#CADÊ MEU CHINELO?

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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

OTTO e BNEGÃO



# conection #
Brasil Rural Contemporâneo

txt, phts n vds: Júnior Godim


Choveu o dia todo, o lamaçal na porta da bilheteria da feira não era muito convidativo, mas valeu chegar na Marina da Glória, local da feira Brasil Rural Contemporâneo (sobre o qual eu falo mais tarde). A Marina é muito legal, com vista pra Baia de Guanabara e tal, mas pra chegar lá a pé é uma batalha. Falam muito sobre sustentabilidade, redução de emissão de carbono, etc., mas fazem uma feira que só se chega de carro...



Essa feira já acontece desde o ano passado, mas nunca tinha me despertado o interesse. Achei que era uma feira de negócios, ainda mais quando vi a logo do Ministério da Agricultura, me deu preguiça de ir. Preconceito puro: uma estrutura gigante, com uma decoração bem bacana, com produtos de todo país (desde roupas até comida, passando por móveis, cachaças, artesanatos) e mais um monte de coisas que não tive tempo de ver. Muito legal mesmo, ano que vem vou checar melhor.

Além do preço ser bem acessível (R$20,00, com meia entrada), o local dos shows (PALCO MULTICULTURAL), era digno de show gringo – iluminação de primeira, som potente, telões de led e edição de vídeos ao vivo, impressionante. Nem o Tim Festival, que cobrava pelo menos 5 vezes mais, tinha essa estrutura.

Os Seletores de Frequência começaram tocando uma base de funk 70, tipo blaxploitation, quando entra o Bnegão no palco com uma guitarra, fala com a galera e manda Funk (Até o Caroço). A banda é foda! Naipe de metais, uma batera fuderoso, percussão, guitarra, baixo estalando no peito, o show não podia ter começado melhor. Seguiram tocando seus clássicos com várias novas bem bacanas, que me pareceram mais pop que o primeiro disco e lembraram bastante o Funk Como Le Gusta. Bnegão até brincou, dizendo que o “segundo disco lendário vai sair em março, nas bancas, com um preço justo, pra não furar o bolso de ninguém”. Vamos esperar.



O primeiro convidado foi Totonho, de quem não sou fã, e cantaram “Tudo pra ser feliz” e “Segura a Cabra”, música de Genival Lacerda, com participação de Chico Correa nos beats eletrônicos, o que deixou a música melhorzinha. Depois entra Siba, ovacionado pelo público, e tocaram “Será”e “Toda Vez Que eu Dou Um Passo O Mundo Sai Do Lugar”. Foda! O público veio abaixo, com muita gente cantando junto. O que me fez pensar na hora: de onde esse povo conhece essas músicas, já que a mídia de massa o ignora completamente? Mas não era hora pra tese-cabeça.




O último convidado foi Lirinha, também ovacionado, com recepção de popstar por parte de algumas meninas, e tocaram “Pedra e Bala” e “Chover”, que virou uma samba-reggae-pesado meio estranho, mas divertido. Tem algumas músicas que ficam piores sem a banda original, fica faltando peso, e as do Cordel são dessas. No final todos entraram pra cantar o verdadeiro “hino nacional, com 509 anos de existência”, a Dança do Patinho. Final apoteótico, que Bnegão emendou num beatbox e o naipe de metais tocou “Minha jangada vai sair pro mar...”. Clássico! (veja o vídeo)



Depois teve uma tentativa de show de Naná Vasconcelos com alguns grupos folclóricos de caboclinho e maracatu que participaram da feira, que virou mais uma intervenção que show propriamente dito. O Naná, apesar de ser gênio, não conseguia se entender muito bem com o povo dos grupos, que pareciam meio deslocados naquela estrutura de show.



Otto entrou tocando “Filha” (assista ao vídeo), do novo “Certa manhã acordei de sonhos intranqüilos”, com a Jambro Band detonando no som. Também, uma banda que conta com Pupillo, Catatau e Bactéria não precisa de muito esforço. Tocando mais algumas novas e dos discos anteriores, o rebolativo Otto parecia bastante feliz, já que segundo ele “tem 5 ou 6 anos que eu não toco aqui, na cidade da minha filha”. O show só não foi melhor porque ele começou a beber muito uísque e meio que se perdeu um pouco, falando muito entre uma música e outra, e coisas sem sentido, ameaçando fazer striptease, gritando no microfone... Uma pena, por que como já escrevi, a estrutura do lugar era muito boa, tinha tudo pra ser tão bom quanto o Bnegão.



