::txt::Helder Caldeira::
Os e-books são a sensação mundial em vendas da atualidade. São modernos, portáteis, práticos, de fácil compra e acesso e, principalmente, infinitamente mais baratos. No entanto, o mercado editorial brasileiro ainda não compreendeu essa dinâmica econômica dos livros digitais. Ou pior: compreendeu e está tentando lesar os consumidores para ganhar mais dinheiro enquanto for possível manter encoberta a farsa bandida ao grande público brasileiro. Você, caro leitor, está sendo literalmente roubado.
Vou tomar como grande exemplo o meu próprio caso, afinal, nada melhor que uma experiência pessoal para ilustrar um assunto tão delicado. Acredito que a maioria dos meus leitores, desde os mais distantes ricões às grandes capitais, tenha ciência de que eu lancei, no final de janeiro, o livro “A Primeira Presidenta”, com a honra de ser a primeira obra publicada no país sobre a trajetória política de Dilma Rousseff.
Diante da morosidade das editoras na análise dos jovens autores e do cruel monopólio da intelectualidade reinante no Brasil, decidi arriscar tudo: banquei minha própria publicação, arcando com todas as responsabilidades, incluindo divulgação, marketing e afins.
Guardando ufanismos imbecis, mas sem ficar atolado em falsas modéstias, tive um resultado surpreendente e em questão de dias, com comércio exclusivamente digital, tinha vendido milhares de cópias. Como consequência imediata, algumas editoras começaram a me cercar interessadas em publicar meu trabalho, agora já reconhecido. Por não concordar com a política editoral anacrônica e até mesmo por certo rancor, neguei todas elas. E explico: depois que eu tinha me arriscado, bancado todo jogo e feito todo o trabalho, agora alguns estavam interessados em garfar uma fatia dos meus lucros. Simples assim.
Eis que a editora-chefe de uma empresa me apresentou aquela que considerei a melhor e mais justa proposta e nesta semana estamos chegando às livrarias e ao comércio eletrônico com “A Primeira Presidenta” pela Editora Faces, uma jovem e arrojada empresa, comandada por Bia Willcox, uma “mulher-alfa” que parece não dormir nunca. Sua proposta é perfeita: ser justa com o consumidor literário brasileiro e dar aos e-books a cara que eles realmente devem ter, como em qualquer outro lugar do planeta. Um livro digital, muito além da praticidade e da tecnologia embutidas em sua concepção, tem o dever absoluto de ser mais barato, mantendo uma expressa qualidade. E foi exatamente dentro desses critérios que a Editora Faces me seduziu. Me são caras e fascinantes a possibilidade brigar pela democratização do acesso aos livros digitais e a luta intransigente contra o monopólio intelectual e os roubos descarados a que os brasileiros estão sendo submetidos.
Parece papo de “comuna”? Não é não. Com a publicação do meu livro pela Editora Faces e o início das vendas, veio a grande surpresa: minha obra é uma das mais baratas do mercado atual. O livro está sendo vendido nos principais sites do país por apenas R$ 9,90. Ainda assim, eu estou recebendo minha devida e justa quantia pelos direitos autorais e a editora está ganhando seu naco para arcar com toda a equipe de profissionais envolvida no processo, além dos lucros e dos impostos, obviamente. Parece uma pizza pequena a ser dividida por muitos? É sim. Mas é justo. É honesto. Principalmente com os consumidores.
Enquanto isso, uma pesquisa rápida pelos sítios de comércio eletrônico me comprovaram o absurdo: livros cujas versões impressas são vendidas nas livrarias por R$ 40 estão sendo colocados à venda no formato e-book por algo entre R$ 35 e R$ 38. Ou seja, tanto os autores quanto às editoras estão enganando os consumidores e faturando alto com a padronização irresponsável de preços dos livros digitais no Brasil. Certamente, cada um desses e-books poderiam estar sendo vendidos por, no máximo, R$ 15. Mas há um cartel disposto a continuar lesando o bolso dos leitores enquanto essa realidade esquizofrênica permanecer no mercado editorial. Sinceramente, como escritor eu me sinto envergonhado e insultado com essa prática suja dos nossos “pseudonotáveis”.
Fique aqui o alerta: se você vai comprar um e-book e ele estiver sendo vendido por mais que R$ 20, tenha a certeza de que você está sendo descaradamente roubado. Nesse sentido, acredito no poder dinâmico do mercado em pressionar essas empresas por um preço justo para um produto cada vez mais moderno e que chegou para dominar o comércio literário. O e-book é uma realidade mundial e é sensacional. Mas o Brasil precisa, com urgência e no mínimo, corrigir sua compreensão sobre esse mercado. Caso contrário, vamos continuar no nosso atrasado atoleiro cultural.
#CADÊ MEU CHINELO?
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