíba.

Há alguns anos a editora 34 lançou a biografia de “Jackson do Pandeiro: O Rei do Ritmo”, escrita por Fernando Moura e Antônio Vicente. Os dois lembram que quando Jackson gravou a hoje famosa “Cantiga do Sapo”, em meados dos anos 70, “a inspiração partiu das lembranças infantis na terra natal: ‘é tão gostoso morar lá na roça/ numa palhoça perto da beira do rio’. O coaxo da sapataria uma verdadeira ‘toada improvisada em dez pés resultou no popular refrão: ‘Tião?/ oi!/ fosse?/ fui!/ comprasse?/ comprei!/ pagasse?/ paguei!/ me diz quanto foi?/ foi quinhentos réis...’

A editora 34 vem se destacando no mercado editorial brasileiro como uma das poucas e raras editoras que promovem o estudo da música popular, ao abordar diversos segmentos diferenciados. Nesse contexto está a biografia do rei do ritmo, pois ela nos sugere alguns casos para ressaltar a influência de sapos na obra do artista. Detalhes que talvez sejam pequenos demais, se comparados a grandeza de seu fruto cultural.

Em 1977, quando grava ‘Vem Cá, Maria’, de Dominguinhos e Durval Vieira, cujo tema envolve um outro sapo que vivia debaixo da pia, namorando e dando ‘beijoca na boca da jia’, Jackson intervém no final da música – como fez em quase tudo que cantou – e lança mais uma pista sobre suas recordações de infância: ‘ah, sapinho enxerido, miserave... Me lembro do rio de Alagoa Grande, naquela cheia, que eu era moleque, o sapo se grudava na cacunda da sapa, dava um trabalho da bexiga...’

José Teles, jornalista pernambucano, autor do livro “Do Frevo ao Manguebeat”, também lançado pela editora 34, qualifica Jackson como um “excepcional cantor, cuja influência no canto brasileiro ainda precisa ser devidamente avaliada”. O autor encerra dizendo que “não seria exagero afirmar que os três cantores mais influentes na formação do canto popular brasileiro urbano foram Orlando Silva, João Gilberto e Jackson do Pandeiro”.

Para finalizar este breve ensaio, outra vez vamos buscar as palavras de Fernando e Vicente que melhor definem a importância das cantigas de sapos sobre o modo xuxu beleza de cantar de um dos artistas mais folclóricos da música brasileira. Os biógrafos de Jackson entendem que, ‘ao sair de Alagoa Grande, ganhando o mundo com sua voz, ele teria levado presos em suas cordas vocais todos os timbres, onomatopéias e nuances sonoras dos sapos do lugar. Daí sua capacidade inigualável de divisão rítmica, usando e abusando das síncopas com a naturalidade da fauna brejeira que
conhecera quando criança”.

*este texto está sob Domínio Público. Nenhum direito reservado.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

[negodito] QUEM NÃO TEM LAÇADOR, PESCA COM PATO

::txt::Basket Selector::

2010 foi um bom ano pra música gaúcha. Pela primeira vez no prêmio uirapuru, que organizo há 11 anos com a colaboração de jornalistas e artistas, uma banda daqui é eleita a melhor do ano. Estou falando da Apanhador Só, que ano passado lançou seu primeiro disco. Porém, há porém, não é somente porque eles ganharam na categoria de melhor banda, dum premio promovido por mim, que vou aqui impor que 2010 foi bom.

Esqueça o meu gosto confrontado com o seu, e vamos nos deter em números. Pra um lugar longe demais das capitais, e sem um mercado interno forte que de sustentação aos artistas, o ano que terminou no verão passado nos trouxe, relativamente, muitos discos. Uma listagem rápida: além da Apanhador Só, tivemos a volta dos Replicantes, o maravilhoso retorno de Vitor Ramil, mais um disco da Pata de Elefante, Identidade, a revelação Gisele de Santi, a sempre boa Walverdes, o primeiro disco solo do Gustavo Telles (o baterista “Prego”, da Pata de Elefante), Gulivers, … bem, falei das que lembro de cabeça e que eu curti.

A Apanhador Só é um caso pra ser estudado. Um jornal de Minas (desculpe, leitor, não lembro qual muito menos tenho o link) disse que era a banda menos gaúcha que já conheceram. Tive a oportunidade de perguntar a eles num programa de radio da Ipanema FM sobre isso, e eles foram bem taxativos: “se somos do RS, impossível nossa música ser menos gaúcha que a de fulano ou a de beltrano”. Eles tem razão. Creio que há um rótulo pra nossa música. Se usa lenço e bombacha, é música gaudéria. Se é gurizada com guitarra nos braços, é o rock gaúcho. E dispensa-se outras formas de manifestação musical? Não!

