#CADÊ MEU CHINELO?
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
KARINA BUHR
# noé ae ?! #
Show em Sampa
txt n ntrvst: Tiago Jucá Oliveira
Karina Buhr, Isaar França e Alessandra Leão já estiveram um dia juntas numa das melhores bandas da virada do século, a Comadre Fulozinha. Hoje, separadas, se firmam em três carreiras solos de muito brilhantismo. Enquanto Isaar e Alessandra já estão no segundo álbum (os dois de Isaar e o primeiro de Alessandra são muito bons, vale a pena você procurar e conhecer; o segundo de Alessandra deve chegar esta semana aqui na redação, segundo palavras da produtora Bebel Prates), Karina finalmente está tirando do forno a sua estréia solo, bastante aguardada por fãs da artista.
Enfim, chega de papo, e vamos pro bate-papo que tive com Karina semana passada. Uma conversa rápida via gtalk, na qual ela fala sobre o disco novo e o show desta semana que fará em São Paulo.
Álbum novo: fale mais, quando sai, quem participou, produção e tal?
O disco sai no fim de janeiro, mas os shows de lançamento vão ser depois do carnaval.
Enquanto isso vamos dar uma espalhada na notícia, deixar o cd pra baixar em alguns lugares...preparar o terreno pros shows.
O disco teve direção musical minha e a produção musical foi feita por mim, Bruno Buarque e Mau. A banda que me acompanha nos shows também foi a que gravou o disco e é formada por Bruno Buarque (bateria), Mau (baixo), Guizado (trompete) e Dustan Gallas (teclados).
Tem uns convidados especiais, mas vou segurar um pouco os nomes até mais perto do lançamento pra guardar surpresinhas legais ta? Quando chegar mais perto mando o cd pra vocês e falo tudo sobre ele.
O show? Além das músicas do album novo, o que mais vai tocar?
O show de quinta feira vai ter as 13 músicas do disco e mais duas que não entraram.
Talvez role uma versão semi jazz de Desterro, que eu cantava com Celso Sim e Gigante Brazil no show de Celso.
Os fãs de Karina, desde os tempos de Comadre, o que podem esperar dessa sua empreitada solo?
Um som completamente diferente do que faço na Comadre Fulozinha. Menos percussão, quase nada na verdade. Os outros instrumentos tb não entram na formação da Comadre: baixo, bateria, teclado e o trompete cheio de efeitos psicodélicos de Guizado.
Tem umas interferências eletrônicas tb, ainda tímidas, mas tenho vontade de usar mais isso e deve rolar aos poucos, na medida que forem rolando mais shows.
As letras são mais pessoais e dramáticas talvez, diferente do clima meio de fábula que rolam nas minhas letras na Comadre, embora não necessariamente contem histórias verídicas do começo ao fim, afinal de contas não é um diário de fofoca pessoal é...ficção científica baseada em fatos reais, digamos assim. Eita! Viajei né? Mas é por aí mesmo.
O jeito que componho pra esse trabalho solo é igual ao que faço na Comadre Fulozinha.
Embora algumas pessoas pensem que lá a história é “regional” ou de “resgate” eu ainda não tive vontade de entrar pro corpo de bombeiros. Não tem nada disso. É tudo na base da invenção e misturas, sem obrigação de seguir uma vertente específica de nada.
O que acontece é que na Comadre uso muita percussão e a base são os ritmos lá de Pernambuco mesmo e no trabalho solo vou pra outros caminhos rítmicos e procuro usar pouca percussão e coisas que uso pouco na Comadre.
O que você anda ouvindo, e o que tem sido influencia musical no seu trabalho?
Essa é uma pergunta que tenho sempre dificuldade em responder.
Ouço muita coisa diferente da outra e não consigo eleger uma como influência mais específica. Prefiro que quem escute sinta essa ou aquela influência.
Um dia desses falei que minha maior influência era o carnaval e acho que a partir de agora vou falar isso sempre, por que é a mais real que sinto.
Eu não consigo escutar música pensando muito e buscando referências pro meu som. As influências acontecem naturalmente e nem consigo defini-las.
Tenho uma influência punk bem forte e isso está presente nas minhas músicas e minhas idéias de arranjo, não exatamente no sentido de tocar punk rock, embora tenha uma pitada disso nesse disco também, mas uma idéia punk rola no ar sim.
Passa uns links ae pro povo acessar
Umas músicas e vídeos
Ilustrações minhas
Meu blog
Serviço:
3 de dezembro - às 21:30, no Centro Cultural São Paulo (metrô Vergueiro) GRÁTIS!
Equipe:
Mau- baixo
Gustavo Souza- bateria
Guizado- trompete
Dustan Gallas- teclado
Duda Vieira- produção
Fernando Yamamoto- som
Alessandra Domingues-luz
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
ARROIO DILÚVIO
# agência pirata #
Visões sobre um arroio
txt n' pht: Thais Brandão
O arroio Dilúvio é um curso d’água que abriga uma série de seres vivos em seus 17,6 km de extensão. Parte significativa desse curso é acompanhado pela avenida Ipiranga, grande via de trânsito de Porto Alegre. Este trabalho dedica-se a conhecer e discutir os modos como as pessoas narram o Dilúvio, visto que, apesar da intensa circulação em seu entorno, grande parte dos transeuntes parece ignorar a importância desse ambiente. Para tal, utilizei o método de pesquisa qualitativa, entrevistando, com o auxílio de fotografias do Dilúvio, trabalhadores e habitantes de suas proximidades; investiguei também como este arroio é retratado por jornais de grande circulação da cidade desde 1970. Os relatos obtidos foram interpretados à luz de conceitos e visões de natureza apresentados pelos campos da Filosofia e da História da Ciência.
Quem se pilhar, pode conferir a apresentação dia 02/12 (quarta-feira), às 14hs no Auditório da Botânica- Campus do Vale/UFRGS.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
WE CAN NABIS
# agência pirata #
Jornal dos EUA abre vaga para ‘crítico de maconha’
txt: BBC Brasil
Um jornal de Denver, no Colorado, está procurando um jornalista para escrever resenhas sobre maconha para uso medicinal.
Ao ser oferecida em um blog, a vaga do Westword recebeu em poucos dias mais de 120 candidaturas.
Segundo o jornal, o “crítico de baseados” escreverá uma coluna onde dará sua avaliação sobre os diferentes locais onde pacientes com prescrição médica podem comprar marijuana e as diferentes variedades da planta disponíveis, desde as produzidas localmente até algumas, importadas, que chegam a custar US$ 100 a onça (28 g).
O uso da droga é proibido por lei federal nos EUA, mas pode ter uso medicinal para aliviar a dor em alguns Estados, entre os quais o Colorado.
“Com o número de pessoas buscando autorização para o uso medicinal de maconha crescendo mais rápido que o número de farmácias autorizadas a distribuir maconha neste Estado, soubemos que não apenas havia uma necessidade de informação crítica, mas que não haveria falta de candidatos qualificados”, explicou o jornal.
O post com a proposta de emprego recebeu a primeira candidatura em cinco minutos. A ideia contou com a ajuda de matérias sobre o assunto em grandes jornais americanos como o New York Times e o Wall Street Journal.
“Todos os furos de jornalismo (do Westword) são fumaça perto da atenção que atraímos com o post procurando um crítico de farmácias de maconha”, comentou a jornalista Patrícia Calhoun em um artigo.
A ideia do cargo foi do jornalista Joel Warner, que escreve sobre a indústria da maconha no Colorado. Em seus posts, ele dá dicas de onde comprar e o que comprar, e sublinha a importância de garantir a procedência da erva para não acabar aumentando, inadvertidamente, o lucro dos cartéis de droga.
Importância
O prazo para submissão das candidaturas, que só são consideradas válidas se o candidato tiver permissão para comprar a droga e usá-la medicinalmente, já terminou. Em um artigo na seu site, o jornal compilou as razões que alguns aspirantes ao cargo apresentaram em seu favor.
“Por que a maconha médica é importante para mim? Ela não apenas salvou minha vida, mas me devolveu a pessoa que eu era antes de um acidente que mudou minha vida”, disse um deles. “A maconha não é apenas importante para mim; é minha vida.”
Outro candidato se descreveu como um “chapado altamente capaz”. “Sou seu connoisseur na arte de fumar maconha com credenciais impecáveis para as características do Westword.”
Já outro afirmou que, “quando as farmácias se tornarem tão comuns quanto as lavanderias, as pessoas verão que o céu não está caindo sobre elas ou que as coisas não estão dando errado. Elas começarão a se questionar e desafiar os pressupostos”.
“Talvez você possa fumar maconha e ter um trabalho. Talvez ela não te deixe mole. Talvez um dia possamos até ter uma discussão pública e honesta sobre isso. Sinto que os ventos da mudança estão soprando, e que quando a poeira assentar vou gostar do que verei. PS: Se desperdicei seu tempo, ou se você se sentir mais idiota por ter lido meu texto, desculpas adiantadas. Estou medicado.”
terça-feira, 24 de novembro de 2009
PIO
# manda chuva #
Partido da Imprensa Oficialesca
txt: Tiago Jucá Oliveira
Breve e curto! Leio várias vezes, em blogs e no twitter, a seguinte ignorância: #pig. Pra quem não sabe, é como meia dúzia de estudiosos da comunicação, mas que pelo jeito não entendem merda nenhuma, chamam a grande imprensa. Pig seria a abreviatura de Partido da Imprensa Golpista. E lá se vão associações de mensagens jornalísticas da Rede Globo que estariam a desestabilizar o governo Lula.
Opa, tem gente que não sabe das coisas. O ministro das Comunicações é o senhor Hélio Costa. Indicado por Sarney, ambos são filhotes da Globo. Estão no governo pra legitimar o poder do maior grupo de mídia deste país. Uma de suas funções, por exemplo, é fechar rádios comunitárias em todo território nacional, pra não atrapalhar as frequências e audiências de rádios comerciais, muitas delas já com outorga vencida, segundo a Anatel. Este governo quebrou records em fechamento de rádios comunitárias.
Ao observar a cobertura da Globo em relação ao governo de Lula, todas essas ligações políticas entre ambos vem a tona. É nesta hora que faz falta a voz de Brizola pra denunciar essa chacrinha. E vergonhoso é não ver nos blogs e pelo twitter alguém pra lembrar e dizer: "Globo e Lula, tudo a ver!"
Partido da Imprensa Oficialesca
txt: Tiago Jucá Oliveira
Breve e curto! Leio várias vezes, em blogs e no twitter, a seguinte ignorância: #pig. Pra quem não sabe, é como meia dúzia de estudiosos da comunicação, mas que pelo jeito não entendem merda nenhuma, chamam a grande imprensa. Pig seria a abreviatura de Partido da Imprensa Golpista. E lá se vão associações de mensagens jornalísticas da Rede Globo que estariam a desestabilizar o governo Lula.
Opa, tem gente que não sabe das coisas. O ministro das Comunicações é o senhor Hélio Costa. Indicado por Sarney, ambos são filhotes da Globo. Estão no governo pra legitimar o poder do maior grupo de mídia deste país. Uma de suas funções, por exemplo, é fechar rádios comunitárias em todo território nacional, pra não atrapalhar as frequências e audiências de rádios comerciais, muitas delas já com outorga vencida, segundo a Anatel. Este governo quebrou records em fechamento de rádios comunitárias.
