::txt::Pulitzer::
Leio que, em 2012, a categoria ficção do Pulitzer, prêmio que carrega meu nome, ficou sem vencedor. O júri entendeu que nenhum dos concorrentes era digno de receber a honraria. Outra notícia que capturou minha atenção foi a de que babuínos aprenderam a ler em um experimento na França. Alguém precisa investigar a relação entre esses dois fatos.
Curioso também é o artigo que fala sobre robôs que escrevem textos jornalísticos. Uma empresa chamada Narrative Science desenvolveu uma plataforma de inteligência artificial que, quando alimentada de dados, produz artigos legíveis em questão de segundos. A revista Forbes, uma das mais prestigiadas publicações do mercado financeiro, já está usando esses serviços para produzir matérias sobre finanças, esportes e até política.
Você deve imaginar que um jornalista como eu, que revolucionou a imprensa americana, que ajudou a elevar os padrões de qualidade, que lutou pelas boas práticas jornalísticas, deve estar horrorizado com a perspectiva de automatização do ofício. Pois sabia que penso justamente ao contrário. Muito do que lemos em páginas impressas e virtuais são frutos do mero exercício de preencher formulários. Pegue, por exemplo, a cobertura esportiva. Um processador bem abastecido de dados pode, além de descrever o jogo com objetividade, gerar tranquilamente até as declarações dos atletas, sem necessidade de entrevista-los. “Agora é esquecer essa derrota e pensar no compromisso que temos no próximo domingo”.“Mais importante do que me tornar artilheiro é ajudar meus companheiros a conquistar esse título”.
Na mesma matéria que me apresentou os robôs jornalistas, havia uma outra revelação surpreendente. Muitos sites, que desejam aumentar seus números de audiência, programam robôs para acessarem suas páginas. De tal forma que hoje temos robôs lendo robôs. Algo estapafúrdio e impensável, mas que tem a minha total aprovação.
Vejam que maravilha. Essas adoráveis máquinas nos poupam de ler textos previsíveis. Já pensou começar o dia com boa parte do jornal já lido, que economia de tempo, que alívio para ansiedade? E de mais a mais, prefiro uma inteligência artificial do que uma burrice natural.
Do jeito que a coisa está indo, em breve, os robôs farão suas próprias premiações e distribuíram entre si os diplomas de mérito. Com a vantagem de que a cerimônia de entrega dos prêmios será mais curta e os resultados menos polêmicos. Prevejo novas categorias como “Melhor programação Investigativa” e “ Melhor simulação de editorial indignado contra a corrupção”.
Por fim, quero dizer que nada disso é exatamente novo. Aliás, é bem antigo. Por isso, peço calma aos meus colegas. Não há motivo para alvoroço e nem para sentir-se incomodado. Vejam as gravações feitas pela Polícia Federal do Brasil no caso do Carlinhos Cachoeira. Através delas, descobrimos que certos jornalistas estavam programados a atender determinados interesses. E depois que as gravações foram divulgadas, ficou claro também que outros tantos estão igualmente programados para silenciar sobre o fato.
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