#CADÊ MEU CHINELO?

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

[agência pirata] O HOMEM QUE MOVEU UMA MONTANHA

Dashrath Manjhi vivia com sua esposa na pequena aldeia de Gahlour, em Bihar, na Índia. O vilarejo tinha uma única estrada de 43 quilômetros que levava os habitantes ao hospital, à escola e ao supermercado mais próximo. Um dia a companheira de Manjhi adoeceu e não houve tempo suficiente para levá-la ao médico pela estrada tortuosa, o que acabou resultando em sua morte.
Usando formão, martelo e uma pá, ele esculpiu incansavelmente, durante 22 anos

 A partir desse dia Dashrath Manjhi jurou para si mesmo que nenhum outro habitante de sua aldeia passaria pela perda de um ente querido, simplesmente por não conseguir chegar a tempo a um hospital. Em 1960, o viúvo obstinado começou a cavar e abrir caminho no meio da montanha que lhes causou problemas durante séculos.

Hoje, pessoas de mais de 60 aldeias usam a estrada artesanal de Manjhi todos os dias

 Já que o governo nunca havia feito nada para ajudar a população, ele decidiu fazer tudo sozinho. Munido de formão, martelo e pá, esculpiu incansavelmente, durante 22 anos. Por fim, quando terminou, o percurso que fizera desde criança para chegar à escola, por exemplo, foi reduzido de oito, para menos de 3 quilômetros. Hoje, pessoas de mais de 60 aldeias usam a estrada artesanal de Manjhi todos os dias.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

[lero-lero] O INCRÍVEL CASO DA PERFEITA UNIÃO ENTRE O NADA E O COISA NENHUMA

:: txt :: Fausto Erjili ::
:: pht :: Júlio Freitas::

As experiências acumuladas demonstram que a adoção de políticas descentralizadoras talvez venha a ressaltar a relatividade das posturas dos órgãos dirigentes com relação às suas atribuições. O empenho em analisar a expansão dos mercados mundiais cumpre um papel essencial na formulação da gestão inovadora da qual fazemos parte. Todavia, o consenso sobre a necessidade de qualificação estimula a padronização do orçamento setorial. Pensando mais a longo prazo, a crescente influência da mídia apresenta tendências no sentido de aprovar a manutenção dosmétodos utilizados na avaliação de resultados.

O cuidado em identificar pontos críticos no desenvolvimento contínuo de distintas formas de atuação afeta positivamente a correta previsão dos procedimentos normalmente adotados. É importante questionar o quanto a hegemonia do ambiente político auxilia a preparação e a composição das condições inegavelmente apropriadas. É claro que a complexidade dos estudos efetuados oferece uma interessante oportunidade para verificação do processo de comunicação como um todo. Podemos já vislumbrar o modo pelo qual a valorização de fatores subjetivos pode nos levar a considerar a reestruturação das diretrizes de desenvolvimento para o futuro.

Evidentemente, a determinação clara de objetivos possibilita uma melhor visão global das direções preferenciais no sentido do progresso. O que temos que ter sempre em mente é que o aumento do diálogo entre os diferentes setores produtivos causa impacto indireto na reavaliação do fluxo de informações. O incentivo ao avanço tecnológico, assim como a execução dos pontos do programa deve passar por modificações independentemente dos modos de operação convencionais. Acima de tudo, é fundamental ressaltar que a consolidação das estruturas faz parte de um processo de gerenciamento das regras de conduta normativas.

Por outro lado, o entendimento das metas propostas aponta para a melhoria dos índices pretendidos. Assim mesmo, o início da atividade geral de formação de atitudes acarreta um processo de reformulação e modernização dos níveis de motivação departamental. Por conseguinte, o fenômeno da Internet agrega valor ao estabelecimento do levantamento das variáveis envolvidas.

Do mesmo modo, a percepção das dificuldades exige a precisão e a definição das formas de ação. A prática cotidiana prova que a mobilidade dos capitais internacionais ainda não demonstrou convincentemente que vai participar na mudança do sistema de formação de quadros que corresponde às necessidades. No mundo atual, o julgamento imparcial das eventualidades representa uma abertura para a melhoria do sistema de participação geral. A nível organizacional, o desafiador cenário globalizado maximiza as possibilidades por conta das novas proposições. Ainda assim, existem dúvidas a respeito de como a necessidade de renovação processual promove a alavancagem dos relacionamentos verticais entre as hierarquias.

