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quarta-feira, 12 de junho de 2013

[agência pirata] TENÓRIO JR.


Ícone da Bossa Nova, o pianista brasileiro Francisco Tenório Junior foi mais um dos inúmeros assassinados pelos sangrentos regimes ditatoriais que se instalaram na América Latina ao longo do século XX.

Em 1964, aos 21 anos, Tenório gravou seu primeiro e único disco, Embalo. Ao seu lado, os músicos Sérgio Barroso (baixo), Milton Banana (bateria), Rubens Bassini (congas), Celso Brando (violão), Neco (guitarra), Pedro Paulo e Maurílio (trompete), Edson Maciel e Raul de Souza (trombone), Paulo Moura (sax alto), J. T. Meirelles e Hector Costita (sax tenor). Desde então, e ao longo dos anos 70, Tenorinho, como também era conhecido, tornou-se um dos mais respeitados músicos brasileiros.

Em 1976, Tenório Jr. viajou para Buenos Aires, acompanhando Vinícius de Moraes e Toquinho em uma turnê. No dia 18 de março, após uma apresentação no Teatro Grand Rex, os músicos foram para o Hotel Normandie, onde estavam hospedados. Durante a madrugada, o pianista resolveu sair em busca de remédios e nunca mais voltou. Foi preso pela rede clandestina da repressão oficial argentina. Torturado durante nove dias, após ter ficado claro o seu não envolvimento com atividades políticas, recebeu um tiro na cabeça. Deixou Carmen Cerqueira Magalhães, sua mulher, grávida, além de quatro filhos. A quinta criança nasceu um mês após o seu desaparecimento.

Vinícius de Moraes, Toquinho e mais alguns amigos, como o poeta Ferreira Gullar (exilado em Buenos Aires) mobilizaram-se inutilmente. Procuraram em hospitais e delegacias e buscaram ajuda na embaixada brasileira. O governo brasileiro, em 1976, informou que nada sabia e o Itamaraty anunciou que "envidava esforços" para localizar o pianista desaparecido. Mentira.

Em fevereiro de 2006, a Comissão de Mortos e Desaparecidos do governo federal reconheceu a culpa do Estado pelo desaparecimento do pianista Tenório Júnior. A relatora do processo de Tenório Júnior, Márcia Adorno Ramos, afirmou que, apesar de o fato ter ocorrido em outro país, o governo brasileiro pouco fez para tentar descobrir o paradeiro de Tenório. Ela acusou o Estado de não se esforçar. “O fato de existirem lacunas nos arquivos das representações diplomáticas em Buenos Aires que pudessem esclarecer os fatos, não exime o Estado brasileiro de sua responsabilidade sobre a apuração do fato. Muito se noticiou na imprensa brasileira sobre o desaparecimento da vítima por parte de amigos e familiares, mas não há registro na imprensa da época, e nos anos seguintes, sobre o empenho das autoridades estatais a elucidar o caso. Houve total silêncio das autoridades no curso desses quase 30 anos do ocorrido. É dever do Estado a proteção de seus nacionais em quaisquer circunstâncias”, diz a relatora. O governo argentino reconheceu que Tenório foi vítima da ditadura instalada no país e pagou indenização à família.

Mesmo a embaixada brasileira tendo sido comunicada do assassinato de Tenorinho, no mesmo mês de março de 1976, o governo brasileiro jamais tomou a iniciativa de se comunicar com os familiares do músico, que não receberam sequer seus restos mortais.


DOWNLOAD: TENÓRIO JUNIOR - EMBALO - 1964 - 320 Kbps

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