#CADÊ MEU CHINELO?

sexta-feira, 28 de março de 2014

[...] PORTO ALEGRE JAMAIS

:: prd :: Valter Fogacho ::

Porto Alegre é que tem
um jeito sacal
Não tem um bar decente
Cultura, em geral

Nas tardes de domingo
Vendo domingo legal
Quase corto os meus pulsos
Tremendo baixo astral

Porto Alegre me faz
de boçal
Porto Alegre é que tem
mendigo na rua
é a copa que vem
me deixou na amargura sem um cigarro
governo fiiiilha da puta!

Quem dera eu pudesse
queimar a prefeitura
Fortunati sacana,
deixa as ruas tão sujas

Ser atendido ali
no pronto socorro
como um cidadão
E não como um cachorro.

quinta-feira, 20 de março de 2014

[nem te conto] CORDA

:: txt :: Júlio Freitas ::

Alguma coisa se perdera naquela noite, durante filosofias baratas e Nietzsche tomando absinto, de ceroulas.

Uma corda jogada no abismo?

Sempre fomos além do chão, contrariando nossas avós, que diziam que do chão não se passa.

-Tô te achando muito decadente, cara.
-Decadente!? Impossível, nunca estive no auge.

terça-feira, 18 de março de 2014

[pontodevista] UMA CLEPTOMANÍACA NA MINHA VIDA

:: txt :: Wladymir Ungaretti ::

Convivi por algum tempo com uma cleptomaníaca. Com esta frase começou um relato de um amigo. Sou fracamente partidário da ideia de que jornalista, antes de escrever, tem que saber escutar. Acho, que decorre daí o fato de que recebo de amigos – muitos deles apenas do mundo virtual – os mais variadas histórias. Em alguns casos solicito, imediatamente, autorização para transformar o que acabo de escutar ou ler em um pequeno texto. Pela curiosidade do fato narrado ou por algum outro motivo. Em alguns outros casos a relação ficção/realidade vai ficar tão tênue que nem solicito. Acontece, também, de ocorrer um grande espaço de tempo entre “o escutar” e o texto final. Quando tal acontece, a necessidade de autorização, também, é absolutamente desnecessária. Uma boa parte das vezes, impossível. Esta pessoa conta que durante um período de pelo menos uns dois anos conviveu com uma clepto quase que diariamente. Sem qualquer tipo de desconfiança. Ou se esforçando para não desconfiar. Levou um tempo para perceber que poderia haver uma relação não casual entre a “sua repentina perda de cuidados e atenção” com alguns de seus objetos e a “perda” dos mesmos. Ainda uma incerta possibilidade. Custou a perceber a relação de interesse da amiga por alguns destes objetos e o desparecimento dos mesmos. Até que aconteceu um episódio definitivo para sacar o comportamento da clepto, ainda segundo ele. Por absoluto acaso vai fazer uma visita ao apartamento novo desta pessoa, super bem decorado.

Tudo de muito bom gosto. Começa a passar os olhos pelos móveis e por vários objetos. Mais uma vez, sem qualquer sentido de desconfiança (definitiva), se interessa por alguns livros empilhados. Qual não é a surpresa. Descobre um livro que fazia algum tempo que procurava em sua biblioteca. Colocado como objeto de decoração. Para ser visto como uma raridade, culta. Ao foliar o livro – raro e só comprado por encomenda – reconhece algumas marcações que tem o hábito de fazer quando de suas leituras. A clepto se desconcerta. E diante do fato de que ele diz não estar encontrando o seu exemplar ela, imediatamente, se dispõe a ceder o “seu exemplar”, decorativo. Para readquirir o livro foi preciso uma certa insistência, paciente e educada. Sem nenhuma afobação, embora indignado, confessa ele. Diante da devolução ficou super agradecido por ela estar lhe proporcionando ter um exemplar do livro que tinha “perdido”. Desdobrou-se em agradecimentos, ironicamente. Relatou ainda que quando o fato estava se desenvolvendo, a clepto correu para uma outra pilha de livros com o nítido intuito de impedir que outros fossem vistos. Chegou a dizer que o livro “descoberto” por ele até poderia ser dele. O que seria estranho, pois não tem, ainda segundo ele, o hábito de emprestar. E que muito menos emprestaria aquele, especificamente. Ficou a certeza de que outros livros não encontrados (ultimamente) poderiam ter sido incorporados pela clepto.