Todas estas questões, devidamente ponderadas, levantam dúvidas sobre se a competitividade nas transações comerciais obstaculiza a apreciação da importância do remanejamento dos quadros funcionais. Percebemos, cada vez mais, que o novo modelo estrutural aqui preconizado desafia a capacidade de equalização dos conhecimentos estratégicos para atingir a excelência. Nunca é demais lembrar o peso e o significado destes problemas, uma vez que o surgimento do comércio virtual é uma das consequências das condições financeiras e administrativas exigidas. Gostaria de enfatizar que o acompanhamento das preferências de consumo garante a contribuição de um grupo importante na determinação do investimento em reciclagem técnica. Neste sentido, a estrutura atual da organização prepara-nos para enfrentar situações atípicas decorrentes dos paradigmas corporativos.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

[rango] CHEFS  DO  AMANHÃ

:: txt :: Patricia Canarim ::

Quero contar sobre um projeto social que conheci em Belo Horizonte (MG), no ano passado, quando estive por lá a trabalho: Chefs do Amanhã.

O projeto Chefs do Amanhã é iniciativa da Secretaria do Estado de Esportes e Juventude (MG) em parceria com a CeasaMinas e o Centro Mineiro de Referência em Resíduos. O objetivo do curso é despertar nos jovens o interesse pela gastronomia e ressaltar a importância do aproveitamento integral dos alimentos usados nas refeições.

Chegamos no meio da aula e a professora e idealizadora Fabrícia Fortini preparava um bolo de casca de banana “ É muito bom! Vocês vão adorar, vai ter até briga...rsrs” brinca Fabrícia com os alunos. É uma delícia mesmo, também provei num fim da aula.

Nas 10 turmas que foram formadas no seu primeiro ano de atividades, mais de 250 alunos foram capacitados. São jovens de 12 a 18 anos que tiveram a oportunidade de conhecer uma nova profissão. E mais que isso! Literalmente colocaram a mão na massa.

Funciona assim: todos vestidos com avental ficam em torno de uma grande mesa e com um belo espelho em cima (a moldura é muito bonita num estilo bem clássico). Ali separam os ingredientes, cortam cebola, limpam frangos e acompanham os conselhos da Fabrícia.

E Fabrícia dá um conselho que vale para todos nós, que não somos um chef, mas temos que ir para cozinhar garantir um almoço, “..tem que ir para o fogão, tem que tentar, vai errar, queimar comida e solar bolo..é assim que aprende a cozinhar!”

Infelizmente não tenho a receita do bolo de banana com cascas, mas vou tentar arrumar. Para compensar deixo a receita de um Assado de cascas de chuchu.

Ingredientes:
4 xícaras de chá de casas de chuchu, bem lavadas, picadas e cozidas
2 colheres de sopa de queijo ralado
1 xícara de chá de pão amanhecido molhado na água ou no leite
1 cebola pequena
1 colher de sopa de óleo
2 ovos inteiros batidos
Sal a gosto

Modo de Preparo:
Bater as cascas do chuchu no liquidificador. Colocar a massa obtida em uma tigela e misturar o restante dos ingredientes. Untar um pirex ou uma forma com óleo ou margarina. Despejar a massa e levar para assar até que esteja dourada. Servir quente ou frio. Esta receita pode ser enriquecida, juntando à massa uma lata de sardinha desfiada. Observação: podem também ser utilizadas as cascas de outros ingredientes como cenoura, abóbora, rabanete, beterraba, nabo, talos de agrião, de couve, de brócolis, sempre refogados ou cozidos.

É isso, espero que experimente essa receita, mas de qualquer forma estou devendo o bolo de banana com cascas.

sábado, 14 de dezembro de 2013

[copyleft] ESPÍRITO  NATALINO  E  CONSUMISMO  EXACERBADO

:: txt :: Jaciara Itaim ::

A chegada do mês de dezembro reproduz a cada ano cenas que poderiam ser consideradas completamente irracionais por algum alienígena que se aproximasse de nosso País. Estamos em pleno final de ano, auge do verão aqui no hemisfério sul, com temperaturas bastante elevadas. No entanto, os ambientes todos estão tomados por indivíduos fantasiados com roupas pesadas e quentes, imitando a figura emblemática e mitológica do Papai Noel. A tentativa é de reproduzir o contexto da Lapônia, uma província da Finlândia, onde as temperaturas podem atingir mínimas de -20° C nessa época do ano.

