#CADÊ MEU CHINELO?

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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

[mandachuva] ABRE O PONCHO DESTA ALMA

 

:: txt :: Tiago Jucá ::

A morte de um artista, às vezes, me faz revisitar sua obra e procurar entender um pouco mais sobre o ser humano que habitava aquela pele e tentar compreender o legado cultural deixado ao mundo. Foi assim com uns que eu era mega fã, tipo Lou Reed, Michael Jackson e David Bowie. E muitas recordações de atmosferas passadas vinham à tona, embaladas ao som das caixas.
 
Outros artistas revisito com eles ainda vivos. Odair José e Reginaldo Rossi são uns dos exemplos de eu voltar a ouvir algo que antigamente não dava muita orelha. E acabo por me dar conta de suas respectivas genialidades e da crucial importância deles para o cancioneiro popular.
 
Dou graças aos meus pais pelo meu apreço musical desde piá. Não era toda casa que tinha toca-discos e toca-fitas nos anos 80. Nem sempre por questão financeira, muito por desapreço cultural mesmo. E nossa humilde residência tinha dezenas de LPs para acompanhar cervejadas e churrascadas aos amigos que nos visitavam.
 
No crescer das pernas fui "confiscando" alguns vinis pra mim, somando à minha emergente coleção iniciada com Plunct-plact-zum. Um deles, uma coletânea com grandes sucessos de Jorge Ben, foi morar comigo em Porto Alegre depois de adulto. No apartamento no qual morei com dois amigos no Partenon, começo dos anos 90, um dia coloquei o babulina pra tocar. Jorge já era Ben Jor e havia caído num relativo ostracismo desde o boom do rock nacional oitentista. Ambos piraram com aquela guitarra swingada e com a sequência interminável de hits. Pouco tempo depois Jorge reaparecia com o político WBrasil e caíria novamente no gosto popular, com seus antigos sucessos revigorados. Os amigos não cansavam de realçar que o "Tiagão já ouvia antes de virar moda".
 
A recente morte de Telmo de Lima Freitas trouxe-me, primeiramente, esses vagos e remotos flashbacks infantis, de meu pai escutando a bolacha num domingo esfumaçado. Porém, há porém, o resgate das letras do xiru missioneiro me tem causado um despertar de angústias perante o atual e talibânico quadro político sanitário brasileiro. Me sinto um plebeu em plena idade média, com todo aquele obscurantismo científico cercado de pragas contagiantes e, surrealmente, desgovernado por um déspota fascista. O cheiro da fumaça parece de bruxas sendo queimadas pelo santo inquisitor.
 
Na avenida paralela à minha rua, a sirene da ambulância ecoa de hora em hora, transportando memórias passadas pra tentar salvar sonhos futuros. Não há nenhuma esperança de um iluminismo no fim da curva. E o verão fica cada vez mais gelado. Como diria Telmo, "abre o poncho desta alma, prenda minha, que eu preciso me abrigar, se o inferno for intenso, como eu penso, muito frio eu vou passar".

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

[agência pirata] REDEFININDO O ROCK



::txt::Leonardo Lichote::

Vinte anos após seu lançamento,'Nevermind' do Nirvana ganha tributos e reedições luxuosas e tem seu impacto avaliado


Verão carioca de 1993, sol queimando na tarde de cimento do Sambódromo, e a multidão de adolescentes vestia camisas de flanela xadrez - imitando o visual desleixado do Nirvana e de seus colegas grunge de Seattle, atração principal daquela noite de janeiro no Hollywood Rock. O figurino, tão absurdo quanto pertinente, repetido em vários pontos do mundo, era apenas a face mais superficial do impacto que a banda havia causado com seu segundo disco, "Nevermind". O álbum - que completa 20 anos no mês que vem, com um relançamento recheado de material inédito, shows e CDs-tributo espalhados pelo mundo - trazia por baixo do tecido grosso a música que redefiniria os rumos do rock (e da música pop como um todo) dali para a frente. Naquele momento, o mundo queria vestir camisa de flanela e ser "Nevermind", efeito provocado antes por álbuns como "A hard day's night" (Beatles) e "Thriller" (Michael Jackson). Extrapolando fronteiras de geração, canções do álbum foram gravadas por artistas como Paul Anka e Caetano Veloso, que escreveu recentemente em sua coluna no Segundo Caderno: "'Nevermind' é um dos discos que mais amei na vida."