Numa linha semelhante ao da Apanhador (isso não quer dizer que façam sons iguais ou parecidos, e sim não estão nas duas opções acima) podemos incluir bandas e artistas bem legais, mas sem quase nada de projeção nacional: Subtropicais, Funkalister, Richard Serraria, Zumbira, Bandidnha de
Da Dó, Samba Grego, entre outras. Tonho Crocco, ex-vocalista da Ultramen, também pode entrar nesse balaio, com a diferença que ele tem um pouco mais de projeção, devido a história que construiu com a Ultramen em quase 20 anos, além, é claro, do talento que tem pra compor e cantar.

PS.: Esse é somente meu primeiro texto pro Nego Dito. Introduzi nossos artistas, dei um breve panorama, ainda não sei pra quem estou escrevendo. Mas, como já dizia o ditado, quem não tem laçador, pesca com pato.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

[cabaré] A PRIMEIRA ENTREVISTA DE PAPAGAIO DEPOIS DE FUGIR



::ntrvst::Arlei Arnt::

A redação da revista O DILÚVIO conseguiu o fone do Papagaio, fugitivo da justiça gaúcha devido a uma longa vida de crimes. Entramos em contato com ele, e a seguir você terá com exclusividade a íntegra de nossa conversa telefônica.

Alô Papagaio, aqui é o Arlei, da revista O DILǗVIO, tudo bem?

Tudo bem, tudo bem!

Você está a falar de que local?

Local, local!

Você pretende se entregar?

Se entregar, se entregar!

Quando isso vai acontecer?

Vai acontecer, vai acontecer!

Agora você está sozinho?

Sozinho, sozinho!

Mas você está aqui no nosso estado?

Nosso estado, nosso estado!

Sua voz está estranha, man, não sei se você é o papagaio ou o papagay...

Papagay, papagay!

Desculpa, bixa véia, foi engano. Tchau.

Tchau, tchau!

terça-feira, 19 de abril de 2011

[tabaré] A ÚLTIMA ENTREVISTA DE PAPAGAIO ANTES DE FUGIR



::txt::Tabaré::
::pht::Gabriel Jacobsen::

Conhecido como um dos maiores assaltantes de bancos e carros-fortes do sul do país, Cláudio Adriano Ribeiro, o Papagaio, estava cumprindo pena de 36 anos e 11 meses quando deu esta entrevista exclusiva para o Tabaré. Vinte e um dias depois de nosso último encontro, Papagaio fugiu do Presídio Estadual de Montenegro. Foi a sua sexta fuga. Segue abaixo um trecho da entrevista que estará na primeira edição impressa do Tabaré.


- Dezesseis anos comecei na vida ilícita. Imagina, tinha três irmãos pra sustentar em casa, comendo polenta e feijão. Aí um dia apareceu um jovem: “ah, roubei um toca-fita”, “tá, mas como é que tu fez?”, “vendi, peguei tanto” – que era duas vezes o meu salário. Aí fui indo… Com 17 conheci os caras que assaltavam banco. E aí eu comecei a roubar. Comecei com pequenos postos bancários, essas coisinhas.

- Tua quadrilha tinha quantas pessoas na época?

- Sempre foram quatro. Eu perdi duas quadrilhas inteiras, morreu todo mundo em ações.

- E como se impõe essa liderança?

- Com inteligência, né? Uma empresa funciona da mesma forma: quando tu é um cara destacado, tu automaticamente vai assumindo um posto, sabe fazer muito bem aquilo e ninguém se preocupa. Na época dos meus delitos, eu sempre era um cara bem articulado, entendeu?

- E a vida na clandestindade?

- É muito cara.

- O que a faz custar tanto?

- É que tu não para em lugar nenhum, né? Tu tem que estar morando classe média-alta, num bom condomínio, num bom bairro. O aluguel é caro, tu não pode comprar o imóvel porque, se tu comprar, amanhã ou depois tu tem que botar tuas coisas pra dentro e sair.

