#CADÊ MEU CHINELO?

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

[over12] FORA DO EIXO E LONGE DE MIM

::txt::China::

Ontem de tarde rolou um debate aca­lo­rado via twit­ter sobre o Fora Do eixo e as ques­tões que levanto a res­peito desse cole­tivo. Não é a pri­meira vez que os ques­ti­ono, mas como hoje a reper­cus­são foi grande, inclu­sive por parte de jor­na­lis­tas e músi­cos que admiro, resolvi escre­ver este texto, pois per­cebi que não adi­an­tava escre­ver 140 carac­te­res. A galera só lê o que con­vém.

Como não é nenhuma novi­dade o que penso sobre o FDE, escrevo nova­mente, mas agora com espaço para colo­car tudo o que penso e sem nin­guém dis­tor­cer nada do que eu falo. Quem qui­ser saber minha opi­nião, leia esse texto até o fim e, por favor, não fique tirando fra­ses des­lo­ca­das do con­texto para mon­tar seu contra-argumento…use o texto inteiro.

As pes­soas me per­gun­ta­ram o que seria o Fora do eixo e o cubo card, pois muita gente não faz a menor idéia do que isso seja. Então, deixa eu expli­car.
A grosso modo, o FDE é um cole­tivo que orga­niza shows e even­tos artís­ti­cos pelo país, com cola­bo­ra­do­res em quase todos os Estados do Brasil.
Cubo card é a moeda que eles inven­ta­ram. Sim, eles tem a sua pró­pria moeda.

Mas antes de tudo, pre­ciso escla­re­cer umas coi­sas que foram dis­tor­ci­das no twitter.

Não estou falando pela MTV e nem como VJ. Estou ques­ti­o­nando o FDE como músico. No MTV na BRasa nunca levan­tei qual­quer ques­tão sobre o FDE e nem farei isso, por­que é des­leal. Tenho muito mais visi­bi­li­dade (por estar na TV todos os dias) do que os mem­bros do FDE. Seria muita filha­da­pu­ta­gem da minha parte ficar metendo o pau no cole­tivo durante o pro­grama. Até por­que, as pes­soas que assis­tem o MTV na BRasa que­rem saber sobre as ban­das e não sobre o cole­tivo FDE. E, como fun­ci­o­ná­rio da MTV, faço o que os meus supe­ri­o­res me pedem, afi­nal de con­tas, recebo para fazer o tra­ba­lho que me foi ofe­re­cido. Se ama­nhã a MTV dis­ser que eu tenho que falar bem do FDE no pro­grama, vou falar tran­qui­la­mente, pois é o meu tra­ba­lho, e na MTV eu sou pago para exe­cu­tar o que me pedem. Isso não quer dizer que eu con­corde, mas ordens são ordens.

Na minha car­reira musi­cal é outra história…eu sou o meu chefe e esco­lho o que é melhor para a minha car­reira. E como músico, posso ques­ti­o­nar o que eu não acho inte­res­sante para o meu tra­ba­lho.
Eu vivo da música e pre­ciso rece­ber os cachês dos shows para con­se­guir sobre­vi­ver.
Ainda não estão acei­tando cubo card na pada­ria e em nenhuma conta que eu tenho que pagar no fim do mês.

Eu me valo­rizo como artista! E tenho cer­teza abso­luta que tenho que ser remu­ne­rado pelo meu tra­ba­lho. Ou melhor, qual­quer tra­ba­lho tem que ser remunerado.

O jor­na­lista e escri­tor Pedro Alexandre Sanches, que eu admiro há muito tempo e sou fã de sua escrita e sabe­do­ria, me escre­veu o seguinte no twit­ter:
“RT @pdralex Faço só um lem­brete ao que­rido @chinaina: a MTV, como todo veí­culo de comu­ni­ca­ção, pega dinheiro público. Questionamos todos, ou só alguns? #IdeiasPerigosas”

Não sei por­que ele enfiou a MTV no meio desse papo. Eu não me ins­crevo em edi­tal de cul­tura para rece­ber meu salá­rio na MTV…e em momento algum eu estava falando como fun­ci­o­ná­rio da MTV, que isso fique claro!!!
Meus ques­ti­o­na­men­tos são como músico que atua a quase 14 anos no cená­rio naci­o­nal. Se a MTV pega ou não grana pública não é um pro­blema meu. Não sou o dono da MTV. Sou ape­nas um pres­ta­dor de ser­vi­ços. O que posso dizer é que eles estão pagando meu salá­rio em dia. Nunca atra­sa­ram e nem ofe­re­ce­ram Cubo Card em troca do meu suor.