Ao observar a cobertura da Globo em relação ao governo de Lula, todas essas ligações políticas entre ambos vem a tona. É nesta hora que faz falta a voz de Brizola pra denunciar essa chacrinha. E vergonhoso é não ver nos blogs e pelo twitter alguém pra lembrar e dizer: "Globo e Lula, tudo a ver!"
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
O PARÁ
# agência pirata #
desperta, américa do sul
txt ntrdç: Pedro Alexandre Sanches
Esta minha atual fase paraense segue rendendo frutos suculentos, inclusive uma reportagem na edição 2 da "Billboard", já nas bancas, e anterior a essa nova visita que fiz ao festival Se Rasgum, no fim-de-semana passado.
Teria tanta coisa a dizer que até me perco, então por ora quero reproduzir aqui, com consentimento do autor, o depoimento que (o jornalista e codiretor dos documentários "Brega S/A" e "As Filhas da Chiquita") Vladimir Cunha me concedeu para a reportagem da "Billboard".
O que o Vlad escreveu por e-mail me parece mais que um depoimento, um texto pronto - e excepcional -, com reflexões úteis e importantes muito além das fronteiras do Pará. Quando ele diz "elite paraense", por exemplo, acredito que a gente pode facilmente substituir o termo "paraense" por qualquer canto do Brasil onde vicejem gêneros musicais locais. Ou podemos trocar, de modo mais amplo e igualmente justo, "elite paraense" por "elite brasileira" e e "música paraense" por "música brasileira". Cê não acha?
(Esclarecendo para quem não viu a "Billboard": a reportagem versa sobre o perrengue entre os grupos paraenses de tecnomelody e a Banda Djavú, baiana, que andou abocanhando uma série de hits paraenses e os transformou em música "da Bahia" de alto potencial comercial. Assunto candente, muitíssimo pano pra manga.)
Fala, Vlad:
Pedro,
e-1/2: Vladimir Cunha
Belém é ao mesmo tempo um lugar de passagem e um ponto onde várias culturas se encontram. Passagem porque é a entrada da Amazônia e a saída para o sul do país, e para a Europa, para quem está no norte do Brasil. Uma cidade portuária onde o tráfego de informações sempre foi muito intenso, onde desde os anos 50 se contrabandeavam discos de rock dos Estados Unidos e discos de cumbia, soca e merengue do Caribe e das Guianas. Foi o que possibilitou, por exemplo, a criação da guitarrada e da lambada, ritmos nascidos do contato da periferia da cidade com ritmos criados em outros países.
E sempre se ouviu muita música na periferia de Belém. Eu nasci e me criei no bairro do Jurunas e na parte baixa da Cidade Velha, duas áreas bem pobres da cidade (para tu ter uma ideia, a rua onde nasci somente foi ter asfalto e saneamento básico há cerca de 15 anos, antes era chão batido, valas a céu aberto e mato). E nesses locais era comum a gente estar brincado na rua e ouvir música de todos os lados, brega, merengue, lambada, carimbó, guitarrada... Porque sempre foi um hábito
do belenense pobre colocar as caixas de som na janela, na calçada ou na porta da casa. Em parte para mostrar aos vizinhos que ele conseguiu ter um aparelho de som (naquela época um status absurdo), em parte porque em Belém faz muito calor e na periferia da cidade ir para a rua ouvir música nos finais de semana é uma forma de escapar do ambiente sufocante das casas de madeira e alvenaria sem ventilação dos bairros mais pobres.
Então, essa musicalidade, ela sempre esteve presente no cotidiano do paraense da periferia, que desde cedo aprendeu a conviver com esses diversos matizes musicais. Antes de criar a Banda Calypso, Chimbinha tocava em bailes de Creendece Clearwater Revival a Pink Floyd, de Odair José a disco music. Isso é comum. Então, como o sujeito cresce ouvindo todo tipo de música desde cedo, aprende, na hora de tocar e criar a, combinar esses diversos estilos musicais.
Por causa da batida, por exemplo, "Blue Monday", do New Order, e "This Is Not a Love Song", do Public Image Ltd., foram hits absurdos nas aparelhagens nos anos 80, junto com músicas de Mauro Cota, Teddy Max, Juca Medalha, Pinduca e outros músicos locais. Como ninguém entendia a letra, as pessoas cantavam o refrão de "This Is Not a Love Song" como "bife, coloral e sal". Mas cantavam e se divertiam. Sempre que me lembro disso fico pensando o que sentiria um pós-punk metido a sebo ao saber que em Cametá, no Baixo Tocantins, lavradores, estivadores e pescadores dançavam as mesmas músicas que ele dançava no Madame Satã ou no Crepúsculo de Cubatão.
Isso tudo é para tu entender que essa confusão sensorial e de inputs de informação sempre existiu aqui em Belém e se intensificou ainda mais com a pirataria e o acesso à internet, pois as referências passaram a ser não somente musicais, mas também referências de moda, de seriados de TV, de filmes (tipo "Velozes e Furiosos", "Transformers" e
animes) e dos videogames ("Street Fighter" é, até hoje, sampleado em diversos tecnobregas).
É isso que colabora para essa inventividade do paraense pobre que resolve fazer música, que resolve criar esses gêneros híbridos e, agora, eletrônicos. O problema é que, ao contrário do axé e do forró, por exemplo, nunca existiu em Belém uma tentativa de profissionalização e institucionalização do tecnobrega. Isso porque não existe boa vontade da elite local com o ritmo. A elite local prefere escondê-lo, ridicularizá-lo e abraçar ritmos e modismos importados.
Isso se deve ao fato de que a elite local tem como hábito escamotear certos aspectos que constituem a identidade do povo paraense. Ela não gosta de ser ligada ao índio, ao negro, ao povo ribeirinho, ao morador da periferia. Ela nega seus traços índios, pinta o cabelo de loiro, sonha em morar em condomínios fechados, passar frio, usar casaco. Sonha com o dia em que Belém sera igual aos Jardins em São Paulo. Para ela, o tecnobrega, a lambada, o melody... tudo isso lembra que ao redor das
ilhas de conforto que ela ergueu, e nas quais perpetua a sua ilusão de embranquecimento e de pertencimento a uma realidade que não pode ser replicada numa cidade pobre e caótica como Belém, existe uma gente "feia", de pele escura, "mal-educada", "mal-vestida" e que ouve essa música dura, sexual, rude e que fere os ouvidos: o tecnobrega.
Por conta disso, o paraense médio nunca viu o tecnobrega ou o melody como uma cultura genuinamente local, que poderia ser exportada e gerar benefícios para a cidade e para o estado. Por ter vergonha do tecnobrega, e por conseguinte de uma infinidade de aspectos ligados à identidade do povo paraense, a elite local ergueu uma série de barreiras definindo o que pode e o que não pode, criando um apartheid não só social, mas também cultural, segregando essas manifestações para os salões de terra batida da periferia, para os balneários classe C e para os portos que circundam a cidade, onde são realizadas festas
todos os finais de semana.
Por ter sido relegado à periferia, o tecnobrega acabou encontrando na informalidade e na pirataria o seu meio de sobrevivência. Se por um lado isso foi bom, já que a informalidade criou um sistema de distribuição eficaz, por outro largou o ritmo numa espécie de terra de ninguém, onde direitos de patrimônio e de autor não são respeitados, onde não se tem controle sobre os processos criativos.
Por exemplo: a Banda Djavú roubou músicas de autores paraenses. é um fato. Mas, ao mesmo tempo, uma série de músicas do tecnobrega são roubadas. "No More Lonely Nights", do Paul McCartney, virou "Galera GDK", "Das Model" virou "Bole Rebole", "Beat It" virou "O Rei do Pop", cujo refrão, no lugar de "beat it", diz "é firme, firme". Junto a isso, existe uma via de mão dupla, na qual as bandas de forró roubam músicas paraenses e as bandas paraenses roubam forrós que são transformados em tecnobrega.
Um caso exemplar é da musica "Amores", que estourou em Belém numa versão tecnobrega, mas foi gravada originalmente pela banda Forró do Muído, que, por outro lado, roubou a musica de um grupo espanhol e gravou uma versão nao-autorizada dela em português. Nesse cenário caótico, informal e confuso, sempre me pareceu só uma questão de tempo até alguém vir aqui, pegar o melody e as músicas locais e lançar para todo o Brasil.
Em parte porque, ao empurrar e confinar o tecnobrega e o melody para espaços bem delimitados, a elite local perdeu o bonde da história, já que, espertamente, foram os empresários nordestinos, muito mais bem resolvidos com suas questões de identidade, que enxergaram no ritmo excelentes possibilidades de negócios. E enquanto o empresariado local dançava Biquíni Cavadão nos bares "classe A" de Belém e definia que melody era "coisa de caboco", a Bahia criava a Banda Djavú e fatura
milhões em cima de algo criado a partir do talento e da inventividade do povo paraense.
desperta, américa do sul
txt ntrdç: Pedro Alexandre Sanches
Esta minha atual fase paraense segue rendendo frutos suculentos, inclusive uma reportagem na edição 2 da "Billboard", já nas bancas, e anterior a essa nova visita que fiz ao festival Se Rasgum, no fim-de-semana passado.
Teria tanta coisa a dizer que até me perco, então por ora quero reproduzir aqui, com consentimento do autor, o depoimento que (o jornalista e codiretor dos documentários "Brega S/A" e "As Filhas da Chiquita") Vladimir Cunha me concedeu para a reportagem da "Billboard".
O que o Vlad escreveu por e-mail me parece mais que um depoimento, um texto pronto - e excepcional -, com reflexões úteis e importantes muito além das fronteiras do Pará. Quando ele diz "elite paraense", por exemplo, acredito que a gente pode facilmente substituir o termo "paraense" por qualquer canto do Brasil onde vicejem gêneros musicais locais. Ou podemos trocar, de modo mais amplo e igualmente justo, "elite paraense" por "elite brasileira" e e "música paraense" por "música brasileira". Cê não acha?
(Esclarecendo para quem não viu a "Billboard": a reportagem versa sobre o perrengue entre os grupos paraenses de tecnomelody e a Banda Djavú, baiana, que andou abocanhando uma série de hits paraenses e os transformou em música "da Bahia" de alto potencial comercial. Assunto candente, muitíssimo pano pra manga.)
Fala, Vlad:
Pedro,
e-1/2: Vladimir Cunha
Belém é ao mesmo tempo um lugar de passagem e um ponto onde várias culturas se encontram. Passagem porque é a entrada da Amazônia e a saída para o sul do país, e para a Europa, para quem está no norte do Brasil. Uma cidade portuária onde o tráfego de informações sempre foi muito intenso, onde desde os anos 50 se contrabandeavam discos de rock dos Estados Unidos e discos de cumbia, soca e merengue do Caribe e das Guianas. Foi o que possibilitou, por exemplo, a criação da guitarrada e da lambada, ritmos nascidos do contato da periferia da cidade com ritmos criados em outros países.