*A entrevista completa poderá ser lida dentro de alguns dias na edição #1 do Jornal Tabaré.

terça-feira, 12 de abril de 2011

[OEA] QUATRO DIAS PRA PARAR BELO MONTE




::txt::Avaaz::

A OEA, respeitada organização inter-governamental pediu ao Brasil para interromper a construção de Belo Monte – uma hidrelétrica imensa que iria destruir delicados ecossistemas da Amazônia – e a Presidente Dilma tem quatro dias para responder. Com essa pressão internacional sem precedentes, nós temos a chance de finalmente parar Belo Monte.

A Organização dos Estados Americanos respondeu ao apelo direto das comunidades amazônicas afetadas, com um pedido oficial para o governo brasileiro interromper a construção de Belo Monte. A OEA alerta que o Brasil pode estar violando tratados inter-americanos se prosseguir com esta barragem desastrosa.

O prazo final para o Brasil responder a OEA é esta sexta feira. Nós temos apenas alguns dias para dizer à Presidente Dilma, ao Ministério das Relações Exteriores e à Secretaria de Direitos Humanos que nós estamos do lado da OEA e dos povos amazônicos. Envie uma mensagem agora exigindo que o Brasil honre o seu compromisso internacional com os direitos humanos e pare Belo Monte imediatamente.

As comunidades amazônicas foram forçados a recorrer à OEA depois que a Presidente Dilma ignorou seus apelos, colocando grandes interesses financeiros de empreiteiras acima da preservação ambiental. Belo Monte vai custar 30 bilhões de reais e a maioria desse dinheiro vai para grandes empreiteiros que foram os maiores doadores da campanha presidencial da Dilma. Mas se nós investirmos uma fração do que será gasto em Belo Monte em energia renovável, poderemos suprir as demandas do Brasil por energia, apoiando o desenvolvimento sustentável sem comprometer centenas de hectares da floresta mais preciosa do mundo.

Este ano, mais de 600.000 brasileiros pediram para a Presidente Dilma parar Belo Monte. A petição contra Belo Monte foi entregue pessoalmente aos seus principais assessores em Brasília, em uma marcha emocionante de povos indígenas que chamou a atenção da mídia no Brasil e no mundo. Mas mesmo assim, o governo ignorou o nosso chamado.

Agora países de todas as Américas estão se juntando à luta. Vamos agir neste momento crucial e mostrar que os brasileiros apóiam a solicitação da OEA. Envie uma mensagem para Presidente Dilma, Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria de Direitos Humanos dizendo que os brasileiros estão junto com a OEA e as comunidades amazônicas para pedir um fim a Belo Monte:

Belo Monte não é o que queremos para o futuro do Brasil. Enquanto nos preparamos para a Rio+20, a maior conferência ambiental do planeta, essa é a chance de o Brasil ser uma liderança mundial como um exemplo de desenvolvimento aliado à sustentabilidade. A declaração da OEA oferece uma nova oportunidade de mudança, trazendo aliados internacionais para a luta contra Belo Monte. Vamos aumenta a pressão sobre o governo, agindo e divulgando esta campanha.

[over12] DESARMA BRASIL

segunda-feira, 11 de abril de 2011

[do além] LOG ON, TUNE IN, DROP OUT



::txt::Timothy Leary::

Nada como uma viagem atrás da outra. Nos anos 60, me notabilizei por defender os benefícios emocionais, espirituais e terapêuticos do LSD. Fui expulso de Harvard por ministrar tal droga para meus alunos (com consentimento deles) e cheguei a ser chamado pelo então presidente Nixon de “o homem mais perigoso da America”. Título que levaram muito a serio, a julgar pelas inúmeras vezes que me colocaram na frente de um juiz.

Já na metade dos anos 80, comecei a fazer experiências com realidade virtual, na nascente World Wide Web. Os computadores me entusiasmaram. Virei um promotor da cultura cibernética. Em livros e palestras, descrevi a internet como o LSD dos anos 90. Quer elogio maior? Minha crença era de que o novo ambiente digital provocaria uma revolução no status quo maior do que as drogas ocasionaram.

Por isso li com curiosidade dois estudos que me chegaram às mãos. O primeiro, realizado pelo Instituto Americano sobre Abuso de Drogas (Nida), chegou à conclusão de que o consumo de ecstasy (sem adição de outros componentes além da metilenodioximetanfetamina) não provoca diminuição da capacidade cognitiva. Os investigadores advertem que, apesar desta conclusão, a droga é prejudicial à saúde. Isso significa, segundo o Nida, que um sujeito, depois de uma festa rave, segue capacitado para julgar, classificar, reconhecer e compreender, por exemplo, que linha ideológica seguirá o novo partido do Kassab, anunciado como livre dos rótulos de esquerda, centro e direita.