Foda é quem pega dinheiro público para fazer um fes­ti­val de música, por exem­plo, e não paga aos artis­tas, que são a maté­ria prima da coisa toda.

E mais…quem disse que sou con­tra as leis de incen­tivo ou cap­ta­ção de ver­bas públi­cas? Não sou con­tra não, mas acho que as leis de incen­tivo têm que ser melhor for­mu­la­das, exa­ta­mente para não bene­fi­ciar ape­nas os esper­ta­lhões da cul­tura, que só con­se­guem se movi­men­tar as cus­tas de tais editais.

Eu fui incen­ti­vado pelo FUNCULTURA, o fundo de cul­tura do Estado de PE, quando gra­vei o “Simulacro”, meu disco de 2007. Quando fui pro­du­zir o “Moto Contínuo” não tive cora­gem de me ins­cre­ver, de novo, em um edi­tal. O nome já tá dizendo:“Incentivo”.
Eu já havia sido incen­ti­vado, não tinha sen­tido algum me ins­cre­ver nova­mente. Então ban­quei o disco com a grana que eu ganhava nos shows. E sem leis de incen­tivo ou edi­tais de cul­tura paguei meu disco e ainda pren­sei CD e vinil (que tá che­gando no iní­cio do pró­ximo mês). Acho que inde­pen­dên­cia é isso. Mas nem me con­si­dero um inde­pen­dente total, pois pre­ci­sei da ajuda de vários ami­gos para rea­li­zar esse trabalho.

Não sou con­tra quem capta dinheiro atra­vés das leis de incen­tivo e edi­tais de cul­tura…de forma alguma. Só acho que pre­cisa haver um “seman­col” por parte de quem ins­creve os seus pro­je­tos todos os anos. Não dá pra ficar mamando na teta do governo a toda hora. E o minis­té­rio da cul­tura pre­cisa melho­rar a lei, para que ela sirva a todos e não ape­nas a alguns.

Seguindo no mesmo tema, um outro cara me escre­veu no twit­ter:
”@chi­naina o seu ultimo show em recife foi em fes­ti­val com $ publico, é errado? sem falar shows pela pre­fei­tura! errado tb?#IdeiasPerigosas”

Não é errado tocar em fes­ti­vais que são ban­ca­dos com dinheiro público. Errado é cap­tar o dinheiro público e não pagar aos envol­vi­dos.
Eu fui pago para tocar nes­ses even­tos. Que isso fique claro também!

Mais uma do twit­ter:
”@chi­naina vai lá. com essa visão sen­sa­ci­o­nal de mer­cado que você tem, vamo ver por quanto mais tempo você recebe seu cachezão”

Então qual é a visão certa? tocar de graça? não rece­ber pelo meu tra­ba­lho? É isso o que estão me pro­pondo? Não, obri­gado.
É o FDE quem tem a polí­tica certa de mer­cado? Também não.
O que acon­tece é que nin­guém sabe qual será o cami­nho do mer­cado cul­tu­ral e fono­grá­fico. Não dá pra dizer qual é o melhor cami­nho. Existem algu­mas opções e pou­cas cer­te­zas. O mer­cado cul­tu­ral no Brasil ainda não se achou.
É claro que o governo tem que cui­dar da cul­tura, mas não pode ser a única saída para ela.
Rolou uma grande enchente em Pernambuco, que dei­xou muita gente desa­bri­gada. Sabe onde o governo fez o pri­meiro corte de des­pe­sas para aju­dar os desa­bri­ga­dos? Na cul­tura!
O governo está errado? Lógico que não. Eu faria o mesmo.
Então, tá claro que não dá pra ficar depen­dendo só do governo, né?

E a banda Macaco Bong, que eu gosto pra cara­lho, me escre­veu isso:
RT @Macacobong: @chi­naina não tem essa de tamo colado pelo som. ou ta colado ou nao ta.

Eu admiro o som dos caras. Todos ótimos músi­cos, mas não con­cordo com as idéias que eles têm sobre a polí­tica do FDE e etc…
Normal. Cada um pensa como quer.
Mas esse papo de “tá colado ou não tá” parece coisa de patru­lha­mento ide­o­ló­gico. Rolou um novo AI-5 e eu não soube?
Tô colado no Macaco Bong pelo som, sim! Comprei o disco deles. Acho muito bom. E mesmo que as nos­sas idéias sobre as polí­ti­cas cul­tu­rais sejam dife­ren­tes, con­ti­nuo achando o som deles sen­sa­ci­o­nal e um dia pre­tendo fazer algo com a rapa­zi­ada.
Opinião todo mundo tem. E eu res­peito todas. Não fico ten­tando cate­qui­zar ninguém.

