#CADÊ MEU CHINELO?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

MALLU MAGALHÃES



# noéntrevista #
Um papo com a sensação de 2008

txt: Tiago Jucá Oliveira
phts: Melissa Orsi dos Santos e Diego Jucá
ntrvst: Tiago Jucá Oliveira, Elis Martini (blog Moderninho), Rafael Terra (clicRBS) e Ricardo Gruner (Cyberfan)

Uma entrevista com o fenômeno musical do ano passado, alavancado no myspace e consagrado pela mídia. Seu disco de estréia ficou entre os dez melhores álbuns de 2008 de acordo com dois dos três prêmios musicais mais gabaritados do país.

O papo abaixo é fruto duma coletiva no Porão do Beco, onde Mallu se apresentou pela primeira vez em Porto Alegre. Na tarde antes do show, nos recebeu com abraços, beijos, simpatia e simplicidade. À noite, a casa lotou, e se tivesse o dobro do tamanho comportaria a massa que ficou do lado de fora sem poder entrar. Acompanhada dos pais e desacompanhada da banda, tocou seus precoces sucessos e levou o público ao delírio com seu jeito informal e desajeitado de ser.

Demoramos a publicar por uma questão de estratégia de nossa parte: nesta quarta, dia 4 de fevereiro de 2009, a edição # 14 da revista O DILÚVIO chega às bancas e traz reportagem de capa com Mallu Magalhães, e esta entrevista aqui é um complemento da matéria impressa.



Confira os assuntos mais importantes da coletiva separados por tópicos:


Relação com colegas de aula

Você sempre acha alguém que consegue conversar. Lógico, é difícil. Mas as vezes acontece da pessoa gostar de música boa. Eu gosto de difundir o folk. Eu descobri na minha classe que um garoto gostava de Beach Boys. Caramba, que legal. As vezes você acha que a pessoa não conhece música boa, aí você fala com ela e ela conhece o Dylan, e conhece um desconhecido, e você ouve e tal.

Rotina

Nunca tenho rotina, nunca gostei da rotina.

Escola

Lógico, tenho que estudar, não que eu queira, mas tenho. Aí eu vou pra aula, tenho que prestar atenção. É importante, só que não deixa de ser muito chato. É muito importante pra você ter um futuro, pra ir pra faculdade. Eu tento dar uma segurada em respeito aos meus pais, pelo fato de pagaram e me pedirem.



Faculdade

Eu penso em fazer faculdade, design ou moda, mas não penso em sair da escola e ir direto pra faculdade. Quero viver de música. Aí depois de uns cinco anos eu entro na faculdade

Moda

Eu gosto de pegar recortes dos artistas que admira - Bob Dylan, Beatles - e se inspirar no jeito que eles se vestem. Eu nunca usei vestido, aí esses dias eu achei um bem legal. Você tem que ter muito cuidado pra não dizer que nunca vai usar isso ou aquilo. Gosto muito de chapéu, sempre achei uma coisa bem única. Depois eu percebi que não é uma coisa tão única, mas e daí? Você não pode desconsiderar uma coisa que tá sendo usada só porque ela tá sendo usada, chapéu pode não ser tão alternativo e tão original assim, mas é legal e pronto.



Cinema e literatura

Tem filmes que mudam a vida. Amelie Poulain foi um filme que me mudou bastante, por eu querer fazer parte daquela fotografia. Você se encontra nele, e também aspectos que não estão em você ainda. Você pega pra você e constrói a sua personalidade. Nelson Motta é a literatura que mais me influencia. Você lê Noites Tropicais, você se sente um tropicalista. Eu não gosto de ler. Só leio Nelson Motta. E revistas.

Música

A música é o que você sente. A não ser a música comercial. Minha idéia em Tchubaruba é criar a concepção de cada um de felicidade. Felicidade é muito amplo demais, e tão amplo que você não consegue pegar. Você precisa fazer uma concepção de coisas que você alcança, quase que palpáveis, pra você conseguir atingir uma sensação boa, que um monte de gente chama de felicidade.



Música comercial

Eu não escuto rádio. Eu tento, de vez em quando ligo. Mesmo assim acho difícil. As vezes você dá sorte, um dia liguei o rádio e ouvi Like a Rolling Stone. Não dá pra generalizar: "ah, na rádio só toca música comercial, não toca música boa porque não toca música alternativa", entendeu? Música boa é o que você acha bom.

Música alternativa

É uma música que não está no padrão, mas onde ela está e onde ela vai parar isso não tem que interessar. "Ah, esse cara é alternativo, mas agora faz muito sucesso, ah, não é mais alternativo, é comercial". Eu não me considero nada. Eu nem sei direito o que é alternativo. Eu não sei o que é direito muita coisa. Eu não sei se eu sigo o meu padrão. Tenho que tomar cuidado de me considerar alguma coisa, e aí você vê alguém que realmente é isso e pensa: "nossa, eu não sou". Acho que tenho um tempero alternativo. Velvet Underground é realmente alternativo.