E sempre se ouviu muita música na periferia de Belém. Eu nasci e me criei no bairro do Jurunas e na parte baixa da Cidade Velha, duas áreas bem pobres da cidade (para tu ter uma ideia, a rua onde nasci somente foi ter asfalto e saneamento básico há cerca de 15 anos, antes era chão batido, valas a céu aberto e mato). E nesses locais era comum a gente estar brincado na rua e ouvir música de todos os lados, brega, merengue, lambada, carimbó, guitarrada... Porque sempre foi um hábito
do belenense pobre colocar as caixas de som na janela, na calçada ou na porta da casa. Em parte para mostrar aos vizinhos que ele conseguiu ter um aparelho de som (naquela época um status absurdo), em parte porque em Belém faz muito calor e na periferia da cidade ir para a rua ouvir música nos finais de semana é uma forma de escapar do ambiente sufocante das casas de madeira e alvenaria sem ventilação dos bairros mais pobres.
Então, essa musicalidade, ela sempre esteve presente no cotidiano do paraense da periferia, que desde cedo aprendeu a conviver com esses diversos matizes musicais. Antes de criar a Banda Calypso, Chimbinha tocava em bailes de Creendece Clearwater Revival a Pink Floyd, de Odair José a disco music. Isso é comum. Então, como o sujeito cresce ouvindo todo tipo de música desde cedo, aprende, na hora de tocar e criar a, combinar esses diversos estilos musicais.
Por causa da batida, por exemplo, "Blue Monday", do New Order, e "This Is Not a Love Song", do Public Image Ltd., foram hits absurdos nas aparelhagens nos anos 80, junto com músicas de Mauro Cota, Teddy Max, Juca Medalha, Pinduca e outros músicos locais. Como ninguém entendia a letra, as pessoas cantavam o refrão de "This Is Not a Love Song" como "bife, coloral e sal". Mas cantavam e se divertiam. Sempre que me lembro disso fico pensando o que sentiria um pós-punk metido a sebo ao saber que em Cametá, no Baixo Tocantins, lavradores, estivadores e pescadores dançavam as mesmas músicas que ele dançava no Madame Satã ou no Crepúsculo de Cubatão.
Isso tudo é para tu entender que essa confusão sensorial e de inputs de informação sempre existiu aqui em Belém e se intensificou ainda mais com a pirataria e o acesso à internet, pois as referências passaram a ser não somente musicais, mas também referências de moda, de seriados de TV, de filmes (tipo "Velozes e Furiosos", "Transformers" e
animes) e dos videogames ("Street Fighter" é, até hoje, sampleado em diversos tecnobregas).
É isso que colabora para essa inventividade do paraense pobre que resolve fazer música, que resolve criar esses gêneros híbridos e, agora, eletrônicos. O problema é que, ao contrário do axé e do forró, por exemplo, nunca existiu em Belém uma tentativa de profissionalização e institucionalização do tecnobrega. Isso porque não existe boa vontade da elite local com o ritmo. A elite local prefere escondê-lo, ridicularizá-lo e abraçar ritmos e modismos importados.
Isso se deve ao fato de que a elite local tem como hábito escamotear certos aspectos que constituem a identidade do povo paraense. Ela não gosta de ser ligada ao índio, ao negro, ao povo ribeirinho, ao morador da periferia. Ela nega seus traços índios, pinta o cabelo de loiro, sonha em morar em condomínios fechados, passar frio, usar casaco. Sonha com o dia em que Belém sera igual aos Jardins em São Paulo. Para ela, o tecnobrega, a lambada, o melody... tudo isso lembra que ao redor das
ilhas de conforto que ela ergueu, e nas quais perpetua a sua ilusão de embranquecimento e de pertencimento a uma realidade que não pode ser replicada numa cidade pobre e caótica como Belém, existe uma gente "feia", de pele escura, "mal-educada", "mal-vestida" e que ouve essa música dura, sexual, rude e que fere os ouvidos: o tecnobrega.
Por conta disso, o paraense médio nunca viu o tecnobrega ou o melody como uma cultura genuinamente local, que poderia ser exportada e gerar benefícios para a cidade e para o estado. Por ter vergonha do tecnobrega, e por conseguinte de uma infinidade de aspectos ligados à identidade do povo paraense, a elite local ergueu uma série de barreiras definindo o que pode e o que não pode, criando um apartheid não só social, mas também cultural, segregando essas manifestações para os salões de terra batida da periferia, para os balneários classe C e para os portos que circundam a cidade, onde são realizadas festas
todos os finais de semana.
Por ter sido relegado à periferia, o tecnobrega acabou encontrando na informalidade e na pirataria o seu meio de sobrevivência. Se por um lado isso foi bom, já que a informalidade criou um sistema de distribuição eficaz, por outro largou o ritmo numa espécie de terra de ninguém, onde direitos de patrimônio e de autor não são respeitados, onde não se tem controle sobre os processos criativos.
Por exemplo: a Banda Djavú roubou músicas de autores paraenses. é um fato. Mas, ao mesmo tempo, uma série de músicas do tecnobrega são roubadas. "No More Lonely Nights", do Paul McCartney, virou "Galera GDK", "Das Model" virou "Bole Rebole", "Beat It" virou "O Rei do Pop", cujo refrão, no lugar de "beat it", diz "é firme, firme". Junto a isso, existe uma via de mão dupla, na qual as bandas de forró roubam músicas paraenses e as bandas paraenses roubam forrós que são transformados em tecnobrega.
Um caso exemplar é da musica "Amores", que estourou em Belém numa versão tecnobrega, mas foi gravada originalmente pela banda Forró do Muído, que, por outro lado, roubou a musica de um grupo espanhol e gravou uma versão nao-autorizada dela em português. Nesse cenário caótico, informal e confuso, sempre me pareceu só uma questão de tempo até alguém vir aqui, pegar o melody e as músicas locais e lançar para todo o Brasil.
Em parte porque, ao empurrar e confinar o tecnobrega e o melody para espaços bem delimitados, a elite local perdeu o bonde da história, já que, espertamente, foram os empresários nordestinos, muito mais bem resolvidos com suas questões de identidade, que enxergaram no ritmo excelentes possibilidades de negócios. E enquanto o empresariado local dançava Biquíni Cavadão nos bares "classe A" de Belém e definia que melody era "coisa de caboco", a Bahia criava a Banda Djavú e fatura
milhões em cima de algo criado a partir do talento e da inventividade do povo paraense.
pingadores:
As Filhas de Chiquita,
Belém,
Billboard,
Brega S/A,
Caribe,
Carimbó,
Djavú,
Guitarrada,
Lambada,
Melody,
Música Paraense,
Odair José,
Pará,
Se Rasgum,
Tecnobrega,
Vladimir Cunha
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
O PAPELÃO DOS JORNALÕES
# agência pirata #
Venda avulsa de jornalões brasileiros cai a índices surpreendentes
txt: Carlos Castilho
Fala-se muito na crise das publicações impressas, como jornais e revistas, mas quando se analisa os dados reais percebe-se que a situação é muito mais grave do que imaginamos e que a busca por novos modelos de negócios é ainda mais urgente do que se previa.
Quando você descobre que a Folha de S.Paulo, considerada um dos três mais influentes jornais do país, vendeu em média 21.849 exemplares diários em bancasem todo o território nacional entre janeiro e setembro de 2009, é possível constatar a abissal queda de circulação na chamada grande imprensa brasileira. Em outubro de 1996, a venda avulsa de uma edição dominical da Folha chegava a 489 mil exemplares.
Segundo o Instituto Verificador de Circulação (IVC) a Folha é o vigésimo quarto jornal em venda avulsa na lista dos 97 jornais auditados pelo instituto, atrás do Estado de S.Paulo, em 19o lugar e O Globo, em 15o lugar. Somados os três mais influentes jornais brasileiros têm uma venda avulsa de quase 96 mil exemplares diários, o que corresponde a magros 4,45% dos 2.153.891 jornais vendidos diariamente em banca nos primeiros nove meses de 2009.
São números muito pequenos comparados ao prestígio dos três jornalões, responsáveis por boa parte da agenda pública nacional. Globo, Folha e Estado compensam sua baixa venda avulsa com um considerável número de assinantes, o que configura a seguinte situação: os três jornais dependem mais do que nunca das classes A e B, que são maioria absoluta entre os assinantes, já que a população de menor renda é a principal cliente nas compras avulsas em bancas.
Esta constatação não é nova, mas ela aponta um dilema crucial: as classes A e B são aquelas onde a penetração informativa da internet é mais intensa. Nesta conjuntura, o futuro de O Globo, Estado e Folha depende umbilicalmente das classes média e alta, o que levou a uma disputa acirrada para saber qual deles interpreta melhor a ideologia destes segmentos sociais.
O atual perfil da imprensa brasileira mostra que os três grandes jornais nacionais agarram-se à classe média para manter assinantes e influenciar na agenda política do país, mesmo com tiragens reduzidíssimas, correspondentes a menos de 5% da média da venda avulsa nacional.
Nos últimos nove meses houve uma pequena recuperação nos índices de venda avulsa do Globo, Estado e Folha em 2009. O IVC registrou um crescimento de 5,5 % em relação aos quatro últimos meses do ano passado. É um aumento bem acima da média dos 97 jornais auditados pelo IVC, cuja venda avulsa diária total subiu insignificantes 0,27% no mesmo período. Mas a recuperação tem que ser vista num contexto de patamares muito baixos e que não garantem a rentabilidade futura dos jornais.
Em compensação os jornais locais e populares ocupam um espaço cada vez maior na mídia nacional. Dos dez jornais com maior venda avulsa, segundo dados do IVC, nove são claramente populares, voltados para as classes C e D. Destes, dois são de Minas Gerais, um do Rio Grande do Sul, cinco do Rio e dois de São Paulo. Somados eles chegam a uma venda avulsa diária média de 1.401.054 exemplares, ou seja 64,5% de todos os jornais auditados entre janeiro e setembro do ano passado.
O jornal Super Notícia, de Belo Horizonte, vende em bancas, em média, 290.047 exemplares (13,47% de todos os jornais auditados pelo IVC) - o que corresponde a cerca de 13,2 vezes a circulação avulsa da Folha de S.Paulo, em todo o país. Números que indicam uma clara tendência do mercado da venda avulsa de jornais no sentido das publicações populares, regionais, com apelo sensacionalista.
Isto também significa que os grandes jornais, tradicionais vitrines da agenda nacional, dependem, hoje, mais do prestígio herdado do passado do que do fluxo de caixa. A sua principal matéria prima, a notícia, perdeu valor de mercado em favor da opinião. Um prestígio que ainda alimenta uma receita publicitária compensadora, principalmente no setor imobiliário, de supermercados e revendas de automóveis, mas cujos dias também estão contados porque a migração destes segmentos para a internet é cada vez maior.
O conglomerado Globo aposta cada vez mais nos jornais populares regionais e segmentados - como o Extra, no Rio. Talvez busque inspiração no caso do Lance!, um jornal esportivo que vende, na média diária, 124 mil exemplares em bancas e jornaleiros. No sul, o grupo RBS aposta no Diário Gaúcho, o terceiro em vendas avulsas no ranking nacional do IVC e 8,4 vezes maior do que a do carro chefe do conglomerado, o jornal Zero Hora.
Venda avulsa de jornalões brasileiros cai a índices surpreendentes
txt: Carlos Castilho
Fala-se muito na crise das publicações impressas, como jornais e revistas, mas quando se analisa os dados reais percebe-se que a situação é muito mais grave do que imaginamos e que a busca por novos modelos de negócios é ainda mais urgente do que se previa.
