#CADÊ MEU CHINELO?

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

OS NEO FASCISTAS



# manda chuva #
Cresce a simpatia pelo autoritarismo

txt: Tiago Jucá Oliveira

Resolvemos jogar uma isca no twitter e pescar opiniões. O resultado foi lamentável. Jornalistas, amigos, estudantes e demais áreas criativas de nossa sociedade apóiam ditaduras, ruralistas, latifundiários, coronéis e distruição de alimentos.

Como diz o açougueiro, vamos por partes. Cuba há 50 anos é dominada por uma ditadura. Naquela ilha a população não tem dinheiro, não pode reclamar, não tem liberdade de expressão, nem pode mudar de governante. Se isso não é ditadura, o que é então? Mas como os fatos estão aí pra provar que Cuba vive sob a batuta dum ditador, impossível crer que haja apoiadores a esta barbárie. Acredito que seja uma brincadeira só pra me contrariar ou chamar atenção. Uma pessoa do bem não apóia regimes totalitários.

Em Honduras, a elite latifundiária rachou. Uma ala decretou um golpe, e o presidente deposto, um coronel estilo Sarney em versão hondurenã, passou a ser o novo ícone do socialismo moreno. Com um discurso que lembra o nacionalismo de Hitler, hoje incorporado por Chávez, Zelaya tem apoio inclusive do #pio (partido da imprensa oficialesca), fiel aliado do governo Lula/Sarney/Renan. Também sou contrário a golpes, mas idolatrar um filhote da elite agrária passou dos limites. "Ah, mas ele foi eleito pelo povo". Ok, mas o Collor também foi, e gastamos a garganta com o "Fora Collor", assim como estamos hoje a gritar "Fora Sarney" e "Fora Yeda". Somos golpistas?

Quem conhece O DILÚVIO sabe do nosso apoio a causa da reforma agrária pela qual o MST luta. Mas por favor, apoiar a distruição de alimentos é ridículo. Se defendem a reforma agrária, como podem defender esse ato babaca num país faminto que nem o Brasil? Se, como a gente, não gostam da perseguição da grande mídia em relação ao MST, por que apóiam um facto que só dá munição a esta mesma mídia? O governo federal, através do ministro da agricultura, representante dos ruralistas, foi o primeiro a criminalizar a atitude sem noção do MST. Quem aplaude isso é a classe média que nunca passou fome na vida.

A reação de pessoas a algumas frases nossas serve pra ilustrar o que temos por aí. O discurso do nacionalismo, do socialismo, do autoritarismo, do totalitarismo e da censura; o desrespeito a opiniões contrárias e o culto a falta de liberdade de expressão; a contradição entre defender coronéis e elite latifundiária ao mesmo tempo que defende o MST, e também de quem defende reforma agrária mas acha lindo distruir comida.

Pra quem não lembra da história, cabe aqui lembrar o nome do partido que chegou ao poder na Alemanha nos anos 30: Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Depois veio o irmão do nazismo, que só caiu em 1989 junto com as ruínas dum muro. Foram mais de 60 anos de totalitarismo, falta de liberdade e muitas mortes. Estima-se que o Nazi-Comunismo tenha matado quase 100 milhões de pessoas. E você defende isso?

5 comentários:

Douglas disse...

Vocês parecem que vivem na época da Guerra Fria: ou está do lado dos EUA ou da URSS. O fato de simpatizar ou criticar algo não significa, pelo menos para mim, que se concorda com tudo que é a favor e discorda de tudo que é contra.

O caso de Honduras é interessante. O fato em questão não é nem se Zelaya é um "coronel no estilo de Sarney" (uma informação que você não justifica com dados, apenas afirma de forma leviana), mas sim que ele foi eleito pelo voto e retirado de lá por um golpe, exilado do país de madrugada, enquanto dormia em sua casa. Se ele cometeu - ou cometia - alguma ilegalidade, elas deveriam ser apuradas e ele julgado e condenado pelas leis daquele país, caso fosse considerado culpado. Golpe nunca é a melhor saída.

Para quem chama Hugo Chávez de autoritário (e comete a infantilidade de compará-lo a Hitler), seria bom se lembrar de que quem foi vítima de um golpe foi o próprio Chávez, em 2002. Por mais que não gostem dele, não há como negar que ele age dentro dos limites da democracia e suas medidas mais polemizadas pela imprensa brasileira têm respaldo legal.

Em 31 de março de 1964 o que aconteceu no Brasil foi exatamente igual ao que aconteceu em Honduras, com a desculpa de que o "Comunismo rondava o Estado de Direito", deram o golpe apoiado pela elite branca, pela CIA e pela imprensa brasileira.