O segundo, bem mais extenso, foi publicado na forma de livro. Chama-se The Shallows - What the Internet Is Doing to our Brains (Os Superficiais - o que a Internet está Fazendo com nossos Cérebros). Foi escrito pelo jornalista Nicholas Carr e sustenta que a web está nos deixando burros. Sua tese, apoiada em pesquisas que incluíram até ressonância magnética para monitorar o cérebro dos internautas, afirma que a cultura multitarefa e o ambiente dispersivo da rede está minando nossa capacidade cognitiva.

Não creio que, diante de tais evidências, governo e sociedade criminalizem a internet e liberem o ecstasy. No máximo os notebooks e tablets ganharão frases de advertência e fotos de pessoas com cara de dúvida na frente de uma soma de 8 + 2, cuja resposta será procurada no Google. Nem quero sugerir aqui que todo mundo passe a usar o ecstasy indiscriminadamente, essa nem é uma droga que aprecio. Aliás, apesar de ser conhecido como o Guru do LSD, nunca pedi para me seguirem. Quando a onda vegetariana chegou, eu comi carne. Quando o budismo se difundiu e virou moda, eu bebi champanhe. Quando todo mundo entrou para o Facebook, eu passei a visitar os amigos. Só quero lembrar que das viagens de ácido, a grande maioria podia voltar. Mas quem se habilita a viver sem a web?

[agência pirata] LLOSA: HUMALA É UM CHÁVEZ ABRASILEIRADO



::txt::AFP::

El escritor y Premio Nobel hispano-peruano Mario Vargas Llosa sostuvo el lunes que “Perú tiene dos opciones: el suicidio o el milagro”, al responder sobre las elecciones presidenciales realizadas en su país el domingo en el diario La Vanguardia.

El ex candidato a la presidencia de Perú dijo que el nacionalista Ollanta Humala, quien encabeza los resultados parciales de la primera vuelta, es (el presidente venezolano Hugo) “Chávez con un lenguaje abrasileñado; la catástrofe”, declaró al diario catalán de este lunes.

En cuanto a la otra candidata, la hija del ex presidente Alberto Fujijori, advirtió que “con Keiko (Fujimori), los criminales y los asesinos pasarían de la cárcel al gobierno”.

Tras admitir que la situación política peruana es insólita para un observador que aterrice de Europa, Vargas Llosa explicó que “aquí se enfrentan extrema izquierda y extrema derecha, en cabeza de los sondeos, con un centro dividido en tres partidos”.
Tras explicar que los candidatos del centro, Jorge Castañeda, Pedro Pablo Kuczynski y Alejandro Toledo, “seguirían con el modelo político, económico y social que existe”, pronosticó que “los extremos”, Humala y Keiko “son los que sí ponen en peligro el sistema”.

El autor de “Conversación en la Catedral” negó que hubiera intervenido para que dos de esos tres candidatos del centro renuncien. “Eso es una especulación falsa, no es verdad. Si hubiera querido que alguien renunciara, habría cogido ese teléfono y lo habría llamado directamente”.

Tras afirmar que votó a Toledo, Vargas Llosa dijo que Kuczynski “sería un lujo de presidente” y añadió que Toledo “puede conectar más con la mayoría mestiza y pobre, porque es de origen humildísimo, un niño que estaba en la calle, mientras que Kuczynski es gringo, millonario y ha dirigido un banco, y eso aquí tradicionalmente son puntos en contra”.

El escritor explicó que es contrario a las recetas económicas de Humala porque propone “un Estado intervencionista en la economía, nacionalizar sectores estratégicos, gran desconfianza hacia la empresa privada y el capital extranjero, y medidas contra la libertad de prensa”.

En cuanto a Keiko Fujimori, dijo que “es el otro extremo” y que significaría “abrir las cárceles para que todos los ladrones, asesinos y torturadores, empezando por su padre, Alberto Fujimori, y el siniestro Montesinos, salgan a la calle a sacar la lengua a todos los que han defendido la democracia en Perú”.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

[agência pirata] BELO MONTE, A CRISE




::txt::Guilherme Fiuza::

O piloto automático de Dilma Rousseff está com aprovação de 73% dos brasileiros. A expectativa é grande para o que vai acontecer com esse índice quando a presidenta começar a governar.