Os convidados do Otto foram: Maciel Salú, Danni Carlos e Lia de Itamaracá, que entrou no palco parecendo uma entidade africana, linda! Tocaram várias cirandas com Maciel tocando rabeca, mas como Otto já tava bêbado, ficou meio de qualquer jeito.



Danni Carlos, que cantou “Crua” e quase estragou a música, proporcionou um momento pitoresco na platéia: um grupo de 5 homens, que tomavam cachaça (bebida oficial, já que era vendida na feira), pareciam que tinham caído de para quedas naquele show. Eu acho que eles vieram pra feira de alguma cidade do interior, pelas roupas e pelo jeito como se comportavam: só andavam juntos, sempre bebendo, quando viam uma mulher dançando iam azarar em grupo e com pique de procurar briga. Como Otto dançava e rebolava no palco, começaram a rir e tirar sarro do show, até que Danni Carlos (leia-se “A Fazenda”) entrou. Os cinco foram pra grade, atropelando umas meninas que estavam lá, e ficaram estáticos, tirando foto com o celular e quase babando pela “celebridade” que apareceu. Foi ela sair do palco que eles saíram da grade.



A noite terminou com mais chuva, mais lama, e eu pensando que shows assim, com estrutura bacana e preço justo deveriam acontecer com mais frequência.



terça-feira, 28 de abril de 2009

CONEXÃO VIVO



# beagá conection #
Raposas, Galos e Coelhos

txt e phts: Alan Lopes

phts: Fernanda Toquetti

Black Sonora subiu no palco ainda cedo, por volta das 20:00, mas contou com um público gigantesco que agitou desde o primeiro momento. Mandaram o baião funkeado (por definição dos mesmos) de "Yo No Quiero Stress", "Poesia Urbana", "Madêra". Quando Bnegão subiu no palco foi uma loucura total na platéia, mandaram "V.v", falaram logo após, além da camaradagem existente entre o grupo e ele, e do denominador comum que os une, Tim Maia, mandaram "Energia Racional", finalizaram com 'Treta' emendando em "Muito Além", música do Turbo Trio, recente banda de BNegão.



Otto



Talvez um dos shows mais aguardados pelos belorizontinos, Otto subiu no palco cheio de descontração, e logo de cara, apresentou o que seria o grande trunfo da noite, ter ao seu lado, dividido o palco durante o show Pupillo, baterista da Nação e Catatau, do Cidadão Instigado na guitarra, levando o público ao delírio com os clássicos "Samba Pra Burro", "Sem Gravidade" e "TV a Cabo". Ainda mandou ver com duas canções de seu novo trabalho, "Crua" e "Seis Minutos".



Num show de tirar o fôlego do começo ao fim, Otto superou as expectativas, levando muita empolgação pro palco, tendo ainda, no final do show, a participação o cantor paulista Curumin, ou seja, muita expectativa do público, nomes de peso no palco e um show que levou todos ao delírio.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

BNEGÃO

# águas passadas #

BNegão enxuga o gelo

(entrevista realizada em 2006)

Ele está fora da mídia, não toca na Jovem Pan, não aparece no programa do Faustão e não toca no Planeta Atlântida. Mesmo assim, tem um disco que vende bem aqui e na Europa, e é convidado por vários artistas pra compor e gravar junto. Este é BNegão, ex-vocalista do Planet Hemp e do Funk Fucker, atualmente em carreira solo com os Seletores de Freqüência, além de comandar o Turbo Trio, sua nova experiência sonora. Ao lado de Totonho e do Mombojó, foi um dos pioneiros no Brasil a liberar para download na internet todas as faixas do CD "Enxugando o Gelo". Você pensa que ele perdeu com isso? Mas que nada! Depois de três anos continua sendo um dos 20 álbuns mais vendidos pela distribuidora Tratore e seus fãs pela Europa só cresceram graças ao mp3.

txt: Tiago Jucá Oliveira
pht e vd: Guilherme Carlin


Pow cara, tu já abraçou diversas bandeiras, como legalização da maconha, música livre e agora é o movimento anti-jabá...

... to sempre incomodando eles, hehe.

Pois como está esta parada do Jabasta, que é o movimento contra o jabá?