Tipo descuido. Ele disse ainda que sua biblioteca é uma “bagunça” organizada, “decorada” com muitos pequenos objetos. Uma tentação para um pessoa com este distúrbio comportamental. Que livros não ficam “perdidos” por muito tempo, pois que decora a “distribuição geográfica” dos mesmos por assuntos ou autores. Foi a partir daí que ele estabeleceu a relação (definitiva) com a “perda” de outros pequenos objetos durante o período mais próximo desta pessoa. Ele ainda conta que saiu do apartamento não só com estas certeiras pulgas atrás da orelha, mas igualmente confuso e perplexo. Decidido a nunca mais permitir a entrada dessa pessoa em sua moradia. Assim como em outros textos, resultante de relatos de pessoas próximas, omiti um conjunto razoável de detalhes narrados para ficar o mais distante possível do simples factual. Das picuinhas. É preciso reafirmar, ainda, que o espaço impõem limitações. Mas não há nenhum juízo de valor ou qualquer carga de rancor, condição que o autor do relato fez questão de pedir. Espero ter conseguido. Caso contrário peço desculpas, antecipadamente. Por último ele destacou que, a estas alturas da vida, o fato não tem mais a mínima importância. É só uma história.

(agradeci pelo relato e por ter me permitido construir mais um texto em que ficção/realidade se perpassam. O título é uma sugestão do autor do relato).

quinta-feira, 13 de março de 2014

[noé ae?!] 3ÉD+ NO CLAPME


 Querida pomba e prezado urubu, sei que vocês estão anos-luz à minha frente, e eu não conhecia o ClapMe até ser convidado para este evento do Livrorrosto, dos nossos amigos do 3éD+, que será amanhã (14/03), ÀS 20h; pra quem anda meio desligado assim como eu, trata-se de um palco virtual, onde é possível dar um lero com a banda e até mesmo conceder uma gorjeta, isso tudo sentado no seu sofá, de cueca. (As palavras que estão em vermelho neste texto são na verdade links, procure-os, clique e estejam estando comparecendo, com o perdão da redundância).

quinta-feira, 6 de março de 2014

[overmundo] MUNDO, MUNDO, ADMIRÁVEL MENINO

:: txt :: Thiago Paulino::

Animação brasileira e segundo longa-metragem de Alê Abreu, "O Menino e O Mundo" reúne realidade e magia em traços simples.
O mundo pelo olhar de um menino. A frase é simples, mas o significado pode ser profundo. Coisas simples também podem ser geniais e dizer muito. Simplicidade de uma boa música: como Three Little Birds (Bob Marley) ou em um poema Haikai japonês no qual em apenas três linhas conectam-se harmonicamente idéias passando recados,às vezes belos e profundos. Simplicidade está na história de "O Menino e Mundo"(2003), segundo longa metragem do paulistano Alê Abreu. Simplicidade de traços, simplicidade na narrativa. Mas não por isso menos genial e belo.Pouquíssimos diálogos com um dialeto próprio de um mundo mágico (mas ao mesmo tempo tão próximo a realidade). Diálogos poucos e guturais. Seja na conversa da mãe com o pai do menino, ou até mesmo na voz impostada de uma dupla de apresentadores do telejornal. Os diálogos não tem legenda, mas entendemos tudo.