Quanto a Cuba, bem, o primeiro-ministro cubano é eleito por um parlamento. Este, por sua vez, é eleito por deputados escolhidos pelo povo em eleições que ocorrem a cada dois anos. A Revolução Cubana cometeu inúmeros erros, mas reduzi-la a um parágrafo de críticas furadas (que parecem ter sido extraídas de algum semanário tucano), também é errado. Além do mais, após erros e acertos, Cuba alcança índices sociais inigualados por nenhuma outra nação da América, mesmo sob o bloqueio econômico da maior potência econômica e bélica da Terra.

E quanto às laranjeiras da Cutrale, que foram destruídas pelo MST, bem, esse é outro caso interessante. Esta empresa grila terras devolutas, faz parte de um cartel de produtoras de laranja (com outras três empresas, uma brasileira ligada ao grupo Votorantin, uma holandesa e uma francesa, que juntas detém mais 50 milhões de pés de laranja, o que configura 30% do total de árvores produtoras de laranja do estado de SP) e pratica a monocultura, o que históricamente já ficou comprovado que é um erro ambiental, econômico e social. O MST plantaria feijão na pequena parte da fazenda em que foi derrubada as laranjeiras. Assim como no caso da Aracruz celulose, em que as mulheres do MST destruiram mudas de eucalipto, foi só com uma ação de "barbaridade" que se permitiu alcançar a noticiabilidade para denunciar as práticas desta empresa, muitas vezes ilegais e danosas ao meio ambiente.

A revista O Dilúvio é um veículo extremamente interessante e faz um trabalho muito importante, principalmente no que tange ao fortalecimento cultural-musical de nosso país. Contudo, boas críticas precisam de bons argumentos e comparar o Comunismo com o Nazismo é cometer um erro histórico. Os teóricos do comunismo nunca versaram sobre genocídios e não explicam a matança que já ocorreu em tantos países dito "comunistas". Aliás, o comunismo nunca ocorreu em escala nacional no mundo moderno, pois jamais houve um único país sem estado. Falar que o comunismo é mau por causa de figuras como Stálin e Mao Tsé-Tung é o mesmo que afirmar que o cristianismo é opressor e ruim por causa da Santa Inquisição. Há que se analisar do todo para o ponto e não o contrário, tomar um único ponto (ou alguns pontos) e apontá-los como verdade.

Vocês são mais espertos do que isso e podem fazer reflexões verdadeiras sobre quaisquer coisas no mundo.

Gostaria de, mais uma vez, parabenizá-los pelo ótimo trabalho desenvolvido na revista. Continuem assim. Saibam que vocês têm o meu respeito e admiração.

Um abraço desde os confins curitibanos.

Douglas

Tiago Jucá disse...

creio que você leu outro texto e depois veio aqui dizer que nossos argumentos foram tirados de um seminário tucano. a partir daí não há muito o que argumentar, até pq isso é só um post e não uma dissertação.

mas voce tb comete inúmeros erros. o que há em cuba é uma ditadura sim, não preciso provar o que o já está provado.

zelaya é um coronel de origem da elite latifundiária. se é certo ou nao tira-lo do poder, nao foi essa a intenção do texto, e sim indagar como podem morrer de amor por um sarney hondurenho.

a empresa das laranjas deve ser mais uma entre tantas máfias do latifundio brasileiro. mas nao foi isso que estamos analisando. estamos, sim, é condenando é destruir comida, seja ela de quem for. eles deviam ter saqueado e dado de graça pro povo.

se comunismo nao é comunismo por causa de stalin ou mao, entao vou dizer que o nazismo é bom, apesar de hitler.

tenho minhas referencias teóricas, e elas todas poe nazismo e comunismo no mesmo saco.

mas obrigado pelas palavras de apoio! continue nos lendo. nao vamos mais falar mal dos ditadores nem dos coronéis

PSICOPATOS disse...