Quando você descobre que a Folha de S.Paulo, considerada um dos três mais influentes jornais do país, vendeu em média 21.849 exemplares diários em bancasem todo o território nacional entre janeiro e setembro de 2009, é possível constatar a abissal queda de circulação na chamada grande imprensa brasileira. Em outubro de 1996, a venda avulsa de uma edição dominical da Folha chegava a 489 mil exemplares.
Segundo o Instituto Verificador de Circulação (IVC) a Folha é o vigésimo quarto jornal em venda avulsa na lista dos 97 jornais auditados pelo instituto, atrás do Estado de S.Paulo, em 19o lugar e O Globo, em 15o lugar. Somados os três mais influentes jornais brasileiros têm uma venda avulsa de quase 96 mil exemplares diários, o que corresponde a magros 4,45% dos 2.153.891 jornais vendidos diariamente em banca nos primeiros nove meses de 2009.
São números muito pequenos comparados ao prestígio dos três jornalões, responsáveis por boa parte da agenda pública nacional. Globo, Folha e Estado compensam sua baixa venda avulsa com um considerável número de assinantes, o que configura a seguinte situação: os três jornais dependem mais do que nunca das classes A e B, que são maioria absoluta entre os assinantes, já que a população de menor renda é a principal cliente nas compras avulsas em bancas.
Esta constatação não é nova, mas ela aponta um dilema crucial: as classes A e B são aquelas onde a penetração informativa da internet é mais intensa. Nesta conjuntura, o futuro de O Globo, Estado e Folha depende umbilicalmente das classes média e alta, o que levou a uma disputa acirrada para saber qual deles interpreta melhor a ideologia destes segmentos sociais.
O atual perfil da imprensa brasileira mostra que os três grandes jornais nacionais agarram-se à classe média para manter assinantes e influenciar na agenda política do país, mesmo com tiragens reduzidíssimas, correspondentes a menos de 5% da média da venda avulsa nacional.
Nos últimos nove meses houve uma pequena recuperação nos índices de venda avulsa do Globo, Estado e Folha em 2009. O IVC registrou um crescimento de 5,5 % em relação aos quatro últimos meses do ano passado. É um aumento bem acima da média dos 97 jornais auditados pelo IVC, cuja venda avulsa diária total subiu insignificantes 0,27% no mesmo período. Mas a recuperação tem que ser vista num contexto de patamares muito baixos e que não garantem a rentabilidade futura dos jornais.
Em compensação os jornais locais e populares ocupam um espaço cada vez maior na mídia nacional. Dos dez jornais com maior venda avulsa, segundo dados do IVC, nove são claramente populares, voltados para as classes C e D. Destes, dois são de Minas Gerais, um do Rio Grande do Sul, cinco do Rio e dois de São Paulo. Somados eles chegam a uma venda avulsa diária média de 1.401.054 exemplares, ou seja 64,5% de todos os jornais auditados entre janeiro e setembro do ano passado.
O jornal Super Notícia, de Belo Horizonte, vende em bancas, em média, 290.047 exemplares (13,47% de todos os jornais auditados pelo IVC) - o que corresponde a cerca de 13,2 vezes a circulação avulsa da Folha de S.Paulo, em todo o país. Números que indicam uma clara tendência do mercado da venda avulsa de jornais no sentido das publicações populares, regionais, com apelo sensacionalista.
Isto também significa que os grandes jornais, tradicionais vitrines da agenda nacional, dependem, hoje, mais do prestígio herdado do passado do que do fluxo de caixa. A sua principal matéria prima, a notícia, perdeu valor de mercado em favor da opinião. Um prestígio que ainda alimenta uma receita publicitária compensadora, principalmente no setor imobiliário, de supermercados e revendas de automóveis, mas cujos dias também estão contados porque a migração destes segmentos para a internet é cada vez maior.
O conglomerado Globo aposta cada vez mais nos jornais populares regionais e segmentados - como o Extra, no Rio. Talvez busque inspiração no caso do Lance!, um jornal esportivo que vende, na média diária, 124 mil exemplares em bancas e jornaleiros. No sul, o grupo RBS aposta no Diário Gaúcho, o terceiro em vendas avulsas no ranking nacional do IVC e 8,4 vezes maior do que a do carro chefe do conglomerado, o jornal Zero Hora.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
UMA BURCA PARA GEISY
# agência pirata #
O caso Uniban em cordel
crdl: Miguezim de Princesa
I
Quando Geisy apareceu
Balançando o mucumbu
Na Faculdade Uniban,
Foi o maior sururu:
Teve reza e ladainha;
Não sabia que uma calcinha
Causava tanto rebu.
II
Trajava um mini-vestido,
Arrochado e cor de rosa;
Perfumada de extrato,
Toda ancha e toda prosa,
Pensou que estava abafando
E ia ter rapaz gritando:
"Arrocha a tampa, gostosa!"
III
Mas Geisy se enganou,
O paulista é acanhado:
Quando vê lance de perna,
Fica logo indignado.
Os motivos eu não sei,
Mas pra passeata gay
Vai todo mundo animado!
IV
Ainda na escadaria,
Só se ouvia a estudantada
Dando urros, dando gritos
Como quem vai para a luta,
Chamando-a de prostituta
E de mulherzinha safada.
V
Geisy ficou acuada,
Num canto, triste a chorar,
Procurou um agasalho
Para cobrir o lugar,
Quando um rapaz inocente
Disse: "Oh troço mais indecente,
Acho que vou desmaiar!"
VI
A Faculdade Uniban,
Que está em último lugar
Nas provas que o MEC faz,
Quis logo se destacar:
Decidiu no mesmo instante
Expulsar a estudante
Do seu quadro regular.
VII
Totalmente escorraçada,
Sem ter mais onde estudar,
Geisy precisa de ajuda
Para a vida retomar,
Mas na novela das oito
É um tal de molhar biscoito
E ninguém prá reclamar.
VIII
O fato repercutiu
De Paris até Omã.
Soube que Ahmadinejad
Festejou lá no Irã,
Foi uma festa de arromba
Com direito a carro-bomba
Da milícia Talibã.
IX
E o rico Osama Bin Laden,
Agradecendo a Alá,
Nas montanhas cazaquistãs
Onde foi se homiziar
Com uma cigana turca,
Mandou fazer uma burca
Para a brasileira usar.
X
Fica prá Geisy a lição
Deste poeta matuto:
Proteja seu bom guardado
Da cólera dos impolutos,
Guarde bem o tacacá
E só resolva mostrar
A quem gosta do produto.
O caso Uniban em cordel
crdl: Miguezim de Princesa
I
Quando Geisy apareceu
Balançando o mucumbu
Na Faculdade Uniban,
Foi o maior sururu:
Teve reza e ladainha;
Não sabia que uma calcinha
Causava tanto rebu.
II
Trajava um mini-vestido,
Arrochado e cor de rosa;
Perfumada de extrato,
Toda ancha e toda prosa,
Pensou que estava abafando
E ia ter rapaz gritando:
"Arrocha a tampa, gostosa!"
III
Mas Geisy se enganou,
O paulista é acanhado:
Quando vê lance de perna,
Fica logo indignado.
Os motivos eu não sei,
Mas pra passeata gay
Vai todo mundo animado!
IV
Ainda na escadaria,
Só se ouvia a estudantada
Dando urros, dando gritos
Como quem vai para a luta,
Chamando-a de prostituta
E de mulherzinha safada.
V
Geisy ficou acuada,
Num canto, triste a chorar,
Procurou um agasalho
Para cobrir o lugar,
Quando um rapaz inocente
Disse: "Oh troço mais indecente,
Acho que vou desmaiar!"
VI
A Faculdade Uniban,
Que está em último lugar
Nas provas que o MEC faz,
Quis logo se destacar:
Decidiu no mesmo instante
Expulsar a estudante
Do seu quadro regular.
VII
Totalmente escorraçada,
Sem ter mais onde estudar,
Geisy precisa de ajuda
Para a vida retomar,
Mas na novela das oito
É um tal de molhar biscoito
E ninguém prá reclamar.
VIII
O fato repercutiu
De Paris até Omã.
Soube que Ahmadinejad
Festejou lá no Irã,
Foi uma festa de arromba
Com direito a carro-bomba
Da milícia Talibã.
IX
E o rico Osama Bin Laden,
Agradecendo a Alá,
Nas montanhas cazaquistãs
Onde foi se homiziar
Com uma cigana turca,
Mandou fazer uma burca
Para a brasileira usar.
X
Fica prá Geisy a lição
Deste poeta matuto:
Proteja seu bom guardado
Da cólera dos impolutos,
Guarde bem o tacacá
E só resolva mostrar
A quem gosta do produto.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
HACKER
# agência pirata #
Sou um hacker e me orgulho muito disso !
txt: Jomar Silva
Sou um hacker, pois “modifiquei” o mundo ao meu redor desde que me conheço por gente.
Tudo começou com o meu nome, que é uma junção das primeiras sílabas do nome do meu pai, e que alguns meses após meu nascimento, só servia para me chamar a atenção quando eu fazia alguma coisa errada (me reservo o direito de não divulgar aqui meu apelido, que ganhei muito antes do meu primeiro ano de vida e que me acompanha até hoje no meu círculo familiar). Se meu nome já foi fruto de um Hack, que escolha eu teria ?
Me lembro de ter tido alguns problemas “sociais” durante toda a minha infância, e eles pioraram quando eu hackeei o sistema educacional medieval presente e aprendi a ler e escrever sozinho dois anos antes de qualquer colega de escola.
Depois de muita repressão ignorante do sistema naquela época (e muito incentivo da minha família), acabei descobrindo que poderia me expressar de outras formas na sociedade e que não tinha necessariamente que seguir o “script” social que alguém havia designado para mim.
Tudo mudou de verdade quando minha paixão pela música me levou aos 9 anos a hackear minha própria bateria, montando uma bateria com caixas de uva (destas que sobram no fim da feira) e usando baquetas hackeadas de pedaços de antena de TV quebrada, resolvi ser baterista. Um primo meu viu uma de minhas performances e avisou a meus pais que eu era um baterista nato e que estudando ou não, eu o seria por toda a vida… fui parar num conservatório musical.
Na mesma época, demonstrei á minha família uma vontade maluca de falar inglês e por isso, acabei sendo premiado pelo meu pai com a oportunidade de estudar o idioma bretão (me lembro até hoje que chorei de alegria no dia em que ele me matriculou no curso de inglês)… Acabei Hackeando o curso todo e aos 13 anos de idade me vi obrigado a fazer duas vezes um certo módulo pois eu era “no mínimo 3 anos mais novo do que qualquer outro aluno da turma”… desisti do curso em terminei meu aprendizado na vida.
No conservatório, aprendi até o limite onde um aluno pode aprender e fui ás aulas até o dia em que meu professor, prá lá de hacker, me avisou que “tudo o que ele poderia me ensinar ele já havia ensinado e que o resto, a noite me ensinaria”… com 13 anos isso soava quase como uma profecia de Nostradamus, mas hoje eu sei que ele tinha razão.
