O primeiro e mais notável componente da sila é o taku, uma caixa feita de folhas resistentes de metal ou madeira, mais ou menos assim:
Cada ibu ganha um taku, conforme os rituais de seu bolo. Qualquer coisa que caiba no taku é propriedade exclusiva daquele ibu – o resto do planeta é usado e mantido em comum por todos. Somente o ibu tem acesso às coisas contidas no seu taku, ninguém mais. Ele pode pôr ali dentro o que quiser. Pode carregar o taku com ele, e nenhum ibu tem qualquer direito, sob qualquer circunstância que seja, de inspecionar seu conteúdo ou pedir informações sobre ele (nem mesmo em casos de assassinato ou roubo). O taku é absolutamente indiscutível, tabu, sacrossanto, privado, exclusivo, pessoal. Mas só o taku. O ibu pode guardar lá dentro roupas sujas ou metralhadoras, drogas ou velhas cartas de amor, cobras ou camundongos de lã, diamantes ou amendoins, fitas estéreo ou coleções de selos. A gente só pode imaginar. Contanto que não tenha cheiro nem faça barulho (ou seja, que não interfira na ambiente), qualquer coisa pode estar ali.
Como o ibu pode ser muito obstinado (sendo os ibus notoriamente excêntricos e perversos), precisa de algumas propriedades. Talvez a idéia de propriedade seja apenas uma degeneração temporária causada pela civilização, mas quem sabe? O taku é a pura, absoluta e refinada forma de propriedade, mas também sua limitação. (Todos os ibus juntos podem ainda imaginar que possuem o planeta inteiro, se isso os ajuda a ficar felizes.) O taku seria importante para o ibu, ajudando a lembrar, por exemplo, que ele não é um abu, ubu, gagu ou qualquer outra coisa igualmente obscura, instável e indefinível. Na verdade, o ibu tem muitos outros meios de conseguir uma segurança mínima acerca de sua identidade: espelhos, amigos, psiquiatras, roupas, fitas, diários, cicatrizes, sinais de nascença, fotografias, souvenirs, cartas, orações,
cachorros, computadores, cartazes de procura-se, etc. O ibu não precisa de objetos para não perder sua identidade num êxtase geral. Mas a perda de coisas íntimas poderia ser muito desagradável, por isso deve ser protegida. Talvez o ibu precise manter relações secretas com suas caixinhas, coleções, fetiches, livros, amuletos, jóias, troféus e relíquias para se sentir especial. Deve ter alguma coisa para mostrar aos outros ibus quando quiser provar sua confiança. Só o que é secreto e tabu pode realmente ser mostrado. Tudo o mais é evidente, estúpido, sem charme nem glamour.
Como a propriedade ilimitada, o taku traz alguns riscos, embora estes sejam agora mais concretos e diretos. O taku pode conter armas, venenos, objetos mágicos, dinamite, quem sabe drogas desconhecidas. Mas o taku nunca poderá exercer a dominação social inconsciente e descontrolada que o dinheiro e o capital exercem hoje. Há um (limitado) perigo; por isso, a confiança, a reputação e as relações pessoais vão provar novamente sua força.
Cada ibu ganha um taku, conforme os rituais de seu bolo. Qualquer coisa que caiba no taku é propriedade exclusiva daquele ibu – o resto do planeta é usado e mantido em comum por todos. Somente o ibu tem acesso às coisas contidas no seu taku, ninguém mais. Ele pode pôr ali dentro o que quiser. Pode carregar o taku com ele, e nenhum ibu tem qualquer direito, sob qualquer circunstância que seja, de inspecionar seu conteúdo ou pedir informações sobre ele (nem mesmo em casos de assassinato ou roubo). O taku é absolutamente indiscutível, tabu, sacrossanto, privado, exclusivo, pessoal. Mas só o taku. O ibu pode guardar lá dentro roupas sujas ou metralhadoras, drogas ou velhas cartas de amor, cobras ou camundongos de lã, diamantes ou amendoins, fitas estéreo ou coleções de selos. A gente só pode imaginar. Contanto que não tenha cheiro nem faça barulho (ou seja, que não interfira na ambiente), qualquer coisa pode estar ali.
Como o ibu pode ser muito obstinado (sendo os ibus notoriamente excêntricos e perversos), precisa de algumas propriedades. Talvez a idéia de propriedade seja apenas uma degeneração temporária causada pela civilização, mas quem sabe? O taku é a pura, absoluta e refinada forma de propriedade, mas também sua limitação. (Todos os ibus juntos podem ainda imaginar que possuem o planeta inteiro, se isso os ajuda a ficar felizes.) O taku seria importante para o ibu, ajudando a lembrar, por exemplo, que ele não é um abu, ubu, gagu ou qualquer outra coisa igualmente obscura, instável e indefinível. Na verdade, o ibu tem muitos outros meios de conseguir uma segurança mínima acerca de sua identidade: espelhos, amigos, psiquiatras, roupas, fitas, diários, cicatrizes, sinais de nascença, fotografias, souvenirs, cartas, orações,
cachorros, computadores, cartazes de procura-se, etc. O ibu não precisa de objetos para não perder sua identidade num êxtase geral. Mas a perda de coisas íntimas poderia ser muito desagradável, por isso deve ser protegida. Talvez o ibu precise manter relações secretas com suas caixinhas, coleções, fetiches, livros, amuletos, jóias, troféus e relíquias para se sentir especial. Deve ter alguma coisa para mostrar aos outros ibus quando quiser provar sua confiança. Só o que é secreto e tabu pode realmente ser mostrado. Tudo o mais é evidente, estúpido, sem charme nem glamour.
Como a propriedade ilimitada, o taku traz alguns riscos, embora estes sejam agora mais concretos e diretos. O taku pode conter armas, venenos, objetos mágicos, dinamite, quem sabe drogas desconhecidas. Mas o taku nunca poderá exercer a dominação social inconsciente e descontrolada que o dinheiro e o capital exercem hoje. Há um (limitado) perigo; por isso, a confiança, a reputação e as relações pessoais vão provar novamente sua força.
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