#CADÊ MEU CHINELO?

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segunda-feira, 31 de maio de 2010

COMIDA É PASTO

Você tem fome de que?
:txt: Monsenhor Jacá*

Eu já disse muitas vezes em outros espaços: “quem hoje diz que funk, tecnobrega, pagode e rap não é música, há cem anos atrás dizia que samba não era música e negro não era gente”. Mas por que a expressão cultural de pessoas que vivem com precárias condições financeiras não é válida ou é pior? Qual a razão pra não reconhecer a poesia dum povo cercado por tráficos, drogas, bandidos e prostitutas? Quem disse que a influencia do banditismo da periferia não pode, mas a convivência familiar com criminosos de colarinho branco pode sim.

Outro dia um amigo me disse que Porto Alegre é a cidade do rock, pois aqui a galera ouve rock'n'roll, “bicho”. Retruquei: “é nada, aqui a galera ouve pagode, funk, axé, gauchesco e sertanejo; quem ouve rock é a galerinha que frequenta a Independência”. O cara ficou doido. “Como assim, Jacá? Tá louco meu?! Isso é coisa lá na pra Bahia, Goiás, Rio”. Se você tem mais de um neurônio, leitor, sabe que estou certo.

Se “galera” se resume ao seu círculo de amigos e familiares, talvez seja rock, ou jazz, ou samba, etc. Mas a imensa galera que habita a Restinga, a Alvorada, o Campo da Tuca, o Viamão, entre outros tantos lugares distantes mais de uma hora do centro da capital, para onde vai e vem todos dias bater ponto por um mísero salário, ah, essa galera não ouve rock. Se ouvisse, o Porão do Beco seria na Santa Isabel, nos Canudos ou na Mathias Velho.

É esse tipo de preconceito musical pelo qual me rebelo. Parece que só é bom aquela chatice de Chico Buarque, com suas letras proparoxítonas e seus shows caros exclusivos pra barão com estrelinha vermelha do partido no peito assistir. Essa é a música popular brasileira que você conceitua? Música dum fidalgo feita pra aristocratas? Chico Buarque é exatamente isso. Ele não joga bola no areião do Vidigal, e sim no campinho do presidente e no time dos ministros. Essa nossa “MPB” é nojenta. (Nossa não! Deles).

Eu tenho me divertido muito com aquilo que eu defino de música popular brasileira de verdade. O som que vem da vila, do morro, da periferia e do subúrbio. E não é só por questão social. A estética é surreal. Há um assalto autoral, músicas são sampleadas, riffs de guitarra plagiadas, letras traduzidas sem nenhum nexo com as originais. Também há um intenso e movimentado mercado informal ao redor da música. O tecnobrega de Belém do Pará é um exemplo sempre citado por muitos teóricos que defendem ponto de vista parecido com o meu.

Em tempos de internet e tecnologia avançados, com amplo acesso da população, em velocidades de conexão e modernização jamais imaginados, o roubo autoral, o plágio, o remix e a total desobediência ao copyright é a bandeira da subversão. Foda-se o autor, dane-se a propriedade intelectual. E quando os piratas modernos trazem a voz da marginalidade oprimida por 510 anos de escravidão pela classe política dominadora que este ano briga por mais quatro anos de sequencia desse modelo falido, aí sim é que os tornamos nossos heróis revolucionários de hoje, pois a rebeldia deles não é disputar o poder, mas talvez atingi-lo através de arte subversiva.

Se você pensa semelhante ou a partir de agora pode reformular seus conceitos, mas não conhece muitos artistas dessa geração pirata, procure no oráculo e baixe o som deles: Deize Tigrona, DJ Cremoso, João Brasil, Viviane Batidão, MC Marcinho, M.I.A., DJ Topo, DJ Lucio K, Chernobyl, Edu K.

* o autor deste texto pode ser você, basta me plagiar. O roubo é livre!
** este texto também foi publicado na edição impressa do Jornalismo B, porém com um trecho censurado. Aqui você o tem na versão original, sem a tesoura de Fidel

segunda-feira, 15 de março de 2010

DJ CREMOSO



#conection
"Eu faço remix há poucas semanas"

ntrvst: Tiago Jucá Oliveira
clbrç: Ramiro Furquim

Porque Cremoso? É apelido de antes ou é uma referência a cremosidade musical de seus remixes?

É um pouco de tudo isso. Eu pensei muito em uma palavra pra definir o conceito dos remixes e a única coisa mais próxima foi justamente "cremosa".