O estilo “deixa estar, para ver como é que fica” é um sucesso. Mas eis que, diante do eterno abacaxi de Belo Monte, Dilma dá sinais de que finalmente mostrará quem é.

A OEA (Organização dos Estados Americanos) pediu a suspensão da licença de construção da hidrelétrica, em defesa das populações que serão atingidas pela barragem. Irritada, a presidenta determinou ao Itamaraty que reagisse “à altura”.

Estava demorando. O figurino Dilminha paz e amor até que resistiu bastante. Em algum momento ele ia se esgarçar. E para isso nem foi preciso uma crise de verdade.

Como se sabe, a usina de Belo Monte é um monstrengo – ambientalmente desastroso e economicamente estúpido. Mas, como também se sabe, o que a OEA diz ou deixa de dizer não tem a menor importância.

Aí entra em cena a habilidade política da grande gerente Dilma Rousseff. Diante do ganido da OEA, a presidenta ruge. E transforma o soluço em estrondo.

Atendendo à chefe, o Itamaraty solta uma nota classificando de “precipitadas e injustificáveis” as recomendações da OEA. Já seria exótico um governo batendo boca com um organismo obsoleto e desimportante, mas não parou aí.

Depois da nota, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, emendou uma declaração pública, avisando que o governo prepara uma resposta “ainda mais oficial”. Haja patriotismo.

Entre ações meio oficiais e muito oficiais, Dilma vai dando uma aula de como fermentar uma crise.

Belo Monte é um projeto aprovado a toque de caixa por Lula às vésperas das eleições, para embelezar a fantasia do PAC em favor de sua candidata.

O resultado é o projeto de uma usina antieconômica, em cujo lago vão afundar mais de 40 bilhões de reais em dinheiro do contribuinte – porque a iniciativa privada, obviamente, correu do mico.

Agora o mico está nas mãos certas. Se o presente era para a Mãe do PAC, ela que o embale.

Mas com toda essa gritaria oficial, vai ser difícil a criança dormir.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

[águas passadas] REVISTA VEJA E A TRAGÉDIA DO REALENGO

[agência pirata] AS MENTIRAS QUE OS JORNALISTAS CONTAM #diadojornalista

::txt::Duda Rangel::

Fique tranqüilo que, se você está me dizendo que é off, a gente não vai publicar.

Sabe a foca gostosa, a namoradinha do editor-executivo? Então, comi ontem.

Já decidi: vou parar de beber, de comer porcaria e começar a cuidar mais da minha saúde.

Faz o seguinte: manda o release pro meu e-mail que depois eu leio com calma, ok?

Meu amigo, tô trabalhando. Você acha que eu sou o tipo que fica dando carteirada por aí?

Eu não trabalho num jornaleco que se vende por qualquer anúncio. Eu sou da grande imprensa. Temos independência.

Não vejo a hora de abandonar essa profissão ingrata. Como eu odeio o jornalismo!

E as mentiras que os jornalistas ouvem

Finalmente o jornal decidiu que vai ter um plano de carreira para vocês.

Meu bem, é claro que eu não me importo de você trabalhar até as quatro da manhã.

Querido, olha, a pauta é ótima, superinédita. Eu tô mandando o release só para vocês, viu?

Futuros jornalistas, percebam como é nobre a nossa profissão. Vocês têm a chance de mudar o mundo!

Aqui, na nossa agência de assessoria, você só vai atender um ou, no máximo, dois clientes. O trabalho é bem fácil.

O doutor acabou de entrar em outra reunião, ainda mais urgente, e não vai poder te dar a entrevista agora.

Paulo Maluf não tem nem nunca teve conta no exterior

[cc] PARA ITAMARATY, PRESERVAR NATUREZA É UM 'ABSURDO'

::txt::redação Brasil de Fato::

Belo Monte: OEA solicita paralisação; Itamaraty vê “absurdo”; Movimentos reagem
do Jornal Brasil de Fato

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) solicitou oficialmente ao governo brasileiro, na terça-feira (05), a suspensão imediata do processo de licenciamento da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). Segundo a entidade, o objetivo é proteger as comunidades indígenas da Bacia do Rio Xingu.

O órgão pede que nenhuma obra seja executada até que sejam cumpridas obrigações como a realização de consulta com as comunidades indígenas afetadas, a disponibilização dos estudos de impacto ambiental aos índios, e a adoção de medidas “vigorosas e abrangentes” para proteger a vida e a integridade pessoal dos membros dos povos indígenas e para prevenir a disseminação de epidemias e doenças.