UM BOM ANO: 20 discos incríveis lançados em 1991. Veja aqui

Mas o que o álbum - que teve uma tiragem inicial de 40 mil cópias, ambiciosa então para uma banda alternativa, mas ridícula frente aos 30 milhões que ele venderia - trazia para justificar o sucesso? Ou, mais que isso, sua condição de marco histórico? O jornalista americano Michael Azerrad, autor do livro "Come as you are: a história do Nirvana", aponta algumas razões:

- Parte da explosão do Nirvana se deve a razões clássicas. A banda veio com um álbum bem produzido, de canções de impecável carpintaria, grudentas. Quase todo mundo percebia que a música do Nirvana era poderosa e cheia de alma. O primeiro single do álbum ("Smells like teen spirit") imediatamente soou como uma das grandes canções da história do rock.

Angústia sob melodias pop

Talvez já fosse o suficiente, mas a chave da questão era maior do que a mera qualidade inegável da banda, nota Azerrad.

- Havia muito mais do que isso. Depois de anos de dance-pop vazio, como Milli Vanilli, e hair bands igualmente vazias, como o Warrant, os garotos queriam rock que falasse para eles e sobre eles, em vez de lixo aprovado por um punhado de executivos grisalhos. A música do Nirvana tinha um ponto crucial por trazer muito do underground que os garotos provavelmente conheciam, mas pelo qual não conseguiram se interessar tanto porque era muito cru e pobre em termos de melodia, até então. E não prejudicava o fato de o vocalista ser bonitinho - diz, referindo-se a Kurt Cobain.

O tal vocalista - que se suicidou três anos depois do lançamento do CD - estava no centro da potência da banda, que tinha ainda o baterista Dave Grohl, hoje vocalista dos Foo Fighters, e o baixista Krist Novoselic. E não só por ser "bonitinho", mas sobretudo pela angústia que, sob melodias pop, conseguiu imprimir na voz, na guitarra e nos versos niilistas, cheios de "I don't mind" ("eu não ligo") e "I don't care" ("eu não me importo") e momentos como "Eu estou tão feliz/ Porque hoje encontrei meus amigos/ Eles estão na minha cabeça" e "Eu juro que não tenho uma arma", que completam o romântico chamado "Venha como estiver" ("Come as you are").

- É um disco pop. Todas as melodias ficam na cabeça. Ao mesmo tempo, é bem cru e violento - afirma o baterista Marcelo Callado (Do Amor, BandaCê), que tinha 12 anos quando "Nevermind" foi lançado e aprendeu a tocar guitarra tirando de ouvido as canções do CD, um dos primeiros de sua coleção. - Talvez o alcance da doce porradaria seja seu legado.

Um legado que deixou marcas mesmo em campos insuspeitos da música contemporânea:

- "Nevermind" está em quase toda parte, do ponto de vista musical - diz o jornalista Arthur Dapieve, colunista do Globo. - A tensão e a distensão entre refrão e estrofes viraram lugar-comum. A música vem relativamente calma e explode no refrão. Isso é Nirvana, isso é Kurt Cobain esgarçando suas cordas vocais, isso é "Nevermind". O disco nos apresentou a uma alternativa mais visceral aos deprimidos anos 1980. Depois, mesmo bandas emo, que não têm um pingo de angústia existencial sincera, copiaram a fórmula.
Muito mais do que Kurt esperava. Sua ambição - nada modesta - era ser maior do que os Pixies, banda-referência da cena alternativa. Acabou, ainda em 1991, ultrapassando as vendagens do Guns N' Roses e destronando Michael Jackson e seu "Dangerous" do topo da lista de mais vendidos. E teve, mesmo sobre a geração estabelecida de artistas do rock, um impacto definidor.

