Um bolo não precisa só de comida, precisa de coisas. Tudo quanto diga respeito à produção, uso ou distribuição de coisas é chamado sibi. Portanto sibi inclui: edifícios, suprimento de combustíveis, eletricidade e água, produção de ferramentas e máquinas (principalmente para a agricultura), roupas, móveis, matérias-primas, utilidades de todos os tipos, transportes, artesanato, arte, equipamento eletrônico, ruas, esgotos, etc.
Como a agricultura (kodu), também a fabricultura (sibi) depende da identidade cultural de um determinado bolo. Uma parte básica do sibi será a mesma em todos os bolos: manutenção dos prédios, consertos simples de móveis, máquinas, roupas, encanamentos, estradas, etc. Um bolo será mais independente do que qualquer bairro ou casa atuais. Como não há interesse em produzir peças defeituosas, descartáveis ou de baixa qualidade, haverá menos consertos. Devido ao desenho sólido e simples das coisas, os consertos serão também mais fáceis, os defeitos terão conseqüências menos graves. A habilidade de exercer os ofícios básicos no próprio bolo também é uma garantia de independência e reduz a perda de tempo e de energia (eletricistas ou bombeiros hidráulicos não têm que atravessar a cidade inteira). O bolo é suficientemente grande para comportar um certo grau de especialização entre seus membros.
O conteúdo principal do sibi será a expressão das paixões produtivas típicas de um bolo. Por sua vez, as paixões produtivas são diretamente ligadas à identidade cultural do bolo. Podem existir pintura-bolos, sapateiro-bolos, guitarrista-bolos, roupa-bolos, couro-bolos, eletrônico-bolos, dança-bolos, xilogravura-bolos, mecânica-bolos, aero-bolos, lítero-bolos, fotográfica-bolos, etc. Certos bolos não se especializarão, fazendo muitas coisas diferentes, outros vão reduzir a um mínimo a produção e o uso de muitos produtos (Tao-bolo). Já que as pessoas não estão trabalhando para um mercado, e só secundariamente para trocas, não há mais distinção alguma entre ofícios/artes, vocação/trabalho, horário de trabalho/horário livre, inclinações/necessidade econômica (com exceção de alguns serviços básicos de manutenção). Naturalmente, haverá intercâmbio desses produtos e performances típicos entre os bolos, como no caso das especialidades agrícolas. Eles vão circular através de presentes, de acordos permanentes, de fundos comuns (mafa) e do mercado local, e serão comparados a outros em feiras especiais.
No contexto de um bolo ou mesmo de uma tega (bairros maiores, cidades), a produção dos artesãos ou de pequenas indústrias estará sob controle direto dos produtores, e eles poderão conhecer e influenciar todo o processo de produção. Objetos terão características pessoais, o usuário conhece o fabricante. Assim as peças defeituosas podem ser devolvidas, e haverá relação entre o uso e o design, permitindo a possibilidade de melhorias e aprimoramentos. Essa relação direta entre o produtor e o consumidor vai liberar um tipo diferente de tecnologia, não necessariamente menos sofisticada do que a atual tecnologia industrial de massas, mas orientada para aplicações específicas (protótipos feitos para o freguês), independência dos grandes sistemas (capacidade de intercâmbio, pequeno tamanho), baixo consumo de energia, facilidade de reparos, etc.*
Como o campo para produção e uso de coisas é múltiplo e menos sujeito a limitações naturais do que a agricultura, os bolos vão depender mais de trocas e de cooperação nesse setor. Pense em água, energia, matéria-prima, transportes, alta tecnologia, medicina, etc. Nesses assuntos os bolos têm interesse em cooperar e coordenar em níveis sociais mais altos: cidades grandes e pequenas, vales, regiões, continentes – e, para matéria-prima, o mundo todo. Essa dependência é inevitável, porque nosso planeta é simplesmente populoso demais e essas interações são necessárias. Mas nesse setor um bolo só pode ser chantageado indiretamente, em nível médio. Além disso, há a possibilidade de influenciar diretamente comunidades maiores através de seus delegados (ver dala).
