::txt::Luciano Viegas::
“Carro é sinônimo de status”, diz o antropólogo Roberto Da Matta.
A massa crítica é um evento mundial, que tem em comum, em todos os lugares, o objetivo de propor a bicicleta como um MEIO DE TRANSPORTE urbano viável.
É um evento que surge num momento histórico em que já existe um consenso de que o transporte individual, o carro, é insustentável, e nos guia em direção a um SUFOCAMENTO dentro das grandes cidades – e não estou nem falando da fumaça.
Mas calma aí, é um consenso pra quem? é preciso botar o dedo na cara dos verdadeiros culpados.
A grande mídia mundial faz desde sempre o jogo duplo da “imparcialidade”. ao mesmo tempo em que aponta os “danos da poluição, e blá blá blá”, é ESCRAVA DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA.
São as grandes marcas de automóveis que sustentam o “jornalismo dominante”, colocando montantes absurdos de dinheiro dentro dessas empresas. Elas estampam diariamente em seus jornais, ou mostram em seus intervalos comerciais, o carro “mais em conta” pro consumidor.
Então vamos dar nome aos bois:
RBS e RECORD (desculpe se eu esqueci de alguém, hehe), as duas grandes indústrias de notícias que apareceram ontem, imediatamente após o atropelamento de dezenas de pessoas, na José do Patrocínio.
A mídia é CÚMPLICE das feridas das 11 vítimas que precisaram ir ao hospital após serem arremessadas pra cima daquele golf preto.
E ainda têm coragem de dizer que foi um “acidente”? entendo “acidente” como algo que acontece por acaso.
Quem viu com os próprios olhos sabe que foi uma TENTATIVA DE CHACINA por parte de um indivíduo que representa a personificação da mentalidade dessa nossa sociedade do automóvel. Uma linha de pensamento que nivela as pessoas por quem tem mais dinheiro, se veste melhor e tem o carro do ano – crias da mesma mídia.
Não quero me passar por teórico da escola de frankfurt: a imprensa não é um fator único na construção desse pensamento hegemônico, mas alimenta a desigualdade sócio-econômica no imaginário dos seus consumidores – sim, porque o jornalismo é só mais um produto nessa liberdade pra escolher a cor da embalagem.
Logo após o crime, chegou a polícia. Antes mesmo do socorro ser prestado às vítimas, quatro robôs enfileirados empunhavam seus fuzis para a “proteção” dos envolvidos. Pois bem: O ESTADO TAMBÉM É CÚMPLICE do politraumatismo sofrido por um dos atropelados.
E parece que para o deslocamento da lendária “delegacia móvel” (que não apareceu), é necessário estar “morto e estaquiado no chão”, palavra de um deles. É preciso que alguém MORRA para que mudanças aconteçam – e olhe lá.
Nossos REPRESENTANTES no poder nunca priorizaram o planejamento urbano com a devida atenção que essa causa merece. Essa tentativa de assassinato é só o estopim de longos anos de políticas públicas voltadas em benefício dos automóveis, em detrimento dos trens, das bicicletas, das pessoas.
Essas fábricas se alastraram pelo mundo com total apoio dos governos locais, através dos seus incentivos fiscais (oi, Juscelino Kubitschek), do estímulo à compra para superar a crise financeira (e aí, Lulinha paz e amor). Tudo isso, é claro, desvinculado de qualquer preocupação educacional, como é de praxe no Brasil desde os tempos mais remotos.
As mesmas pessoas que em 2005 votaram “não” para o referendo que previa o desarmamento, sabem que não é necessário ter uma pistola e munição pra acabar com a vida de uma multidão de pessoas. Basta um golf preto.
Carro: a arma mais popular e acessível do século. E dá pra parcelar em até 96 vezes.
mais informações podem ser encontradas no site da Massa Crítica.
#CADÊ MEU CHINELO?
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