Saio em defesa do Jucá, meu amigo e irmão de alma. Não porque é meu amigo, nem concordamos em tudo, travamos nossa peleia no campo das idéias, mas principalmente pela coragem de dizer o que poucos têm coragem de dizer. Estamos de saco cheio dessa bipolaridade social, beirando a um TOC coletivo, oriundo do embate capitalismo x socialismo científico, direita x esquerda. A verdade é que o socialismo proposto por Marx é sim um socialismo autoritário, e a história assim o comprova - creio que é esse socialismo que comprometeu diversos processos revolucionários que não desce na nossa goela. Essa polarização "esquerda" x "direita" apenas oculta uma onda de conservadorismo que também faz desta suposta "esquerda" um bando de mantenedores do sistema, disputando por vias eleitorais os espaços da democracia burguesa e ficando podres de ricos depois que tomam o poder. Aliás, já nem me agrada mais este termo, "esquerda", de tão contaminado que está. Prefiro então polarizar entre "conservadores" e "libertários", porque tem muito socialista por aí que é conservador pra caraio ao não conseguir se desprender da tutela ideológica de papai Karl. Ainda vivemos muito à sombra do mito dos "salvadores da pátria", sujeitos que encabeçam o processo de libertação: aqui se encaixa o velho Marx e seu "marxismo", Chavez e seu "chavismo", Castro e seu "castrismo" e possivelmente Zé Laia vai enveredar por aí, pois já deixa escapar em seu discurso a sua verve nazi-marxista, expondo o povo hondurenho ao combate com a polícia em nome de sua persona representativa. Muitos ainda se iludem com a farsa da democracia representativa burguesa e suas mórbidas facetas liberais que abrem espaço para a ascenção dos partidos reformadores de esquerda. É preciso descentralizar e distribuir o poder, evoluir e experimentar novas formas de gestão social. Estamos cansados de mais do mesmo. Quanto ao MST, como simpatizante do movimento (que creio representar uma das grandes forças populares organizadas) também acredito que se deixou contaminar pelo ideário marxista, através da incisão ideológica realizada pelos partidecos da esquerda marxista, e desbanca um pouco para as vias autoritárias, traçando um caminho que compromete e joga o movimento contra a opinião pública. Na verdade, o movimento caiu numa armadilha da esquerda vagabunda e conservadora que comanda o país hoje: sem a opinião pública favorável, o MST fica à mercê dos dirigentes dos "partidões" e de seus favores, de um jeito ou de outro. Não terão força sozinhos para fazer uma revolução legítima. Compreendo tudo que o Douglas falou, coisas da qual tem razão. É um latifúndio da monocultura, e a ocupação em si era válida. Mas ao invés da ação destrutiva e depredatória, como bem cita o Tiago, poderiam, por exemplo, ter colhido as laranjas e distribuido em comunidades pobres. Se o tivessem feito, talvez não tivessem aparecido na mídia ordinária, mas com certeza iam se aproximar de forma muito mais positiva, inovadora e solidária da opinião pública. Essas ações truculentas, comuns ao socialismo disseminado sob a sombra de Marx, são fruto de um conservadorismo que cega e incapacita uma mobilização de massa por uma revolução popular autêntica.

rodrigo aguiar disse...

zelaya foi, sim, eleito pelo povo e sofreu um golpe de estado. sua deposição não guarda nenhuma semelhança com a queda de collor, como grosseiramente o redator sugere.
quanto à direita e esquerda, o póprio ditador-golpista declarou que zelaya começou a cair quando foi se tornando "esquerdista". nenhum país, entre todos os membros da onu, legitimou o novo governo. governo que diz ter dado um golpe para impedir que, logo ali, acontecesse outro, este mais à esquerda. igual a 64 no brasil, esta sim uma ccomparação com cabimento.
quanto a cuba, concordo plenamente, é uma ditadura, e o governo deveria condená-la da mesma forma que condena a ditadura em honduras.
e parabésn pelo dilúvio, é uma das poucas coisas que leio com prazer.
divergência à parte, abraços a todos!

Tiago Jucá disse...

coentário recebido por nós no nosso perfil no facebook, por Charles Dittgen:

Os discursos que defendem as ditaduras (de "esquerda" ou de "direita") e as barb... Saiba maisáries consistentes na violação dos direitos humanos têm em comum um mesmo pressuposto: fundamentam-se no voluntarismo coletivista (é mais ou menos assim: "se a maioria decidiu que que tu vai pra banha tu tem que te submeter em nome da coletividade"). Esses discursos, sob o pálio da "vontade do povo" ou o qq coisa equivalente se perderam na história e não se dão conta de que hoje, ao contrário de 20 ou 30 anos atrás, a pauta não é mais a "defesa da soberania nacional" mas sim o reconhecimento do outro. O desafio do século XXI é "como harmonizar as práticas e discursos de uma sociedade global" e o caminho para a resposta está longe de qualquer "formula" que tenha por consequência não reconhecer o outro, o "diferente" como pessoa. Pra variar, as pautas da "intelectualidade" brasileira estão 20 anos atrasadas...

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