Vem daí então o imaginário da neve, do pinheirinho, do trenó com as renas e tudo o mais que cerca o ambiente de Natal. Estranho sincretismo esse que conseguiu unir as tradições bíblicas que envolvem o nascimento de Jesus às estórias fantásticas do velhinho barbudo do norte europeu em um território equatorial e do outro lado do Oceano Atlântico. A tradição dos presentes - que remonta, na verdade, à chegada dos reis magos no dia 6 de janeiro - foi sendo aos poucos substituída pela pressão social em torno da oferta dos presentes no próprio dia do nascimento do menino Jesus.

Consumir, consumir, consumir e oferecer

Assim, o espírito natalino se converteu à sanha das compras e das aquisições. Festejar o Natal passou a ser sinônimo de desejo de consumo, impulso expresso por todos - desde as crianças até os adultos de todas as idades e gerações. As cartas ingênuas à entidade desconhecida de barriga grande e barbas brancas, as trocas de presentes no ambiente de trabalho, as festas familiares com as encomendas acertadas previamente ou sob efeito surpresa do amigo-secreto. Pouco importa a forma, uma vez que o essencial é um elemento apriorístico: o consumo.

É importante reconhecer que a realidade brasileira é pródiga na criação e na ampla aceitação social de datas “comemorativas”, onde o foco é sempre o presentear outrem por meio de compras. Apesar de o Natal ocupar, de longe, o primeiro lugar em importância e em faturamento, na seqüência surgem outros momentos que são utilizados para que a indústria e o comércio esquentem seus motores ao longo do ano. É o caso do Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia das Crianças e Dia dos Pais, para citar alguns exemplos. Para além das questões de natureza cultural e de sociabilização, a grande marca deixada pelas organizações que constituem a nossa formação capitalista relaciona-se ao verbo comprar. Ou seja, transformar esse misto de desejo e de imposição social em circulação de mercadoria, em movimentação acelerada de valores de troca e de valores de uso.

Nesse aspecto, ganha relevância o papel desempenhado pelas estruturas de propaganda e marketing. Trata-se da criação de necessidades sociais e culturais de forma artificial e exógena, em processos onde os indivíduos se sintam motivados a desenvolver determinadas ações ou a adotar certos comportamentos em nome de uma espécie de “unanimidade construída”. O verdadeiro bombardeio a que estamos todos submetidos por várias semanas antes mesmo da data da ceia tem uma mensagem muito clara. Natal feliz é Natal com presente. Quem não recebe nada comprado na data deve se sentir menosprezado ou desprezado por aqueles que o cerca. Quem se atreve a não comprar presentes para oferecer não merece o carinho nem o bem querer de seus pares. A comemoração é fortemente carregada do elemento simbólico: o querer é avaliado a partir da quantidade, da exuberância e dos preços.

A criação das necessidades e a generalização das compras

Vale recordar, por outro lado, a importância adquirida por uma forma muito especial, em meio à multiplicidade de estratégias mercadológicas: a publicidade dirigida ao público infantil. Apesar da festa não ser dirigida apenas às crianças, o foco recai sobre essa parcela expressiva da população, que termina por exercer influência significativa sobre as decisões das famílias no período. Ainda que os espaços de tangência entre a ética e a legalidade estejam presentes em todo o tipo de propaganda, no caso específico do universo infantil a situação é ainda mais escabrosa. São pessoas ainda em processo de formação e amadurecimento, sem quase nenhuma capacidade de discernimento entre o necessário e o supérfluo, entre o real e a fantasia, com pouca referência a respeito de preços e capacidade de aquisição. Ou seja, é o caso típico de atividade que deve ser proibida por lei - em razão de seus reconhecidos efeitos nocivos para o conjunto da sociedade – e não ser liberada em nome da liberdade do mercado e da possibilidade de amplo de acesso à informação.