- Foi digno de uma bomba nuclear - resume o baterista João Barone, falando sobre como o disco bateu sobre ele e seus colegas de Paralamas do Sucesso. - Ficamos muito impressionados e até aliviados pelo surgimento de um novo trio para realinhar o rock.
Como uma pedra caindo numa piscina, a influência do disco se espalha em ondas.- Muita gente foi filho do "Nevermind", como os Arctic Monkeys - cita o compositor Marcelo Yuka, que lança um olhar político sobre o fenômeno. - Eu fui pego pela sonoridade, mas as letras e a atitude foram o que mais me interessou depois. A atitude de entender o momento que aquela juventude estava vivendo. Na verdade, a juventude americana sofria por ser americana, e isso é um efeito colateral de todo sonho americano. Havia ali uma rebeldia com fundamento, a música expressando um trauma através da guitarra. É de arrepiar!

O guitarrista Dado Villa-Lobos, da Legião Urbana (que teve influências declaradas de Nirvana em alguns momentos do CD "O descobrimento do Brasil", segundo entrevistas do vocalista Renato Russo na época), é mais abstrato ao falar do disco:

- Energia melódica, eletricidade, intensidade 4x4 e algo a dizer da aldeia para o mundo.

Músicos da atual geração do rock brasileiro também louvam "Nevermind", como Fernando Catatau (para o guitarrista do Cidadão Instigado, Kurt é "um dos grandes nomes da música"), Helio Flanders, do Vanguart, que conheceu o álbum alguns anos depois do lançamento ("Eu me lembro de ouvir 'Lithium' pela primeira vez e ter vontade de quebrar a casa toda, me jogar no sofá"), e Pitty:

- Era um disco resgatando a simplicidade e as raízes do punk rock: uma galera meio ensebada, poucos acordes e berros primais. Me identifiquei imediatamente - diz a cantora.

Pitty está num dos tributos a "Nevermind", a coletânea americana "Come as you are". Outro projeto do tipo foi lançado pela revista "Spin", com artistas como Meat Puppets e Vaselines, bandas das quais Kurt era fã. Novoselic, ex-baixista do Nirvana, participará de um show em Seattle no dia 20 de setembro no qual o álbum será tocado na íntegra.

"Nevermind" será relançado pela gravadora Universal em diferentes formatos, do CD simples remasterizado à edição Super Deluxe (com quatro CDs e um DVD), passando pela Deluxe (dupla, com o disco original e outro de raridades e inéditas). O DVD e Blu-ray "Live at the Paramount", com um show gravado em 1991, também chega às prateleiras. Uma forma de manter a influência da banda viva, o legado que ecoa o ensinamento punk de que ter verdade é mais importante do que ter técnica, como destaca Flanders.

- Absurdamente intuitivo, Cobain deixou a arte de que mais gosto: arte bruta. Ele mesmo bradou: "Venha como você é".

E jurava, em seguida, que não tinha uma arma.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

[release] ONDE MORA O SEGREDO



::txt::Patricia Palumbo::

Muito se fala do suíngue da musica negra, mas se diz pouco sobre a sabedoria que vem do índio e do negro dos quais nós brasileiros herdamos o sangue e a cultura. “Quem balança como o mar não tem medo”, canta Arícia Mess em “Onde Mora o Segredo”. Essa cantora e compositora negra, carioca, descendente de índios, celebra a vida e o divino com sua música há mais de 15 anos. Ela nasceu com o ritmo e o pulso, incorporou a influência da música pop e faz qualquer um dançar sem o menor esforço. Mas não pense que basta se jogar na pista para curtir esse disco, prestar atenção nas letras faz parte da viagem.