Yoñlu

Eu li sobre ele, mas não ouvi. Eu vi que ele fazia uns desenhos também, e eu adorei os desenhos. Lógico, são meio macabros, por ele estar chateado. Muito triste. O menino tinha talento, né. Acho que ele tinha talento demais e acabou... não sei, não sei.

Artes plásticas

Adoro artes plásticas, gosto de desenhar e de recortar. Eu tento criar coisas. Gosto de fazer capa de caderno.



Sucesso relâmpago e carreira

Não deu tempo de imaginar ainda. Eu tô preparando meus pais. Às vezes eu vou em algum show, eu entro no camarim, e, lógico, eu saio um tanto quanto defumada de… elementos. Eu chego em casa e meus pais já olham com uma cara tipo ‘vou cortar esses shows’, aí eu tenho que explicar que as coisas não são assim, mas graças a Deus meus pais são fantásticos. Nem eles nem eu sabemos o caminho certo. Eles tem que fazer o papel do apoio, se eu tomar uma decisão e eles também concordarem. Tipo esse negócio de gravadora. Recebemos várias propostas. Ele falava: "olha, não dá, né, vai te prender, não vai te deixar livre". Eles sempre deram essas opiniões, mesmo sendo difícil por a gente não conhecer muito. Eles sempre falam: "não Mallu, isso não vai ser bom". As vezes eu falo: "vocês nunca pensaram na hipótese de eu saber o certo?" Não que seja uma crítica. Tá, tudo bem, é uma crítica, mas não tão forte, talvez uma sugestão. Os pais naturalmente eles pensam: "a gente sabe porque viveu mais". Só que eles não viveram onde eu to vivendo. Talvez algumas decisões eu saiba melhor do que eles. Isso é o complicado.

Fãs

Uma vez eu recebi uma carta. Teve uma hora que eu tive que parar. Dobrei e carinhosamente joguei fora. Era uma carta chula. Muito avançada pra mim. Eu não conseguia terminar de ler aquilo. Fiquei meio nervosa, eu tava sozinha.



Mallu ontem e hoje

Mallu como música só trouxe benefícios. Na verdade fez o conjunto. Eu tive a sorte de encontrar pessoas que tinham habilidade de juntar o psicológico, no apoio que uma banda passa, e no talento pros arranjos e técnicas. Eu tive que aprender a ouvir, algumas coisas não saem tão boas quanto você imagina. Se você escuta de verdade, poxa, não tá tão bom. E quando você começa a ouvir de outras pessoas, é complicado. As vezes meu pai fala: "ah Mallu, não gostei tanto disso". E eu, "ah, vou tentar melhorar". No fundo aquilo corroía. Esse foi o grande lance do estúdio.



Fenômeno no myspace

Eu não esperava nada porque eu não tinha nada em mente.

Primeiro contato com a música

Quando ouvi meu pai tocar Leãozinho, do Caetano Veloso. E depois Black Bird, dos Beatles.

Reconhecimento da mídia

Eu acho legal, divertido.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

LEI DA GROOVIDADE



# noé ae?! #
O BAGULHO É ISLÂMICO

phts: Rodrigo Colla
txt: Luis Vieira
ntrvst: Arlei Arnt


A Lei da Groovidade é uma festa que atende a uma demanda de muitos porto-alegrenses: ouvir música boa. Para quem acredita que a única opção que existe na Cidade Baixa é uma salada musical com tudo que se pode imaginar mais um pouco de samba-rock, há uma alternativa considerável.

Os DJ´s residentes do evento, Brawl, Marceleza, Fred e Rubim, fazendo do evento no Sótão, na rua João Alfredo, uma homenagem a música funk - aquela que surgiu nos Estados Unidos no fim da década de 60. Este estilo musical pode ser definido como uma mistura de elementos do soul, jazz e R&B com forte groove no contrabaixo. Isso dá mais ritmo à música e talvez, por consequência, mais vontade nas pessoas de dançar.

Apesar de ser um evento de um estilo, a Lei da Groovidade tende a não ficar totalmente presa ao funk. Se observarmos todos os artistas renomados do estilo, todos passaram por vários estilos musicais. Um exemplo pode ser um dos grandes ícones do funk: James Brown, que começou no gospel, passou pelo R&B, soul e funk. Por caminhos parecido passaram Stevie Wonder, Ray Charles, Tim Maia e Michael Jackson, que se tornou o rei do pop. Portanto, “Lei da Groovidade” não é um tiro para todos os lado, mas pode ter mais um alvo.


O DILÚVIO:
Como nasceu a idéia do projeto? Quais objetivos?

Rafael Rubim:
Eu estava com uma casa muito legal na mão, que é o sótão. Surgiu a idéia de fazer uma festa de black music old school, bem puxado pro funk, pro groove e imediatamente me lembrei do brawl, que é o baixista da Proveitosa Prática, uma banda de funk aqui de Porto Alegre. Na nossa primeira reunião ja chamamos o Marcelo (percussionista da PP) para agregar idéias, arrumar um nome, sons e ser mais um Dj, quer dizer, mais um colocando som na festa.
O objetivo era (e é) fazer uma festa com um som "novo" em porto alegre, que a gente curte, pra gente se divertir e se tivesse mais gente que curtisse a proposta, seria melhor ainda, e tem tido...hehehe. Ja na primeira festa, recebemos o Tonho Crocco, que ajudou a divulgar a festa e depois foi tocar seus vinis por lá tbem
Pra segunda festa convidamos o fred(Dj do Pé Palito) para discotecar na festa. Ele fez questão de levar vinis e a aparelhagem toda, foi foda, muito legal. Depois dessa ele entrou pra produção da bagaça

O DILÚVIO:
Começou em novembro ou dezembro do ano passado, né?