A decisão da CIDH é uma resposta à denúncia encaminhada, em novembro de 2010, por entidades como Movimento Xingu Vivo Para Sempre, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Prelazia do Xingu, Conselho Indígena Missionário (Cimi), Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), Justiça Global e Associação Interamericana para a Defesa do Ambiente (AIDA). De acordo com a denúncia, as comunidades indígenas e ribeirinhas da região não foram consultadas de forma apropriada sobre o projeto.

Por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou ter recebido com “perplexidade” a recomendação e considerou as orientações “precipitadas e injustificáveis”.

“O governo brasileiro considera as solicitações da CIDH precipitadas e injustificáveis”, diz a nota. “O governo brasileiro tomou conhecimento, com perplexidade, das medidas que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) solicita que sejam adotadas”, acrescenta.

Críticas

A postura do Itamaraty foi criticada por uma série de entidades. Em nota, os movimentos rebatem os argumentos de que o governo teria sido surpreendido pelo pedido da OEA, já que a Comissão Interamericana já havia solicitado informações sobre o processo de licenciamento da usina.

“‘Absurdo’ e ‘injustificável’ tem sido todo o processo de licenciamento do empreendimento, que está eivado de irregularidades, como indicam as mais de 10 ações judiciais propostas pelo MPF. A demora do Estado brasileiro em solucionar inúmeras ilegalidades em conjunto com as graves violações das normas internacionais de direitos humanos, como a Convenção 169 da OIT e a Convenção Americana de Direitos Humanos, tornam legítima e necessária a decisão da OEA, para proteger a vida e a integridade pessoal das comunidades da Bacia do rio Xingu”, afirma a nota.

Em entrevista à Agência Brasil, o procurador da República no Pará, Felício Pontes, disse que a decisão da OEA já era esperada. “Não há nenhuma surpresa nisso, porque todos aqueles que se debruçam no caso Belo Monte conseguem enxergar de maneira muito clara que há violações dos direitos indígenas”, afirma.

O procurador lembra ainda que o governo federal já havia sido avisado desde a primeira ação proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) contra a construção de Belo Monte, em 2001. “Nessa época, já se havia anunciado violação dos direitos indígenas e das normas internacionais nesse projeto”, afirma. Entre 2001 e 2011, o MPF propôs dez ações judiciais contra o governo federal.

(Com informações da Agência Brasil)

terça-feira, 5 de abril de 2011

[cuisine] BOLO DE CENOURA NA MANTEIGA CHAPADA




Ingredientes:

3 colheres de sopa de chocolate em pó
3 cenouras médias raladas
1 xícara de chá de manteiga de baura*
4 ovos
4 colheres de sopa de Maizena
2 xícaras de chá de farinha de trigo
2 xícaras de xá de açúcar
3 colheres de chá de fermento em pó

Modo de Preparo:

Bata bem as gemas com a manteiga e o açúcar, acrescente as cenouras raladas, o chocolate, a farinha, a maizena, o fermente e por último as claras em neve. Coloque numa forma untada e leve ao forno por 40 minutos (fica bom se pega o brigadeiro de baura e fazer como cobertura... mas é uma loucura).


* Manteiga de Baura

Esta manteiga serve para todas as receitas com maconha. 10gr (ou 100gr) de fumo e 25gr (ou 250gr)de manteiga.

Coloque a erva bem dechavada na panela com a manteiga derretida, frite por mais ou menos 8 minutos sem queimar, esprema tudo numa peneira. O líquido esverdeado que sair é a base para todos os pratos de cannabis.

Use essa manteiga para fazer bolos, brigadeiros, enfim, tudo. Mas cuidado, é violento (1 colher de chá de manteiga por pessoa já faz um estrago daqueles).

segunda-feira, 4 de abril de 2011

[cc] O FIM DO JORNAL DE PAPEL

[cc] TSUNAMI E OS JORNAIS ESCRITOS À MÃO

::txt::Andrew Higgins::

Ninguém se comunica pelo Twitter, blogs ou e-mail. As pessoas também não usam telefone. Sem eletricidade, gasolina e gás, a cidade, traumatizada pelo tsunami, está fazendo as coisas realmente à maneira antiga: usando papel e caneta. Incapaz de operar sua impressora do século 20 – os computadores, então, nem pensar –, website ou celulares 3G, os jornalistas do único jornal de Ishinomaki, o Hibi Shimbun, escrevem seus artigos à mão com canetas hidrográficas em grandes folhas de papel branco. Ao contrário do que ocorre com a mídia moderna, o método tem funcionado. "As pessoas que sofrem uma tragédia como essa precisam de alimentos, água, mas também de informação", disse Hiroyuki Takeuchi, chefe de reportagem do Hibi Shimbun. "Elas estavam habituadas a se informar pela TV e pela internet, mas quando não há eletricidade, a única coisa que têm é o nosso jornal."