Para Arícia Mess a arte é uma oferenda, uma forma de amenizar o sofrimento até mesmo de quem já foi. Por isso seu trabalho é dedicado às divindades femininas, às índias e negras que habitaram nosso país continental e que entregaram suas vidas em décadas de escravidão e dor. No batuque dos terreiros se faz a conexão com o divino, na pista a experiência se repete com alegria : “Rainha de Angola mandou dançar”. E todo mundo dança. Não dá pra ficar parado enquanto esse convite nos chama.

Arícia cuidou de cada detalhe dessa produção de qualidade técnica apuradíssima que tem a energia da música feita ao vivo. Por pouco mais de um ano ela testou esse repertório nos palcos e depois da banda quente e afinada gravou as bases com o power trio que a acompanha : Bruno Silveira (bateria), João Paulo Deo Gracias (baixo) e Mauricio Caruso (guitarra). Ela assina a direção artística do CD e todos os arranjos junto com a banda, Carlos Triha e Fernando Morello – esses, parceiros desde o final dos anos 90.

Arícia Mess em começo de carreira foi a sensação dos palcos cariocas com uma banda de 9 pessoas e essa mistura de música pop com tropicalismo baiano. O Brasil estava carente de originalidade e de balanço. Seu primeiro disco saiu em 2000 numa época em que ser independente não era nada comum. Ela foi uma das primeiras artistas a misturar sem medo o Tropicalismo (no caso de Arícia especialmente Gilberto Gil) com Michael Jackson e Stevie Wonder. Hoje a diversidade é o mote na expressão cultural no Brasil e ser independente é a principal saída.

Vinicius de Moraes já dizia que o samba é uma forma de oração. Aqui tudo celebra a vida com a sabedoria de quem sabe esperar a hora boa e seguir a correnteza. É só prestar atenção pra fazer a coisa certa, que nesse caso é ouvir “Onde Mora o Segredo” bem alto e se deixar contaminar pela força e pela felicidade que nos traz a música de Arícia Mess.

domingo, 5 de julho de 2009

MAIS +ou- MENAS #008

PORTO ALEGRE, BRASIL
que dia será amanhã ?

No observar dos dois grandiosos jogos aqui na capital do chulé, chegamos a seguinte conclusão. Porto Alegre não tem condições nenhuma pra sediar jogos de copa do mundo. Cidade sem estrutura viária, com uma polícia militar que bate em crianças e mulheres e com cartolas fora da realidade. Em breve merece um post aprofundado.



O senador Azeredo não lê O DILÚVIO. Mas o Peter Sunde, do The Pirate Bay, sim.

Dilma apóia Sarney. Quem te viu, quem te vê. Ela quase morreu lutando contra os comparsas do cabra, foi presa e torturada, e agora está de braços dado com o bigode. Além das plásticas no rosto, ela deve ter feito uma cirurgia no cérebro.




TAPA NA ORELHA

dj basket sound system

editor sonoro de O DILÚVIO Space Radio

Na semana em que Michael Jackson nos deu goodbye, não deixe de ouvir O DILÚVIO Space Radio. Fiz uma singela homenagem ao rei, com versões originais, remix, mashups, acústicos e curiosidades.



Outra novidade da porra é o novo disco do genial De Leve. O álbum, que se chama De Love, está menos funk do que o anterior, o já clássico Manifesto 1/2 171. A grande faixa, por enquanto, pois nossos ouvidos mudam de opinião a toda hora, é o dueto de De Leve com Totonho (dos Cabra) em "Pra ser feliz". A letra é surreal: "eu tinha tudo pra ser feliz/ segundo grau completo/ curso de datilografia/ uma passagem de ônibus". Você pode baixar o disco aqui e observar o comentário do próprio De Leve: "GOSTOU DO DISCO? ENTÃO PORQUE NAO COMPRA-LO POR R$5 CINCO REAIS E ME APOIAR PARA FUTUROS TRABALHOS?" De Leve não é contra download, mas ele tem razão. Baixou, gostou e tem dinheiro, então compre mesmo.



