bolo’bolo é parte da (minha) segunda realidade. É estritamente subjetivo, já que a realidade dos sonhos nunca pode ser objetiva. Será bolo’bolo tudo ou nada? É ambos e nenhum. É uma viagem à Segunda realidade, como Yapfaz, Kwendolm, Takmas, e Ul-So. Lá tem muito espaço para sonhos. bolo’bolo é uma dessas irrealísticas, amorais e egoísticas manobras de divergência na batalha contra o pior.
bolo’bolo é também uma modesta proposta para a nova arrumação da espaçonave após o desaparecimento da Máquina. Embora tenha começado como mera coleção de desejos, muitas considerações quanto à concretização deles foram se acumulando em volta. bolo’bolo pode ser realizado no mundo inteiro em cinco anos, se começarmos agora. Garante uma aterrissagem macia na Segunda realidade. Ninguém vai morrer mais cedo nem passar mais fome e frio do que agora durante o período de transição. O risco é muito pequeno.
É claro que hoje em dia não faltam conceitos gerais sobre um civilização pós-industrial. Cresce rapidamente a literatura ecológica ou alternativista, seja sobre a erupção da era de Aquarius, mudança de paradigmas, ecotopia, novas redes de comunicação, rizomas, estruturas descentralizadas, sociedades pacifistas, a nova pobreza, círculos pequenos ou terceiras ondas. Conspirações supostamente pacifistas estão acontecendo, e a nova sociedade já está nascendo em comunidades seitas, ações populares, empresas alternativas, associações de moradores. Em todas essas publicações e experiências há um monte de idéias boas e viáveis, prontas para serem apropriadas e incorporadas ao bolo’bolo. Mas muitos desses futuros (ou futuríveis, como dizem os franceses: futuribles) são pouco apetitosos: cheiram a renúncia, moralismo, novas lutas, repensares penosos, modéstia e autolimitação. Claro que existem limites, mas por que limitar o prazer e a aventura? Por que a maioria dos alternativos fala somente sobre novas responsabilidades e quase nunca sobre novas possibilidades?
Um dos slogans dos alternativos é: Pense globalmente, aja localmente. Por que não pensar e agir globalmente e localmente? Existem muitos conceitos e idéias novos, mas está faltando uma proposta prática global (e local), um tipo de linguagem em comum. Tem que haver alguns acordos em questões básicas para não cairmos na próxima armadilha da Máquina. Nesse sentido, a modéstia e a (acadêmica) prudência são virtudes que podem nos desarmar. Por que sermos modestos diante da ameaça de uma catástrofe?
bolo’bolo pode não ser a proposta melhor ou mais detalhada ou naturalmente definitiva para a nova arrumação da nossa espaçonave. Mas não é tão ruim, e muita gente achou aceitável. Sou a favor de tentar primeiro e ver o que acontece depois...
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