#CADÊ MEU CHINELO?
sábado, 21 de abril de 2012
[agência pirata] TRABALHO EMBURRECE
::txt::Emil Cioran::
O trabalho é uma maldição que o homem transformou em volúpia. Trabalhar apenas por trabalhar, aproveitar um esforço infrutífero, imaginar que você pode preencher a si mesmo através do labor assíduo: tudo isso é desprezível e incompreensível. Trabalho permanente e ininterrupto emburrece, trivializa e despersonaliza. O centro de interesse do indivíduo desloca-se do seu meio subjetivo em direção a uma insossa objetividade. Em consequência, o homem não mais se interessa pelo próprio destino, por sua evolução interior, para se ligar a qualquer outra coisa: o que deveria ser uma atividade de permanente transfiguração torna-se um meio de exteriorização que lhe faz abandonar o mais íntimo de seu ser. No mundo moderno, trabalho significa uma atividade puramente externa; o homem não mais faz a si mesmo através dele, ele faz coisas. O fato de que todo mundo sente-se obrigado a exercer uma atividade e a adotar um estilo de vida que, na maior parte dos casos, não lhe convém, ilustra esta tendência ao emburrecimento pelo trabalho.
No trabalho, o homem se esquece de si; isto não o conduz, apesar disto, a uma doce inocência, mas a um estado vizinho da imbecilidade. O trabalho transformou o sujeito humano em objeto e fez do homem uma besta que trai suas origens. Ao invés de viver por si mesmo - não no sentido do egoísmo, mas do florescimento -, o homem torna-se escravo impotente da realidade exterior. Onde encontrar o êxtase, a visão, a exaltação? Onde está a loucura suprema, a volúpia autêntica do mal? A volúpia negativa que se encontra no culto ao trabalho prende-se antes à miséria, à insipidez e a uma mesquinhez detestável. Por que os homens não se decidem por bruscamente dar fim ao seu labor, a fim de iniciar um novo trabalho sem qualquer semelhança com aquele a que se dedicaram inutilmente até então? Será que a consciência subjetiva da eternidade resistiu? Se a atividade frenética, o trabalho ininterrupto e a trepidação destruíram algo, isto foi o verdadeiro sentido da eternidade - uma vez que o trabalho é a sua maior negação. Quanto mais a perseguição pelos bens materiais e o trabalho cotidiano aumentam, mais a eternidade torna-se distante e inacessível.
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