O cara mais coe­rente nesse debate todo que rolou durante a tarde foi o músico e pro­du­tor Daniel Ganjaman. E foi por causa de um twit­ter dele que come­çou esse papo todo. hahahahaahahaha.

Ele tui­tou algo sobre o con­gresso FDE e eu tirei uma onda (juro que achei que era uma tirada irô­nica dele)… brin­quei com ele, como já rolou um monte de vezes, inclu­sive. Acho que tenho essa inti­mi­dade para brin­car com Ganja, do mesmo jeito que ele tem total liber­dade para tirar a onda que qui­ser comigo. Conheço essa jóia há mui­tos anos.
Ele colo­cou as suas opi­niões e eu colo­quei as minhas. Em momento algum ele ten­tou me “cate­qui­zar”. Apenas expôs suas con­vic­ções. E eu as minhas, claro.

Se o FDE está ser­vindo para Ganjaman, ótimo. Ele tá rece­bendo direi­ti­nho pelo seu tra­ba­lho? Não sei. Tá tudo certo entre as ações de Ganjaman e o FDE? Deve estar, né? Se ele tá dizendo que o cole­tivo é impor­tante para a cena cul­tu­ral bra­si­leira é por­que deve estar tudo em cima mesmo…para ele.

Para vários artis­tas desse país não é bem assim. Conheço deze­nas de ban­das que pas­sa­ram pelos even­tos orga­ni­za­dos pelo FDE e recla­mam do não paga­mento de cachês e da falta de estru­tura para exe­cu­tar o seu tra­ba­lho.
E vários des­ses even­tos foram ban­ca­dos com dinheiro público.
Aí eu per­gunto: se tem dinheiro público na parada é por­que rolou um edi­tal, certo? Se rolou um edi­tal, tinha lá o nome das ban­das que toca­ram, certo? Se tinha o nome das ban­das, devia ter o valor cobrado pelas apre­sen­ta­ções, certo? E se tinha isso tudo, cadê o dinheiro para pagar as ban­das?
Não, meus caros, não são todos que rece­bem pelos shows. Apenas alguns. Talvez os que apóiam as ações do cole­tivo FDE.

Só por­que é artista inde­pen­dente tem que tocar por amor a arte?
Amor ao que faze­mos já existe, mas isso tam­bém é um tra­ba­lho… e pre­cisa ser remunerado.

Quem não se lem­bra da entre­vista do Sr. Pablo Capilé, falando que as ban­das tinham que tocar de graça mesmo? Ele dizia: “Eu sou den­tro da ABRAFIN um defen­sor de que não se deve­ria pagar cachê as ban­das”.

A ABRAFIN, para quem não conhece, nas­ceu pri­meiro que o FDE e con­siste em uma rede de fes­ti­vais inde­pen­den­tes for­mada pelos pro­du­to­res des­ses fes­ti­vais. Alguns des­ses pro­du­to­res toca­vam em ban­das pouco conhe­ci­das ou eram empre­sá­rios artís­ti­cos. As ban­das “apa­dri­nha­das” por eles toca­vam na mai­o­ria dos fes­ti­vais orga­ni­za­dos pela ABRAFIN em todo país. Estranho, né? Parece coisa de máfia. Mais estra­nho ainda era o fato deles pega­rem grana pública para ban­car os fes­ti­vais e não paga­rem aos artis­tas que não “esta­vam” com eles, claro. E não estou falando de calote. O papo era reto; não temos cachê para te pagar. Se qui­ser tocar é assim.
Já me con­vi­da­ram para tocar em alguns fes­ti­vais orga­ni­za­dos pela ABRAFIN. Nunca topei. Mas o papo era: China, te damos ali­men­ta­ção, hotel e pas­sa­gens aéreas para a sua banda. Para a equipe não rola, pois temos ótimos pro­fis­si­o­nais aqui (que nunca tra­ba­lha­ram comigo, vale lem­brar).
E eu per­gun­tava: Mas e o cachê?
E a res­posta era: Cara, você vai ter a chance de tocar para um grande público e ainda pode pas­sar o fim de semana aqui para conhe­cer a cidade. Não temos como te pagar um cachê.
Minha res­posta era (aprendi com um amigo): Se vocês me derem hotel e ali­men­ta­ção o ano todo, eu toco de graça no fes­ti­val. Se fosse assim, eu não me pre­o­cu­pa­ria com as con­tas, né? Tava tudo certo. E se eu qui­sesse fazer turismo, eu não iria tra­ba­lhando, iria de férias.
Ah, e não era per­mi­tido ques­ti­o­nar a ABRAFIN. Se ques­ti­o­nasse, você estava auto­ma­ti­ca­mente eli­mi­nado de todos os fes­ti­vais orga­ni­za­dos por eles.