Pra quem curte mashups, é legal conferir o terceiro volume do povo do Hood, os ladrões de direitos autorais. São mais de 30 duelos, entre eles Estelle vs. The Ting Things, Fleetwood Mac vs. Daft Punk, T-Pain vs. TV On The Radio, Jay-Z vs. Xiu-Xiu e Lil Kim vs. MGMT. Imperdível. Acesse o site e baixe logo.

Pra quem curte música brasileira, vale uma dica quente. Meus amigos Caio Jobim e Pablo Francischelli produziram e dirigiram um programa que está em cartaz no Canal Brasil. "Pelas Tabelas" traz a cada programa dois artistas, que tocam e falam de suas carreiras. Eu ainda não tinha assistido ao programa, mas tive a oportunidade de ver ao lado deles nesta curta passagem de ambos pelo sul, na baia do De Nardi. E tá super bem feito, rico em detalhes e sem pressa. Vi dois programas: Siba e Roberto Correa, e Yamandu Costa e Hamilton de Holanda. Embora não conhecesse o suficiente de Roberto e de Hamilton, pude saber um pouco mais. Mesmo assim não o necessário pra considera-los gênios como o Siba e o Yamandu. Mas aí é aquela cousa: "ah, eu escolheria outros, ah, eu filmaria assim". Certo, talvez eu também, mas não é por aí que você deveria fazer uma crítica. Eu diria então: "ah, se eu fosse o Cabral teria vindo de avião". Pelas Tabelas é um ótimo panorama da música deste país. Assista. Canal Brasil, toda sexta, 21h, com reprise aos domingos, 12h.








DRM EM CRISE
Ivan carlos

do blog A Last Requiem


A Microsoft impede que usuários instalem programas legítimos após um período

Antes de “vomitar” algo sobre o DRM, vamos explicar:

O que é o DRM?

DRM é a sigla para Digital Rights Management, ou Gestão de direitos digitais (em português), e visa controlar, monitorar ou impedir acesso a conteúdos digitais, criptografando-os, bloqueando seu acesso ou requisitando alguma autorização remota prévia para disponibilizar o conteúdo em questão.

Atualmente o DRM está em praticamente todos os conteúdos oferecidos atualmente, como músicas, vídeos, jogos, aplicações em geral e sistemas operacionais, ele também está embutido em mídias de CD, DVD e BD, além de mídias proprietárias como o UMD.

leia mais >AQUI< Michael Jackson, o artista que vale mais morto que vivo




Miguel Caetano

do blog Remixtures

Foi há menos de uma semana que Michael Jackson, o auto-proclamado “Rei da Pop“, morreu. Mas há quem diga que o artista já tinha morrido há muitos anos atrás. Na verdade, os trágicos acontecimentos do dia 26 de Junho foram apenas o culminar de um lento processo de auto-degradação física e psicológica.

Quem acabou por lucrar de uma forma cruel e cínica com o falecimento de Michael Jackson foi a sua antiga editora, a Sony Music, que certamente já não esperava que o artista voltasse a ser a galinha de ovos de ouro que nos idos anos 80 ele foi. O que não é de estranhar, tendo em conta que no star system… [Continue a ler]




terça-feira, 30 de junho de 2009

UM NOVÍSSIMO JORNALISMO



# agência pirata #
Jornalismo em um mundo em transição

txt: Ronaldo Lemos
art: Andy Warhol



Em paralelo às notícias da morte do Rei do Pop, outra notícia que ganhou destaque em menor escala foi a de que as TVs, os rádios e os jornais do mundo foram "furados" pelo site TMZ, especializado em fofocas de celebridades.

Enquanto a mídia tradicional lutava contra o tempo para confirmar a morte do astro, o TMZ já proclamava que ele havia sofrido uma parada cardíaca. E, pouco tempo depois, destemidamente afirmava que Jackson havia morrido.

Essa notícia paralela chama a atenção por pelo menos dois pontos. O primeiro é o mais óbvio. A internet, em toda a sua diversidade e complexidade, estabelece um canal direto muito mais rápido para a produção de notícias. Cada vez mais, ela terá impacto mais direto na esfera pública.