Embora a recente agitação política que toma conta do mundo árabe tenha realçado o poder das novas mídias, a miséria no Japão, um dos países mais conectados do mundo, fez a comunicação retroceder no tempo. Durante alguns dias, pelo menos, a palavra escrita à mão e impressa atingiu o auge. Depois de escrever e editar os artigos, Takeuchi e outros da equipe copiam suas matérias à mão em folhas de papel para distribuí-las em centros de ajuda de emergência que acolhem os sobreviventes do pior terremoto sofrido pelo país e do tsunami que se seguiu. "Eles estavam desesperados por informações", disse Takeuchi, que durante dez dias após o tsunami dormiu na redação do jornal, uma vez que as águas inundaram o andar térreo de sua casa. Com a eletricidade de volta para um terço dos 160 mil moradores da cidade, o jornal deixou de lado a caneta e voltou a ser impresso.

Informações vitais

O acesso à internet, porém, ainda não está disponível. Na segunda-feira (21/3), a capa do jornal elogiava um "resgate milagroso": a história de uma senhora de 80 anos e de seu neto de 16, retirados de sua casa destroçada.

Na costa, em Sendai, uma cidade antes próspera de mais de 1 milhão de habitantes, a irresistível força digital também ficou interrompida. "Em condições como essas, nada tem o poder do papel", disse Masahiko Ichiriki, presidente e dono do Kahoku Shimpo, principal jornal da cidade.

Edição especial. Com muitas lojas fechadas, as pessoas não conseguem comprar baterias para seus rádios. O colapso do sistema elétrico provocou o desligamento de computadores e aparelhos de TV, mas o jornal continua sendo publicado o tempo todo. Chegou até a trazer uma edição especial, de uma página, na noite do tsunami. "Os moradores, famintos por informação, dependem do nosso jornal como um salva-vidas", disse. O Kahoku Shimpo fornece não apenas notícias sobre a catástrofe, mas também informações vitais sobre que lojas têm alimentos, quais estradas já estão transitáveis, que bancos têm dinheiro em caixa e quais filiais de uma conhecida loja de bebidas foram reabertas.

"O pior é não ter nenhuma informação"

Em Ishinomaki, cidade menor do que Sendai, porém mais destruída, o Hibi Shimbun não foi publicado por dois dias após o tsunami. Um dos seis jornalistas foi arrastado dentro do carro pelas águas quando voltava de um compromisso. Ele sobreviveu e, depois de alguns dias no hospital, voltou ao trabalho. Hiroyuki Takeuchi estava em seu escritório na hora do terremoto, às 14h46n do dia 11 de março. Tinha acabado de concluir a edição do dia, que trazia um artigo de capa sobre os "encantos ocultos" de Ishinomaki e as promessas das autoridades para a reforma do hospital e outras instalações. O terremoto sacudiu de maneira tão forte os dois andares do prédio do jornal que as lâmpadas fluorescentes caíram do teto e os armários tombaram no chão.

A primeira edição escrita à mão, preparada no dia 13 de março, trouxe como manchete a promessa de "tentar e obter informações mais precisas possíveis sobre a tragédia". E informou sobre a chegada de equipes de socorro de todo o Japão e sobre a extensão da devastação. Casas e empresas situadas à beira-mar foram destruídas. Mais de 30 mil pessoas procuraram refúgio em abrigos. "Agora, conhecemos a extensão total dos danos", era um dos títulos da edição.

No dia seguinte, o jornal trouxe o nome e a idade de 34 moradores da área cujos corpos haviam sido identificados. Informou também sobre um roubo em um supermercado, um sinal do desespero da cidade. "Os jornalistas, porém, procuraram levantar o ânimo da população", disse Takeuchi. "Procuramos coisas que dessem esperança. Essa é a nossa filosofia." Segundo ele, o jornal deixou de publicar nomes de pessoas mortas porque o número de vítimas continuou crescendo. Mais de 1,3 mil corpos foram encontrados. Todo o esforço ajudou a preencher o vazio deixado pela ausência da mídia eletrônica. "Viver sem eletricidade ou água e pouca comida é muito duro", disse Yutaka Iwasava, de 25 anos, morador de Ishinomaki. "Mas o pior é não ter nenhuma informação." Iwasava disse que, desde o tsunami, não conseguiu mais acessar seu e-mail nem navegar na internet.