O padrão civilizatório hegemônico nos tempos atuais determina que a conquista da felicidade e a vigência do bem estar estão intimamente associados à capacidade do indivíduo ter e comprar. A posse dos bens é elemento sempre martelado pelos meios de comunicação, a todo momento associada à imagem da pujança, da beleza e do amor. Quem tem, pode. Quem tem mais, pode mais. Quem tem mais caro, pode ainda muito mais. Ocorre que na sociedade capitalista, a tendência é a da generalização das relações mercantis. Assim, via de regra, para se ter algo é necessário processar o ato da compra. A relação de troca se realiza por meio do equivalente geral, o dinheiro. E para os que ainda não reúnem as condições de recursos para a compra do presente desejado, o sistema oferece o instrumento mágico que permite a antecipação do consumo: o crédito.

A intermediação da esfera financeira ajuda a completar o ciclo da realização do capital, com a garantia de que o consumo se efetive mesmo na ausência dos recursos monetários no momento da
aquisição do bem. Isso porque o modelo envolvido na dinâmica do capitalismo pressupõe a produção e a venda das mercadorias de forma contínua, sempre em escala crescente, para promover a acumulação concentrada de riqueza.

Esmagamento do espaço para práticas de sustentabilidade

De forma geral, a lógica que orienta a ação da empresa privada é a da maximização do lucro no curto prazo, sem nenhuma perspectiva de médio e longo prazo. No jogo pesado das disputas por novas fatias de mercado não existe muito espaço para a noção da sustentabilidade. Pouco importa se ela se refere ao aspecto econômico, ao elemento social ou à sua dimensão ambiental. Assim, o que interessa na “racionalidade” inerente ao processo de acumulação de capital é o crescimento do consumo em toda e qualquer escala. Portanto, a mudança comportamental envolvendo inovações como “consumo consciente” ou “processos sustentáveis” só se viabilizam com a entrada em cena das políticas públicas, proibindo determinadas ações ou estimulando outras alternativas. A lógica pura do capital, atuando com plena liberdade, combina uma dialética de criação e destruição em sua própria essência.

Assim, o que todos verificamos à nossa volta com a aproximação do espírito natalino é a cristalização mais evidente da forma de funcionamento da economia capitalista. Nas sociedades hegemonizadas pelo padrão civilizatório do mundo ocidental, o mês de dezembro radicaliza e potencializa o comportamento social que assegura a reprodução ampliada dessa forma particular de organização social e econômica. Não basta um Natal que seja marcado apenas pelo espírito da solidariedade e pelo sentimento da fraternidade. O período das festas deve ser o momento do consumo, por excelência.

Os ingredientes que contribuem para manter esse gigante em movimento são introduzidos de forma crescente ao longo do processo. Isso significa a incorporação crescente de bilhões de novos agentes no mercado consumidor e a generalização do acesso às compras em escala global. Além disso, torna-se necessário avançar bastante nos processos envolvendo a chamada “obsolescência programada”, de forma a garantir a continuidade do ciclo de consumo por meio da redução da vida útil dos produtos. A propaganda também joga um papel essencial, ao incutir nos indivíduos valores e desejos que estão muito distantes das necessidades, digamos, mais reais e concretas.

Em suma, não é mais suficiente que as pessoas exerçam sua função de compradores finais de bens e serviços. O espírito natalino desnuda a realidade mais cruel do modelo no qual estamos sendo conduzidos. Não basta apenas o consumo. Faz-se necessário o
consumismo exacerbado.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

[agência pirata] AS RAZÕES DOS MANDACHUVAS DA FIFA

:: txt :: Paulo Mileno ::

Afinal das contas, qual teria sido o critério da Fédération Internationale de Football Association (Fifa) para a escolha dos mestres de cerimônias (MCs) para a apresentação do sorteio das chaves no evento realizado na sexta-feira (6/12), na Costa do Sauípe, na Bahia? Afinal de contas, já que a entidade máxima do futebol internacional não apresentou uma justificativa ou uma desculpa, qual seria, se é que houve algum critério na escolha da gaúcha Fernanda Lima e do catarinense Rodrigo Hilbert como MCs? Se foi uma escolha entre o baiano Lázaro Ramos e a carioca Camila Pitanga, como toda escolha, houve um critério ou cálculo do custo de oportunidade. Se você escolhe uma oportunidade, você também está perdendo pelo que a outra oportunidade tinha a oferecer.

