:txt: Tiago Jucá Oliveira__
Existem no mundo duas raças completamente desprezíveis: marxistas e amantes do futebol burocrático. Aquele jogo que só busca o resultado, na base da força e da retranca, é o que há de pior no espetáculo bretão. Porém, há porém, há um caso diferente. O único marxista que vale a pena perder o tempo pra ler sua obra se chama Eric Hobsbawm. Exceto ele, os marxistas são incapazes de criticar as ditaduras soviéticas e cubanas, pois não tem espelho em casa nem cérebro suficiente pra elaborar uma autocrítica. Esses comedores de caviar não admitem que o nacional socialismo (na Alemanha, o partido nacional socialista abreviou o nome pra nazista) foi e é um regime autoritário, sem liberdade de expressão, na base da chibata aos opositores.
Hobsbawm consegue pensar. E tem uma escrita super maneira. Dele já li Bandidos, Rebeldes Primitivos, Revolucionários e História Social do Jazz, além de toda a série “Era” (das Revoluções, do Capital, dos Impérios, dos Extremos – aliás, sugiro a ele já começar, antes de morrer, a escrever a atual Era do Terror). O texto dele é incrível. A análise histórica, social, cultural e política são fantásticas e profundas, com argumentos e raiz. Como dizia os irmãos Maicá lá em Santo Cristo, “é com fundamento”.
Você, amigo leitor (prefiro o inimigo leitor), saberá onde quero chegar. Aliás, já cheguei, antes de você, que está aí parado a ler este texto, enquanto eu estou a fazer algo muito melhor. Eric Hobsbaw, no brilhante e essencial livro Era dos Extremos, afirma que, durante o breve século XX, “ no campo da cultura popular, o mundo era americano ou provinciano. Com uma exceção, nenhum outro modelo nacional ou regional se estabeleceu globalmente, embora alguns tivessem substancial influência regional, e um toque exótico ocasional entrasse na cultura popular comercial global de vez em quando, como os componentes caribenhos e lati-no-americanos de dança e música. A única exceção foi o esporte. ”
Opa, você irá dizer que esporte, principalmente futebol, não é cultura. Sim, você deve ser fã do Dunga ou do Fidel. Ouça Hobsbawm: “e quem, tendo visto a seleção brasileira em seus dias de glória, negará sua pretensão à condição de arte ?” Nesta época de Copa do Mundo (pena que acaba logo e voltemos a nos alienar com política e eleição) nossa seleção está com pouca arte. O único artista é Robinho, pois Kaká ainda se recupera duma contusão e Luís Fabiano está mais pra um matador, e dus bão, diga-se de passagem. Sem esquecer que o burro anão deixa Nilmar e Ramires no banco, e afogou o Ganso em alguma praia de Santos.
Ah, este texto que você ainda não acabou de ler, devido a sua lentidão típica dum Felipe Melo, foi escrito no dia de São João, véspera do confronto contra a seleção cruz maltina e após a exibição de dois belos artistas na Copa: Robben, do País Baixo, e Honda, do escrete nipônico. Ou seja, estou muito influenciado pela arte vista hoje, dia em que escrevo, e sem saber dos rumos de nossa seleção canarinho na Copa. Você talvez já saiba disso.
E se o leitor burocrático me contestar, ao dizer que futebol arte não vence, sugiro uma pesquisa no assunto. E irá saber dos fantásticos times do Brasil em 58, 62 e 70, ou da Argentina de 86, o Mengão de 81, a Máquina Tricolor de 83 e 2001, o Colorado de 75 e 76, o Verdão de 93 e 94, o Timão de 98 e 99. Futebol é arte. Nada mais.
#CADÊ MEU CHINELO?
segunda-feira, 28 de junho de 2010
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