
::txt::Moah Sousa::
Terça, 21 de março, foi o aniversário do Gordo Miranda. Figuraça que deixou Porto Alegre há tempos para ganhar dinheiro e ajeitar umas moças bonitas na capital de todos os paulistas.
Certa feita fui visitá-lo no Largo da Batata, onde morava com a doce Ângela Dib e o super traquina Skowa. Assim que abrimos a porta, bolas de fogo passaram sobre nossas cabeças. Era a moça que treinava um número pruma peça de teatro. De olhos arregalados e cabeleira chamuscada seguimos pelo corredor em direção à barulheira ducaralho que sai dum dos quartos. Deitado como se estivesse em berço esplêndido, Skowa maquinava seu próximo passo musical, a criação da banda Máfia.
Em seguida, entramos no espaço do Gordo. Não era, na verdade um quarto, tratava-se de uma mescla de banca de revista especializada em quadrinhos, loja de brinquedos e quinquilharias diversas e um atacadão de CDs e bolachas de vinil. Num canto, uns panos e almofadas que, imagino, era o lugar onde ele dormia e abatia suas presas.
Não havia comida na cozinha, cerveja na geladeira e nem biscoitos nas prateleiras. De modo que saímos todos para beber numa pastelaria chinesa bem chinela da Annes Dias. Ficava bem perto, mas levamos um bom par de minutos pra chegar na boca. Ocorre que o Skowa era mais conhecido do que a arte das mulheres em esconder chocolates. Por onde passava, todos o cumprimentavam, apertavam sua mão, pediam coisas e ofereciam outras.
Neste cenário, o Miranda saiu-se com essa: “o Skowa é igual o Claudinho Pereira, não dá pra andar nas ruas com eles. Deveriam ser políticos ou donos de alguma Zona, o que daria no mesmo”. O Gordo Miranda é uma das poucas pessoas que conheço que pensa em duas linhas paralelas, uma escuta e a outra elabora. Longa vida ao criador da espetacular banda Urubu Rei e integrante de tantas outras coisas bacanas e anárquicas como foi o Atahualpa e os Punks!
*jornalista e produtor cultural
Um comentário:
sim, salabrim
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