Também aos 11 anos, ganhei meu primeiro computador, um PC nacional comprado a muito custo pelo meu pai para ajudar a um amigo que estava em dificuldade financeira e se desfazia dos ativos de sua empresa… Hackear ganhou um novo sentido na minha vida (aliás, que saudade do “PC Tools”).
Aos 15 anos, tive um problema de saúde e veio o hack mais difícil da minha vida: Tive um “problema no cérebro” e minha única chance de sobrevivência era uma cirurgia… até que esta fosse realizada, tive que passar meses convivendo com a hipótese de que o problema poderia ser qualquer coisa, e mesmo depois de algumas semanas de internação e muita quimioterapia (ou o nome que davam a isso na época), ninguém sabia do que se tratava.
Me lembro de ter entrado na sala de cirurgia, careca, sozinho com lágrimas nos olhos e com uma gigantesca e gélida sensação de que “de agora em diante estou sozinho”… confesso que jurei para mim mesmo naquele momento que Deus não existia, mas no final da história, eu acabei acordando…
… em uma UTI, amarrado, com um tubo enfiado na minha garganta (que doía bastante), com alguma coisa nos meus olhos que não me permitiam enxergar direito o que havia na minha frente, mas ainda assim consegui identificar o meu pai, chorando desesperado, entendendo que eu estava sofrendo com uma dor imensa, e tentando me desamarrar daquela cama onde ele havia me encontrado… passei ali a pior noite da minha vida e confesso que não sei como não enlouqueci depois daquilo tudo… quando sai dali, me sentia um herói: Hackeei a morte (mas sei que ela vai tentar de novo e vai acabar ganhando).
Superei tudo isso e continuei hackeando… o colégio técnico em eletrônica, o vestibular e finalmente os anos intermináveis da faculdade de engenharia (e quem fez FEI aí sabe bem do que estou falando)…
Não tive “sucesso” como músico, pois minha banda fazia sucesso em nossa cidade na época em que o Jabá já havia se estabelecido e mesmo assim, chegamos a negociar nosso trabalho com uma gravadora multinacional (graças a Deus não deu certo, pois eu me odiaria ser mais um rendido que tinha enchido de dinheiro os bolsos das gravadoras, não passando de um “Hit dos anos 90” na cabeça das pessoas).
No último ano da faculdade, durante um debate em uma aula de sistemas operacionais, acabei abrindo a boca e falando que “meu sonho era um dia poder contribuir em uma norma internacional de TI”… É claro que virei motivo de piada de toda a turma (incluindo o professor, que incentivava os demais), mas naquela época eu já tinha recebido o apelido de Homembit por conta dos meus feitos na área de eletrônica digital… Hackeei mais esta limitação há pouco tempo, quando me tornei o responsável pela adoção do ODF como norma brasileira e ainda me tornei membro ativo do OASIS ODF TC (comitê internacional que desenvolve o ODF), sendo agora co-autor da nova versão do ODF (ODF 1.2).
Passei muitos anos preso ao sistema e ás limitações técnicas que sempre foram impostas aos desenvolvedores e profissionais de tecnologia no Brasil, mas há alguns anos, conheci o mundo do Software Livre e de novo, hackeei o sistema imposto.
Trabalhei com a Internet desde que ela chegou ao nosso país, e sempre me senti mais do que obrigado a “dar um passo além”, hackeando a mesmice e o conformismo que sempre nos fez ficar de cabeça baixa em nosso tradicional papel de colonizados (digitais ou não)…
Há alguns anos, tive as oportunidades com as quais sonhei a vida toda, e só Deus sabe quanto trabalhei e ainda trabalho para poder hackear todas as limitações que me foram (e ainda são) impostas. Consegui contribuir para que o ODF fosse realidade no Brasil e na América Latina e para isso, tive até que hackear corações e mentes (que hoje são meus grandes aliados e me ajudam a continuar hackeando mais corações e mentes nesta caminhada). Me sinto muito feliz por ter feito tudo isso.
Quando ainda era criança, li “O Pequeno Príncipe” e nunca me esqueço do “És responsável pelo que cativas”, e penso que hoje poderia hoje ser melhor traduzido como “És responsável pelo que hackeias”…
Como muitos que conheço, depois de ter passado por tudo isso e vivido mais de 35 anos hackeando tudo e todos, sou obrigado a ver hoje um monte de gente (e organizações) mal intencionadas gastarem milhões de dólares num esforço mundial para alertar a todo o mundo que “Hackers são do mal” !
Akenathon hackeou o politeísmo propondo o monoteísmo, Galileu hackeou a teoria predominante de que a Terra era o centro do Universo mostrando o papel do Sol em nosso sistema, o Marquês de Sade hackeou a sexualidade na comunicação, Charles Darwin hackeou a teoria da evolução da humanidade, os Inconfidentes Mineiros hackearam o império português, Zumbi dos Palmares hackeou a escravidão no Brasil, Einstein hackeou Sir Isaac Newton, Vinton Cerf (e centenas de outros) hackearam o mundo das telecomunicações criando a Internet e Tim Berners Lee (e milhares de outros) hackearam a Internet criando a Web e Richard Stallman (e milhões de outros) hackearam o mundo do software criando o que temos, usamos e dependemos (gostando ou não) hoje !
(malditos hackers que construíram e moldaram o mundo em que vivemos… para não citar inúmeros outros exemplos)
Sim… Sou um Hacker, me orgulho muito disso e me ofendo muito quando vejo a mídia usar o que sou para identificar os CRACKERS, que sempre trabalharam contra tudo o que defendo e acredito.
Sinto esta raiva aumentar ainda mais, quando vejo estes mesmos CRACKERS vestindo terno e gravata, ocupando tribunas de senados no mundo todo, lutando contra o compartilhamento, a difusão do conhecimento e a criação de um novo paradigma social.
Sou um hacker e me orgulho muito disso !
txt: Jomar Silva
Sou um hacker, pois “modifiquei” o mundo ao meu redor desde que me conheço por gente.
Tudo começou com o meu nome, que é uma junção das primeiras sílabas do nome do meu pai, e que alguns meses após meu nascimento, só servia para me chamar a atenção quando eu fazia alguma coisa errada (me reservo o direito de não divulgar aqui meu apelido, que ganhei muito antes do meu primeiro ano de vida e que me acompanha até hoje no meu círculo familiar). Se meu nome já foi fruto de um Hack, que escolha eu teria ?
Me lembro de ter tido alguns problemas “sociais” durante toda a minha infância, e eles pioraram quando eu hackeei o sistema educacional medieval presente e aprendi a ler e escrever sozinho dois anos antes de qualquer colega de escola.
Depois de muita repressão ignorante do sistema naquela época (e muito incentivo da minha família), acabei descobrindo que poderia me expressar de outras formas na sociedade e que não tinha necessariamente que seguir o “script” social que alguém havia designado para mim.
Tudo mudou de verdade quando minha paixão pela música me levou aos 9 anos a hackear minha própria bateria, montando uma bateria com caixas de uva (destas que sobram no fim da feira) e usando baquetas hackeadas de pedaços de antena de TV quebrada, resolvi ser baterista. Um primo meu viu uma de minhas performances e avisou a meus pais que eu era um baterista nato e que estudando ou não, eu o seria por toda a vida… fui parar num conservatório musical.
Na mesma época, demonstrei á minha família uma vontade maluca de falar inglês e por isso, acabei sendo premiado pelo meu pai com a oportunidade de estudar o idioma bretão (me lembro até hoje que chorei de alegria no dia em que ele me matriculou no curso de inglês)… Acabei Hackeando o curso todo e aos 13 anos de idade me vi obrigado a fazer duas vezes um certo módulo pois eu era “no mínimo 3 anos mais novo do que qualquer outro aluno da turma”… desisti do curso em terminei meu aprendizado na vida.
No conservatório, aprendi até o limite onde um aluno pode aprender e fui ás aulas até o dia em que meu professor, prá lá de hacker, me avisou que “tudo o que ele poderia me ensinar ele já havia ensinado e que o resto, a noite me ensinaria”… com 13 anos isso soava quase como uma profecia de Nostradamus, mas hoje eu sei que ele tinha razão.
Também aos 11 anos, ganhei meu primeiro computador, um PC nacional comprado a muito custo pelo meu pai para ajudar a um amigo que estava em dificuldade financeira e se desfazia dos ativos de sua empresa… Hackear ganhou um novo sentido na minha vida (aliás, que saudade do “PC Tools”).
Aos 15 anos, tive um problema de saúde e veio o hack mais difícil da minha vida: Tive um “problema no cérebro” e minha única chance de sobrevivência era uma cirurgia… até que esta fosse realizada, tive que passar meses convivendo com a hipótese de que o problema poderia ser qualquer coisa, e mesmo depois de algumas semanas de internação e muita quimioterapia (ou o nome que davam a isso na época), ninguém sabia do que se tratava.
Me lembro de ter entrado na sala de cirurgia, careca, sozinho com lágrimas nos olhos e com uma gigantesca e gélida sensação de que “de agora em diante estou sozinho”… confesso que jurei para mim mesmo naquele momento que Deus não existia, mas no final da história, eu acabei acordando…
… em uma UTI, amarrado, com um tubo enfiado na minha garganta (que doía bastante), com alguma coisa nos meus olhos que não me permitiam enxergar direito o que havia na minha frente, mas ainda assim consegui identificar o meu pai, chorando desesperado, entendendo que eu estava sofrendo com uma dor imensa, e tentando me desamarrar daquela cama onde ele havia me encontrado… passei ali a pior noite da minha vida e confesso que não sei como não enlouqueci depois daquilo tudo… quando sai dali, me sentia um herói: Hackeei a morte (mas sei que ela vai tentar de novo e vai acabar ganhando).
Superei tudo isso e continuei hackeando… o colégio técnico em eletrônica, o vestibular e finalmente os anos intermináveis da faculdade de engenharia (e quem fez FEI aí sabe bem do que estou falando)…
Não tive “sucesso” como músico, pois minha banda fazia sucesso em nossa cidade na época em que o Jabá já havia se estabelecido e mesmo assim, chegamos a negociar nosso trabalho com uma gravadora multinacional (graças a Deus não deu certo, pois eu me odiaria ser mais um rendido que tinha enchido de dinheiro os bolsos das gravadoras, não passando de um “Hit dos anos 90” na cabeça das pessoas).
No último ano da faculdade, durante um debate em uma aula de sistemas operacionais, acabei abrindo a boca e falando que “meu sonho era um dia poder contribuir em uma norma internacional de TI”… É claro que virei motivo de piada de toda a turma (incluindo o professor, que incentivava os demais), mas naquela época eu já tinha recebido o apelido de Homembit por conta dos meus feitos na área de eletrônica digital… Hackeei mais esta limitação há pouco tempo, quando me tornei o responsável pela adoção do ODF como norma brasileira e ainda me tornei membro ativo do OASIS ODF TC (comitê internacional que desenvolve o ODF), sendo agora co-autor da nova versão do ODF (ODF 1.2).
Passei muitos anos preso ao sistema e ás limitações técnicas que sempre foram impostas aos desenvolvedores e profissionais de tecnologia no Brasil, mas há alguns anos, conheci o mundo do Software Livre e de novo, hackeei o sistema imposto.