Mas que Mundo é esse?Um mundo em que o menino sai em disparada atrás de um pai que partiu em busca de um trabalho. Um mundo com cores de um bailado de rua com músicas que alimentam esperança. Mas também um mundo cruel, de cores escuras, mundo do consumo, mundo onde se vive longe de onde se trabalha. Isso tudo está lá na simples corrida de uma vila até uma cidade grande. Em um mundo que cabem muitos mundos. Durante 80 minutos o menino que sai correndo em busca do pai, passa por muitos lugares e (re)conhece outros personagens. Nessa jornada entendi dois recados do menino: 1) o nossa maior jornada sempre está ligada ao crescimento de nós mesmos. 2) A arte tem uma força incrível de reforçar utopias cultivar esperanças tão essenciais em um "admirável mundo moderno". Mundo moderno que falhou e ainda falha em vários aspectos da boa humanidade que há em nós. Como um bom Haikai, "O Menino e O Mundo" fecha seu ciclo de forma simples e harmônica. E por falar em harmonia... a trilha fez um feliz casamento do filme. Seja na poesia de Emicida que nos dá uma instigada para sair o cinema pensando no mundo quando os créditos finais sobem; Ou nas melodias instrumentais que funcionam como uma "espinha dorsal" da narrativa. A música reforça encontros, emoções e a memória do menino como no momento em que escuta a flauta de pífano do pai.

Nem tanto pela estética, mas pelo conteúdo, a animação de Alê Abreu me remeteu a outra obra: “L’homme qui plantait des arbres” (O homem que plantava árvores, de 1987), dirigido por Fréderic Back. A produção, se não me engano franco-canadense, é baseada em um conto do romancista francês Jean Giono, de 1953 e também traz dois mundos só que sob ótica de um velho pastor que se dedicava a plantar carvalhos. O filme também mexe com cores e esperanças. "O Homem que planta árvores" ganhou vários prêmios: Oscar (1988), Annecy (um dos mais tradicionais festivais de animação do mundo que existe há 45 anos), (1987), Festival Internacional de Ottawa (1988). Apesar de lançado em 2014 "O Menino e o Mundo" Alê Abreu também já coleciona prêmios em Cuba, Otawa, Mostra Internacional de São Paulo. Uma coisa é certa: o maior prêmio para uma animação desse porte é sua maior circulação, portanto se estiver passando na sua cidade vale conferir."O Menino e O Mundo" - é uma boa metáfora do mundo real, do mundo que queremos e do mundo que ainda não nos libertamos. Vem a calhar numa época de efervescência o Brasil atravessa, ou que, de certa forma, em vários países de nosso mesmo mundo atravessam.

#ALGUNS DIREITOS RESERVADOS

Você pode:

  • Remixar — criar obras derivadas.

Sob as seguintes condições:

  • AtribuiçãoVocê deve creditar a obra da forma especificada pelo autor ou licenciante (mas não de maneira que sugira que estes concedem qualquer aval a você ou ao seu uso da obra).

  • Compartilhamento pela mesma licençaSe você alterar, transformar ou criar em cima desta obra, você poderá distribuir a obra resultante apenas sob a mesma licença, ou sob licença similar ou compatível.

Ficando claro que:

  • Renúncia — Qualquer das condições acima pode ser renunciada se você obtiver permissão do titular dos direitos autorais.
  • Domínio Público — Onde a obra ou qualquer de seus elementos estiver em domínio público sob o direito aplicável, esta condição não é, de maneira alguma, afetada pela licença.
  • Outros Direitos — Os seguintes direitos não são, de maneira alguma, afetados pela licença:
    • Limitações e exceções aos direitos autorais ou quaisquer usos livres aplicáveis;
    • Os direitos morais do autor;
    • Direitos que outras pessoas podem ter sobre a obra ou sobre a utilização da obra, tais como direitos de imagem ou privacidade.
  • Aviso — Para qualquer reutilização ou distribuição, você deve deixar claro a terceiros os termos da licença a que se encontra submetida esta obra. A melhor maneira de fazer isso é com um link para esta página.

.

@

@