Eu, que pouco sei de Economia e menos ainda entendo de Direito, ousarei do domínio do fato para tentar interpretar o fato que repercute: Camila Pitanga é Pitanga desde Antônio, o mesmo revelado por Glauber Rocha tido como o célebre do Cinema Novo, que por sinal criou, com sua turma, o cinema brasileiro. Que fique claro: o cinema abordado sobre as questões da realidade de seu povo. Camila constrói sua carreira tanto no cinema, no teatro e na televisão em que, por sinal, está no ar desde que a presença dos atores negros na TV não era tão constante, embora ainda sem consistência, desde que Lázaro Ramos se tornou uma referência para as novas gerações.

Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert, além de formarem casal na vida real, são modelos e atores. Fernanda é também apresentadora de TV. A presença de ambos na televisão é bem mais fácil e até mais lógica (?), já que a sociedade é estruturalmente racista. Vejamos: Fernanda e Rodrigo são atores. Lázaro é um “ator negro”. Camila Pitanga já tem um histórico e todo mundo sabe que desde cedo ela se autodeclara como
negra (à revelia e incompreensão de alguma gente). O sucesso profissional, segundo o dr. Nilo Batista, vai embranquecendo as pessoas. Ele, que se diz mulato, reclamava que não tinha alunos negros nas suas turmas de Direto nas universidades antes das cotas e programas de acesso ao ensino superior. Até então, o negro estava predestinado, no máximo, a cursar o ensino médio.

Camisa semelhante à do Flamengo

Se os fatos não falam por si, temos no documentário de Zoel Zito Araújo, A Negação do Brasil,um clássico dado sua contemporaneidade aos idos do século 21, onde o longa fora filmado na virada do ano 2000. Chegamos ao fim de 2013 e o racismo como ideologia (claro, é um pensamento fincado em ideias) faz da crença que Jesus Cristo tem feições europeias, quando esse teria nascido e se criado no norte do Egito.

Não tenho nada contra Rodrigo Hilbert e muito menos Fernanda Lima. E concordo com ela quando diz não ter nada a ver com isso por ser “branquinha”. Esse mesmo casal já foi MC do lançamento do emblema da Copa do Mundo em Johanesburgo, na África do Sul, em 2010, e em 2011, no Rio de Janeiro, Fernanda Lima também apresentou, ao lado do apresentador Tadeu Schmidt, as seleções que disputariam as eliminatórias.

Se “isso” no que ela se refere quanto à escolha da Fifa, é claro. Mas se a Fifa declarar o motivo “daquilo” de sua pretensão no que se refere aos cerimonialistas do evento que apresentaram os grupos-chaves do campeonato, um tanto se justifica, pois a cerimônia na Costa do Sauípe já demostra um lugar projetado para o turismo. Agora, se ela sabe o motivo por parte da Fifa, e o critério ou o custo de oportunidade se deve por eles serem brancos, teria ela e seu marido que recusar o convite.

Racismo, preconceito e descriminação em geral é burrice. “(...) O preconceito é uma coisa sem sentido/ Tire a burrice do peito e me dê ouvidos/ Me responda se você discriminaria/ Um sujeito com a cara do PC Farias/ Não, você não faria isso não/ Você aprendeu que o preto é ladrão (...)” – diz um trecho da música de Gabriel, O Pensador. Por sugerir pensamento, a Alemanha lançou seu slogan: “Vocês nem imaginam o quanto de Brasil existe dentro de nós”. Trata-se de uma mensagem da seleção alemã para o povo brasileiro e, pela diversidade na foto, acho que os modelos Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert não seriam selecionados. Não sei se é coincidência, mas nas redes sociais a equipe da Alemanha tem divulgado uma camisa semelhante às cores do time do Flamengo.

Ponto de vista do colonizador

A Globo agiu acertadamente ao indicar Lázaro e Camila para a cerimônia de apresentação dos grupos-chaves da Copa, na Bahia. Trata-se de um estado brasileiro negro, e o Brasil possui a maior população negra do planeta, fora da África, onde 51% de sua população se autodeclara como afrodescendentes e/ ou pretos e pardos, segundo o IBGE. Isto é, somos 51% que se auto-declaram (a separação, mesmo com a abolição do hífen, é proposital), fora as pessoas que não se declaram assim como as mesmas que contrariam a própria Camila Pitanga.