Trabalhei com a Internet desde que ela chegou ao nosso país, e sempre me senti mais do que obrigado a “dar um passo além”, hackeando a mesmice e o conformismo que sempre nos fez ficar de cabeça baixa em nosso tradicional papel de colonizados (digitais ou não)…
Há alguns anos, tive as oportunidades com as quais sonhei a vida toda, e só Deus sabe quanto trabalhei e ainda trabalho para poder hackear todas as limitações que me foram (e ainda são) impostas. Consegui contribuir para que o ODF fosse realidade no Brasil e na América Latina e para isso, tive até que hackear corações e mentes (que hoje são meus grandes aliados e me ajudam a continuar hackeando mais corações e mentes nesta caminhada). Me sinto muito feliz por ter feito tudo isso.
Quando ainda era criança, li “O Pequeno Príncipe” e nunca me esqueço do “És responsável pelo que cativas”, e penso que hoje poderia hoje ser melhor traduzido como “És responsável pelo que hackeias”…
Como muitos que conheço, depois de ter passado por tudo isso e vivido mais de 35 anos hackeando tudo e todos, sou obrigado a ver hoje um monte de gente (e organizações) mal intencionadas gastarem milhões de dólares num esforço mundial para alertar a todo o mundo que “Hackers são do mal” !
Akenathon hackeou o politeísmo propondo o monoteísmo, Galileu hackeou a teoria predominante de que a Terra era o centro do Universo mostrando o papel do Sol em nosso sistema, o Marquês de Sade hackeou a sexualidade na comunicação, Charles Darwin hackeou a teoria da evolução da humanidade, os Inconfidentes Mineiros hackearam o império português, Zumbi dos Palmares hackeou a escravidão no Brasil, Einstein hackeou Sir Isaac Newton, Vinton Cerf (e centenas de outros) hackearam o mundo das telecomunicações criando a Internet e Tim Berners Lee (e milhares de outros) hackearam a Internet criando a Web e Richard Stallman (e milhões de outros) hackearam o mundo do software criando o que temos, usamos e dependemos (gostando ou não) hoje !
(malditos hackers que construíram e moldaram o mundo em que vivemos… para não citar inúmeros outros exemplos)
Sim… Sou um Hacker, me orgulho muito disso e me ofendo muito quando vejo a mídia usar o que sou para identificar os CRACKERS, que sempre trabalharam contra tudo o que defendo e acredito.
Sinto esta raiva aumentar ainda mais, quando vejo estes mesmos CRACKERS vestindo terno e gravata, ocupando tribunas de senados no mundo todo, lutando contra o compartilhamento, a difusão do conhecimento e a criação de um novo paradigma social.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
ROMULO FRÓES
# agência pirata #
Samba da Liberdade
txt: André Gomes
phts: Eugênio Vieira
É um dos próximos grandes nomes da música brasileira, não temos dúvidas disso. Romulo Fróes, ao terceiro disco - que é na verdade um disco com duas caras - confirma tudo aquilo que dele se esperava e mais: deixa as expectativas muito altas. Anda em namoro com o samba há muito tempo mas não quer uma relação demasiado estável e por isso anda em constante flirt com a pop, com o rock, com alguma música psicadélica. Em No Chão sem o chão este paulista anda assim, aos ziguezagues, mas absolutamente certo do caminho que quer seguir. É um disco de ruptura, consigo mesmo e com aquilo que imagina da música brasileira. Mas quando entramos em diálogo com Romulo Fróes percebemos que este disco é ele; inquieto e com um pé sempre no futuro, sem tentar remediar um passado que, se calhar, não pode ser remendado. Romulo Fróes em entrevista sumarenta ao Bodyspace diz sem dizer: ponham os olhos em mim que eu tenho muita - tanta - coisa par dar.
Este disco parece um disco claro de mudança. De mudança em relação ao disco anterior, Cão, de mudança que parece ser um lema teu. Isto é tudo verdade?
Se mudança quer dizer estar atento à minha música e seguir com ela os caminhos que ela quiser tomar, ainda que possam parecer antagónicos, sim, mudança é o meu lema. Mas acredito que para quem acompanha o meu trabalho de perto não há uma ruptura muito grande, acho que existe uma linha a ligar os meus três discos.
No Chão Sem o Chão nasceu de uma crise com os músicos que te acompanhavam. Que crise foi essa e qual foi a forma que encontraste para a ultrapassar?
Apesar de serem músicos incríveis e pertencerem à categoria dos inventores, ao menos para mim, a ligação muito forte que eles tinham com a tradição do choro e do samba, impediram-nos de acompanhar as experimentações que eu vinha a fazer com a canção brasileira; eles passaram a sentir uma certa vergonha de tocar comigo. Abandonado por eles, o jeito foi mudar radicalmente a banda e de um momento para outro passei de um regional de choro para um power trio de rock.
Diz-se na contracapa do teu novo disco que querias de certa forma apagar a tua imagem de sambista. Foi por culpa tua ou da imprensa que ela se grudou em ti? O que é que te chateia tanto nessa classificação?
Acho sempre que se algum rótulo gruda no artista, é ele o responsável, a sua música é que está passando uma determinada imagem para o público e os jornalistas são os primeiros a identificar isto. O que me chateava era a imagem do sambista, ligado às tradições do samba, coisa que eu definitivamente não sou, eu lido é com a tradição da canção popular brasileira na sua imensa diversidade. Eu tento dar a minha contribuição à sua história e certamente o samba está inserido neste contexto e é ainda minha maior influência, eu fugi da pecha de sambista, não do samba.
Este No Chão Sem o Chão é um disco duplo. A saída da crise estava em lançar o teu Sandinista?
Acho que inconscientemente até, fiz um disco com tantas canções para escancarar tudo o que penso sobre a música brasileira, para dizer para todo o mundo que não é só o samba que me influencia, que há muito mais na sua história que me diz respeito. Neste sentido já estou a achar que um disco duplo ainda não foi suficiente.
Como é que foram as gravações do disco? Chamaste-lhes sessões. Aconteceram em alturas diferenciadas, com intenções diferentes? O que te levou a lançar todas estas canções ao mesmo tempo? Achas que seria fácil fazer deste disco um disco apenas?
Assim como aconteceu com todos os meus discos, o processo de gravação é sempre muito difícil, muito batalhado. Eu não gravo os meus discos em casa, por isso existe toda uma logística para se conseguir as melhores condições e a principal questão é financeira. Quando comecei a gravá-lo em Julho de 2007 estava de viagem para uma série de shows que fiz no Reino Unido e o dinheiro que ganhei para fazer essa tour apliquei-o todo na gravação do que depois veio a chamar-se Primeira Sessão - Cala Boca Já Morreu. Chamei-a de primeira sessão porque foi gravada toda ao vivo numa semana de estúdio, é claramente mais pesada, com longos solos instrumentais, mais fora da minha mão, já que estava a começar o meu relacionamento com a nova banda e ainda não tinha muito controle sobre ela. Passado o tempo, com o convívio aprendi a pensar sobre este novo som, a compor pensando na sonoridade da banda e o que é mais importante para mim neste álbum, a compor com a banda. Todo este processo resultou numa nova sessão de gravação em Dezembro de 2007 e que veio a chamar Segunda Sessão - Saiba Ficar Quieto. Já disse por aí que se tivesse que lançar apenas um dos discos seria este, por achá-lo melhor resolvido, mas tomei a decisão de lançar os dois por achar mais forte mostrar todo o processo pelo qual passou este disco. Mais do que revelar um certo amadorismo, escancara o que é para mim um modo rico de composição, que vem do meu contacto permanente com a criação e da minha facilidade de fazer canções, compartilhada com os meus parceiros de sempre, Clima e Nuno Ramos.
Pode ser emocionalmente esgotante produzir tantas canções assim de uma só vez e vê-las partir para um disco duplo à mercê do público e da crítica?
O que é esgotante não é compor canções, como já disse, eu e meus parceiros temos muita facilidade em compor, o que é desgastante é botar o disco na rua, fazê-lo chegar ao maior número de ouvintes, é vê-lo na boca do povo, mas não tenho do que reclamar, aos poucos o meu trabalho está a conquistar o seu espaço no coração das pessoas.
Em relação à cidade onde vives, há muito de São Paulo nas tuas canções?
Claro que sim, não no sentido literal, porque não acho São Paulo um lugar fácil de se cantar, assim como o são a Bahia e o Rio de Janeiro, por exemplo. Mas o meu comportamento, a minha relação com a música, acho que vem de um jeito bem paulistano de olhar para o mundo.
Viver em São Paulo poderá de certa forma ser estar longe dos teus objectivos? Como acontece em Londres no Reino Unido ou Nova Iorque nos Estados Unidos, não viver no Rio de Janeiro é prejudicial para ti ou isso não acontece assim no Brasil?
Engraçada a tua pergunta, pareces tratar São Paulo como uma cidade pequena. Sabes que é a maior cidade do Brasil, da América Latina, uma das maiores do mundo? Que pergunta é essa, pá? [risos] Mas procurando entender um pouco o que dizes, é claro que o Rio de Janeiro é mais importante para a história da música no Brasil, é a capital da música brasileira, mas hoje, como já há muito tempo, é São Paulo que detém o poder económico do país, os negócios com música praticamente só se desenvolvem por aqui e talvez seja este o grande problema com o mercado de música no Brasil.
Sentes-te fazer parte de uma nova geração que explora a canção brasileira. Sentes-te à procura de novos caminhos para a música brasileira?
Sim, faço parte de uma das mais ricas gerações da música brasileira em muito tempo, essa geração surgida no final dos anos 90 com o advento da internet e o tempo ainda vai reconhecer isso. Não sei se a procura por novos caminhos para a música brasileira move esta geração, mas definitivamente é o meu objectivo maior, é o que me faz querer continuar a fazer e ainda que eu não consiga achá-los, o trajecto já terá sido muito prazeroso.
Pode a evolução da música brasileira passar pelo reconhecimento do trabalho dos Mutantes, por exemplo? Quando ouço o teu novo disco lembro-me por vezes do trabalho deles. És admirador assumido dos Mutantes?
Mas é claro que sim, os Mutantes são um capítulo importante na nossa história, mas acho ainda maior para minha geração a influência da Tropicália, não só com os Mutantes, mas também Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Jards Macalé, Torquato Neto, Gal Costa e por aí vai. O que eles fizeram nos anos 60 ainda ecoa na cabeça de todos que fazem música hoje e acho particularmente especial que o Caetano tenha gravado nos últimos anos, dois belíssimos discos muito influenciado por esta nova geração que é tão devedora da sua obra. É a história a dar a sua volta completa e estamos só no começo. Um novo começo.
Como explicas a facilidade da música brasileira em chegar a todos os cantos do mundo? Achas que há alguma universalidade na música brasileira, ou talvez o ritmo, algo que faça a ligação com as pessoas instantaneamente?
Acho a música popular americana, cubana e brasileira as mais importantes do mundo e não por acaso, todas tiveram a sua origem na África. Para mim a música negra é que é universal, em qualquer feição que ela se apresente, como na sua face brasileira.
Voltando ao passado, não começaste por ser apenas Romulo Fróes. Começaste a tua carreira na música como integrante da banda Losango Cáqui, com quem gravaste dois álbuns. O que guardas musicalmente e emocionalmente desses tempos?