A cooperação em certos setores também é razoável do ponto de vista da energia. Certas ferramentas, máquinas e equipamentos simplesmente não podem ser usados num bolo só. Por que cada bolo teria um moinho de cereais, uma betoneira, laboratórios médicos e caminhões? Duplicações assim custariam caro e exigiriam um monte de trabalho desnecessário. O uso comum desses equipamentos por pequenas fábricas, depósitos de material, oficinas especializadas pode ser organizado bilateralmente pelas vilas e outros organismos (ver tega, vudo, sumi). A mesma solução é possível para produção de bens necessários que não são ou não podem ser manufaturados num bolo (porque acontece de não haver um sapateiro-bolo na vila); então ibus de diferentes bolos podem se combinar, de acordo com suas próprias inclinações, em oficinas do bairro ou da cidade. Se não houver ibus inclinados a fazer esse trabalho, e se ao mesmo tempo aquela comunidade insiste nessa necessidade, a última solução é o trabalho compulsório (kene): todo bolo é obrigado a fornecer uma certa quantidade trabalho para cumprir essas tarefas. Esse poderia ser o caso de trabalhos cruciais mas insatisfatórios, como: proteger usinas nucleares desativadas, limpar o sistema de esgotos, fazer manutenção de estradas, derrubar e remover viadutos e estruturas de concreto inúteis, etc. Já que o trabalho compulsório será excepcional e baseado em rodízios, não vai interferir demais com as preferências individuais do ibu.
* A tecnologia alternativa não tem sentido se for considerada independentemente de estruturas sociais específicas. Uma casa isolada cheia de coletores solares, moinhos de vento e outros recursos semelhantes é apenas um novo e dispendioso hobby. Tecnologia alternativa sem sociedade alternativa significa a abertura de mais um mercado para grandes indústrias (como já é o caso dos computadores caseiros) e o nascimento de uma nova indústria caseira. bolo’bolo não será high tech, eletrônico, químico e nuclear, porque essas tecnologias não combinam com um sistema fragmentado e irresponsável. Se existirem fábricas, dificilmente terão mais de 500 funcionários. Mas é certamente possível que uma ou duas usinas sobrevivam em cada região ou continente para produzir matéria-prima eletrônica, gasolina, produtos químicos de base, etc.
Como a agricultura (kodu), também a fabricultura (sibi) depende da identidade cultural de um determinado bolo. Uma parte básica do sibi será a mesma em todos os bolos: manutenção dos prédios, consertos simples de móveis, máquinas, roupas, encanamentos, estradas, etc. Um bolo será mais independente do que qualquer bairro ou casa atuais. Como não há interesse em produzir peças defeituosas, descartáveis ou de baixa qualidade, haverá menos consertos. Devido ao desenho sólido e simples das coisas, os consertos serão também mais fáceis, os defeitos terão conseqüências menos graves. A habilidade de exercer os ofícios básicos no próprio bolo também é uma garantia de independência e reduz a perda de tempo e de energia (eletricistas ou bombeiros hidráulicos não têm que atravessar a cidade inteira). O bolo é suficientemente grande para comportar um certo grau de especialização entre seus membros.
O conteúdo principal do sibi será a expressão das paixões produtivas típicas de um bolo. Por sua vez, as paixões produtivas são diretamente ligadas à identidade cultural do bolo. Podem existir pintura-bolos, sapateiro-bolos, guitarrista-bolos, roupa-bolos, couro-bolos, eletrônico-bolos, dança-bolos, xilogravura-bolos, mecânica-bolos, aero-bolos, lítero-bolos, fotográfica-bolos, etc. Certos bolos não se especializarão, fazendo muitas coisas diferentes, outros vão reduzir a um mínimo a produção e o uso de muitos produtos (Tao-bolo). Já que as pessoas não estão trabalhando para um mercado, e só secundariamente para trocas, não há mais distinção alguma entre ofícios/artes, vocação/trabalho, horário de trabalho/horário livre, inclinações/necessidade econômica (com exceção de alguns serviços básicos de manutenção). Naturalmente, haverá intercâmbio desses produtos e performances típicos entre os bolos, como no caso das especialidades agrícolas. Eles vão circular através de presentes, de acordos permanentes, de fundos comuns (mafa) e do mercado local, e serão comparados a outros em feiras especiais.
