:: txt :: Jacson Faller ::
Nove horas e quinze minutos da manhã – décimo primeiro dia.
Recebi um convite para, à tarde, visitar um haras. Quem me convidou não é exatamente um amigo, é um colega... Ex-colega de trabalho. Fomos funcionários da mesma empresa por uns sete anos. Fiquei de telefonar avisando se aceito o convite ou não. Tenho medo de rever o que certa vez presenciei em uma fazenda: Um animal estava parindo e nós acompanhávamos o acontecimento a olhos curiosos e sádicos, queríamos ver o sangue, a vagina da égua se abrindo... Éramos adolescentes, nada fazia muito sentido mesmo. Bem, minha experiência não foi das melhores. Não que tivesse visto algo extremamente desagradável, não foi isso. A sensação foi outra, bem diferente. Lembro-me de ter tido a nítida impressão de que o potrinho, no momento do nascimento, estivesse lutando para voltar ao útero... Inevitavelmente recordei de um poema que havia lido, um péssimo poema, lembro que na época eu julgava. O poema comentava algo semelhante. O pior não era isso, lembrei também do olhar de uma tia que cada vez que me via contava a mesma história. Contava como tivera sido o meu nascimento, como foi horrível para a minha mãe... Não considero correto comentar certos assuntos, ao menos não a uma criança. No parto, um parto dificílimo, de fato, os médicos não conseguiam me remover, usaram aparelhos de algum açougue eu acho... Tive dificuldades para respirar, era como se não quisesse respirar, pelo menos hoje é o que penso... Não tenho como descrever minhas sensações... Algo horrendo e de mau gosto: comparei-me ao potro, minha mãe à égua... O animal fora sacrificado; minha mãe sacrifica-se até hoje por conta do catolicismo fervoroso e incoerente, como é de costume entre as mulheres de sua família e geração. Isso é o que sinto agora. Não irei ao haras... Darei uma caminhada; com certeza me fará bem. O sol está brilhante, porém suave; há uma sensação de vida na rua. Espero que ainda esteja lá, quando eu chegar ao lado de fora.
Nove horas e quinze minutos da manhã – décimo primeiro dia.
Recebi um convite para, à tarde, visitar um haras. Quem me convidou não é exatamente um amigo, é um colega... Ex-colega de trabalho. Fomos funcionários da mesma empresa por uns sete anos. Fiquei de telefonar avisando se aceito o convite ou não. Tenho medo de rever o que certa vez presenciei em uma fazenda: Um animal estava parindo e nós acompanhávamos o acontecimento a olhos curiosos e sádicos, queríamos ver o sangue, a vagina da égua se abrindo... Éramos adolescentes, nada fazia muito sentido mesmo. Bem, minha experiência não foi das melhores. Não que tivesse visto algo extremamente desagradável, não foi isso. A sensação foi outra, bem diferente. Lembro-me de ter tido a nítida impressão de que o potrinho, no momento do nascimento, estivesse lutando para voltar ao útero... Inevitavelmente recordei de um poema que havia lido, um péssimo poema, lembro que na época eu julgava. O poema comentava algo semelhante. O pior não era isso, lembrei também do olhar de uma tia que cada vez que me via contava a mesma história. Contava como tivera sido o meu nascimento, como foi horrível para a minha mãe... Não considero correto comentar certos assuntos, ao menos não a uma criança. No parto, um parto dificílimo, de fato, os médicos não conseguiam me remover, usaram aparelhos de algum açougue eu acho... Tive dificuldades para respirar, era como se não quisesse respirar, pelo menos hoje é o que penso... Não tenho como descrever minhas sensações... Algo horrendo e de mau gosto: comparei-me ao potro, minha mãe à égua... O animal fora sacrificado; minha mãe sacrifica-se até hoje por conta do catolicismo fervoroso e incoerente, como é de costume entre as mulheres de sua família e geração. Isso é o que sinto agora. Não irei ao haras... Darei uma caminhada; com certeza me fará bem. O sol está brilhante, porém suave; há uma sensação de vida na rua. Espero que ainda esteja lá, quando eu chegar ao lado de fora.
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