Mesmo na época em que só exis­tia a ABRAFIN, tinha gente defen­dendo essa asso­ci­a­ção. Mas os que defen­diam esta­vam se bene­fi­ci­ando da mesma (claro, nin­guém vai falar mal do lugar onde se ganha o pão). Ou eram cura­do­res que rece­biam pela tal cura­do­ria, ou eram uns pou­cos artis­tas que rece­biam cachê. Que eu me lem­bre, nunca toquei num fes­ti­val da ABRAFIN…e se toquei, pode ter cer­teza que recebi meu cachê, senão nem saía de casa.

Vários pro­du­to­res que faziam parte da ABRAFIN caí­ram fora da asso­ci­a­ção. Por que será?
O FDE fun­ci­ona mais ou menos sob os mes­mos con­cei­tos da ABRAFIN. O cole­tivo fala que fez mais de 5.000 shows pelo país. Meus para­béns. Mas vamos aos fatos:

1– Se o FDE capta dinheiro público para orga­ni­zar as suas ações, por que deze­nas de artis­tas recla­mam que não rece­bem cachê? Pra onde vai esse dinheiro?

2– De que adi­anta fazer 5.000 shows por ano se a mai­o­ria deles são em luga­res que não ofe­re­cem uma mínima estru­tura para uma boa apre­sen­ta­ção? Isso só queima a banda e não ajuda em nada na car­reira da mesma.
Não adi­anta ter quan­ti­dade, e sim qualidade!

3– Qualidade é outro ponto. Uma banda (que não cita­rei o nome) disse que fez uma turnê pelo FDE. Quase 30 shows. Desses quase 30, ape­nas 3 ou 4 tive­ram cachê (que foram pagos pelos sescs onde eles se apre­sen­ta­ram). Os outros 20 e tan­tos foram em luga­res que não tinham a menor estru­tura para se apre­sen­tar. Som de pés­sima qua­li­dade e equipe inex­pe­ri­ente. Sem falar no público de menos de 25 pes­soas… numa quinta-feira, e no inte­rior sei lá de onde. E os músi­cos ainda tinham que ficar pela casa dos ami­gos.
Se é pra ficar na casa dos ami­gos e não rece­ber cachê, por­que eu pre­ciso de um cole­tivo para orga­ni­zar a minha turnê? Eu mesmo ligo para o con­tra­tante e vou lá tocar.

4- Quem banca a casa FDE em SP?

5– Se o governo mudar nas pró­xi­mas elei­ções o FDE se sustenta?

Estes são ape­nas alguns pon­tos. Tem mais um monte de his­tó­rias nebu­lo­sas, que não posso con­tar por­que não acon­te­ce­ram comigo, mas com outros artis­tas que pre­fe­rem ficar fora do eixo dessa dis­cus­são por medo de reta­li­a­ções. O que é uma pena.

Mas… antes que vocês pos­sam res­pi­rar, eu con­ti­nuo a linha de pensamento.

Acho que uma banda deve tocar de graça quando valer a pena. Se o fes­ti­val vai dar visi­bi­li­dade, se os for­ma­do­res de opi­nião esti­ve­rem lá e se tiver um bom público para apre­ciar o seu tra­ba­lho.
Eu já toquei de graça milhões de vezes, mas nunca ia numa rou­bada. Pra falar a ver­dade, todas as rou­ba­das que peguei com minha banda foi por tocar depen­dendo do cachê refe­rente a bilhe­te­ria do show. As vezes não dava gente mesmo e eu tinha que arcar com os cus­tos. Acontece.