No contexto de um bolo ou mesmo de uma tega (bairros maiores, cidades), a produção dos artesãos ou de pequenas indústrias estará sob controle direto dos produtores, e eles poderão conhecer e influenciar todo o processo de produção. Objetos terão características pessoais, o usuário conhece o fabricante. Assim as peças defeituosas podem ser devolvidas, e haverá relação entre o uso e o design, permitindo a possibilidade de melhorias e aprimoramentos. Essa relação direta entre o produtor e o consumidor vai liberar um tipo diferente de tecnologia, não necessariamente menos sofisticada do que a atual tecnologia industrial de massas, mas orientada para aplicações específicas (protótipos feitos para o freguês), independência dos grandes sistemas (capacidade de intercâmbio, pequeno tamanho), baixo consumo de energia, facilidade de reparos, etc.*
Como o campo para produção e uso de coisas é múltiplo e menos sujeito a limitações naturais do que a agricultura, os bolos vão depender mais de trocas e de cooperação nesse setor. Pense em água, energia, matéria-prima, transportes, alta tecnologia, medicina, etc. Nesses assuntos os bolos têm interesse em cooperar e coordenar em níveis sociais mais altos: cidades grandes e pequenas, vales, regiões, continentes – e, para matéria-prima, o mundo todo. Essa dependência é inevitável, porque nosso planeta é simplesmente populoso demais e essas interações são necessárias. Mas nesse setor um bolo só pode ser chantageado indiretamente, em nível médio. Além disso, há a possibilidade de influenciar diretamente comunidades maiores através de seus delegados (ver dala).
A cooperação em certos setores também é razoável do ponto de vista da energia. Certas ferramentas, máquinas e equipamentos simplesmente não podem ser usados num bolo só. Por que cada bolo teria um moinho de cereais, uma betoneira, laboratórios médicos e caminhões? Duplicações assim custariam caro e exigiriam um monte de trabalho desnecessário. O uso comum desses equipamentos por pequenas fábricas, depósitos de material, oficinas especializadas pode ser organizado bilateralmente pelas vilas e outros organismos (ver tega, vudo, sumi). A mesma solução é possível para produção de bens necessários que não são ou não podem ser manufaturados num bolo (porque acontece de não haver um sapateiro-bolo na vila); então ibus de diferentes bolos podem se combinar, de acordo com suas próprias inclinações, em oficinas do bairro ou da cidade. Se não houver ibus inclinados a fazer esse trabalho, e se ao mesmo tempo aquela comunidade insiste nessa necessidade, a última solução é o trabalho compulsório (kene): todo bolo é obrigado a fornecer uma certa quantidade trabalho para cumprir essas tarefas. Esse poderia ser o caso de trabalhos cruciais mas insatisfatórios, como: proteger usinas nucleares desativadas, limpar o sistema de esgotos, fazer manutenção de estradas, derrubar e remover viadutos e estruturas de concreto inúteis, etc. Já que o trabalho compulsório será excepcional e baseado em rodízios, não vai interferir demais com as preferências individuais do ibu.
* A tecnologia alternativa não tem sentido se for considerada independentemente de estruturas sociais específicas. Uma casa isolada cheia de coletores solares, moinhos de vento e outros recursos semelhantes é apenas um novo e dispendioso hobby. Tecnologia alternativa sem sociedade alternativa significa a abertura de mais um mercado para grandes indústrias (como já é o caso dos computadores caseiros) e o nascimento de uma nova indústria caseira. bolo’bolo não será high tech, eletrônico, químico e nuclear, porque essas tecnologias não combinam com um sistema fragmentado e irresponsável. Se existirem fábricas, dificilmente terão mais de 500 funcionários. Mas é certamente possível que uma ou duas usinas sobrevivam em cada região ou continente para produzir matéria-prima eletrônica, gasolina, produtos químicos de base, etc.
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