A criação de "notícias", antes privilégio da mídia tradicional, tornou-se e irá se tornar cada vez mais descentralizada, valendo-se de Twitter, Facebook, YouTube, blogs, celulares e o que vier depois. Esse fato, em si, chama para a reinvenção da mídia tradicional. É preciso se reinventar para não se tornar caixa de ressonância do que todo mundo já ficou sabendo antes. Já vi teses de doutorado e editores de jornal dizendo que a situação atual é a inversa. Que a internet é a caixa de ressonância da mídia tradicional. Há um quinhão de verdade nisso. Mas a tendência, como o caso Michael Jackson denota, é que a situação se inverta.

O segundo ponto é verificar que o TMZ, que vem sendo apontado como herói das "novas mídias", na verdade é ligado à Time-Warner. Nada mais mídia tradicional do que isso. No entanto, vale notar que seu formato é muito mais próximo de um blog/tablóide do que de um jornal tradicional.

É como se o navio Time-Warner tivesse lançado uma lancha de alta velocidade no oceano das notícias. Essa "lancha" não tem as amarras do jornalismo tradicional, pode se mover a uma velocidade muito maior e, sobretudo, não tem de obedecer aos protocolos de segurança do grande navio.

Em outras palavras, as regras de cautela, apuração e confiabilidade não são as mesmas para o site. Ele pode correr riscos. E, por conta disso, por ser um produto híbrido entre nova e velha mídia, talvez tenha sido destemido ao afirmar com tanta segurança a morte de Michael Jackson.

A morte de Michael Jackson e a forma como foi noticiada simbolizam um mundo em transição. Ninguém sabe ainda para onde irá o jornalismo e como será formada a esfera pública nos próximos anos. E os desafios são enormes. Como reinventar não só as formas de participação, mas também uma ética nova para a rede, uma ética que não seja nem ingênua nem obsoleta? E que não seja imposta, mas sim construída.

O fato é que não existe marcha a ré nesse processo, para desespero dos saudosistas e das viúvas do velho mundo. Vamos ter de aprender a reinventar tudo a 1.000 quilômetros por hora. É hora de experimentação. É hora de renovação de paradigmas. E de lembrar que o mundo em que foi possível existir alguém como Jackson não existe mais.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

BLACK OR WHITE? GRAY




# manda chuva #
Bye, Mike

txt: Tiago Jucá Oliveira

Eu era um piá de bosta e pela primeira vez pisava meus pés de patos em Sampa. Naquele fevereiro de 1984, eu mais meus pais e ermãos voltávamos da casa de minha vovó em Fortaleza, e fizemos uma escala de 10 dias que abalaram o meu mundo. Na capital bandeirante, fomos visitar meu tio Chico, antes de retornar a Sanch Fritz.

Leandro e Rogério, meus primos, só queriam saber de dançar break e de ouvir um tal de Michael Jackson. Eu, na época, morava numa colônia alemã, pra onde meu pai havia sido transferido, distante 500 milhas da capital petropolitana. Então imagine comigo: guri novo, residente numa pequeníssima cidade de maciça imigração germânica, na divisa com a Argentina, tri distante de Porto Alegre, longe demais das capitais. Haveria alguma hipótese de conhecer e gostar de Michael Jackson?

A princípio aquele som e aquela dança não me soaram tão bem, era macaquice de meus primos e seus amigos de rua. Bastou uma ida às regiões centrais de São Paulo para notar que a cidade era um verdadeiro thriller. Aos ouvidos e olhos quase só havia espaço praquela onda contagiante. Mike já era rei.

Sábado agora a MTV reprisou um especial sobre o astro produzido naquela mesma época pra emissora gringa. E nessas horas, a morte de Mike pelo menos tem uma curiosidade legal: a releitura da obra. E redescubro meus oito anos de idade, de olhos arregalados, perdido na grandeza duma megalópole que recém adotava uma nova trilha sonora.