Os mes­mos canais que o FDE tem, você tam­bém tem. Todas as casas de show tem site, é só entrar em con­tato. Os canais que eles têm, e que você não tem acesso, é onde deve estar a grana. Mas você tam­bém pode se ins­cre­ver em um edi­tal de cul­tura e bata­lhar o seu tutu. Se vai con­se­guir, são outros qui­nhen­tos, ou não.

Se você não valo­riza o seu tra­ba­lho nin­guém vai valorizar.

Só quem cresce no FDE é o pró­prio nome do cole­tivo, que usa o talento e suor das ban­das para garan­tir a pró­xima verba para as suas atividades. Esse papo de que estão aju­dando a cena inde­pen­dente é con­versa mole. Alguns mem­bros do FDE estão fazendo nome (e polí­tica) em cima dessa cena. Não duvido nada que algum des­ses caras se can­di­date a depu­tado nas pró­xi­mas elei­ções. E o slo­gan já está pronto: EM DEFESA DA CULTURA BRASILEIRA.
Haja paciência.

Concluindo…

Não sou con­tra o FDE!
A idéia é linda mesmo. Sensacional! Imagina uma rede de fes­ti­vais pelo país inteiro… onde as ban­das vão cir­cu­lar e mos­trar o seu tra­ba­lho? Chega a emo­ci­o­nar.
O modus ope­randi é que é estra­nho, esqui­sito mesmo.
E não acho que o cole­tivo FDE é for­mado só por maçãs podres. Tem muita gente boa tra­ba­lhando no cole­tivo. O pro­blema é que enquanto uns estão real­mente lutando para achar um lugar ao sol, outros se apro­vei­tam na sombra.

Nunca toquei nos even­tos FDE por­que não con­cordo com o jeito que as coi­sas fun­ci­o­nam por lá.
Acho que tenho argu­men­tos sufi­ci­en­tes para ques­ti­o­nar as ati­vi­da­des do FDE.
No dia que as coi­sas forem dife­ren­tes (e não só para mim, mas para um monte de artis­tas que se sujei­tam a essas con­di­ções), eu faço meu show com o maior prazer. Mas o FDE vai ter que pagar meu cachê, claro, e eu só faço shows com a minha equipe. Não dá pra cor­tar nin­guém… pelo bem da apre­sen­ta­ção. Para um bom show acon­te­cer, tem que ter uma boa equipe tra­ba­lhando para que tudo corra bem.
Mas se o esquema for como está, onde pou­cos se bene­fi­ciam, dizendo que o FDE é uma coisa incrí­vel, a sal­va­ção da pátria… nem pre­cisa ligar no meu escritório.

Agradeço o con­vite para assis­tir ao con­gresso FDE, mas não quero envol­ver meu nome nisso. Tenho vários ami­gos que se arre­pen­de­ram de ter asso­ci­ado seu nome ao FDE. Não serei o próximo.

E para os desa­vi­sa­dos que não conhe­cem a minha his­tó­ria…
Já toquei de graça (quando valeu a pena), Já fui enga­nado por empre­sá­rios, já fiz inú­me­ras tur­nês de Ônibus saindo de Recife e rodando o Brasil inteiro. Já toquei (e toco) em gran­des fes­ti­vais, já pas­sei por gra­va­do­ras, já lan­cei dis­cos de forma inde­pen­dente, já fui con­tem­plado por edi­tais de cul­tura, já ban­quei meu disco, pro­duzi dis­cos, tenho um estú­dio e um selo para lan­çar novos artistas…ou seja, já pas­sei por todo o cal­vá­rio para me tor­nar um artista cons­ci­ente.
Minha car­reira vai super bem. Acabei de lan­çar disco novo e tenho feito vários shows… todos com cachê, diga-se de pas­sa­gem.
E houve boa­tos de que eu estava na pior…hahahahahahahaha.

Último twit­ter…

Tamo quase fechando com o @chi­naina pro show de aber­tura do #con­gres­sofdebit.ly/vtQyAr #IdeiasPerigosas

Obrigado, mas eu não tra­ba­lho por Cubo Card.

Notas: Leia a carta aberta de João Parahyba do Trio Mocotó. Ele tam­bém se inco­moda com as mes­mas ques­tões.
Leia tam­bém a entre­vista que dei para o Diário de Pernambuco, que foi com­par­ti­lhada neste site, falando sobre FDE, governo, leis de incen­tivo e #motocontinuo.

E não pode­ria dei­xar de colo­car aqui o texto de Alvaro Pereira Júnior, inti­tu­lado: Indies esta­tais.


Para bom enten­de­dor meia foto basta.

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