E aí pessoal do O Dilúvio!
Sou estudante de jornal, concluinte na Unisinos. Também participo do coletivo antiproibicionista Principio Ativo, que faz a Marcha da Maconha de Porto. Prazer!
Então, fui no show do Dylan e acabei fazendo um texto sobre, no descompromisso. Terminei de escrever e pensei que talvez fosse massa publicar em algum lugar.. lembrei de vocês. Caso gostem e queiram publicar no site, cedo-o desde que não alterem, citem meu nome e contato de e-mail informados no final do texto.
Segue o texto, abraços...
Hipnose Dylanesca em Porto Alegre
Compositor cantou, encantou e emocionou público gaúcho de uma forma que só ele é capaz de fazer
No palco, um Dylan com uma voz que parecia sair das entranhas da alma, bem diferente daquele timbre nasalado de cantor folk de outra vez. Na pista, uma multidão meio quieta, em transe, quero acreditar. A atenção dos porto-alegrenses que lotaram o Pepsi On Stage na tão aguardada noite de 24 de abril buscava compreender o que mais parecia um presente: ver ao vivo clássicos da música e da poesia do velho Bob Dylan cantadas e tocadas em forma de rock blueseiro que mais pareciam ter saídos de um bar do interior dos anos 50. Não era o Bob Dylan que todos queriam, era o Bob Dylan que ele queria ser - um velhote com ar de cansado que se diverte tocando seu teclado progressivo-psicodélico, fazendo surpreendentes solos numa guitarra semi-acústica, cantando com uma voz reflexiva e gutural e tirando solos da sua lendária harmônica renitente.
O culto começou, pontualmente, às 21h. Na mais de uma hora e meia de apresentação, viu-se um artista que se contradiz e se renova eternamente, acompanhado de uma banda competente e recheada por timbres country de guitarras Telecaster e baixo ora elétrico, ora estilo cello. A banda, composta por Charlie Sexton (guitarra), Stu Kimball (guitarra), Tony Garnier (baixo), George Receli (bateria) e Donny Heron (mandolim, trompete, violino e pedal steel), manteve o nível da apresentação criando climas que iam do folk ao rock, com a marca do blues sempre presente.
Robert Allen Zimmerman deu fim à ansiedade gaúcha iniciando o show atrás dos teclados comLeopard-Skin Pill-Box Hat. No primeiro toque da gaita, em Things Have Changed, levou a platéia aos berros. A emoção tomou conta da casa em Ballad of a Thin Man, mesmo com um Dylan cantando de uma forma impossível de ser acompanhada – constante no show. Somente no refrão da clássica Like a Rolling Stone, quando Dylan não cantou, Porto Alegre conseguiu mostrar ao mestre a sua paixão em forma de coro generalizado.
Conhecido como reservado e considerado arrogante por alguns, Bob Dylan demonstrou uma quase simpatia com sorrisos durante o show e na apresentação dos integrantes da banda, quando os mais atentos puderam ouvir o tímido "thank you guys" proferido pelo maestro da noite. No decorrer do concerto, as dancinhas empolgadas do cantautor compensaram qualquer desconfiança de antipatia - aqueles músicos estavam se divertindo sobre o palco.
O show encerrou, falsamente, com All Along the Watchtower. O bis aconteceu, como tem sido na atual turnê. Dylan e sua banda retornaram ao palco após mais de um minuto de um uníssono e inflamado brado clamando por seu nome. Executou o hino do folk de protesto dos anos 60, Blowin’ in the Wind. Na despedida final, momento curioso: a banda formou uma linha no palco para receber as palmas e, antes de sumir atrás das cortinas, Dylan fez pose e cara de quem insinua algo como "sim, foi isso mesmo". É a consciência de quem sabe que é amado e pode fazer o que quiser com suas músicas, de que Dylan é Dylan e jamais vai precisar ter o compromisso de ser apenas um.
Para os curiosos ou para os que não entenderam quais as músicas Dylan cantou no show de Porto Alegre, o setlist foi:
Leopard-Skin Pill-Box Hat
It’s All Over Now, Baby Blue
Things Have Changed
Tangled Up In Blue
Beyond Here Lies Nothin
Simple Twist Of Fate
John Brown
Summer Days
Desolation Row
Blind Willie McTell
Highway 61 Revisited
Love Sick
Thunder On The Mountain
Ballad Of A Thin Man
Like A Rolling Stone
All Along The Watchtower
Blowin’ In The Wind (Bis)
It’s All Over Now, Baby Blue
Things Have Changed
Tangled Up In Blue
Beyond Here Lies Nothin
Simple Twist Of Fate
John Brown
Summer Days
Desolation Row
Blind Willie McTell
Highway 61 Revisited
Love Sick
Thunder On The Mountain
Ballad Of A Thin Man
Like A Rolling Stone
All Along The Watchtower
Blowin’ In The Wind (Bis)
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Autor: Marcelo Ferreira
E-mail: marcelo_jornal@yahoo.com.br
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