[a vida como ela noé] O PIÁ DE BOSTA E SEU AMIGO INVISÍVEL

::txt::Jucazito::

Distantes doze outonos passados. Eu ainda me encontrava sob a luz das descobertas visuais e auditivas de outras dimensões. Apesar da evolução alucinógena, te digo e repito que eu não passava de um piá de merda. As gurias no máximo me queriam para passar cola na prova de inglês. Pois eu ainda nem tinha carteira de motorista, nem título eleitoral. Digo melhor: eu num dirigia nem escolhia quem nos dirigisse. Um piá de bosta mesmo, era isso o que eu era. Minhas sacanagens se resumiam a roubar provas de física, colocar rabinho de folha de caderno na traseira das calças dos colegas para depois atear fogo, e pendurar as bike dos piá lá no não-tô-vendo das árvores.

Destas violências, causadas pela ingestão de ervas do mato, eu, certa manhã de domingo, fui jogar vôlei de dupla sozinho. Da língua alheia ouvi espanto: se eu tava sem parceria, como é que eu poderia formar dupla para jogar. Entón escutei aquela voz que ainda hoje me chacoalha a lembrança:

- Eu jogo com você. Muito prazer, meu nome é Arlei.

Ninguém viu Arlei. Nem eu. Ele era invisível. Claro, somente eu o escutei. E, por dois longos anos, fui seu único intérprete. Foi uma comédia a presença de Arlei em Tibicuari. Não raro era aquela roda de piás de bosta querendo conhecer o guri invisível. Neste mesmo domingo em que ele chegou, levamos Arlei para conhecer a night da city. Sentamos num boteco, Arlei com seu banco só pra si, e planejamos com goles de cerveja o que aprontar. Um tinha rojão, outro spray, sei lá quem tinha não sei o quê.

Enquanto a cidade dormia na paz dos anjos, a gente tratava de personalizar o pesadelo. Pichações pelos muros da cidade pediam diversão e arte e legalize já. Nas moitas onde casais iam gozar seus namoros, nós brochamos a transa deles com rojões e pedras. E, como sempre gostei de pentear os cabelos para os holofotes, procurei incentivar a queima dos latões de lixo para iluminar a nossa arte, para que a cidade pudesse apreciar nossa criação. Arlei era o que mais se divertia. Como ninguém tinha condições de enxergá-lo, ele aproveitava ao máximo na arte de construir a destruição. E desse caos ele ria sem parar.

Mamãe é que não gostava dessa minha nova amizade. Ele rangueava, dava descarga, se banhava e capotava lá na baia. Era uma boca a mais para comer. E dois a menos a estudar. Vagabundeamos por dois anos seguidos, no espalhar terror por Tibicuari. Certa vez, em noite de lua fofa, levantamos um carro e o colocamos virado de frente à contramão. Excesso de porra acumulada faz mal pra saúde mental.

Nestes dois anos em que Arlei se cobriu sob o céu de Tibicuari, é de se ressaltar que ele roubou a fama que eu nem havia conquistado. A cidade inteira sabia de sua existência, até conta em boteco de sinuca-e-pinga-e-fumo-de-rolo ele tinha.

Arlei partiu justamente no dia em que uma peidorreira me chamou pelo nome dele. Não sei se ele se sentiu desrespeitado ou não, mas quando fui ver, meu amigo invisível havia sumido sem deixar pegadas ou fio de cabelo. A cidade de Tibicuari, tão acostumada que estava com a presença do forasteiro, tratou de procurar informações a respeito de Arlei. Centenas de cartazes foram colados em postes, balcão de bar e mural de escola. O cartaz com um PROCURA-SE bem grande, acima de um quadrado em branco, pois fotografia de gente invisível devia ser daquele jeito, em branco, segundo nossa fértil e nula imaginação.

Mas que nada! Arlei de certo voltou ao seu planeta invisível. Mamãe achou que eu tinha curado da loucura. Alguns ainda hoje perguntam onde anda Arlei. Outros concordavam com mamãe:

- O cara é doido, tem até amigo invisível, muita fumaça do mato na cabeça, saca.



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