Foi quando iniciei o ofício de compor, que fiz as primeiras gravações e os meus primeiros shows, neste sentido foi muito importante, mas artisticamente é irrelevante. Por sorte não existia internet nesta época e os meus deslizes de começo de carreira são ainda hoje um segredo bem guardado.
Como e quando é que achas ter atingido a coragem para cantar a solo? Foi um processo complicado assumir essa evolução?
Não foi uma questão de cantar solo, foi uma selecção natural da vida, eu fui o único da banda a continuar na música, a querer lançar-se nesse universo impalpável que é fazer arte. Neste sentido eu fui o único a ter coragem ou o único a não ter juízo.
Fazer da tua vida a música e apenas a música é um objectivo de vida para ti?
Certamente, apesar de ainda não vislumbrar o dia que isso vá acontecer. Mas tudo isso é um processo pelo qual a música está a passar nestes primeiros anos do século XXI. Primeiro libertamo-nos da indústria, a tecnologia trouxe-nos a liberdade de tocar as nossas carreiras da forma que quisermos, gravar os nossos discos no tempo e da maneira que acharmos melhor. Conquistada essa liberdade, que levou a produção a patamares nunca atingidos na história, não demorou muito a surgirem trabalhos de extrema relevância, de novos artistas que já contam com discografias, na minha opinião, brilhantes. Acho que daqui para a frente é preciso organizar o meio de música, ampliar o mercado de trabalho, inventar novas formas de abordar e conquistar o novo público que se forma.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
KASSIN
# noé ae?! #
Calça de ginástica
txt: Tiago Jucá Oliveira
phts n vd: Melissa Orsi dos Santos
mcnh n frsnt: Chong
A tarde já havia sido verde demais. Chong insiste: "bora lá pro Kassin, passa aqui antes pra gente frisar, ta rolando um clone". Eu não queria ir, pois show na UFRGS costumam ser chatos, a não ser quando são shows feitos pra ouvir sentado mesmo. Mas Melissa insistiu. "Bora lá, cacildiz".
Depois de frisar um Salton e um encabeçar um clone, seguimos adiante pro Salão de Atos da UFRGS. O público, surpreendentemente, era de véios e véias. O show deveria se chamar "Kassin pra terceira idade". Eu, a 10 km por hora, parecia um véio também. Sentadinho, quieto, viajando e ouvindo o amigo do lado: "que desânimo".
Começa o espetáculo, e nada entra nos ouvidos sem a interferência verde. Não estou num show, e sim em outro mundo. O som chega as zoreias, e tudo se confunde. A banda é boa. Domenico baita baterista e o Donatinho toca muito. Bah, o baixista esqueci o nome. E o Kassin é bom guitarrista, embora não seja um cantor com C maiúsculo.
Tocaram várias músicas legais. Tava uma viagem. Locura. Ainda bem que era show pra assistir sentado. Somente "Calça de Ginástica" tem uma levada mais pra ficar de pé, dançar e chamar o garçon. E acender outra vela. Pros mortos? Sim, se pudesse ficar de pé, dançar e pedir uma ceva no balcão, acho que continuaria sentado. Desânimo.
O pop-rock de Kassin é um dos melhores do rock brasileiro. Tem gente que acha que o rock morreu, ou que é coisa de gaúcho. Embora um show do Cachorro Grande na UFRGS seria sinônimo gente jovem, quebradeira de cadeiras, cigarros acesos, e o salão fechado por um bom tempo pra reformas, .. to viajando... ? Sei lá.
Enfim, tocaram vários sons (veja o set list abaixo, na foto, pois não me lembro do nome das músicas. Só aquela "Tranquilo", muito melhor na voz da Thalma de Freitas. Dizem que deus escreve certo por linhas tortas. E não é que o melhor lugar prum show calmo, viajante e morno seja mesmo a UFRGS. Se fosse num lugar tipo Opinião, onde os véios não costumam ir, sem ser de graça, poderia ter sido como um amigo disse que foi no Rio: "vazio, show fraco, a desejar". Comentário que me deixou inquieto, pois eu fui um dos poucos que havia votado no disco do Kassin pro Prêmio Uirapuru e ainda havia levado crítica por causa disso.
Nada melhor do que tirar a prova. Kassin e UFRGS foram feitos um pro outro. Azar de quem não foi e de quem, como no meu caso, não foi levado. Um dos melhores clones do ano. Viajei demais?
... e não deixe de assistir ao vídeo. O nome da música eu também esqueci, mas tá massa. Só pra você sentir o baita show que perdeu, meu véio! Isso que o vídeo é de umas piores música dele...
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
APPETITE FOR SELF-DESTRUCTION
# remixtures #
Criadores de The Wire produzem filme sobre a auto-destruição da indústria discográfica
txt: Miguel Caetano
Numa altura em que se fazem filmes sobre tudo e mais alguma coisa, porque não fazer um sobre a decadência das grandes editoras discográficas? Foi o que pensaram os produtores da série televisiva The Wire da HBO quando adquiriram os direitos do livro Appetite for Self-Destruction: The Spectacular Crash of the Record Industry in the Digital Age.
Escrito pelo jornalista da revista Rolling Stone Steve Knopper, a obra é uma autêntica crónica de todos os tiros no pé dados pela indústria discográfica ao longo dos últimos 30 anos, começando com a moda do disco sound do final dos anos 70, passando pelo surgimento dos CDs bem como pela campanha levada a cabo pelas majors para convencer as pessoas a “actualizarem” as suas discotecas pessoais em vinil e terminando no combate contra a tecnologia de partilha de ficheiros já no século XXI, após o surgimento do Napster.
E o cenário traçado por Knopper relativamente à evolução da indústria do disco não é nada animador: de cada vez que as editoras discográficas tiveram que enfrentar novas evoluções tecnológicas elas acabaram quase sempre por escolher as soluções que ofereciam uma maior rentabilidade a curto prazo.
Mas na prática essas opções vieram mais tarde a colocar em causa o equilíbrio e a sustentabilidade do seu negócio. A sua estratégia foi sempre a de tentar travar a inovação tecnológica de modo a manter o mais possível uma escassez artificial que lhes garantia o controlo sobre o circuito de distribuição. Veja-se o exemplo das medidas de restrição tecnológica, vulgo DRM.
Daí aos inúmeros processos judiciais contra os programadores de aplicações de P2P foi um pequeno passo. Daí ao início da interminável perseguição dos seus maiores clientes foi outro pequeno passo. É assim sem surpresa que as editoras discográficas são hoje alvo da desconfiança não só do grande público mas também dos artistas que descobriram que existem outras formas mais eficientes, rápidas e económicas de distribuírem as suas obras.
Após constatarem que era impossível continuar a concorrer segundo as regras do mercado, as editoras são hoje forçadas a pressionar governos nacionais e fornecedores de acesso à Internet de modo a instituir uma teia de vigilância em redor de todas as ligações online, muitas vezes sem o respeito pelas regras fundamentais de um Estado de direito.
Embora não existam até ao momento grandes detalhes a respeito deste filme, sabe-se pelo menos para já que a argumentista Victoria Stewart foi encarregada de escrever a adaptação do livro para o filme, estando a produção a cargo de Robert Cooper.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
UNIBAMBI
# over12 #
De volta pro futuro
txt: Tiago Jucá Oliveira
Uma das cenas mais chocantes que já pude assistir. A menina, apertada num vestido vermeio, é vaiada, cuspida, chutada, humilhada e todas aquelas coisas que a Chiquinha diz ser vítima do Chaves pro seu pai Madruga.
No meu tempo de faculdade, quando entrava uma moça assim, o filme era mais uma comédia do que um drama violento e preconceituoso. O Viciado puxava um papo, o Joélis chamava de gostosa, o Banzi já se declarava apaixonado, o Túio convidava pra ver umas paradas maneiras, e o Dudu jurava que já tinha comido.
Mas na Unibambi o caso é diferente. É pior. É lamentável. Agravante: a rapariga é expulsa da universidade por mal comportamento. Hey! E os estudantes que a agrediram? Preconceito por causa de uma roupa, é isso que a direção dessa instituição de ensino superior prega em suas aulas? "João, você tirou 10 na prova de direito romano, e 6 pela sua roupa, sua média é 8. Tem que melhorar seu visual, viu?"
Outro ponto importante sobre a ótica desta universidade. Violência não é punida. Geisy, caso fosse só de roupas íntimas, poderia ser assassinada? Daqui a pouco vai ter doido apanhando porque usa camiseta de Che Guevara, uma vestimenta muçulmana, uma maquiagem emo. E ainda será expulso, sob a alegação que as "roupas não eram adequadas pra uma instituição séria que nem a nossa". Me caiu os butiá dus borso!
Quando não se esparava algo pior depois das agressões verbais e físicas, e do consentimento com os agressores por parte da universidade, a mesma que expulsou a aluna vítima da violência e do preconceito, eis que ... O Fantástico, e acredito que a enquete deva ter ecoado por mais outros tantos programas de TV e rádio e em pesquisas na internet, pergunta ao telespectador: "você acha que as roupas de Geisy eram apropriadas ou não?"
Tão de brincadeira, né? A pergunta não deveria ser outra? Esta aqui: "que espécie de animais são esses que dirigem e estudam na Uniban?".
terça-feira, 10 de novembro de 2009
MOMBOJÓ
# conection #
Mombojó no Ponto.Ce
txt n' phts: Keka
Foi assim que na sexta-feira, seis de novembro de dois mil e love. Um dia cheio de ansiedade e um festival rolando no fim-de-semana. Há mais de dois anos a cidade esperava por esse dia. O show começou mais ou menos às 1h15 da madrugada do dia sete. As bandas anteriores não eram nada empolgantes, não muito boas, essa é a verdade, mas deu até pra rir.
Depois de tanta espera, Mombojó entrou no palco para o delírio da maioria dos presentes. Confesso, até a metade o show estava meio desanimado. Acho que o Felipe S. estava com preguiça ou agoniado com tanto calor dessa cidade. Aí, mandou entrar, nada mais nada menos, do que o onipresente, o cara do gingado, o China! Foi nessa parte que a galera começou a se animar também. Uma energia do caramba.
O novo álbum, Amigo do Tempo, ainda não saiu, mas tocaram algumas faixas como "Casa Caiada" (que, definitivamente, não é música para se dançar), "Amigo do Tempo" (que além de ser faixa título do álbum, eu escutei quinhentas vezes para aprender a letra!) e "Papapa" (talvez a hora mais divertida da noite, já que Felipe chamou ao palco algumas meninas da plateia para ser dançarinas).
As músicas do Nadadenovo soaram um pouco estranhas sem a melodia da doce flauta dO Rafa, mas o público improvisou uma com um assovio coletivo. Um dos momentos mais esperados foi, com certeza, quando tocaram "Deixe-se Acreditar". Nessa hora, fiquei ali no pé do palco. E, meudeusdocéu, a gente tira energia até de onde não tem mais só para ver esses músicos absurdos tocarem suas músicas absurdas e pulsantes.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
MURO DE BERLIN
# manda chuva #
O muro entre as vergonhas
txt: Tiago Jucá Oliveira
Hoje comemoramos 20 anos da queda do muro que ficou conhecido como o da vergonha, que dividia Berlin ao meio. É a mais significativa revolução do breve século passado. Não há um caracter de tomada de poder, de conflito, de lideranças populistas, de organizações sindicais e de militares golpistas. É uma revolução num sentido mais espontâneo, feito por pessoas comuns, em nome da liberdade.