O que dizer da trípice funkeira 'I Want You Back', 'ABC' e 'The Love You Save', dos tempos de Jackson Five? Desde menino, Mike já era fabuloso. O pequeno príncipe era um gênio em três aspectos: voz, dança e expressão. Diante dos holofotes, dançava e cantava sem nenhuma timidez.

Durante quase uma década, me distanciei de Mike. Nossa amizade foi refeita no dia em que vi numa loja um CD dele. Thriller. Como eu não poderia deixar de ter o álbum que mais de 100 milhões de personas do mundo inteiro tinham. Redescobrir "Billie Jean" e "Beat It" foi fundamental no meu DNA musical.

Há uma segunda separação de meus ouvidos com o jackson beat. O reencontro se dá quando viro músico e DJ. As duas músicas citadas no parágrafo acima entram definitivamente no meu set list pra nunca mais sair. Certa vez, numa festa, vem aquele estereótipo de menina hiponga reclamar pra mim: "tira isso e põe um Mutantes ou um Raul". Dei nos dedos: "a festa do PSOL não é aqui". Não sei o que é pior: o preconceito contra música pop universal (Madonna, New Order, Prince) ou contra música popular brasileira (Odair José, Wando, Wanderley Andrade, Calypso, Zezé di Camargo e Luciano).

E eis aqui eu, entre encontros e reencontros com o maior astro da música de todos os tempos. O cara que botou os Beatles no chinelo, nos mostrando o que é música de qualidade, e não ieieiê. Agora que ele se desencontra definitivamente do mundo, eu prometo que não o deixo de lado jamais.

Ouça nossa homenagem a Mike em O DILÚVIO Space Radio. Versões originais, versões inusitadas, dubs, instrumentais, mixadas e mashups. Seleção musical by DJ Basket Sound System.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

MICHAEL JACKSON




# noéditorial #

O adeus

txt: da Redação dO DILÚVIO
chrg: Latuff


Os anos 80 trouxeram ao mundo um novo formato de artista: o popstar. E dois deles foram popstar ao extremo. Madonna e Michael Jackson. E por que eles foram o extremo? Pow, além de fama, sucesso, vida polêmica, não há como negar que ambos eram mais do que isso. Os dois fizeram naquela década um som extraordinário em todos os sentidos. Ninguém foi melhor ou mais influente.

Sim, não há como negar o peso que a indústria cultural tem no processo todo, com jabá e todas jogadas típicas de um Don Corleone da música. O foda do jabá é quando faz tocar música ruim. E porcaria, Michael Jackson não fazia. Nem Madonna.

A notícia da morte do astro maior do breve século XX chegou tarde a redação, e nos pegou de surpresa. Pedimos desculpas aos leitores pelo pequeno texto de hoje. Pedimos perdão por não aprofundar o assunto no exacto momento. Mas nos entretantos do porém, aqui vai nossa singela homenagem aos fãs do cara que revolucionou o conceito de artista e mudou a estética da música. Sem ele e sem Madonna, a gente seria hoje muito Beatles e Janis Joplin. Felizmente, não somos!

#ALGUNS DIREITOS RESERVADOS

Você pode:

  • Remixar — criar obras derivadas.

Sob as seguintes condições:

  • AtribuiçãoVocê deve creditar a obra da forma especificada pelo autor ou licenciante (mas não de maneira que sugira que estes concedem qualquer aval a você ou ao seu uso da obra).

  • Compartilhamento pela mesma licençaSe você alterar, transformar ou criar em cima desta obra, você poderá distribuir a obra resultante apenas sob a mesma licença, ou sob licença similar ou compatível.

Ficando claro que:

  • Renúncia — Qualquer das condições acima pode ser renunciada se você obtiver permissão do titular dos direitos autorais.
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    • Limitações e exceções aos direitos autorais ou quaisquer usos livres aplicáveis;
    • Os direitos morais do autor;
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