Pois é, quando ouvi seu som, também notei a cremosidade.

Mas não é uma expressão que eu tenha inventado. Já ouvi outras pessoas usando essa palavra pra alguma coisa agradável mas que não era alimento.

Seus remixes não devem ser bem vistos pelos defensores do copyright. Você tem medo de represálias da indústria cultural?

Não. O máximo que pode acontecer é que eu tenha que tirar do ar. Mas como já foram baixados mais de 40 mil vezes, eu imagino que as pessoas se encarregarão de passar umas às outras. Se eu fosse um dis artistas remixados eu até iria gostar de saber que a ignorância musical e a inclusão digital resultaram em um remix da minha música.

A gente concorda com você. Você faz remix desde quando? Como foi o interesse por tecnologias de recriação musical?

Eu faço remix há poucas semanas. O primeiro remix que eu fiz na vida foi já o de In Bloom. E o interesse foi uma coisa natural, já que era a única maneira de eu conseguir fazer uma música. Eu não toco nada, mas sei colocar as notas com o mouse no programa. Eu realmente inventei (?) uma fórmula no primeiro remix e repito em todos os outros. Os instrumentos são exatamente os mesmos. Eu sequer mudo os volumes.

Poucas semanas? Cacildiz!

É. Vai fazer um mês ainda.

E ta ficando legal. Tem A-Ha, Nirvana, Michael Jackson, Amy Winewouse, etc. Esses artistas é realmente o que você ouve e gosta?

Amy Winehouse eu conhecia mas não gostava muito. Lady Gaga eu nunca tinha ouvido na vida. Eu sou mais velho. Então eu gosto mais das coisas mais velhas. Mas gostei de remixar músicas que eu não gostava ou que não conhecia. A de Lady Gaga tinha que virar tecnobrega de qualquer jeito.

Qual sua idade?

Eu tenho 40 anos. Aliás, completo 40 esse ano.

Há uns 3 anos O DILÚVIO passou a ouvir e acompanhar a música paraense atual com mais sensibilidade. O panorama de remix e tecnobregas é amplo, né?

É culpa da inclusão digital. Qualquer pessoa é capaz de fazer uma música hoje. O outro lado da moeda é que são pessoas que só sabem apertar botões e clicar com o mouse. Acho que a revolução do tecnobrega só aconteceu porque as pessoas usaram as ferramentas de uma maneira que pessoas com instrução musical nunca usariam.

E na sua visão, ainda há preconceito em relação ao tecnobrega?

Há sim. E acho que não vai acabar nunca. Porque há um limite de qualidade que um produto pode atingir quando é feito por pessoas sem instrução musical e no quarto de casa. E também há o duplo sentido cada vez mais explícito nas letras.

Chegou pergunta do twitter feita pelo @outroangulo: Quem não é DJ pra ti?


Isso é complicado. Mas se você mal sabe apertar o play, fica esperando uma música terminar pra colocar a outra, deixa o som parar no meio do set, não doutrina as pessoas com músicas novas ou com clássicos ou soa como um iPod no shuffle, então você não é DJ. Eu não sou DJ. Não sei tocar numa festa. Só me chamam assim porque eu produzo as bases do brega.

Você faz o que nas 'horas vagas' do DJ Cremoso?

Eu pesquiso músicas. E bebo. Os melhores remixes eu imaginei bêbado. Outros remixes estavam travados, aí eu tomei uma e tudo se resolveu.

Cremoso, obrigado por nos atender!

O prazer foi meu.

Baixe aqui > os 13 remix feitos por DJ CREMOSO

#ALGUNS DIREITOS RESERVADOS

Você pode:

  • Remixar — criar obras derivadas.

Sob as seguintes condições:

  • AtribuiçãoVocê deve creditar a obra da forma especificada pelo autor ou licenciante (mas não de maneira que sugira que estes concedem qualquer aval a você ou ao seu uso da obra).

  • Compartilhamento pela mesma licençaSe você alterar, transformar ou criar em cima desta obra, você poderá distribuir a obra resultante apenas sob a mesma licença, ou sob licença similar ou compatível.

Ficando claro que:

  • Renúncia — Qualquer das condições acima pode ser renunciada se você obtiver permissão do titular dos direitos autorais.
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  • Aviso — Para qualquer reutilização ou distribuição, você deve deixar claro a terceiros os termos da licença a que se encontra submetida esta obra. A melhor maneira de fazer isso é com um link para esta página.

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