A televisão brasileira passa por uma adaptação do nosso tempo enquanto o Rio de Janeiro como polo cultural do Brasil não poder ter, somente, a zona sul de Manoel Carlos como produção do imaginário, mas também deve, sobretudo, ter o universo da zona oeste de Paulo Lins veiculado em comunicação em massa. Incluindo aí também o subúrbio da zona norte. Mais da metade do povo brasileiro também tem o direito de ser representado nos programas, nas novelas, nos âncoras jornalísticos, nos filmes e nas demais formas de transmissão da identidade brasileira. Do contrário, continuaremos com o ponto de vista do colonizador. Madiba presente ad aeternum!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

[do além] TOCA RAUL!

:: txt :: Raul Seixas ::

Logo nos primeiros minutos do documentário Raul, o Início, o Fim e o Meio, meu irmão Plínio conta que, durante a adolescência, eu sofria de insônia e, quando o acordava, ele recomendava que eu me masturbasse para que o sono chegasse novamente. Foram as primeiras vezes que se ouviu no Brasil o famoso grito: Toca, Raul! Mas tal brado é bem mais antigo. Como nasci há 10mil anos atrás – e só há o Google que saiba mais –, posso afirmar que o grito Toca, Raul! surgiu antes mesmo de minha obra musical. Na Grécia antiga, Homero certa vez recitava a Ilíada quando foi interrompido por um maluco beleza a berrar para que uma de minhas canções fosse executada.

Jesus enfrentou problema semelhante. Durante o famoso Sermão da Montanha, mal começou a proferir Bem-aventurados os humildes de espírito, porque... ouviu a voz de um infiel a gritar: Toca, Raul! Sabe aquela pausa de Martin Luther King depois de I Have a Dream? Pois é, não teve intenção dramática. Foi provocada por alguém da plateia que gritava você sabe o quê. Tenho dois sentimentos em relação ao grito. Há um lado meu que gosta de emblemar essa tradição da inconveniência. Gritar Toca, Raul! durante um concerto de Chopin, por exemplo, é se materializar como a mosca que pousou em sua sopa. Em muitas ocasiões, funciona como um chamado de alerta, uma convocação ao despertar, um rasgo de rebeldia, um pouco de rock-n’-roll. Em outras, serve como trilha sonora pros tempos atuais: toda vez que Obama aparece ameaçando um ataque à Síria, fico esperando alguém gritar Toca, Raul! pra eu começar a tocar Senhor da Guerra; quando surge notícia sobre Assad, penso em cantar Cowboy Fora da Lei pra ele. Entretanto, nada tira da minha cabeça que o problema dos dois é nunca ter ouvido Rock das Aranhas.

Mas agora vou desdizer o oposto do que disse antes. O que me dá um certo bode é que Toca, Raul! virou também uma espécie de piada do tipo é pavê ou pra comer. O sujeito não economiza no bordão. E o dispara em qualquer ocasião. Show no barzinho, roda de samba, balada sertaneja, desfile militar. Seu uso excessivo, além de desgastar o sentido original, se é que teve, cria certa animosidade com minha obra. Gente que nunca ouviu Ouro de Tolo e Krig-ha, Bandolo! já nem quer conhecer minhas músicas por conta dessa turma do pavê. Repetem tanto esse mantra por aí que os Detonautas vão fazer um tributo a mim no Rock in Rio. Você sabe, tributo só é bom pra quem arrecada. Ao menos uma coisa me consola: depois disso, acho muito improvável que se escute Toca, Raul! outra vez.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

[...] O ANALFABETO POLÍTICO

:: psy :: Bertold Brecht ::

O pior analfabeto, é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, não participa dos
acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha
Do aluguel, do sapato e do remédio Depende das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que
Se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia
política.

Não sabe o imbecil,
Que da sua ignorância nasce a prostituta, O menor abandonado,

O assaltante e o pior de todos os bandidos
Que é o político vigarista,
Pilanta, o corrupto e o espoliador

Das empresas nacionais e multinacionais.

#ALGUNS DIREITOS RESERVADOS

Você pode:

  • Remixar — criar obras derivadas.

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Ficando claro que:

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