O movimento anti-jabá está ganhando corpo, botando a cara a tapa, porque a galera que tem exposição na mídia não mete a colher porque fica bolado com retaliação ou alguma coisa. Você tem que se desapegar de tudo, é muito mais fácil você se lascar do que a parada acontecer, mas só que é necessário a parada acontecer, colocar pra discussão. Pois do jeito que está não tem como ficar. Tem uma galera que é independente e todos passando por momentos absurdos, que não era pra ser isso. São várias rádios, e rádio é concessão pública. Então nego tem obrigação de tocar produção nacional. São concessões políticas, que neguinho vai dando pra um e pra outro, e aí faz um comércio da rádio dele. Comércio tem que ser no comercial, já diz o nome: comercial, na hora do intervalo. E ainda dão a desculpa covarde que a parada não tem qualidade. Então as paradas que tocam no mundo inteiro e não tocam aqui não tem qualidade pra cá, sacou. A qualidade no Brasil é medida pela grana. Aí chega a um ponto que Nação Zumbi não tem qualidade, Ivan Lins que ganhou um Grammy e é um cara considerado no mundo todo não tem qualidade, JT Meirelles não tem qualidade, Moacir Santos não tem qualidade, Mundo Livre S/A não tem qualidade. Só tem qualidade as 10 bandas que tocam no rádio. São pagas pelas multinacionais pra tocarem. Além de ser ruim pra quem ta ouvindo, é ruim pra economia, porque são 10 bandas que estão sugando até o último pingo de gota pra lucrar pra caralho, poderiam ser 100 bandas, ou milhares, que nem é fora do Brasil. Se fossem só 10 bandas no Japão ou na Inglaterra, eles iam quebrar. A visão estreita do capitalismo selvagem faz essa situação e a gente vai jogar essa areia no olho pra seguir incomodando.



Você liberou seu CD “Enxugando o Gelo” para download. Quais conseqüências desse ato?

Vou te dar dois exemplos práticos: o medo da galera liberar a parada é a coisa interferir na venda. Eu botei o disco dois meses depois no Copyleft (trocadilho com copyright, copyleft pode ser traduzido para “deixe copiar”), que é o pai do Creative Commons, eu não tinha esta licença ainda. Desde sempre está no top 20 dos mais vendidos da Tratore, uma distribuidora que tem vários títulos. Sem contar a parte da Europa, nossos maiores cachês e nosso maior público estão lá hoje em dia, graças a situação ridícula do jabá. Na Europa existe o jabá também, a grande diferença é esta, não é que não tem jabá lá fora, tem, mas só que tem também. Aqui é só isso, oito ou oitenta, ou tem ou morre. Na Europa a gente toca pra mil pessoas em Londres, duas mil em Barcelona, tocamos no Roskilde Festival da Dinamarca, com cachês grandaço. Se juntar tudo que a gente ganhou em 2003 não dá metade do que ganhamos lá. A gente ta fazendo shows no circuito médio, não estamos fazendo no circuito mainstream e nem no circuito punk. Tocamos no Scotch Club em Barcelona pra duas mil pessoas, e a galera do lugar sabendo as músicas. E não era pra colônia brasileira, porque os brasileiros lá fora tão mais ligados em parada que toca na rádio, hit, pra lembrar do Brasil. E a gente não tem hit nenhum em rádio, haha, neguinho não vai nem conhecer.

Sua obra está aberta para obras derivadas? Em 2005 você participou da trilha do Narradores de Javé, composta pelo DJ Dolores, e modificada por vários artistas.

Ela vai ser aberta. Isso é maneiro pra ver onde vai dar. A diferença em relação ao DJ Dolores é que ele escolheu a galera. Essa parada de deixar aberta é que tudo pode acontecer. É legal isso, internet é mais ou menos isso, eu não sabia se ia atrapalhar a venda, se ia tocar na Europa. Eu acreditei na parada e seja o que Deus quiser. Isso é importante, tirar a moldura do quadro o máximo possível, deixar a pintura ir até onde tiver que ir, pois um quadro a moldura limita. Eu não quero mais saber de expectativa nem de porra nenhuma, seguindo o preceito budista de não expectativa, a parada me levou a lugares que nunca imaginei na vida. To fazendo show com quase todas minhas influências. Fiz dois shows com Chuck D, tocando com o Public Enemy no palco, fiz show com Tony Allen e gravei com ele, batera do Fela Kuti, o cara que inventou o afrobeat. Aqui no Brasil toquei com João Parahyba, do Trio Mocotó. São caras que estão no meu DNA musical. Tudo isso porque tirei a moldura do quadro, sem se limitar. Você tem que deixar fazer o seu trabalho e deixar a parada fluir.



para baixar o álbum Enxugando o Gelo:

www.midiaindependente.org/pt/red/2004/06/283492.shtml

para baixar o clip A Dança do Patinho:

www.midiaindependente.org/pt/red/2004/09/290991.shtml

para ouvir o Turbo Trio:

www.myspace.com/turbotrio

#ALGUNS DIREITOS RESERVADOS

Você pode:

  • Remixar — criar obras derivadas.

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