E esse é o grande mérito dela. O lado até então dominado pelos comunistas ficara livre da totalitária ditadura do proletário modelo pirâmide, e foi apresentado a selvageria do mercado, também piramidal. O povo alemão outrora com a cabeça a prêmio de um golpe de martelo ou foice, caso quisesse se opor, enfim sentia os ventos de poder ter liberdade pra se expressar. Conheceu o mundo competitivo e seus efeitos colaterais, como violência e desemprego, mas pelo menos saiu da gaiola.
Algumas ditaduras se mantem com apoio da sociedade quando a economia está no mínimo suficiente pra por comida na boca do povo subordinado, e com medidas populistas em programas sociais. Os que defendem a ditadura cubana enchem a boca pra dizer: "Cuba tem bons indicadores sociais em educação e saúde".
No caso alemão, e de todo leste europeu, nada mais era possível fazer pra calar o povo, nem o próprio poder de estado, ainda em pé, tinha forças para isso. O curioso, é que por seguir a cartilha soviética, os países do leste não tiraram proveito do pior momento da economia de mercado, após o boom do preço do petróleo na década de 70.
Um barril de petróleo era vendido por U$ 2,53 em 1970 e por U$41 em 1980. Como observa Eric Hobsbawm, "é uma ironia da história o fato de que as economias 'socialistas reais' da Europa e da URSS se tenham tornado as verdadeiras vítimas da crise pós-Era de Ouro da economia capitalista global"
Calados por décadas, a massa não mais se contentava, pois a barriga começou a roncar mais alto que o silêncio obrigatório das ditaduras comunistas. Pessoas dizem que "sem comida a cabeça nao pensa direito". Eu completaria: "não pensa, age". Famintos de liberdade, com o apoio dos alemães doutro lado do muro, vimos pela tevê uma das mais belas imagens do breve século XX. Eu adoro distruição!
sábado, 7 de novembro de 2009
NAÇÃO EM BH
# noé ae?! #
Nação Zumbi apresenta show que marca trajetória do grupo
rls: CL Assessoria em Comunicação
pht: Fabio Braga
O grupo Nação Zumbi traz ao Music Hall (Av. do Contorno, 3239 - Santa Efigênia) dia 14 de novembro, sábado, show comemorativo de um período histórico para a identidade musical pernambucana e também do décimo quinto aniversário de ‘Da Lama ao Caos’, um dos álbuns de maior sucesso para o grupo.
Primeiro disco da banda Chico Science & Nação Zumbi, o trabalho é representativo também por ser o primeiro da Cena Mangue. A partir dele, os mangueboys celebraram a fertilidade dos mangues e retiraram daí um “sumo” da diversidade.
A Nação Zumbi abre seu show com a música ”Banditismo por uma questão de classe”. Composta por Chico Science, a interpretação é de Jorge Du Peixe que ousa no tom de voz nesta canção. Deste álbum, também merece destaque a canção “Rios, pontes & overdrives”, uma composição que tem como autores dois expoentes da década de 90 recifense: Chico Science e Fred 04.
No repertório, também estarão outros sucessos como: “A Praieira”, que remete a uma mistura energética; “Samba Makossa”, música conhecida na versão de Marcelo D2; “Salustiano Song”, canção que atingiu o grande público e “Da Lama ao Caos”, cuja mistura com o Sepultura em `Chaos AD´ganhou notoriedade.
Em muitas das canções que serão apresentadas, a Nação Zumbi dividirá o palco com convidados que marcaram presença no Movimento Mangue. Estão confirmados os cantores Otto e Fred 04, além de abertura com a banda 112 Sobrado.
Music Hall – Sábado - Dia 14 de novembro
Festa Original do Brasil
Nação Zumbi
Participações especiais: Fred 04 e Otto
Abertura: 112 sobrado
Abertura da casa – 22 horas.
Ingressos: (VALORES SUJEITOS A ALTERAÇÕES SEM AVISO PRÉVIO, CONFORME OS LOTES SE ESGOTEM)
Pista
1º lote – R$ 50,00 (inteira) / R$ 25,00 (meia)
2º lote – R$ 60,00 (inteira) / R$ 30,00 (meia)
3º lote – R$ 70,00 (inteira) / R$ 35,00 (meia)
4º lote – R$ 80,00 (inteira) / R$ 40,00 (meia)
Camarote
1º lote – R$ 60,00 (inteira) / R$ 30,00 (meia)
2º lote – R$ 80,00 (inteira) / R$ 40,00 (meia)
3º lote – R$ 100,00 (inteira) / R$ 50,00 (meia)
4º lote – R$ 120,00 (inteira) / R$ 60,00 (meia)
Classificação Etária: 18 anos.
Venda de Ingressos: Bilheteria do Music Hall, de segunda a sábado, das 12 às 20 horas (Avenida do Contorno, 3239 – Santa Efigênia); loja 5ª Avenida (27C no 3º piso), Leitura Megastore BH Shopping, pelo site www.ingressorapido.com.br e telefone 4003-1212.
Meia-entrada: De acordo com Recomendação do Ministério Público, a meia-entrada é válida para estudantes mediante a apresentação da carteira de estudante válida, acompanhada de comprovante de matrícula e/ou freqüência – será exigido na compra do ingresso e na entrada da Casa. Está limitada a 30% dos ingressos disponíveis, não se aplicando às áreas Vip e Camarotes.
Outras informações - Telefone: 3461 4000 e www.musichallbh.com.br
Assessoria de Imprensa BH
CL Assessoria em Comunicação – 3274 8907
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
SNOOP DOGGY DOGG
# a arca de noé #
O incrível animal que late ritmos e poesias
txt: Arlei Arnt
Numa sociedade dividida entre os que tem e os que nao tem pedigree, o movimento hip hop é, atualmente, o único baseado em questionar os valores usados para tal divisão. A arte de maior expressão do hip hop é sem dúvida a música. O rap tem diversas variações, entre elas o gangsta-rap, a mais vira-lata de todas.
Snoop Doggy Dogg é o paradigma desse estilo de confrontar velhos costumes de segregação social e, ao mesmo tempo, de uma vida vadia-cheira-rabo-de-cadela (o "estilo cachorro" bem cantado pelos Racionais MCs).
Mas o mais significativo na carreira de Snoop Doggy é a força do latido. A poesia feroz ritmada em bateria eletrônica e com colagens sonoras do gangsta-rapper comprovam que o hip hop é o movimento sucessor da contra-cultura dos anos 60, da rebeldia punk dos 70 e do grunge suicida do começo da década de 90. E com um dentalhe vantajoso: tem estética musical bem mais atraente e um verbo bem mais poderoso e afiado.
Já dizia velho lorde: "cão que late não morde". Porém foram os cães de raça que ficaram mordidos com o latido de Snoop Doggy Dogg. Caso contrário, eles não colocariam na capa do CD de Snoop um selo de advertência aos pais sobre o conteúdo das letras das músicas. Parodiando novamente os Racionais: "olha só, mas quem diria/ seu filhote quer virar latas, que ironia".
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
PEN BEATLES
# remixtures #
Beatles em formato digital para todas as carteiras
txt: Miguel Caetano
phts: gui.tavares
Não há fome que não dê em fartura! Depois de anos à espera que a discografia completa dos quatro magníficos de Liverpool fosse colocada à venda na Internet em formato digital, os fãs dos Beatles que ainda não compraram os CDs ou que não copiaram de borla os ficheiros de algum canto obscuro da Web têm agora à disposição não uma mas duas alternativas, uma para os mais “pobretanas” e outra para os endinheirados.
A primeira consiste no Bluebeat, aquele site de que vos falei aqui na semana passada e que, para além do streaming gratuito a quem se regista. vende o catálogo completo dos Beatles ao preço de 25 cêntimos por faixa ou 2,75 dólares por álbum.
Tendo em conta que até hoje a EMI – a antiga editora discográfica da banda – e os outros detentores de direitos nunca autorizaram a venda de downloads digitais das músicas de Lennon e McCartney e que o iTunes vende cada música ao preço médio de 99 cêntimos, é caso para perguntar como é que um site detido por uma obscura empresa sediada em Santa Cruz é capaz de praticar preços tão baixos. A resposta é fácil: porque não está a pagar direitos de autor a ninguém.
Foi por isso sem surpresa que hoje fiquei a saber que a EMI instaurou uma acção legal no tribunal distrital de Los Angeles contra o Bluebeat, a Media Rights Technologies – a empresa-mãe do site – e o seu director executivo e proprietário Hank Risan. Como já podem adivinhar, a EMI acusa os réus da infracção dos seus direitos de autor. Seja como for, por enquanto os álbuns continuam à venda no site.
Em alternativa, quem tiver uma carteira bem recheada e for rápido ainda poderá adquirir uma destas 30 mil pens USB em forma de maçã com capacidade para 16 Gbytes que trazem lá dentro os 14 álbuns em formato estéreo dos Beatles, bem como 13 mini-documentários sobre os discos, imagens das capas, fotos “raras” e notas adicionais disponíveis num interface em Flash. Tudo com uma qualidade áudio topo de gama: FLAC 44,1 Khz de 24 bits e MP3 de 320 Kbps. Trata-se de uma edição limitada a ser lançada a 7 de Dezembro. O preço é mesmo só para alguns: 200 libras na loja do Reino Unido ou 279,99 dólares na loja dos Estados Unidos. Por esse montante mais vale é comprar a box-set com os CDs remasterizados da banda que sempre sai 60 dólares mais barato.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
terça-feira, 3 de novembro de 2009
TOP 10 OUTUBRO 2009
10 termos mais pesquisados na internet e que chegaram até aqui pro blog
1. Foder
2. Tecno brega
3. Putas
4. Putas a foder
5. O dilúvio
6. Se nada mais der certo download
7. revista O DILÚVIO
8. Putas a pinar
9. Foder putas
10. Hermano Vianna
10 músicas mais ouvidas em O DILÚVIO Space Radio
1. OBMJ - O Guarani
2. Zumbira - Ainda Bem que Tenho a Nega
3. Mestre Vieira e Dj Lucio K - Saudade do Pará
4. Tonho Crocco - Árida Saudade
5. Céu y Los Sebosos Postizos - Rosa Menina Rosa
6. Jam da Silva - Dub das Cavernas
7. Otto - Filha
8. DuSouto - Old Par
9. Coisa Linda Sound System - Temp 02
10. Arnaldo Antunes - A Casa é Sua
10 páginas mais visitadas aqui neste blog
1. Putas a foder
2. Tecnobrega
3. Se nada mais der certo
4. Top 10 Setembro 2009
5. Otto e BNegão
6. João do Morro
7. Ai que vida!
8. Diploma de puxa-saco
9. Céu
10. Café das Fadas
10 cidades que mais leram este blog
1. Porto Alegre
2. São Paulo
3. Porto
4. Rio de Janeiro
5. Lisboa
6. Belo Horizonte
7. Recife
8. Brasília
9. Salvador
10. Curitiba
10 fontes que mais acessaram este blog
1. Google
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3. direto
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6. Pendurado Para Secar
7. Arquivo do Samba Rock
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