Brawl:
Aham, começou em novembro inicialemnte era pra ser quinzenal... e assim foi no final de 2008..mas a terceira edição...foi um sucesso impressionante pra nós, idealizadores, e tb pros donos da casa, que resolvemos apostar, durante a temporada de verão, em todas as terças de janeiro e quase todas de fevereiro...

O DILÚVIO:
Perché terça? Dia disponível ou estratégia?

Brawl:
Digamos que as duas coisas... a gente tava tri na pilha de um esquema profiça, porém com uma cara intimista...
juntando basicamente o pessoal que é da "coisa" – que é do funk não que estivessemos fechados para os marinheiros de primeira viagem, muito antes pelo contrario, mas a festa seria um ponto de encontro e bate papo pra esse povo, a nação do groove que tem em Porto Alegre, a "Lei" era pra ser aquele lounge/funk..num dia que geralmente não tem baile (trampo) pros musicos, djs e apreciadores...

Rafael Rubim:
Deu praticamente tudo certo, só a idéia de acabar cedo que foi por água a baixo...rsrs

Brawl:
A Lei da Groovidade viria a 'filtrar' um segmento bastante especifico do estilo funk...que é um conceito amplo, complicado muitas vezes de explicar...mas que a gente procura resumir em tudo aquilo que é descendente do nóe do funk, pai das cobra, James Brown...e seus netos...ehheeh

Rafael Rubim:
Dj James Brawl

Brawl:
Hahaha... é improtante lembrar que a gente também desde o inicio tem em mente fazermos uma série de testes no formato da festa pra coisa ir pegando corpo...e forma ideal...pois insistir é uma das chaves..não da pra parar..pro nome se firmar e ser uma marca de confiança, de referencia..que possa até vir a se expandir pra outros pagos, outras casas, levando o conceito...até chegar num ideal que a gente almeja. Que é: festa com discotecagem 'xiita' de funk aliado a shows das bandas só de funk.

O DILÚVIO:
E perché no Sótão, já que a casa é quase sempre identificada com um outro publico distinto?

Rafael Rubim:
Desde que surgiu a oportunidade de criar projetos pra casa, notamos que o Sótão não é uma casa de musica eletrônica, eu ja fiz festa de electro rock, de rock, de indie, ja teve festa anos 80, psy, house, samba-rock, ja teve de tudo lá, e o dono curte funk, jazz... tipo, a casa precisa sobreviver, muitas vezes não tem um rumo até que a grana começe a entrar, porque nao é no amor, é um negócio, o cara ta com aquilo pra pagar as contas, que não são poucas... Até a gente começar, a casa estava pra alugar, depois da Lei da Groovidade, o cara ja tirou até a faixa de aluga-se de la....hehehe

O DILÚVIO:
Então o bagulho tá islâmico?

Brawl:

Aham..fundamentalismo funk!

Rafael Rubim:
Além de ser uma casa muito bonita, aconchegante, com 2 ambientes, escondida.... bem inferninho....hehehe

O DILÚVIO:
como é a função, mais detalhadamente? Tipo começa como, são quantos djs? Quanto tempo cada um? O que mais alem disso?

Brawl:
Bão..o troço é orgânico...a gente faz divulgação só no boca-a-boca e na rede, baixo custo..a gente produz a arte...a gente chega cedo...e começa a tocar..se revezando, seguinto uma ordem estabelecida em cada edição...as vezes varios blocos curtos..as vezes mais longos...tem a idéia dOs DVDs também...Não necessariamente de musica, de funk, mas de coisas identificadas com 'old school'

Rafael Rubim:
Somos em quatro: Brawl, Marceleza, Rubim e Fred, que abraçou a causa e ainda leva pick-ups pra ele tocar os vinis dele. O cara é colecionador de disco, bem conhecido pela brasilidade, mas o cara tem muita coisa de funk, e ja começou a comprar uns vinis muito foda. Esses dias me mostrou um vinil do Sarava Soul, comprou um Funkadelic a pouco... ta se armando... e só nessa divulgação boca a boca e virtual, ja recebemos convite de outras casas e até de outras cidades como Santa Maria, Gramado e Floripa pra fazer a festa por lá. Sempre as 22horas, rua joao alfredo, 383 - Cidade Baixa, Porto Alegre.

Brawl:
Em fevereiro estaremos atacando em duas frentes: todas as terças em Floripa, no Vecchio Giorgio, na Lagoa da Conceição; terças 3, 10 e 17 no Sótão, em Porto Alegre! No orkut: perfil e comuna

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