kana pode ser a subdivisão mais freqüente e prática de um bolo, já que o bolo é provavelmente grande demais para se viver junto imediatamente.* Um kana consiste de quinze a trinta ibus, e um bolo contém perto de vinte kanas. Um kana ocupa uma casa maior numa cidade, ou duas casas adaptadas para formar uma só. Corresponde a uma vila, um grupo de caça, um grupo de parentes, uma comunidade. O kana é organizado em torno da vida doméstica (ou na cabana, na tenda, no barco) e é completamente definido pelo estilo de vida e pela identidade cultural de seu bolo. Não pode ser independente na sua provisão de comida e produtos porque é muito pequeno, e por isso muito instável (como mostram as experiências das comunidades alternativas nos anos 60).
Conforme o estilo de vida do bolo, podem surgir mais arranjos além do kana: casais, triângulos, famílias nucleares, patriarcados, matriarcados, parentes, times, etc. Um bolo também pode consistir de 500 ibus avulsos que vivem juntos, como num hotel ou monastério, cada uma na sua, cooperando apenas num nível mínimo para garantir sobrevivência e hospitalidade. O grau de coletividade ou individualismo é limitado apenas por essas necessidades básicas. Qualquer ibu pode descobrir seu bolo ou kana preferido, ou procurar outros novos.
*O kana corresponde ao bando de caçadores/coletores que, segundo Leakey, foi a comunidade-padrão da humanidade (mesmo antes do homo sapiens) por milhões de anos. Considerando que nós (incluindo todo mundo, desde o intelectual-solteiro-Zen-cocaína-neon-metropolitano até o aborígene da Austrália) estivemos perambulando pelos campos em grupos de vinte e cinco durante milhões de anos e que só nos últimos milênios começamos a viver em famílias, vilas, cidades, praticando agri e fabricultura, podemos supor que kana é algo que ainda temos em comum. (Em todo o caso, é mais natural que a família nuclear). Como o bolo, kana é uma forma de sociedade universal, uma base comum através de todas as barreiras culturais.
O kana patriarcal ainda vive em diferentes metamorfoses: salas de aula, pelotões de infantaria, clubes, células partidárias, círculos de amigos íntimos, etc., e assim vai exercendo seu charme paleolítico na sociedade do trabalho. Com bolo e kana vamos buscar muito longe (50.000 anos atrás) a força para esse grande salto. As tradições conscientemente exploradas são a base do futuro poder. (Geralmente as sociedades tradicionais não sabem nem mesmo que têm tradições, e muito menos para que elas servem).
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